Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/h0287j07.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 01/17/10 19:48:55
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - TELECOMUNICAÇÃO
Um século de telecomunicações (10-G)

Leva para a página anterior
Datam dos anos finais do século XIX as primeiras referências sobre os serviços de telecomunicações em Santos. E, apesar de ser importante porto e estar próxima a centros de negócios como a capital paulista, só na década de 1980 (como o resto do Brasil) começou a ter serviços como a discagem direta à distância. Passou pelas eras dos telegramas, do telex, do fac-símile (fax ou telefax), do videotexto, dos BBSs e desembarcou na Internet, com todos os seus recursos.

Clique na imagem para voltar ao índice da obraUm pouco da história da telefonia brasileira está neste álbum, editado em novembro de 1984 pela empresa Telecomunicações de São Paulo S.A. (Telesp), em comemoração ao 100º aniversário da instalação dos serviços telefônicos em São Paulo. Este exemplar (número 1.091, de uma edição de 3.000 exemplares) fazia parte da biblioteca mantida pelas telefonistas do posto telefônico santista (Tráfego). Quando a empresa foi privatizada e se desfez de muitos de seus arquivos, em 7 de julho de 1989, este álbum foi oferecido a um dos funcionários, Francisco Vazques Carballa, que o mantém no seu acervo. Continua aqui a transcrição integral da obra, de 150 páginas não numeradas:


A RUA DA SEDE - Os primeiros escritórios da Companhia Telégraphos Urbanos são inaugurados no dia 6 de janeiro de 1884. Eles ficavam na Rua Direita, 33, na região central - onde os grandes negócios paulistanos aconteciam. Na foto, a Casa J. Tallon em primeiro plano. Também se destacam a sempre presente charutaria e elegantes senhores
Foto: a Rua Direita focalizada por Augusto Militão de Azevedo em 1862. Acervo do Arquivo do Estado

O movimento, a animação, a vida da cidade

Affonso E. de Taunay, em seu livro Velho São Paulo, reproduz uma série de impressões de Junius (pseudônimo de Firmo de Albuquerque Diniz), um carioca que entre 1848 e 1852 estudara na Academia de Direito de São Paulo. Retornando a São Paulo em 1882, confronta-as com a situação que conheceram 30 anos antes:

"O que porém muito atraiu a minha atenção foi o movimento, a animação, a vida da cidade, fato inteiramente novo para mim; quando daqui retirei-me as ruas eram pouco freqüentadas, salvo nos dias de festas; as famílias só saíam a visitas e com o chefe da casa ao lado; não havia em geral hábitos de passeio, nem por diversão do espírito, nem por necessidade higiênica.

"Hoje já ninguém sai à janela para ver quem passa de carro: há muitos, de particulares e de praça.

"Além desses e dos bondes, constantemente percorrem as ruas em direções diversas grandes carroças que conduzem carne aos açougues, outras levando mercadorias da cidade às estações das estradas de ferro, outras daí trazendo-as para o centro da capital; muitas com pipas de água, umas com hortaliças, outras com frutas, outras transportando garrafas de cerveja e licores nacionais.

"Durante certas horas do dia já o incessante rodar de carros e carroças torna-se incômodo a quem não está habituado; ao antigo silêncio sucedeu este concerto, pouco agradável, de sons produzidos pelo atrito nas calçadas de tantos veículos de diversas espécies, uns de construção leve e elegante, outros de forma grosseira, pesados e apropriados aos gêneros a cujo transporte se destinam, uns de duas e outros de quatro rodas; também há pequenas carroças para a condução de hortaliças, de frutas e de flores, as quais são movidas a mãos.

"(...) grupos de senhoras que passeiam, desacompanhadas do chefe de família ou de outro qualquer homem, fazendo compras, ora entrando nas lojas de modas, nas confeitarias, ora parando para ver o que está nas vitrinas (...), concorrência de fregueses nos cafés e restaurantes, variados e lindos estabelecimentos, meios fáceis de condução.

"Em nosso tempo não havia um hotel; tínhamos o pequeno restaurante do velho Charles e o do Frederico Fontaine; quando íamos cear a qualquer deles, procedíamos com cautela, porque ir a uma casa dessas não era então um ato que recomendasse o freguês à estima pública, trazia um não sei quê de desconsideração.

"Hoje a mais numerosa é a colônia italiana, calculada em mais de seis mil pessoas. Encontram-se em seu seio médicos hábeis, (...) sacerdotes, arquitetos, capitalistas, negociantes, músicos, pedreiros, sapateiros, alfaiates, latoeiros, jornaleiros e não pequeno número de comerciantes ambulantes, que vendem nas ruas e oferecem nas casas flores, frutas, hortaliças, peixe fresco, camarões, que eles vão buscar a Santos e, apenas chega o trem, entregam ao consumo. Deve-se a eles o desenvolvimento deste pequeno comércio.

"A população flutuante, em ocasiões de certas festas, principalmente na estação lírica, toma extraordinário incremento, aparecendo em grandes ondas nas ruas, nas praças, nos arrabaldes, nos jardins, em toda a parte, dando visivelmente mais animação ao comércio, mais vida à cidade e fazendo circular mais dinheiro.

"As ruas Direita, de São Bento e do Rosário hoje apresentam aspecto alegre, bonito; antigamente, quando passávamos por elas à noite, não se encontrava uma viva alma, salvo em ocasiões de luar ou de festas; as lojas fechavam-se cedo, apenas as boticas conservavam-se abertas; a iluminação era péssima, iluminação a azeite de mamona e lampiões imundos. Nas noites de luar não se os acendiam, ainda mesmo que o mau tempo impedisse a lua de nos alumiar com a sua pálida luz.

"A Rua 15 de Novembro! O feliz mortal que tiver a bolsa cheia para satisfazer seus gostos não precisará, saindo desta rua, procurar em outras os meios para isso; o homem ou senhora que quiser vestir-se, pentear-se, perfumar-se, adornar-se de custosas jóias, aqui mesmo encontrará tudo quanto necessário for para que se apresente à moda de Paris: há fazendas, costureiras, cabeleireiros, alfaiates, sapatarias, joalherias e tudo se anuncia ter vindo de Paris".

Leva para a página seguinte da série