Prédio do Museu de Pesca, restaurado, no início do século XXI
Foto: Antonio Vargas/PMS, in Diário Oficial de Santos, 28/8/2002
Museu de Pesca
A história do terreno onde hoje está instalado o Museu
de Pesca começa com o antigo Forte Augusto, pertencente ao Ministério da Marinha. Essa fortificação, que entrou em atividade a partir de 1734, não
passava de uma amurada de pedra, armada com algumas peças de artilharia. Quanto ao prédio, foi construído em 1908 para a instalação da Escola de
Aprendizes Marinheiros, inaugurada em 1909. Em 1931 a antiga escola cedeu lugar à Escola de Pesca, que veio do Guarujá.
Um Gabinete de História Natural, ligado à então Escola de Pesca, é que dá início à
história do Museu de Pesca. Esse Gabinete também veio do Guarujá e foi crescendo, lentamente, sem uma linha definida de trabalho. A grande
transformação do Gabinete ocorreu em 1942, com a montagem de um enorme esqueleto de baleia (23 metros), e recebeu, nesse mesmo ano, a denominação de
Museu.
Somente em 6 de fevereiro de 1950, ao especializar o seu acervo, a entidade recebeu o
nome de Museu de Pesca. O Museu de Pesca é uma seção vinculada à Divisão de Pesca Marítima do Instituto de Pesca (Coordenadoria da Pesquisa
Agropecuária - Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo). Este Instituto desenvolve pesquisa visando ao melhor conhecimento,
à preservação e à exploração racional da fauna e flora aquáticas.
Vista externa do prédio do Museu de Pesca
Foto: Carlos Pimentel Mendes, em 17 de junho de 2007
O museu tem finalidades culturais e objetiva a divulgação de conhecimentos originados
do estudo do ambiente aquático e da tecnologia aplicada para a exploração racional de recursos marinhos e de águas continentais. É sua função,
ainda, desenvolver atividades educativas, com o intuito de criar ou descobrir e estimular mentalidades dirigidas à preservação dos recursos
naturais.
Mantém um serviço educativo desenvolvido por professores especializados da área de
Ciências Biológicas, com a finalidade de acompanhar escolas e grupos de estudantes, com visitas previamente marcadas; de orientar trabalhos de
estudantes de 1º e 2º graus em assuntos ligados à bio-ecologia marinha e à pesca; de programar, em conjunto com professores interessados, outras
atividades extraclasses (educacionais e/ou recreativas) na área de atuação do Museu de Pesca e de desenvolver trabalhos no campo da educação
ambiental.
Essa instituição possui, ainda, uma galeria de artes visuais, com mostras temporárias
de fotografia, pintura, tapeçaria, com temática ligada à área de especialização do Museu; ciclos anuais de palestras, destinados a estudantes
universitários e de 2º grau; concurso anual de desenhos "O mar visto pela criança" e projeção periódica de filmes científicos sobre o mar e o
meio-ambiente.
Espécimes marinhos expostos, em 1998
Foto: Prefeitura Municipal de Santos
Suas
principais atrações são: o esqueleto de uma baleia da espécie Balaenoptera phusalus, exemplares taxidermizados de tubarões, leões-marinhos
etc. A baleia, cujo esqueleto está montado no Museu de Pesca, foi encontrada encalhada, numa praia de Peruíbe, litoral Sul do Estado de São Paulo. A
montagem foi executada por Max Wunsche, em 1942.
Seu acervo apresenta diversas espécies de peixes, crustáceos, aves e mamíferos marinhos
taxidermizados, conchas de moluscos, corais etc., além de maquetes de embarcações, aparelhos e equipamentos utilizados na pesca, obras artísticas
etc. A nível de grande público, sua principal atração é o esqueleto da baleia, seguida de exemplares de tubarões.
Lamentavelmente, esse importante patrimônio esteve interditado ao público, em virtude
de o imóvel necessitar de uma reforma geral. Nesses oito anos de seu fechamento, milhares de crianças e jovens - em uma fase fundamental de sua
formação - perderam a oportunidade de conhecer e refletir sobre as tantas imagens e informações que davam identidade ao Museu de Pesca.
Quem o conheceu nos últimos anos anteriores à sua interdição pôde testemunhar a
diversidade de atividades que ali fluíam, transformando um simples cenário com peixes empalhados em um dinâmico centro de expressão e formação de
mentalidade da comunidade. Havia espaço tanto para assistir como para participar. E assim o Museu ia se abrindo mais e mais a esse verdadeiro
trabalho comunitário, criando propostas e desenvolvendo atividades que estavam no rumo de propostas de instituições museológicas de vanguarda a
nível mundial, no que diz respeito à função social e educacional dos museus.
Prédio do Museu de Pesca, já restaurado, em 1998
Foto: Prefeitura Municipal de Santos
A interdição do Museu de Pesca à visitação pública deu-se a 5 de fevereiro de 1987, a
partir do laudo técnico apresentado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). O motivo foi o estado precário de alguns componentes da
estrutura da cobertura do edifício principal e dos sanitários públicos, por infestação de cupins.
O início de novas obras de recuperação do imóvel deu-se em 13 de junho de 1988, sendo
que tais obras já passaram por quatro fases, interrompidas sempre em função da demora de liberação dos recursos financeiros e diluição pela inflação
dos valores autorizados.
Independentemente de se constituir em uma das maiores atrações da cidade de Santos, o
Museu de Pesca tenta se transformar num importante instrumento para a complementação do ensino formal. A sua equipe técnica se ocupou da reavaliação
permanente do papel da Instituição, transformando-a num centro de reflexão através da transferência de conhecimentos ligados ao seu acervo,
fundamentados numa filosofia ambientalista e de exploração sustentada dos recursos naturais renováveis.
A nova forma de comunicação com o público adotada pela Instituição, multiplicando as
abordagens sobre o meio aquático (e, conseqüentemente, do próprio acervo estático e dos conhecimentos ligados à Biologia) tornou obrigatória a
utilização de técnicas ligadas a várias especialidades como a Pedagogia, a História, a Geografia, as Artes Plásticas, a Comunicação etc., dando ao
Museu um caráter multidisciplinar.
A idéia de diversificação das técnicas e abordagens visou sobretudo a satisfazer
interesses heterogêneos do público visitante, porém de forma a fazer confluir esses interesses para um objetivo comum: uma visão mais ampla e
harmoniosa da Natureza. Visando ao aprimoramento de serviços para a comunidade, foi implantado no Museu um Serviço Educativo que conta atualmente
com a participação de duas professoras (da área de Ciências Biológicas) cedidas pela Secretaria de Educação do Estado. Esse serviço atende a
estudantes de escolas públicas e particulares de todo o Estado, e continua em plena atividade mesmo com o Museu fechado.
A nova dinâmica imposta ao Museu pode ser medida pelo número de visitantes atendidos
(crianças, estudantes e pagantes): 38.822, em 1979; 59.526, em 1980; 66.424, em 1981; 103.063, em 1982; 85.740, em 1983; 132.615, em 1984; 98.004,
em 1985; e 66.474, em 1986 - última em que a instituição recebeu público visitante.
Finalmente, o Museu de Pesca procura assumir o verdadeiro papel de uma instituição
museológica, passando de um simples arquivo de objetos a uma instituição dinâmica, onde o patrimônio natural e cultural do Homem seja posto a
serviço do contínuo aperfeiçoamento da comunidade.
O Museu de Pesca é importante como veículo de divulgação científica na área da pesca e
maricultura e como atração turística, características essas que assumem maior importância ainda em função do reduzido número de entidades do gênero
existentes no País.
Mantém também o Laboratório de Taxidermia e Técnicas Afins, onde inclusive
interessados recebem treinamento na área. Lamentavelmente, há mais de um ano foi afastado o único taxidermista disponível para a confecção do acervo
biológico do Museu de Pesca. De lá para cá, o que se tem procurado fazer é apenas evitar a deterioração das peças biológicas que foram salvas. O
museólogo Antonio Carlos Simões é o chefe de seção que responde pela administração e assistência do Museu de Pesca de Santos, em 1996.
Em decorrência do abandono das obras de restauração do museu, deflagrou-se uma intensa
campanha popular, liderada pelo jornal A Tribuna e pelo Rotary Club de Santos, objetivando levantar recursos
financeiros para a retomada e aceleração das obras. Foi constituída uma Associação de Amigos do Museu de Pesca para cuidar não apenas da
restauração, mas, também, para zelar pelo seu bom funcionamento e para prover as suas necessidades. Oxalá os seus magníficos objetivos correspondam
à expectativa do povo santista. |