Vontade popular garante parque público no Emissário
Foto: Tadeu Nascimento, publicada com a matéria
EMISSÁRIO SUBMARINO
Vitória: após 30 anos, área será urbanizada
Santos celebrou uma importante conquista: após anos de indefinição, a Prefeitura foi
autorizada pela Justiça a criar um parque público sobre o Emissário. Na sentença, a juíza Alessandra Nuyens Aguiar Aranha, da 4ª Vara Federal de
Santos destacou que "a instalação de um parque público rende, sobretudo, homenagem à vontade popular, que, maciçamente, anseia há muito tempo por
uma destinação proveitosa e compatível com as características do local, minimizando as causas de insegurança geradas pelo abandono que acomete o
imóvel".
Depois de 30 anos, a área onde está localizado o Emissário Submarino será urbanizada
Foto: divulgação, publicada com a matéria
"Quem gosta de Santos tem muito a comemorar com a
decisão da Justiça Federal", afirmou o prefeito João Paulo Tavares Papa. "Há 30 anos a cidade aguardava uma solução adequada e definitiva para esta
área tão nobre. O parque público, idealizado por um dos maiores arquitetos da atualidade, representa um grande passo na qualificação de Santos como
destino turístico."
Frisou ainda que a população santista ganhará um democrático espaço de convivência com
43 mil m². O prefeito já protocolou no Serviço do Patrimônio da União o pedido de cessão definitiva da área ao Município, para solicitar em seguida
o licenciamento ambiental e dar início à obra, projetada pelo arquiteto Ruy Ohtake.
O projeto As Ondas, Santos 21 destaca as belezas naturais do local,
harmonizando o quebra-mar à praia e aos jardins e reservando 50% da plataforma para áreas verdes. Ohtake explica a proposta para o parque em Santos:
"Os jardins da orla santista, que tiveram sua origem na década de 30, são muito belos, únicos no mundo em sua característica à beira-mar. O projeto
do parque dá um toque contemporâneo a esta estrutura, com desenho aprimorado e elementos estéticos muito presentes".
Ruy Ohtake
Foto: Francisco Arrais, publicada com a matéria
Natureza - Estão previstos bancos, áreas sombreadas para descanso, paisagismo,
bebedouros e iluminação especial. Para as crianças, as atividades de arte e educação serão desenvolvidas com o apoio de três grandes lousas para
desenhos. Estão também projetados playgrounds diferenciados, um espaço para aprender a andar de bicicleta e outro para jogos criativos. A
turma da Terceira Idade terá mesas para xadrez e dominó, além de área para esportes adaptados.
A prática do surfe terá importantes melhorias, inclusive arquibancadas para o público
e espaço para jurados de competições. O Museu do Surfe terá sede numa construção em madeira com 360 m², homenageando os primórdios do esporte no
Brasil.
Os praticantes de skate e patins in line terão espaço completo para
treinos e competições, além de um setor para principiantes. Na extremidade da plataforma, onde o mar é mais piscoso, um recanto para os pescadores.
Três pistas específicas incentivam a prática de exercícios físicos: a ciclovia, com
527 metros de extensão, uma ramificação da já existente na orla; uma de corrida, com 508 metros; e uma para caminhadas, com 861 metros.
Segurança - Câmeras de monitoramento, ligadas à Infovia, serão utilizadas para
garantir a segurança dos visitantes, que também terão a presença permanente de guardas municipais e guardiões-cidadãos. Para a estrutura de apoio,
estão previstos sanitários, vestiários, lanchonete, bicicletário, ambulatório médico e zeladoria. Todo o projeto propicia acesso a pessoas
portadoras de deficiência.
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Esculturas podem se tornar nova referência da Cidade
As ondas que arrebentam no quebra-mar, atraentes para os surfistas e todos que adoram
contemplar a paisagem da plataforma, inspiraram Ruy Ohtake na criação das duas esculturas projetadas para o parque público. Segundo o arquiteto, as
obras podem vir a se tornar não apenas um símbolo do local, como também uma nova e importante marca turística para a Cidade.
Uma no portal (ilustração acima), recebendo os visitantes que chegam pelas alamedas
dos jardins, e outra na extremidade que avança para o mar (ilustração abaixo), saudando o vai-e-vem das embarcações.
"As esculturas têm grande força plástica, remetendo ao movimento das ondas, e com
certeza serão uma referência para toda a Cidade", disse ele. O projeto prevê que sejam confeccionadas em metal: "A idéia é que tenham um efeito
muito bonito tanto nos dias de sol como nos nublados", acrescentou Ohtake.
O portal terá cerca de 16m de altura e 61m de extensão. De acordo com o prefeito João
Paulo Tavares Papa, "além de mais um cartão-postal, a Cidade ganha uma nova marca: a escultura em formato de ondas, símbolo das nossas praias".
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Comunidade será convidada a opinar no detalhamento do
projeto
A Prefeitura promoverá reuniões setoriais entre o arquiteto Ruy Ohtake, técnicos municipais
e representantes dos segmentos da comunidade a serem contemplados com espaços no parque do Emissário. Com isso, o projetista pretende incorporar a
experiência destes munícipes, adequando a proposta às principais expectativas dos futuros usuários. Pescadores, surfistas, skatistas,
guarda-vidas e educadores serão convidados e já comemoram a autorização para a instalação do novo parque.
O surfista Pardhal
Foto: Francisco Arrais, publicada com a matéria
Surfe - A implementação do Museu do Surfe é apontada como uma grande conquista
para toda a Cidade, que é o berço do esporte no Brasil, segundo o presidente da Associação Santos de Surf, Diniz Iozzi, o Pardhal: "A
primeira vez que alguém surfou no país foi em Santos, em 1935, e por isso a consolidação deste museu é tão importante. Já temos inclusive um acervo
considerável. Aqui se formaram grandes campeões estaduais, nacionais e até mundiais e somos sede de importantes competições".
Sobre a garantia de preservação da plataforma, ele afirmou: "Participamos da
mobilização pela manutenção e urbanização da área, e a autorização judicial para o parque representa uma vitória". Lembrou ainda o crescimento do
surfe não apenas como esporte, mas também na produção e comercialização do surfware: "Em Santos, temos cinqüenta lojas especializadas, 15
confecções e dez fábricas de pranchas. Isso tudo se traduz em empregos e movimentação econômica, que só vão ganhar com um espaço ainda mais adequado
para a prática e a realização de torneios", concluiu.
Carlos Alberto Luglio
Foto: Ademir Henrique, publicada com a matéria
Pesca amadora - Para o presidente da Associação Santista de Pesca Amadora,
Carlos Alberto Luglio, muita gente já vai até o emissário para pescar. "É um lugar lindo, bem apropriado, mas não tem Comunidade será convidada a
opinar no detalhamento do projeto estrutura nenhuma. A urbanização da área é uma notícia fantástica. Teremos condições de receber torneios maiores,
que atraem um tipo de turista que movimenta hotéis, lojas e restaurantes da cidade".
A entidade promove competições estaduais e até nacionais no Deck do Pescador,
na Ponta da Praia. Luglio ressaltou a preocupação dos pescadores com a segurança: "Com um espaço bem organizado na plataforma, monitorado por
câmaras, teremos uma lugar seguro para pescar. Afinal, o material utilizado é caro e o pessoal gosta de trazer a família". O projeto prevê a
extensão da arquibancada de pesca já existe para 115 m.
André Fernandes, um dos pioneiros do skate em Santos
Foto: Ademir Henrique, publicada com a matéria
Skate e patins
- Com um número cada vez maior de praticantes, o skate e os patins in line terão um espaço de destaque no parque, atualizado à
concepção mais moderna de pista, viabilizando inclusive grandes competições. Tudo sem esquecer dos principiantes. A proposta foi considerada
exemplar por André Fernandes, um dos pioneiros do skate na cidade e organizador de eventos e torneios.
"Santos vai ganhar muito com um espaço moderno para este que já é considerado o
esporte mais praticado no país, atrás apenas do futebol", afirmou ele. "A cidade já tem uma tradição, mas precisava atualizar seus espaços públicos
para a prática, já que a Praça Palmares tem uma concepção que não é tão usada atualmente", contou ele.
Aulas ao ar livre - Ohtake sugere em seu projeto que as escolas locais agendem
dias e horários para aulas ao ar livre no recanto das crianças projetado para o emissário: "As lousas poderão ser utilizadas nas aulas, que também
promoverão uma identidade da garotada com este lugar tão privilegiado", disse ele. Educadores serão convidados a apresentar sua opinião sobre a
propostas.
João Cordeiro, presidente da ONG Amigos de Santos
Foto: Cândido Gonzalez, publicada com a matéria
Novo point
- A Organização Não-Governamental Amigos de Santos também se manifestou favorável ao projeto, conforme o presidente João Cordeiro e o seu vice
Cláudio Giannattasio: "Será um lindo cartão postal, um empreendimento de alto nível. Esperamos que o Serviço do Patrimônio da União ceda em
definitivo esta área à Prefeitura de Santos para ali desenvolver este projeto e dar uma ocupação racional a esta importante área na orla da praia, e
que o licenciamento ambiental concretiza este parque como novo point de lazer".
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Munícipes aprovam parque público na área do José Menino
Uma pesquisa de opinião pública realizada entre moradores da Cidade comprovou que a
maioria quer a urbanização do aterro sobre o Emissário e aprova um parque público na área.
A pedido da Justiça Federal, a Prefeitura contratou o Instituto de Pesquisas A Tribuna
(Ipat), que realizou 870 entrevistas durante a Festa Inverno Santos 2006, entre 11 de julho e 6 de agosto, promovida anualmente no local.
Antes de responder ao questionário, as pessoas conheceram o projeto da Prefeitura para
o local, exposto em painéis num estande montado na área do evento. As perguntas foram elaboradas de modo a não induzir respostas e questionavam se o
entrevistado era ou não favorável à urbanização da área e à sua transformação em um parque público. (Quadros 1 e 2)
As entrevistas foram ponderadas por zonas geográficas e cotas proporcionais ao número
de habitantes dos bairros, conforme o censo do IBGE. Foram realizadas 200 entrevistas com moradores do José Menino, onde está a plataforma, o que
permitiu uma análise diferenciada. (Quadros 3 e 4) Os resultados também foram tabulados por sexo, faixa etária, escolaridade e
renda pessoal. Entre os com ensino superior completo, 93,1% são favoráveis à urbanização.
Já entre os que não concordam com o projeto do parque (7,4%), a maioria preferia ter
ali o Museu Pelé (24,4%) ou uma área para eventos (13,7%), propostas que envolvem edificações maiores e esbarram em licenciamentos ambientais.
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