A mesa que presidiu os trabalhos, vendo-se ao centro o dr. Nogueira de Sá
e, de pé, os srs. Waldemar Leão e Eduardo de Lamare,
designados por aquele magistrado para escrutinadores, nas eleições da mesa
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Santos reintegrada no regime de sua plena autonomia
[...]
Palavras do dr. Osório Leite - O sr. dr. Osório de Sousa Leite - A
história da civilização nos mostra o homem lutando sempre pela conquista do supremo bem, que é a liberdade. Pela liberdade, os homens erigem e
destroem templos, e do choque das liberdades, individual e coletiva, o homem busca as mais complicadas formas de equilíbrio social.
A sociedade avança sempre. Os problemas se tornam cada vez mais complexos e as
conquistas vão impondo sempre uma renovação contínua e necessária nos métodos de controle. O homem já não é mais uno, e a liberdade do indivíduo tem
que ser calcada dentro da liberdade coletiva. O bem estar de um indivíduo é limitado pelo bem estar do próximo. Outra não é a nobre função da
Justiça.
A sociedade é um organismo vivo, sujeito às leis biológicas da evolução. A mesma
tecnologia médica poderia ser aplicada aos fenômenos sociais. Todos os cataclismos sociais têm uma explicação perfeitamente biológica. É sempre a
ânsia pela vida, e por uma vida melhor.
Eu, em nome do P.R. P., saúdo, na pessoa do meritíssimo Juiz presente, o grande médico
da sociedade em que vivemos. (Muito bem!).
A oração do sr. Carlos Cyrillo - O sr. Carlos Pacheco Cyrillo - Sr.
presidente. Atendendo aos ditames da minha consciência e aos imperativos de meu próprio coração, ocupo a tribuna desta casa pela vez primeira, e
confesso que o faço por vocação da alma.
Mal esboçados, ainda, os nossos primeiros passos, na primeira oportunidade que se nos
depara, antes, mesmo, que a nossa atenção seja dispensada aos grandes e graves problemas que nos assoberbam, solicitando da nossa parte meditação e
estudo, quer a bancada do Partido Republicano Paulista, numa síntese varonil, onde deve vibrar uma voz de comando, perpassar um sopro de energia e
cantar um hino de vitória, fazer a evocação de um passado, que está bem vivo em nossas consciências, que palpita em cada uma das fibras de nosso
ser, que fala constantemente aos nossos sentimentos e à nossa razão, nos conferindo gratas responsabilidades. Assim, com a força evocativa das
palavras, transportamo-nos para os dias, hoje tão mal compreendidos, de 32, quando São Paulo, santificado pela pureza da causa que defendia,
levantou-se em armas pelo Brasil.
Transportamo-nos, neste instante, para aqueles dias, porque é um consolo e uma honra
para os que vivem, poder serenamente contemplar o passado e assim, desassombradamente, alongar os olhos para o futuro; porque, bem certo é que a
evocação do passado aponta o futuro; é um exemplo e um estímulo; uma recordação e um compromisso. E são sempre os nobres vestígios do passado que
permitem encontrar o caminho de novos destinos.
Como nos grandes transportes místicos, a bancada do Partido Republicano Paulista volve
o seu pensamento para os dias em que, por entre o clamor frenético dos aplausos e a estridência metálica das fanfarras de guerra, os soldados da lei
e da ordem, na atitude de triunfadores, o olhar cravado nas treze listas que drapejavam ao vento, trocando a mansidão de um lar feliz pelas agruras
da trincheira, impelidos pela paixão transbordante de um grande sentimento, partiam para castigar a usurpação e repelir o insulto, dando a mais
perfeita lição de bravura consciente e de civismo, e afirmando, animados pelo poder das idéias, pelo denodo e pelo desprendimento com que
batalhavam, que o sangue nada vale pelo que corre de humanamente nas veias, mas pelo que palpita de divinamente no coração.
Mas, sr. presidente, todas as lutas têm seus desfiladeiros e suas vítimas - por isso,
nesta hora em que Santos é entregue ao governo de si mesma, é reintegrada em sua própria autonomia, a bancada do Partido Republicano Paulista
'não nos vem recontar nem narrar a obra estupenda do gigante', mas, sendo irmã da mesma fé, comungante do mesmo ideal, soldado da mesma jornada
de perturbante esplendor que evoca toda a nobilitante grandeza de uma raça eleita - recorda essa página fulgurante da história de São Paulo, para
render aos seus heróis - obreiros da reconstitucionalização da Pátria, que souberam arrancar do minuto que passava a semente que frutificasse -, as
expressões de sua homenagem, da sua profunda admiração e do seu respeito.
E, num preito de saudade imperecível, volve-se para os túmulos nimbados de glória, dos
que tombaram sorrindo à morte, dos que passaram deixando no solo natal a sangue a divina lição dos exemplos, e jura, sustentado pela obra portentosa
de seu passado honroso, que manterá sempre, acesa e brilhante, garantindo a continuação infatigável de seu esforço para grandeza e felicidade de São
Paulo, a mesma chama que, iluminando o Partido Republicano Paulista, em 40 anos de administrações honestas e fecundas, edificou o monumento
grandioso da nossa opulência, levantando ele e só ele as colunas mestras da nossa civilização e do nosso progresso.
Assim, sr. Presidente, requeiro que, durante um minuto, permaneça a casa de pé e em
silêncio, prestando, desta forma, a sua primeira homenagem aos que tombaram no campo da honra cobertos pelas bênçãos da Pátria agradecida.
O sr. Waldemar Leão - Sr. Presidente, diante da manifestação da casa, julgo não
ser necessária a consulta à Câmara.
Todos os srs. vereadores e a assistência se conservam de pé e em silêncio, durante um
minuto.
Flagrante colhido no momento em que o sr. Carlos Cyrillo falava à Câmara
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Recomeçados os trabalhos, pede a palavra o dr. Aristides Machado, prefeito municipal.
O discurso do prefeito municipal - O sr. Presidente - Tem a palavra o
sr. Aristides Bastos Machado.
O sr. Aristides Bastos Machado - Sr. presidente, com a consciência de quem se
dispõe ao rigoroso cumprimento de seu dever cívico, é que agradeço sinceramente os votos que me elegeram para o alto cargo de prefeito municipal, e
apresso-me também em apresentar aos srs. vereadores, legítimos e autorizados representantes do povo santista, as minhas mais cordiais e respeitosas
saudações.
Bem compreendo e avalio as altas responsabilidades que assumo com a nobilitante
investidura que me foi conferida pela generosidade desta ilustrada Câmara.
Recebo-a tranqüilo, e confiante no apoio dos que em mim também confiaram, e na
colaboração que, para maior grandeza e prosperidade de Santos, não me negarão todas as claras inteligências que compõem esta Câmara, porque à sua
cultura e educação políticas estão entregues os destinos do município e do seu povo.
No exercício desse cargo, o povo santista terá em mim, sobretudo, o homem que
procurará administrar com serenidade, operosidade e justiça, para servir a Santos, a São Paulo e ao Brasil.
Vozes - Muito bem! Muito bem! (Palmas).
A primeira sessão ordinária da Câmara - O sr. Presidente - Antes de
encerrar a sessão, cumpre-me agradecer a presença das autoridades e demais pessoas que acorreram a esta solenidade, imprimindo-lhe maior realce.
Dispondo a Lei Orgânica, no parágrafo único do art. 2º, das Disposições Transitórias,
que, antes de votar a Câmara o seu Regimento, será observado o Regimento que vigorava até 24 de outubro de 1930, comunico aos srs. vereadores que a
primeira sessão ordinária desta Câmara, de acordo com o art. 52, do Regimento que vigorava até aquela data (lei n. 434), será realizada na próxima
segunda-feira, dia 17, às 10 horas.
Está encerrada a sessão.
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