SEGUNDA PARTE
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A CIÊNCIA PRENDE A PLURALIDADE E A VERDADE - HERMANN HESSE E O LOBO DA ESTEPE, SÓ PARA LOUCOS
Em Der steppenwolf, nome original alemão do livro editado no Brasil em 1955, O Lobo da
Estepe - de Hermann Hesse, escritor pacifista que recebeu o prêmio Nobel de Literatura em 1946 com Peter Camenzind -, a história é
contada a partir de um diário de Harry Haller, Só para loucos. Era um homem que o autor conheceu quando ele procurava um quarto para alugar
na casa de sua tia. No texto, a compreensão do que chamam loucura.
Harry Haller era um tipo enigmático, com cerca de 50 anos e que mais tarde soube enfermo, era um homem
que "...quando se falava com ele e, o que era habitual, ele se deixava ir além dos limites do convencional e dizia coisas pessoais e singulares,
então a palestra passava imediatamente a subordinar-se a ele..."
Era um ser que negava a forma e o conteúdo do cidadão formal, de valores diferentes,
"...denotava uma vida anímica interessante, bastante intensa, delicada e sensível", descreve Hesse por seu personagem interlocutor. Bem, nas
Anotações de Harry Haller – só para loucos, em que descreve a si mesmo como "...Eu, Harry Haller, o sem pátria e solitário odiador do mundo
burguês", libertário célebre sem dizê-lo, auto-biografia do autor como em Goldmund de Narciso e Goldmund em que retrata a si mesmo como em
todas suas obras, surge uma "Noitada Anarquista! Teatro Mágico só para ra...". Seria o Tratado do Lobo da Estepe, só para raros". E o
texto escolhido por nós para traduzir a essência do pensamento a que se atribui a loucura é exemplar "- a multiplicidade do eu -":
"...e se em algumas almas humanas, singularmente dotadas e de percepção
sensível, se levanta a suspeita de sua percepção múltipla, e, como ocorre aos gênios, rompem a ilusão da unidade personalística e percebem que o ser
se compõe de uma pluralidade de seres como um feixe de eus, e chegam a exprimir esta idéia, então imediatamente a maioria as prende, chama a ciência
em seu auxílio, diagnostica esquizofrenia e protege a humanidade para que não ouça um grito de verdade desses lábios infelizes..." |