SOLUÇÃO - As obras de implantação do parque público deverão ter início em 2007,
segundo informou Papa
Foto: Irandy Ribas, publicada com a matéria
EMISSÁRIO
Terça-feira, 19 de Setembro de 2006,
08:10
Nó desfeito
A Justiça Federal autorizou ontem que a Prefeitura instale um parque público na
plataforma do José Menino. A decisão foi da juíza Alessandra Nuyens Aguiar Aranha
Amanda Guerra
Da Reportagem
Depois de várias idas e vindas e anos de espera, a
Prefeitura de Santos finalmente conseguiu desatar o nó que impedia a ocupação da plataforma do Emissário Submarino, no José Menino. Ontem, a Justiça
Federal de Santos decidiu autorizar a instalação de um parque público no local, conforme vinha pleiteando o Executivo Municipal.
A decisão foi tomada pela juíza da 4º Vara Federal de Santos, Alessandra Nuyens Aguiar
Aranha, após uma audiência de aproximadamente quatro horas e da qual participaram representantes da Sabesp, o prefeito João Paulo Tavares Papa e os
procuradores da República José Donizetti Molina Daloia e Luiz Antônio Palácio Filho.
As obras de implantação do parque público, conforme adiantou o prefeito após o término
da audiência, deverão ter início em 2007. "Foi uma decisão acertada. A população aguarda há muitos anos que seja dado um uso adequado à área",
comemorou Papa.
Conforme decisão da juíza federal, a instalação de um parque público "rende,
sobretudo, homenagem à vontade popular, que, maciçamente, anseia há muito tempo por uma destinação compatível com o local, minimizando as causas de
insegurança geradas pelo abandono que acomete o imóvel".
A autorização concedida ontem é um desdobramento de um compromisso assumido pela
Prefeitura em audiência promovida no último dia 8 de maio. Na ocasião, a juíza suspendeu os efeitos de uma liminar que proibia a realização de
eventos na plataforma, permitindo assim a promoção da Festa Inverno 2006, competições esportivas de pequeno porte e eventos de utilidade pública.
A liminar havia sido concedida em março pela própria Justiça Federal, com base em ação
civil pública proposta pelo Ministério Público Federal (MPF) em abril do ano passado - assinada por Daloia e Palácio Filho.
Na oportunidade, ficou acertado que, em troca da autorização, a Prefeitura, em
conjunto com a Sabesp (responsável pelo Emissário), iria elaborar uma proposta de urbanização para o espaço. O Executivo havia se comprometido ainda
a realizar uma pesquisa de opinião para saber o que a população pensa sobre o futuro da plataforma.
Comemoração |
"A população aguarda há anos que seja dado um uso adequado à área"
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João Paulo Tavares Papa
Prefeito de Santos
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Remoção - A decisão da juíza não exclui, no entanto, a possibilidade da
plataforma vir a ser removida no futuro, conforme pleiteia o MPF. "Enquanto a remoção da plataforma não for possível, os encaminhamentos dados ao
local devem ser objeto de vistoria dos órgãos licenciadores e da própria população", alertou o procurador Daloia, deixando claro que o MPF dará
continuidade à ação, no intuito de recompor o dano ambiental causado pela não-remoção da plataforma.
Construída na década de 70 pela Sabesp, a plataforma era, na verdade, uma espécie de
canteiro de obras utilizado para a instalação do Emissário Submarino. Na época, a Sabesp havia se comprometido junto à União a retirar a estrutura
assim que as obras fossem finalizadas, o que não foi cumprido.
Outras medidas - Ainda não está definido se a Prefeitura arcará integralmente
com o investimento para a construção do parque público. Na audiência de ontem, a juíza concedeu prazo de 60 dias para que a Sabesp informe à Justiça
a decisão de sua diretoria sobre a participação da empresa na execução do projeto. Uma próxima audiência para discutir o assunto está marcada para o
dia 12 de dezembro.
Caberá à Sabesp ainda apresentar, em um prazo de 20 dias, relatório técnico
elucidando, por meio de documentos, as razões de fato e de direito que justificaram a permanência da plataforma.
Além de autorizar a ocupação da plataforma, a juíza determinou a integração do
canteiro de obras existente ao lado do local à paisagem da praia - medida que deverá ser executada pela Prefeitura.
"São providências que, atualmente, constituem a melhor medida socioambiental, com
efeito compensatório aos danos causados à paisagem notável de praia e mar, mitigadoras dos impactos ocasionados pela permanência desregrada da
plataforma", avalia a juíza em seu despacho.
Decisão da juíza saiu após audiência com o prefeito,
membros da Sabesp e procuradores da República
Foto: Irandy Ribas, publicada com a matéria
Terça-feira, 19 de Setembro de
2006, 08:12
Recursos para as obras virão do Dade
Os recursos que possibilitarão a execução do parque público na plataforma do Emissário
Submarino têm origem certa: virão dos repasses do Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias (Dade) previstos para 2007. Ao todo, a
Cidade deve receber, no próximo ano, cerca de R$ 14 milhões, informou o prefeito.
"Ainda não temos o valor fechado da obra. Mas mesmo que a Sabesp não contribua para a
sua execução, vamos tocá-la para frente sozinhos. O plano é utilizar parte dos recursos do Dade. E acredito que o próximo governador terá
sensibilidade para entender a importância desta obra, facilitando a liberação dos recursos".
Antes de iniciar as obras, a Prefeitura deve obter o licenciamento ambiental e a
renovação da cessão da área, que pertence à União. "No dia 21, irei pessoalmente a Brasília protocolizar o pedido de renovação da cessão da
plataforma. Também acredito que não haverá entraves para a obtenção do licenciamento ambiental", afirmou o prefeito.
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Projeto do parque é denominado "As Ondas, Santos 21"
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As ondas - Batizado de As Ondas, Santos 21, o projeto do parque público
vem sendo elaborado pelo arquiteto Ruy Ohtake. Ontem, a Prefeitura apresentou à Justiça o projeto básico, que não inclui a arborização, mobiliário e
a iluminação do local.
A proposta é que a plataforma seja transformada e um espaço que integre lazer,
esporte, educação e contemplação para todas as idades. Duas esculturas que remetem às ondas do mar serão instaladas nas extremidades da plataforma,
servindo como uma espécie de marca para o local. A área contará com uma ciclovia, que será integrada àquela já existente na orla da praia, e com uma
pista de corrida. O local deverá abrigar dois tipos de playgrounds com três paredes de tamanhos diferenciados, que funcionarão como
quadros-negros para desenhos ao ar livre.
Haverá espaços específicos para idosos, incluindo xadrez vivo e mesas de dominó. Os
pescadores também serão contemplados com a ampliação da arquibancada existente, que ficará mais próxima à extremidade da plataforma.
Já a área para praticantes do surf contará com arquibancadas, espaço reservado para
jurados, e uma espécie de museu do surf, que ocupará 360 metros quadrados. O parque terá ainda espaços para a prática de skate e patins.
Estão previstas também pequenas edificações que incluirão sanitários e vestiários,
além de ambulatório médico, posto de segurança, depósito e zeladoria. Cerca de 50% da área será composta por jardins e árvores.
Construída nos anos 70, plataforma era uma espécie de canteiro de obras
Foto: Irandy Ribas, publicada com a matéria
Terça-feira, 19 de Setembro de
2006, 08:13
Pesquisa aponta que santistas querem urbanização
Realizada entre os dias 11 de julho e 6 de agosto, durante a Festa Inverno 2006, a
pesquisa de opinião executada pela Prefeitura a pedido da Justiça ouviu 870 pessoas, todos moradores de Santos, que passaram pelo evento. No local,
painéis mostravam o projeto de urbanização da plataforma desenvolvido pela Prefeitura.
Dos entrevistados, 85,3% afirmaram ser favoráveis à urbanização da área, enquanto
outros 8,2% disseram ser contrários à medida. Os que não sabiam ou não opinaram a respeito responderam por 6,5%.
Quanto a transformar o espaço em um parque público, 89,1% responderam ser favoráveis à
proposta. Somente 8,2% avaliaram ser contrários e outros 2,7% afirmaram não saber ou não ter opinião a respeito.
Já em relação ao projeto apresentado pela Prefeitura, 86,2% disseram concordar com
ele. Outros 7,2% afirmaram ser contrários, 1,2% não sabiam e 5,4% avaliaram concordar com a proposta, mas com ressalvas.
O projeto do parque público está sendo elaborado por Ruy Ohtake
Imagem: divulgação, publicada com a matéria
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