Sistema é pouco conhecido
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Movimento fraco de correspondência do tipo fonopostal
"No máximo, vem um fonopostal e saiu ouro da Cidade por dia". Essa é a média de tráfego de mensagens pelo Sistema Fonopostal Brasileiro,
também conhecido como cartas-faladas, através das agências santistas da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - EBCT -, segundo o chefe desta zona postal, Ewaldo Boanerges Forte.
Criado há cerca de um ano, o sistema fonopostal não vem obtendo os resultados que se esperava do ovo de Colombo do século XX, como o consideravam os fabricantes de seus componentes. E isso não
ocorre apenas aqui, porque também é mínima a chegada de cartas-faladas de outras regiões do País.
Segundo Ewaldo, há um conjunto de causas para esse insucesso, uma das quais poderia ser a divulgação insuficiente do sistema (que não é feita pelos Correios porque se trata de uma iniciativa
particular, embora os prospectos existentes deem a impressão de que se trata de mais uma modalidade de serviço da EBCT).
Por outro lado, a carta escrita é insubstituível em uma série de situações, como a correspondência comercial, que precisa ser arquivada, anexada a documentos, e contar com a assinatura do remetente,
entre ouras situações do cotidiano de uma empresa.
Assim, a correspondência fonopostalizada se restringe, em princípio, a uma relação coloquial familiar: correspondência entre parentes, namorados, amigos que se encontram em regiões distantes há longo
tempo. Também poderia servir para o envio de fitas com gravações de músicas, espetáculos, músicas para concursos de calouros, e outras finalidades.
Desvantagens - Apesar das diversas possibilidades de utilização do sistema, há desvantagens também, em certos casos. Primeiro, quando se trata de comunicação com cidades próximas: numa
comparação de preços entre as despesas com o fonopostal e uma chamada telefônica, e considerando-se a rapidez e simplicidade da comunicação por telefone, as vantagens recairiam sobre a chamada telefônica.
A carta-falada é postada pelo mesmo valor de uma carta comum de até 100 gramas (Cr$ 10,00 a partir de segunda-feira), mas só dentro do território nacional. No caso do envio para outros países, o
tratamento tarifário é o de uma encomenda postal.
Há, porém, outras despesas: a fita cassete, que pode ser qualquer uma, ou a vendida nos postos do fonopostal (para gravações de 40 minutos, Cr$ 45,00; de 30 minutos, Cr$ 42,00; de 20, Cr$ 35,00); a
embalagem da fita, obrigatória, custa Cr$ 22,00, incluindo um lacre inviolável; lacre avulso comum (para a reutilização da embalagem recebida), Cr$ 14,00; ou o lacre de segurança numerado, Cr$ 18,00; pacote com etiquetas endereçadoras autocolantes
e removíveis, Cr$ 14,00.
O manuseio é aparentemente simples: grava-se a mensagem na fita com um gravador cassete comum, coloca-se no estojo-embalagem, aplica-se o lacre e preenche-se uma etiqueta endereçadora, na embalagem.
Postada em qualquer agência da EBCT, como uma carta comum (pode ser registrada, também), a carta-falada é entregue ao destinatário, que quebra o lacre, ouve a fita e a reutiliza para a resposta, substituindo apenas a etiqueta e o lacre.
Porém, como explica Ewaldo Boanerges, o desinteresse surge quando a pessoa tem muitas ocupações e pouco tempo livre para o envio de correspondência: uma carta se escreve em qualquer lugar, enquanto o
sistema fonopostal exige a utilização de um gravador.
Há ainda o entrave da recíproca. Ou seja, quem recebe uma carta-falada sente-se obrigado a usar o mesmo sistema para respondê-la, e ninguém possui estoque em casa de lacres e etiquetas endereçadoras;
daí a ocorrência de um retardamento relativamente grande - e desestimulante - nas respostas. |