Kasuiti Kashimoto, reorganizador e secretário-tesoureiro da Shindô-Remmei
e chefe do pelotão de execução, quando era ouvido pelo delegado Elpídio Reali
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Detido em Santos o secretário-tesoureiro da Shindô-Remmei
Reorganizou essa sociedade secreta e criou os "batalhões suicidas", os famosos "Toko-Tai",
para executar os nipônicos que não atendessem às suas chantages
Preso também o farmacêutico Mitsuo Fujii, de Tupã, responsável pelos crimes ali
cometidos pelos terroristas
Caíram em mãos da polícia outros japoneses membros da "Sociedade dos Patriotas",
de São Paulo
A Delegacia de Ordem Política e Social, superiormente
dirigida pelo operoso delegado dr. Elpídio Reali, vem de capturar vários terroristas nipônicos, entre os quais um dos mais destacados membros da
Shindô-Remmei, que foi o organizador dos batalhões de suicidas, cuja responsabilidade assumiu, e um outro nipônico, farmacêutico em Tupã, de onde se
acha foragido, envolvido em todas as ocorrências sangrentas verificadas naquela localidade. Os demais presos pertencem a uma outra sociedade secreta
de S. Paulo, denominada "Sociedade dos Patriotas".
Quem é Kasuiti Kashimoto - Kasuiti Kashimoto é a principal figura dos
terroristas detidos em Santos. Residia em Guaraçaí, até 24 de maio, exercendo a profissão de alfaiate. Chefiava a seção da Shindô-Remmei na Alta
Noroeste. Nessa ocasião, a polícia de S. Paulo desenvolveu tenaz campanha contra as sociedades nipônicas. Kashimoto, na sua qualidade de chefe da
organização, na alta Noroeste, passou a ser procurado pela polícia.
Chamado para reorganizar a Shindô-Remmei - Logo após os primeiros momentos de
confusão, os remanescentes da Shindô-Remmei trataram de reorganizar-se e um cidadão nipônico, que aparece em documentos apresentados com o nome de
Kawahara, de Jundiaí, intitulando-se presidente da sociedade, mandou chamar Kashimoto, para lhe confiar a tarefa de proceder à reorganização da
sociedade. A fidelidade e o entusiasmo do alfaiate para com os ideais terroristas, mereceram-lhe a "honra" de ser indicado para essa destacada
missão, pela zona onde residia e operava.
Kashimoto não teve dúvida em abandonar sua família e ir para S. Paulo, a fim de se
entregar de corpo e alma à sua tarefa. Nomeado secretário-tesoureiro da sociedade, passou a trabalhar ativamente, recebendo colaborações financeiras
das filiais, passando a viver exclusivamente à custa da organização.
Um documento comprobatório - Kashimoto foi detido, depois de localizado por um
cidadão nipônico, que vem trabalhando ativamente em colaboração com a polícia, para exterminar a rede de terrorismo nipônico, na alfaiataria da rua
Senador Feijó, 59-A, onde se empregara, sendo após realizada uma busca em seu quarto, onde foram apreendidos importantes documentos comprobatórios
de sua atividade. Uma carta destinada a outro terrorista, presumivelmente elemento de destaque na organização secreta, diz o seguinte: "- Agora,
nossa organização passará a ter ação subterrânea. Vou mandar pelotões de suicidas. Desejava que o sr. chefiasse eles".
Os batalhões suicidas - Negou-se Kashimoto a explicar a quem era destinada essa
carta. A princípio, tentou negar sua responsabilidade nas acusações de que era alvo, mas, diante das provas evidentes, resolveu confessar que ele
fora realmente o reorganizador da Shindô-Remmei, e que ele mesmo preparara os batalhões de "Toko-Tai", ou batalhões suicidas, numa reunião havida a
28 de maio deste ano, à rua Paracatú, 8, em Jabaquara.
O primeiro batalhão suicida organizado por Kashimoto era constituído por 18 homens.
Era o pelotão de execução, por ele próprio chefiado.
Dinheiro recebido por Kashimoto - Entre os documentos apreendidos no quarto de
Kashimoto, figuram dados sobre dinheiro que lhe fora enviado. Entre essas remessas figuram as seguintes: Cr$ 500,00, da Sociedade Moços da
Shindô-Remmei, de Nova Granada; Cr$ 100,00 da filial de Igarapava; Cr$ 200,00, do nipônico Fujiwara, de Lavinha, na Noroeste; Cr$ 1.000,00, do
súdito japonês Kawahara, de Jundiaí; Cr$ 1.000,00, da filial de Alfredo Castilho.
Mudou-se para Santos - Esteve residindo em S. Paulo, até o mês passado,
hospedado no Parque Pedro II, 7622, na Pensão Felicidade. Em virtude da atividade da polícia em torno dos remanescentes da Shindô-Remmei, resolveu
vir para Santos, onde passou a residir à rua Senador Feijó, 436, alugando um quarto, passando a receber os elementos ligados à organização que
chefiava. Servia-lhe de elemento de ligação o dono do Hotel 7 de Setembro, Tetuso Miyashiro, que também foi preso.
Aparece um criminoso de Tupã - Em Santos, Kashimoto entrou em ligação com
outros terroristas japoneses. Depois de detido, revelou o nome de dois japoneses que o procuraram, os quais foram presos, verificando-se ser um
deles Mitsuo Fujii, o qual, conforme noticiário publicado oportunamente pela imprensa, é terrorista dos "Toko-Tai", perseguido pela polícia
paulista, como responsável pelas ocorrências sangrentas ali verificadas. Fujii era farmacêutico em Tupã e, na sua farmácia, eram planejados os
crimes que os "toko-tai" perpetravam. Sua família está toda presa, sendo ele o único então foragido. Apesar de sua fotografia publicada nos jornais
e dos documentos encontrados em seu poder, Fujii insiste em negar a autoria da responsabilidade que lhe é atribuída.
Outros nipônicos detidos - Juntamente com Fujii, foi preso Choichi Chida,
também foragido da polícia, e que residia em Bastos. Em virtude da prisão de Kashimoto, foram detidos em Santos Takeshi Ueda e mais dois, Hendo e
Miraki, que pertencem a uma outra organização terrorista de S. Paulo, denominada "Sociedade dos Patriotas".
Seguem paa S. Paulo - Kashimoto, Fujii, Chida e seus companheiros, depois de
ouvidos pelo dr. Elpídio Reali, e de tomadas por termo suas declarações, serão encaminhados à Superintendência de Ordem Política e Social, à qual
estão afetos os inquéritos sobre as atividades terroristas japonesas em S. Paulo.
Presta preciosa colaboração à polícia - Está prestando valiosa colaboração à
polícia, na repressão à onda de terrorismo que assola os meios nipônicos do Estado de S. Paulo, o jovem Yoshiro Tachibana, que, em virtude de sua
nacionalidade, falando japonês, tem grande possibilidade em se infiltrar nos círculos dos seus patrícios, e desmascarar as atividades dos criminosos
elementos das organizações secretas.
Tachibana ludibriou Kashimoto, identificando-o e fazendo-o prender,
apresentando-se-lhe como membro de uma filial de Shindô-Remmei, a trazer dinheiro para lhe entregar.
Não existem mais motivos patrióticos - Não são mais motivos patrióticos que
animam os terroristas nipônicos, declarou-nos Tachibana. Todos eles estão certos de que o Japão perdeu a guerra, e a maior parte dos líderes das
organizações secretas pouco se estão incomodando com isso. São chantagistas da pior espécie, que, sob falso pretexto patriótico, exploram o
fanatismo de muitos patrícios, para deles se servirem como instrumento para extorquir dinheiro dos elementos abastados e, quando suas pretensões não
são atendidas, fazem-nos executar os crimes contra os recalcitrantes, para amedrontar os demais.
Presos em S. Paulo outros membros da Shindô-Remmei - S. PAULO, 25 (Da sucursal)
- O Serviço Secreto da Secretaria da Segurança Pública, a cargo do delegado Geraldo Cardoso, há dias, descobriu que elementos japoneses estavam
distribuindo circulares aos seus patrícios, por meio das quais solicitavam a contribuição de 10 centavos por pessoa de nacionalidade japonesa, para
formarem um fundo de reserva destinado ao custeio de uma caixa de auxílio ao Japão. As circulares terminavam com uma exortação ao fanatismo
nipônico, e traziam o endereço do local onde deveriam ser remetidas as importâncias destinadas a esse fim, afirmando que tudo estava a cargo do
Camechi Tokohama, à rua Porfírio de Azevedo, 151, no bairro da Penha.
A chefia do serviço secreto, logo que foi informada sobre o assunto, entrou em
investigações, apurando que um outro grupo de japoneses procurava manter a sociedade "Shindô-Remmei", e com esse dinheiro formar novos grupos
terroristas, para continuar a mesma campanha criminosa com eliminação de japoneses esclarecidos, que aceitaram a derrota do Japão. Diante da
conclusão, o fato foi levado ao conhecimento do diretor do Departamento de Ordem Política e Social, que, de acordo com as instruções baixadas pelo
Secretário da Segurança Pública, determinou a prisão dos envolvidos no plano do restabelecimento da "Shindô-Remmei". A chefia do serviço secreto
compareceu ao local indicado para mandar as contribuições, detendo Kameigi Yokohama, apurando também que a "Shindô-Remmei" já estava com uma nova
diretoria constituída pelos japoneses Paulo Hurikawa, presidente; Sheity Hajakawa, financiador, e Quillshy Cawachima e Issamo Maeda, que foram
presos hoje no prédio da rua Menezes Lopes, 22, antiga residência de Seichi Tonary, que está preso e faz parte do grupo de japoneses que devem ser
deportados.
OS TERRORISTAS DETIDOS EM SANTOS - Da esquerda para a direita: Kasuiti Kashimoto, a
figura proeminente do bando; Hitsuo Fujii, farmacêutico em Tupã, co-autor de vários crimes; Ueda e Chida, da Sociedade dos Patriotas; Miyashiro,
dono do Hotel "7 de Setembro", e elemento de ligação, e, por último, Yoshio Tachibana, que colaborou na captura dos seus patrícios criminosos
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