Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/h0287t.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 06/15/13 17:45:28
Clique na imagem para voltar à página principal

HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - TELECOMUNICAÇÃO
Um século de telecomunicações (20)

Leva para a página anterior
O porto de Santos já havia sido um dos pioneiros no uso de centrais de processamento de dados computadorizados (CPDs) no Brasil, e em 1987 começou a aproveitar os então novos recursos da telemática (união de telecomunicações com informática, permitindo a transmissão de dados de computador), na ligação entre seus computadores e os das empresas do setor marítimo.

Usava-se então a Rede Nacional de Comutação de Pacotes (Renpac),  da Empresa Brasileira de Telecomunicações (Embratel), pois ainda faltavam cerca de cinco anos para que surgissem os protocolos Intenet e a World Wide Web, e oito anos para que fosse iniciado no Brasil o uso comercial da própria Internet.

O fato foi registrado pelo editor de Novo Milênio, Carlos Pimentel Mendes, então jornalista responsável pelo caderno Marinha Mercante em Todo o Mundo, do jornal paulistano O Estado de São Paulo, na edição de 15 de dezembro de 1987, página 28:

Imagem: reprodução da página com a matéria

Codesp e Bússola, já interligadas por telemática

No mundo da telemática, estar na frente, dispor de mais informações, significa ter melhores condições de competitividade. E a agência marítima Bússola, embora só recentemente tenha ingressado na era da Informática - e por isso mesmo, aliás - está se tornando a pioneira no Brasil na linkagem de seus computadores com os da Codesp e os dos armadores, fato que se tornará oficial nos primeiros dias de 1988.

Em entrevista exclusiva a esta seção, reunidos, o diretor vice-presidente da Bússola, Luís Fernando Duarte, junto com o gerente de clientes da Embratel, Luiz Silva, e com o engenheiro Carlos Eduardo Bueno Magano, chefe do Departamento de Planejamento e Controle de Operações da Codesp, explicaram como funcionará inicialmente o sistema, já testado, e os desenvolvimentos já planejados.

Magano citou trechos de uma recente palestra proferida por Paulo Manoel Protásio, presidente da Associação Brasileira das Empresas Comerciais Exportadoras e da Teleport do Brasil: "O uso conjunto telecomunicações/ computador, permitindo a gestão eficiente de múltiplos dados, tem determinado na área portuária sua crescente utilização. Nesse processo, foram engajados portos como New York, Roterdam, Iokohama, Antuérpia, que têm buscado integrar as informações dos vários setores com vistas a otimizar a operação nos seus vários segmentos operacionais. Em Santos, esse caminho está sendo iniciado".

No sistema de telemática adotado pela Codesp, a Rede Nacional de Comutação de Pacotes (Renpac) da Embratel desempenhará o papel central de telecomunicações entre o porto, os agentes e/ou os armadores, os transportadores rodoviários e ferroviários, os órgãos de controle (Cacex, Receita Federal, Praticagem, Saúde dos Portos, Polícia Federal etc.), os operadores de retroporto, as empresas de comércio exterior e até mesmo os outros portos, entre outros interessados.

Assim, o usuário dos serviços portuários, uma agente marítimo por exemplo, liga seu computador com o da Codesp via Renpac e transmite ou recebe informações sobre seus embarques/descargas e navios, em alta velocidade, e com grande confiabilidade, já que no processo de comunicação nãohaverá o ruído (isto é as falhas) decorrente do fator humano. Ou seja, as informações recebidas pelo agente são precisamente aquelas constantes no computador da Codesp, e vice-versa.

Com o aumento do grau de confiabilidade na transmissão de informações, as decisões podem ser melhor embasadas e tomadas com maior rapidez, o que agiliza o sistema. E acabam as grandes quantidades de papel com essas informações que eram processadas tanto na Codesp como nos escritórios dos usuários, a necessidade do transporte desses papéis, e mesmo os morosos telex para transmissão de dados, com evidentes ganhos em termos de custo operacional.

Especificamente em relação à engenharia portuária, Magano cita que "a engenharia de transportes envolve: a análise do problema, o desenvolvimento de soluções possíveis e a escolha da solução que possa otimizar o processo geral. No Brasil, esta atividade tem sido particularmente penosa em função da dificuldade de obtenção de dados estatísticos de boa qualidade num tempo razoável. A busca de informações em origens e sistemas distintos gera erros de consistência que determinam a escolha de soluções de bom senso em detrimento a soluções de boa técnica. A implantação e sistemas de terminais de computadores em rede permitirá o acesso rápido das informações, sua análise, tratamento e controle. Essa nova situação racionalizará a gestão dos transportes, propiciando o próprio desenvolvimento da engenharia de transportes".

Cita ele também: "As despesas das atividades operacionais diretas da Codesp são gravadas em cerca de 80% de seu valor com encargos indiretos, representados pela estrutura administrativa da companhia. Considerando a materialidade destas despesas administrativas, flui naturalmente a necessidade de sua redução para que se obtenha aumento da produtividade portuária.

"A burocracia requerida para a coordenação e o controle da operação portuária, que tem a característica de ser diferente a cada novo navio, tem grande dimensão no porto de Santos, impedindo o aproveitamento máximo de seus recursos, pela demora da centralização das informações de programação das diversas atividades; pela qualidade das informações e consequentemente das decisões; pela dificuldade de acesso a dados históricos.

"Em fins de 1982, começou a ser projetado o Sistema de Apoio às Decisões Portuárias, sendo em abril de 1983 contratada a Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE) para que analisasse sua viabilidade, sugerindo a sua implantação de forma modular, já pensando numa interface com o transporte ferroviário. Assim, seriam criados os módulos de subsistema de atracação, de distribuição de recursos e de controle de carga/transporte ferroviário.

"Essa filosofia (o Sistema de Apoio às Decisões Portuárias), alicerçada no uso de microcomputadores, tem permitido o desenvolvimento do projeto com recursos de custeio da empresa. Em razão dessa característica - citou Magano -, o desenvolvimento do empreendimento, além de lento tem sido realizado heterogeneamente, com implantações de diferentes módulos em diferentes fases do projeto".

Na interface com as agências de navegação, o plano-piloto considerou três empresas que se mostraram inicialmente interessadas: a Bússola, a Transnord e a Transatlantic Carriers. Esta última, embora sendo a primeira interessada, já tinha desenvolvido seu processamento interno de dados de forma incompatível com os sistemas da Codesp, precisando assim desenvolver um projeto de adequação; a Transnord objetiva interligar armador-agência-porto-navio por meios telemáticos, mas ainda está na fase dos contatos iniciais, tendo o consórcio Laser Lines oferecido inclusive os préstimos de uma subsidiária do setor de informática. Já a Bússola, por ainda estar implantando seu projeto de informática, e ter grande interesse na agilização do processo, acabou sendo a primeira a implantar a interligação efetiva com a Codesp, para o quê contribuiu a flexibilidade resultante do sistema interno da agência estar ainda em desenvolvimento.

Segundo Magano, o plano telemático visa inicialmente agilizar a movimentação de contêineres na margem direita do porto santista (excluindo por enquanto o Tecon, que dispõe de um sistema próprio de informatização, a ser depois interligado à rede telemática). A escolha do contêiner se deve ao fato dele ser padronizado e apresentar um retorno muito alto em termos de controle, "quanto mais programado, melhor. Na Europa, aliás, o plano de carga é feito antecipadamente e permite posicionar os contêineres adequadamente para o embarque".

O representante da Codesp lembra ainda existir uma norma proposta pela International Standard Organization (ISO) para a transmissão de planos de estivagem de contêineres - a norma TC-104 N-616 -, e cita que o sistema ora implantado no porto começa controlando a relação de contêineres, o conteúdo básico dos mesmos,s tonelagem, código INCO das mercadorias perigosas e destino das unidades. Mas, já é feito um controle considerado importante, o do dígito de verificação do contêiner. Lembra Magano que pelo decreto 80.145, parágrafo 1º, para que um cofre-de-carga seja caracterizado como um contêiner é necessário que siga os padrões da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e, na falta destes, as normas ISo - o que inclui a observância da norma ABNT-NBR 5976 e ISO 6346-1981 (E) sobre a checagem do dígito de verificação.

Nesta verificação computadorizada, já são emitidas cartas aos agentes relacionando números de contêineres incorretos e indicando as correções dos dígitos pela norma ISO. Na maior parte dos casos são detectados erros nas listagens enviadas à Codesp, já que somente cerca de 1% dos contêineres já chegam do exterior com numeração incorreta.

Troca de informações - "Quando a agência fecha a carga com o cliente, o exportador precisa - através de seus despachantes - ir à Codesp pagar as taxas correspondentes, e quem detém a informação sobre se isso foi feito ou não é a Codesp. Assim, uma segunda etapa do processo telemático - após a implantação do controle de contêineres - deverá ser a transmissão automática dessas informações aos agentes. A agência precisa saber que carga está pronta para ser liberada ao embarque e, além disso, esse conhecimento permite que as agências atuem junto aos exportadores, para que apressem os procedimentos de liberação, ou então que as agências substituam a carga a embarcar.

"Uma terceira função a ser implantada refere-se à atracação dos navios (controle de chegadas e saídas de embarcações, local de atracação, início e final das fainas portuárias etc.). Em fase posterior, deverá ser automatizado o recebimento das informações do manifesto de cargas", cita Magano, lembrando que inicialmente o sistema será implantado através da rede Cirandão da Embratel, passando depois para o sistema Renpac: "Faltam ainda alguns softwares (programas) e placas de hardware (de computador) para o uso do Renpac. A expectativa é entrar no sistema Renpac até 30 de janeiro de 1988.

Vantagens - Segundo Luiz Silva, da Embratel, através da rede Cirandão os usuários dispõem das chamadas caixas postais eletrônicas: blocos da memória do computador da Embratel alocados aos usuários, onde podem ser depositadas mensagens e mesmo programas de computador para serem lidos somente pelo usuário destinatário.

Assim, o computador da agência marítima é conectado ao Cirandão, transmite o programa tendo como destinatário a caixa postal da Codesp, e somente a Codesp pode - com seu computador - ler essa mensagem ou esse programa. Todo o sistema é controlado por senhas de alta segurança, facilmente alteráveis pelos usuários, garantindo a confiabilidade no sigilo. Assim, após a agência transmitir os dados à Codesp, cabe à empresa portuária manter um procedimento funcional de periodicamente - a cada duas horas, por exemplo - verificar se existem mensagens em sua caixa postal eletrônica, e transferir esses dados para seus próprios computadores.

Os próprios dados têm alta confiabilidade, pois são adotados pela Embratel rígidos padrões de verificação eletrônica de ruídos de comunicação (falhas que possam adulterar os dados durante a transmissão), de forma que a Embratel garante hoje que a informação gerada pela agência será rigorosamente a mesma recebida pela Codesp.

Essa confiabilidade é uma das primeiras vantagens - ao lado da instantaneidade da comunicação - do sistema agora adotado, pois são eliminados os erros possíveis de acontecer na emissão de documentos pela agência e na digitação dos dados pela Codesp. Uma vez que a transmissão é computador-a-computador, torna-se desnecessária a circulação de papéis entre agente e Codesp, com os inevitáveis procedimentos de aposição de carimbos, assinaturas, verificação etc.

Enquanto uma transmissão por telex é feita a uma velocidade de cerca de 50/60 bits por segundo (BPS), na rede telemática o computador opera no mínimo a 300 BPS e pode chegar a 9.600 BPS. Ou seja, uma mensagem que no telex demoraria uma hora, no computador demora no máximo 6 minutos e com velocidade maior pode gastar apenas alguns segundos na transmissão. Assim, são descongestionadas as redes de telefonia e telex da agência e da Codesp.

Entretanto, na fase inicial do sistema agência Bússola/Codesp, serão utilizadas a rede telefônica (com uso de modems), a rede Cirandão e microcomputadores, de forma que a velocidade de transmissão de dados ficará em 1.200 BPS. Já no sistema Renpac essa velocidade pode chegar aos 9.600 BPS. A diferença básica entre o Cirandão e o Renpac é que o Cirandão é acessado pelos usuários no computador da Embratel, enquanto no Renpac a agência envia os dados diretamente ao computador da Codesp.

E todo o sistema telemático agência/Codesp, em Cirandão ou Renpac, pode ser expandido, para conexão com armadores, operadores de retroporto, terminais de contêineres/cargas, computadores de clientes, de autoridades intervenientes na movimentação portuária e até mesmo com os microcomputadores que já começam a ser instalados a bordo dos navios (conexão feita através do sistema Inmarsat de comunicação marítima via satélite). E o Cirandão já está interligado com 58 redes de 27 países, de forma que as informações podem ser enviadas aos armadores no exterior, também via computador.

Imagem: reprodução do esquema de comunicação via Renpac para o porto santista, incluso na apresentação O porto do futuro é o porto das telecomunicações, realizada pela Codesp em 1987

Plano da Bússola - Por sua vez, Luís Fernando Duarte explicou que a agência Bússola pretende interligar a sede com as filiais e subsidiárias de forma on line. O teste já foi feito, via Renpac, de forma satisfatória. Com isso, além da transmissão propriamente dita de dados, torna-se possível o sistema de correio eletrônico interno para transmissão de mensagens entre os vários setores da empresa.

Será implantada também a ligação entre o cadastro de clientes por área geográfica e o telex eletrônico. Assim, as tradicionais mensagens telex lembrando ao exportador que determinado navio estará posicionado para embarque no porto em certa data, com destino a portos de seu interesse, passarão a ser geradas eletronicamente pelo computador para a rede telex, desafogando os telex da agência e do próprio embarcador.

A Bússola - que já operava com a Codesp e com seus armadores através do intercâmbio de diskettes magnéticos de 5 1/4 polegadas contendo os dados operacionais - pretende promover uma integração com eles e os clientes através do Renpac e mesmo do telex eletrônico, num processo que poderá chegar até os clientes informatizados, também.

Em fase embrionária, já existem estudos para o recebimento das faturas do porto diretamente no computador da agência. E a Bússola já detém hoje o controle completo do status de seus contêineres, através de fichas no sistema Cobol com 64 campos de dados, inclusive com o controle de demurrage dos contêineres (que permite, por exemplo, avisar ao cliente, com um pré-faturamento informativo, sobre os contêineres que estejam em suas fábricas, evitando até que um cliente pague a mais por ter esquecido o contêiner num canto de seu depósito.

"Hoje, a Companhia Marítima Nacional já não recebe nenhum relatório em papel sobre os contêineres - cita Luís Fernando -. Demos ao armador um soft que gera todos os relatórios que ele precisa, a partir dos diskettes com dados que já enviamos regularmente por malote. E pretendemos em breve transmitir diretamente aos armadores os dados do manifesto de carga, via Renpac, evitando usar os couriers - que podem falhar em situações como a da greve dos aeroviários ora verificada".

Luís Fernando cita que a Bússola já conta com inúmeros programas de estatística, com base nas informações de mercado, inclusive da concorrência; existem também relatórios internos operacionais de produtividade e custo, do navio que está sendo operado, informando as médias atingidas nos últimos três navios e o melhor resultado anterior.

"Nossa filosofia é montar um sistema simples de operação totalmente informatizada, em módulos que podem ou não se interligar, e usando microcomputadores, sem muita sofisticação, pois sistemas complexos acabariam não dando resultados práticos", afirma o representante da Bússola.

Magano e Luiz Silva completam, alertando para a importância de outras agências procurarem se inteirar do sistema montado na Codesp e se adequarem a ele, já que a empresa que dispuser dos recursos da telemática acaba tendo vantagens adicionais de eficiência e custos, na competição com as demais.

Ambos esperam também que outros portos brasileiros busquem conhecer os detalhes do sistema implantado em Santos, para que futuramente possa haver uma troca telematizada de informações.

Afinal, o plano de carga de um navio em Santos para um determinado porto é o plano de descarga desse navio no porto de destino, e a telemática permitiria, por exemplo, que o porto/agente recebedor planificasse suas operações antes mesmo da chegada do navio, com evidentes resultados em agilidade e custos.

O mesmo jornalista voltaria ao tema na edição seguinte de Marinha Mercante/O Estado de São Paulo, em 22 de dezembro de 1987, página 19:

Imagem: reprodução da página com a matéria

Telemática no porto de Santos recebe novas adesões

Causou grande repercussão no meio marítimo santista e em vários municípios portuários o anúncio, feito nesta seção dia 15, de que a Codesp já se prepara para em mais algumas semanas iniciar de forma constante a primeira ligação telemática entre um porto nacional e uma agência marítima. Diversos outros agentes se mobilizaram, e um exemplo foi a agência Dickinson, que no mesmo dia endereçou correspondência ao titular da Codesp, Hélio Nascimento, bem como ao responsável pelo projeto pelo lado portuário, Carlos Eduardo Bueno Magano; e ao representante comercial da Embratel em Santos, José Plácido F. de Freitas. Da mesma forma, a Transatlantic Carriers, que teve a ideia pioneira dessa interligação, declarou-se pronta a entrar na rede assim que for formada a nível de Renpac.

Para esta semana apesar do período natalino, já são esperados novos apoios de agências marítimas e até mesmo existe a possibilidade de uma empresa portuária confirmar seu interesse na interligação telemática com os computadores da Codesp.

A esse respeito, logo após receber a correspondência da Dickinson, o presidente da Codesp comentou que "o que foi feito foi uma experiência piloto, que foi positiva, deve propiciar uma agilização nas operações. No orçamento para 1988 está prevista uma boa parcela para a expansão telemática, é pensamento da empresa promover o setor".

Confirmando seu integral apoio ao desenvolvimento do projeto telemático, Hélio Nascimento destacou a necessidade de também as agências acompanharem o processo, adequando-se o mais rapidamente possível às possibilidades de desenvolvimento  de comunicações entre computadores do porto e de outras empresas.

Pouco depois, consultado sobre o tema, o engenheiro Magano citou que possivelmente ainda neste final de ano se procurará reunir todas as empresas de navegação de Santos para uma troca de ideias sobre as formas de desenvolvimento do projeto, como forma de garantir uma compatibilização de sistemas e o atendimento da melhor forma possível às necessidades de comunicação de dados das próprias empresas. Dessa reunião deverá sair o lay-out do esquema de ordenamento e transmissão dos dados entre os computadores, que utilizará a princípio o sistema Cirandão e depois a Rede Nacional de Comutação de Pacotes de Dados (Renpac), ambos da Embratel.

Ainda nesta semana, a agência Bússola, primeira a anunciar oficialmente a sua integração telemática com a Codesp, e que já transmitia os dados dos relatórios de contêineres através de diskettes de computador intercambiados com a empresa portuária, passa a utilizar de forma regular o sistema Cirandão em suas operações, com o envio daquele relatório à Codesp por meio telemático antes dos navios chegarem ao porto.

Lembre-se que no sistema Cirandão tanto a agência marítima como a Codesp possuem caixas postais eletrônicas - blocos de memória acessados através de senhas somente por determinados usuários - nos computadores da Embratel. Pelo sistema agora utilizado, ao invés de um portador transportar fisicamente os documentos (ou mesmo os diskettes entre agência e porto), a Bússola disca o número telefônico de acesso ao computador da Embratel/Cirandão, e transmite para esse computador o programa com os dados dos contêineres. A Codesp terá um procedimento de rotina, pelo qual em média a cada duas horas um funcionário também acessará esse computador da Embratel, e ao encontrar em sua caixa postal o programa enviado eletronicamente pela agência, chamará esse programa e processará os dados em seu computador. Para isso, a Codesp deverá fazer a comunicação telemática com um computador PC e passar os dados dele para o Burroughs e do Burroughs para o SID (computador onde a Codesp armazena os dados dos contêineres motimentados) (N. E.: Burroughs era o nome do fabricante do então supercomputador central da empresa portuária santista, instalado em seu Centro de Processamento de Dados - CPD - na Rua Riachuelo).

Assim que a Codesp detiver os programas e periféricos/placas de computador adequados ao sistema Renpac, o procedimento será simplificado, pois a comunicação será direta agência-porto, dispensando o depósito temporário das informações no computador da Embratel/Cirandão. Isso deve acontecer já a partir de fins de janeiro.

Imagem: reprodução do esquema do Sistema de Planejamento das Operações (SAOP) para o porto santista, na apresentação O porto do futuro é o porto das telecomunicações (Codesp/1987)

Planos da Transcar - É neste ponto que a Transatlantic Carriers pretende entrar, pois seus computadores já estão preparados para atuar diretamente na rede Renpac, inclusive essa empresa foi a primeira da Baixada Santista a usar o Renpac, ao implantar em agosto passado a transmissão de relatórios com o uso de uma linha dedicada (não-discada).

Em reunião realizada na semana passada com o gerente comercial da Embratel, José Plácido Figueira de Freitas, o analista de sistema da T. Carriers, Flavio Coelho Martinez, e o assessor de diretoria Newton A. Martins destacaram que "1988 é o nosso ano da informática, a meta é interligar on line os escritórios de Santos, São Paulo, Rio de Janeiro e Paranaguá, e com os demais subagentes que não tenham computador a ligação será via telex - para o quê contribuirá a ligação - oficializada pela Embratel a 1º de dezembro - entre o Renpac e a rede nacional de telex (ou seja, os computadores terão acesso direto à rede telex e vice-versa).

Sobre a ligação com a Codesp, eles explicaram que a empresa participou de todas as reuniões prévias para a implantação do projeto da Codesp e inclusive montou o lay-out de formato de transmissão. Porém, a Transnord - outra interessada desde o início no projeto telemático - necessitava de certas informações que também auxiliariam a Codesp e que estão no manifesto de carga, a exemplo do código INCO (periculosidade das mercadorias), e assim foram procedidas novas modificações no lay-out.

Até agora, os testes feitos eram de transmissão via Cirandão de arquivos de texto eletrônico com as informações, que deveriam ser lidas no destino e transferidas para o respectivo computador (incluindo para isso a redigitação das informações). Mas a Transatlantic Carriers já está adaptada para transmitir dados diretamente computador-a-computador, eliminando essa redigitação no destino.

Entretanto, Flavio e Newton alertam para o fato de que com isso há necessidade dos dados serem transmitidos na mesma ordem e no mesmo formato como está definido no lay-out do programa que os receberá. Assim, por exemplo, se o computador da Codesp estiver preparado para receber o código INCO após o número do conteiner e ele for transmitido antes, a transmissão será prejudicada. Daí a importância de todos os agentes se reunirem e trocarem ideias para o estabelecimento de um padrão compatível com os computadores de todas as agências e o da própria Codesp: "Desejamos que ocorram mais reuniões do pessoal, das agências participantes, para que se busque soluções conjuntas. E nossas portas estão abertas ao desenvolvimento de projetos pioneiros como esse", citam os representantes da Transatlantic Carriers.

A nível da empresa Transcar, segundo seus representantes, além da integração on line está relacionada com prioridade a confecção de manifestos de carga por via computadorizada. "A Transatlantic Carriers já faz mala-direta eletrônica, booking-list, estatísticas, folha de pagamento-contabilidade de todas as firmas do grupo. E os sistemas de estatísticas e booking-list estão adaptados para fazer a ligação entre os escritórios, aproveitando a facilidade de ligação do telex à Renpac. Além disso, fazemos o faturamento da folha de estiva".

"Acessar a qualquer computador ou a qualquer base de dados no mundo, em segundos, é uma rotina que já é realizada pela empresa desde agosto, quando, oficialmente, passou a fazer parte da Renpac. Nesta primeira etapa de um sofisticado projeto, os manifestos são transmitidos, no formato de texto, para uma caixa postal eletrônica da softhouse americana Wildata, que está conectada à rede Geisco. Com isso, algumas horas, ou minutos, após a saída do navio, é feita a transmissão e quase que instantaneamente o armador terá condições de receber a mensagem com toda a segurança e confiabilidade.

"Após alguns meses da implantação deste serviço, verificou-se que ainda não era o ideal, pois as informações chegavam ao armador em forma de relatório, e este por sua vez precisava redigitar as informações, com possibilidade de erros. Por isso, atendendo a uma solicitação do próprio armador e seguindo normas estabelecidas pela softhouse Wildata, encontra-se em fase final de desenvolvimento a transmissão deste mesmo serviço, somente que na forma de dados, que irá alimentar diretamente o computador do armador com todas as informações que cercam um manifesto de carga num pequeno espaço de tempo e com maior confiabilidade, tudo isto a um baixo custo.

"Encontra-se também em fase final de desenvolvimento o sistema de controle de contêineres que tem como meta principal controlar todo o parque de contêineres sob sua responsabilidade; a emissão de fatura de sobre-estadia, o status dos contêineres etc., e também atender a uma solicitação da Codesp para a integração com as agências, fazendo parte de um plano-piloto juntamente com as agências Transnord e Bússola.

"A T. Carriers - observam seus representantes - já se encontra totalmente preparada para comunicar-se com o computador da Codesp através de teleprocessamento via Renpac, que é a última palavra em termos de telemática, e estamos apenas aguardando que a Codesp também se integre a essa rede para transmitirmos rotineiramente a movimentação de contêineres. Inclusive, já realizamos em setembro uma transmissão-teste com o suporte da Embratel, e que foi completada com sucesso".

 Veja, em formato PDF:

Clique na imagem para obter o arquivo correspondente em formato PDF

Folheto da Embratel sobre o projeto Cirandão

Clique na imagem acima para obter o arquivo PDF correspondente

 

Clique na imagem para obter o arquivo correspondente em formato PDF

Folheto sobre os serviços prestados pela Embratel (1987)

Clique na imagem acima para obter o arquivo PDF correspondente

Clique na imagem para obter o arquivo correspondente em formato PDF

Folhetos da Embratel sobre o Renpac em 1987

Clique na imagem acima para obter o arquivo PDF correspondente

Leva para a página seguinte da série