Prefeitura vai ampliar a ponte dos práticos Uma sobra de verba do Departamento de Apoio e
Desenvolvimento das Estâncias (Dade) a que Santos tem direito será usada pela Prefeitura para reformar e ampliar a Ponte Edgard Perdigão, a Ponte dos Práticos, na Ponta da Praia. Estimada em R$ 569 mil, a obra depende da liberação dos recursos para
ser executada. O dinheiro é referente a atrasos de repasses de 2002.
Foto: Walter Mello, publicada com a matéria
RECIFES ARTIFICIAIS
Fauna e flora renovadas
Projeto da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca prevê instalação de estruturas de concreto no litoral para permitir a recomposição de estoques de peixes
Rivaldo Santos
Da Reportagem
Guarujá será o primeiro município a ser contemplado com os recifes, previstos para este ano
Foto de arquivo, publicada com a matéria (cor acrescentada por Novo Milênio)
A Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (Seap) vai instalar a partir deste ano 2.750 recifes artificiais no Litoral Paulista. O projeto abrange a zona
costeira de Guarujá a Ubatuba.
De acordo com a programação da Seap, Guarujá será o primeiro município contemplado, recebendo 250 estruturas de concreto. No próximo ano será Bertioga.
O objetivo é inibir a pesca de arrasto realizada de forma predatória na região.
Apesar do grande interesse manifestado por pesquisadores, políticos e empresários do turismo náutico, Santos não foi incluída entre as cidades beneficiadas pelo Programa Nacional de
Recifes Artificiais Marinhos.
Segundo o diretor de Logística e Infra-Estrutura da Seap, Odmir Aguiar, a escolha das áreas para a colocação de recifes seguiu "critérios técnicos". A definição também levou em
consideração as metas fixadas pela secretaria para os próximos anos. Os limites orçamentários foram outros obstáculos que impediram a ampliação do programa.
"Esses recifes têm a finalidade de inibir a prática do arrasto e garantir a recomposição de estoques de peixes. Santos não é uma área de criação natural de peixes, atuando mais como
local de passagem de algumas espécies", explica o diretor, que é oceanógrafo físico, com doutorado em Engenharia Costeira e Oceanográfica.
Na carona - Mesmo excluída do programa, a Cidade poderá ser beneficiada indiretamente pelo projeto, diante do impacto positivo que os recifes provocarão na fauna e flora marinhas
da região.
Como as estruturas também serão lançadas em Cananéia, lugar onde ocorre a reprodução de camarão (alimento natural dos peixes), existe a expectativa de aumento do volume de espécies em
todo o litoral.
"Quando houver a recuperação do estoque de peixes, Santos poderá colocar recifes para a fixação de algumas espécies nesses locais. Seria ótimo para atividades de mergulho e de pesca
artesanal", explica Aguiar.
Na avaliação da Seap, o resultado do projeto só poderá ser verificado cinco anos após a instalação dos módulos. Porém, com a extinção do arrasto, em dois anos será possível recompor uma
boa parte do que foi perdido.
Em média, cada recife custa R$ 750,00. A estrutura é fabricada em concreto, em formato que facilita a formação de criadouros de peixes e outras espécies marinhas. O modelo adotado pela
Seap também inibe a parelha, método de pesca em que a rede arrasta o fundo do mar.
De acordo com levantamento feito pela Fundação de Estudos e Pesquisas Aquáticas (Fundespa), da Universidade de São Paulo (USP), para cada quilo de camarão capturado no arrasto, cerca de
nove quilos de outras espécies não-comerciais são apanhadas nas redes.
Retorno - Além de recuperar o ecossistema marinho, os recifes podem alavancar a pesca esportiva, uma atividade que movimenta cifras bilionárias no mundo. Só nos Estados Unidos,
estima que o setor gere receitas acima de R$ 45 bilhões por ano. No Brasil, os volumes são mais modestos. Não passam de R$ 700 milhões anuais. No Estado de São Paulo, calcula-se a existência de 40 mil pescadores esportivos.
Em média, cada profissional gasta R$ 1.500,00 em pescarias no Mato Grosso do Sul, um dos pontos mais procurados pelos amantes da pesca. A soma inclui despesas com passagens aéreas,
hospedagem e refeições. Se a Baixada Santista conseguir fisgar parte do público que pesca em outros estados, a região pode obter um retorno fantástico.
"Estamos mais próximos da Capital e ainda dispomos de marinas, náuticas e até de pescadores, que poderiam atuar como guia de pesca", diz Daniel Osvaldo Demichelis, consultor do Ibama
para o Programa Nacional para o Desenvolvimento da Pesca Amadora (PNDPA). "Nem sei se teríamos hotéis em número suficiente para atender todos os turistas de pesca", completa em um discurso bastante otimista.
Áreas para a reprodução de espécies serão preservadas
Foto de arquivo, publicada com a matéria (cor acrescentada por Novo Milênio)
Em dois anos, Santos deve ser beneficiada
Se depender da Fundação de Estudos e Pesquisas Aquáticas (Fundespa), Santos deve ganhar, ainda no segundo semestre deste ano, os seus primeiros recifes artificiais. A Cidade foi
incluída, juntamente com Guarujá e Bertioga, no projeto elaborado pela instituição vinculada à Universidade de São Paulo (USP).
Ainda em fase de coleta de informações, o projeto prevê a instalação de mais de 300 estruturas na área que abrange os três municípios da Baixada. O custo deve ficar em cerca de R$ 2
milhões, valor que inclui a fabricação, o lançamento e o monitoramento dos módulos nos próximos dois anos.
Só com a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental-Relatório de Impacto sobre o Meio-Ambiente (EIA-Rima), a Fundespa estima gastar um pouco mais de R$ 500 mil. A análise é obrigatória
para a obtenção da licença ambiental no Instituto Brasileiro de Meio-Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Segundo Roberto Ávila Bernardes, oceanógrafo da Fundespa e responsável pela implantação de recifes artificiais em Bertioga em 1999, o projeto pretende atingir dois objetivos: proteger as
áreas de reprodução de peixes e incrementar a prática de mergulho em novos habitats de espécies marinhas.
"Se eliminarmos a pesca de arrasto, a natureza se encarregará de recuperar o que foi retirado ao longo dos anos. O que não podemos é deixar os recifes abandonados. Há regras técnicas e
normas ambientais que precisam ser respeitadas".
Navios - Excluída do Programa Nacional de Recifes Artificiais da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (Seap), Santos pode ser pioneira, na região, na prática de afundamento
de embarcações para a formação de recifes artificiais.
A proposta, porém, é avaliada com cuidado pelo oceanógrafo da Fundespa. "O projeto admite essa possibilidade para a criação de novas opções de mergulho. Mas é preciso muito debate por
causa da polêmica que o assunto gera em alguns setores".
Em tramitação - Além dos planos da Fundespa e da Seap, uma outra iniciativa pode beneficiar a Baixada. O projeto do pesquisador Alessandro Athiê, em parceria com o consultor do
Ibama Daniel Osvaldo Demichelis, prevê a colocação de 250 recifes artificiais no Litoral Paulista.
Apesar de bastante elogiado por técnicos da Seap, o programa está há mais de um ano em tramitação em Brasília para aprovação e liberação de recursos.
Local ganhará outro atracadouro (à esquerda)
e mirante receberá moderno tratamento arquitetônico
Imagem publicada com a matéria (cor acrescentada por Novo Milênio)
Ponte dos Práticos terá reforma e ampliação
A Prefeitura vai aproveitar a sobra de verba do Município no Departamento de Apoio e Desenvolvimento das Estâncias (Dade), órgão vinculado ao Governo do Estado, para reformar e ampliar a
Ponte Edgard Perdigão, a Ponte dos Práticos, na Ponta da Praia. Estimada em R$ 569 mil, a obra depende da liberação dos recursos para ser executada. O dinheiro é referente a atrasos de repasses de 2002.
De acordo com a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (Seosp), o prazo de conclusão é de quatro meses depois de iniciada. O projeto prevê a recuperação do espaço destinado
aos passageiros e a instalação de cabine de controle e Posto de Informação Turística (PIT).
Com a reforma, a ponte passará a contar com sanitários, telefones, floreiras e bancos, além de novo piso. O mirante também receberá um novo tratamento arquitetônico.
No esboço divulgado pela Secretaria Municipal de Turismo (Setur), consta a construção de mais um atracadouro, do lado esquerdo da ponte. O novo ponto de embarque e desembarque ficará
restrito aos passageiros de embarcações turísticas (escunas), enquanto a atual plataforma será reservada aos pesqueiros e barcos que fazem a ligação com a Praia do Góes, em Guarujá.
Total apoio - Em parceria com o Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte), o Catraiatur é outro projeto da Setur com
previsão de implantação ainda este ano. "A idéia é aproveitar essas embarcações como opções de passeios turísticos", explica a secretária Wânia Seixas.
A titular da pasta rebate as críticas feitas por empresários do turismo náutico, especialmente pelos proprietários de escunas. "Dizer que não damos nenhum apoio ao setor é uma grande
injustiça. Em todo o material de propaganda turística da Prefeitura, colocamos os passeios de escunas".
Novo ponto de embarque ficará restrito aos passageiros de embarcações turísticas, as escunas
Imagem publicada com a matéria (cor acrescentada por Novo Milênio)
Deputada defende a regulamentação da lei
A deputada federal Mariângela Duarte (PT-SP) cobrou a regulamentação da lei que instituiu o Código Estadual de Pesca e Aqüicultura. De autoria da petista quando atuava na Assembléia
Legislativa, a lei está desde 2002 para ser regulamentada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB).
"Fizemos um grande movimento para derrubar por unanimidade o veto do governador, mas até agora nada foi feito para regulamentar uma lei fundamental para a economia do
Estado", criticou Mariângela.
Mariângela cobra de Alckmin
Foto de arquivo, publicada com a matéria
(cor acrescentada por Novo Milênio)
Para a parlamentar, a falta de regulamentação do código
prejudica a instalação de recifes artificiais no Litoral Paulista. "Se não houver pressão, não sai nada este ano".
Por iniciativa política da deputada, o Estado de São Paulo foi incluído no projeto da Secretaria Estadual (N.E.: Especial, não Estadual) de Aqüicultura e Pesca (Seap), que prevê o lançamento de 2.750 recifes artificiais na área entre Guarujá e Ubatuba.
Na avaliação de Mariângela, a Petrobrás também deve participar dos projetos em discussão. Em 1998, uma comissão parlamentar apurou que com R$ 1 milhão seria possível colocar recifes em
todo Litoral Paulista. "E só com o aproveitamento das sucatas da Refinaria de Cubatão", ressalta.
Apoio - O prefeito João Paulo Tavares Papa manifestou ontem apoio aos projetos de colocação de recifes artificiais. Ele disse que desde 1998 já defende o uso dessas estruturas
para a formação de novos criadouros de peixe e estímulo à pesca esportiva.
"Sei de todos os benefícios gerados pelos recifes. Por isso, esses projetos têm o meu total apoio". |