Entrada do museu, então praticamente abandonado e fechado ao público
Foto: Irandy Ribas, publicada com a matéria
Museu de Pesca abre as portas e mostra tesouros
Um casarão antigo e maltratado, que fica em frente ao
mar, espera uma chance para abrir as portas ao público. Sua aparência é feia e abandonada. Bem diferente do que era há alguns anos, quando crianças,
que hoje já são adultas, podiam admirar os tesouros históricos que havia lá, como a ossada de uma baleia.
Esse lugar é o Museu de Pesca, fechado há oito anos e que abriu para visitação pública
apenas no último final de semana e feriado, recebendo 3.783 pessoas. Foi uma iniciativa de um grupo de funcionários do Instituto de Pesca, para
mostrar às pessoas como é importante salvar esse lugar. O prédio espera por reformas no teto, no chão e na parte elétrica. Mas, enquanto isso não
acontece, o museu continua fechado, escondendo o acervo e deixando muita gente sem poder conhecê-lo.
O esqueleto da baleia, uma das peças do acervo do museu que mais chama a atenção
Foto: Anésio Borges, publicada com a matéria
Emoção - Vários visitantes estavam emocionados quando passaram pela porta
principal do museu. Eram adultos que se lembravam da época em que eram crianças e iam ao museu. Antes, era possível conhecer as focas e o
leão-marinho empalhados, além de peixes e objetos resgatados de naufrágios.
Hoje, a maior parte do acervo está guardada no Instituto de Pesca, esperando que a
reforma do prédio (hoje parada) termine. "Sempre vinha aqui quando era criança e sempre trouxe a família e os primos que vinham de fora", explicava
a professora Maria Aparecida Daccache.
Sentindo vergonha e tristeza pelo abandono do museu, a professora lembrava que o que
mais gostava de ver era o esqueleto da baleia: "Eu me encantava, ficava horas aqui".
Seus dois filhos, Samuel, 6 anos, e Ariel, com quase 3, também participavam da visita.
"Gostei mais da ossada, ela é bonita", dizia Samuel. Junto com o irmão, era a primeira vez que conhecia o museu e esperava voltar outro dia.
Piso deteriorado, sob o esqueleto da baleia, permitia a visão desde o andar térreo
Foto: Sílvio Luiz, publicada com a matéria
Céu - A ossada da baleia sempre foi a atração principal do museu. "Ela é muito
pequena", criticava Caio Marins Tomás, de 5 anos. O garoto, que espiava o esqueleto de longe, dizia que esperava ver uma baleia "grandona". Mas
concordou que os ossos deviam ser um pouquinho pesados.
Montada no primeiro andar e suspensa por causa da falta de assoalho, a ossada podia
ser vista do térreo, por entre grossas vigas de madeira. Lá embaixo, Ariel não pôde evitar a curiosidade. "Por que ela está lá no céu?"
Com a frente parecendo a de um prédio abandonado,
o museu espera por reformas para mostrar o acervo
Foto: Irandy Ribas, publicada com a matéria (legenda original)
História
O local onde está o Museu de Pesca nem sempre foi museu. Em 1734, foi construído
naquele terreno o Forte Augusto, que tinha uma murada de pedra com peças de artilharia. O casarão foi erguido em 1908 para ser a Escola de
Aprendizes-Marinheiros. Vinte e dois anos depois, o local virou Escola de Pesca.
Foi o Gabinete de História Natural, ligado à Escola de Pesca, que acabou dando início
ao museu. Em 1942, foi montada a famosa ossada da baleia, que existe até hoje.
Pesca - Mas foi só em 6 de fevereiro de 1950 que a entidade ganhou o nome de
Museu de Pesca. Hoje, está vinculada ao Instituto de Pesca, que desenvolve pesquisas sobre a fauna e a flora aquáticas. Ele fica na Avenida
Bartolomeu de Gusmão, 192, Ponta da Praia, e está interditado desde 5 de fevereiro de 1987.
Tubarão empalhado, uma das atrações
Foto: Sílvio Luiz, publicada com a matéria
Conheça um pouco do acervo
A grande atração do museu é um esqueleto enorme. Medindo 23 metros, ele já foi um dia
uma baleia da espécie Balaenoptera physalus, encontrada morta em agosto de 1941 numa praia em Peruíbe. Quem conta a história é Giselda
Palubinskas, técnica de apoio do Instituto de Pesca.
Tubarão empalhado - Ele é da espécie Odontaspis noronhai. Pequeno e com
a boca cheia de dentes ameaçadores, ele deixou os menores com um pouco de medo. Mas a curiosidade acabou vencendo e muita gente quis colocar a mão
dentro da boca aberta do animal.
O tubarão empalhado amedronta, a princípio, mas a curiosidade vence...
Foto: Carlos Nogueira, publicada com a matéria
Coisas pequenas - Outra coisa que chamou bastante a atenção dos visitantes foi
um microscópio. Através dele, foi possível conhecer as pequeninas micro-algas, que servem de comida para as larvas de vários peixes, como a tainha.
Em outras palavras, alimentam os peixes enquanto são filhotes.
Oscar Barreto, pesquisador do Instituto de Pesca, explicava que os rotíferos (tipo de
micro-alga) são alimento para peixinhos com 1 a 15 dias de vida. Já os náuplios de artemia formam a segunda alimentação para quem tem de 15 a 30
dias. Na fase adulta, a tainha, por exemplo, passa a comer algas maiores.
Painéis - Vários painéis mostravam o trabalho de pesquisa realizado pelo
Instituto de Pesca, como o cultivo de mexilhão ou um estudo sobre macro-algas, premiado na França em 1993.
A garotada gostou de ver os organismos no microscópio
Foto: Anésio Borges, publicada com a matéria (legenda original)
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