Metropolização faz 10 anos e requer correção de rumos
Dez anos depois da aprovação do projeto que criou a Região Metropolitana da Baixada
Santista, pela Assembléia Legislativa, o sentimento entre os políticos é de rever conceitos e preparar uma correção de rumos. Discussões abstratas
marcaram essa trajetória, mas aconteceram avanços, ainda que tímidos, em setores como o turismo. A saída para a metropolização, segundo algumas
opiniões, seria ampliar a autonomia da região, solução que poderia ser viabilizada por meio de uma secretaria de Estado voltada aos nove municípios
da Baixada.
DESENVOLVIMENTO - Com a criação da Região Metropolitana, houve avanços,
principalmente no turismo
Foto: Carlos Marques, publicada com a matéria
Domingo, 19 de Março
de 2006, 08:38
METROPOLIZAÇÃO
Acertando o rumo
Políticos que acompanharam a criação da Região Metropolitana acreditam que é o
momento de rever conceitos e corrigir algumas posições
Nilson Regalado
Da Reportagem
Passados dez anos da aprovação pela Assembléia
Legislativa do projeto que instituiu a Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS), a hora é de rever conceitos e corrigir a proa. Pelo menos
essa é a opinião de políticos experientes que presenciaram a efetivação do projeto pelo então governador Mário Covas, mentor da união formal dos
nove municípios que compunham a Baixada Santista e o Litoral Sul. Discussões abstratas marcaram essa trajetória, mas aconteceram avanços, ainda que
tímidos, em setores como o turismo.
Na avaliação do primeiro presidente do Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista
(Condesb), o ex-prefeito de São Vicente Márcio França, e do atual presidente do órgão, o prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão, a saída para a
metropolização seria ampliar a autonomia da região.
Essa solução seria dada a partir da criação de uma secretaria de Estado para tratar
dos assuntos relacionados aos nove municípios da Baixada Santista, com dotação orçamentária específica e autonomia para promover licitações.
Na prática, o que os dois sugerem é um conceito parecido com o dos condados
norte-americanos, uma espécie de subgoverno do Estado.
A idéia, com isso, é caminhar ainda mais no sentido de descentralizar as decisões e
compartilhar o poder. Isso permitiria que o Condesb e o secretário de Estado da Região Metropolitana da Baixada Santista decidissem, de forma
conjunta, onde os recursos destinados à região seriam aplicados. "A mão que o Covas endereçou estava correta, de desburocratizar, descentralizar.
Falta avançar mais", resume França.
"Isso aproxima a decisão do objetivo final e otimiza o recurso financeiro, que é
pequeno. Nesse ponto estamos atrasados. Tínhamos a obrigação de avançar nisso", completa o ex-prefeito de São Vicente.
No próximo governo - O prefeito de Praia Grande e atual presidente do Condesb
pretende sugerir a criação de uma secretaria de Estado exclusiva para a RMBS ao próximo governador: "Se tivermos essa visão de planejamento
metropolitano, a percepção de que somos uma única cidade, destacarmos nossos principais gargalos e fizermos uma ação política conjunta, vamos obter
melhores resultados".
Apesar de reconhecer que o processo não andou na velocidade esperada porque "as coisas
levam um tempo para decantar", Mourão entende que o bairrismo foi o principal entrave para solução de problemas conjuntos.
"Lá atrás, quando os municípios se emanciparam, criou-se um sentimento bairrista que
faz com que cada um queira captar realizações para sua cidade. A classe política absorveu esse sentimento da sociedade", lamenta Mourão.
França: "Região metropolitana é fruto da genialidade do Covas"
Foto: João Vieira - 23/8/2005 - publicada com a matéria
Domingo, 19 de Março de 2006,
08:39
Normatização demorou 3 anos e virou referência nacional
Primeira região metropolitana do País fora das capitais e primeira também a ser
instituída após a promulgação da Constituição de 1988, a Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS) precisou formatar todo o arcabouço jurídico
que rege o Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb). O órgão é composto por 18 membros titulares, sendo nove prefeitos e nove
representantes do Governo do Estado.
Outro avanço que demandou muita discussão e tempo foi a regulamentação da Agência
Metropolitana (Agem), órgão responsável pelo planejamento estratégico e subordinado ao Condesb. Ainda mais tempo levou a regulamentação do Fundo
Metropolitano, que é composto por verbas das prefeituras e do Governo do Estado.
Hoje, há 26 regiões metropolitanas instituídas no País e a Baixada Santista serviu de
inspiração para sete teses de doutorado ao longo dos últimos anos, justamente devido a essa estrutura diferenciada que foi criada aqui.
"A Região Metropolitana da Baixada Santista é fruto da genialidade do Covas. Ele
vislumbrou que um pedaço da Federação, que é o estado, está em extinção. A tendência do estado é acabar porque as pessoas reconhecem só o poder do
Município e da União", prevê o ex-prefeito de São Vicente, Márcio França, primeiro presidente do Condesb.
Desde a aprovação do projeto que criou a RMBS até a conclusão desse processo de
normatização da Região Metropolitana, com a instalação da Agem, três anos se passaram.
Imagem publicada com a matéria
Cronologia |
1970 - O então vereador Rubens Lara propõe, na Câmara de Santos, a
formação de uma Comissão Especial de Vereadores (CEV) para estudar a metropolização. |
7/7/1994 - O então deputado estadual Oswaldo Justo requereu à Assembléia
Legislativa o início da discussão do projeto de lei que estabelecia as condições para criação das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e
microrregiões enviado ao Parlamento pelo então governador Luiz Antônio Fleury Filho. |
22/6/1994 - Por 44 votos a favor e nove contra, foi aprovado na Assembléia
Legislativa o projeto de Fleury. Com 35 emendas, a matéria seguiria, então, para sanção do então governador. |
26/7/1994 - Com apoio de A Tribuna, prefeitos da Baixada Santista e
Litoral Sul reuniram-se em Guarujá para discutir a implantação do Aeroporto Civil Metropolitano. |
2/8/1994 - Fleury sancionou a Lei Complementar 760, que esta-belecia
condições para a criação das regiões metropolitanas, microrregiões e aglomerações urbanas. |
10/8/1994 - O então senador e candidato ao Governo do Estado Mário Covas
assume o compromisso, perante os prefeitos das nove cidades, de priorizar a criação e estruturação da Região Metropolitana da Baixada Santista
em 1995. |
28/11/1994 - Prefeitos da Baixada Santista e Litoral Sul e parlamentares
eleitos participam do Fórum Regional de Deputados, promovido por A Tribuna. |
27/3/1995 - Projeto de lei complementar criando a Região Metropolitana da
Baixada Santista é apresentado na Assembléia Legislativa pelas deputadas estaduais Maria Lúcia Prandi e Mariângela Duarte, ambas do PT. |
13/4/1995 - A Tribuna promove o Fórum Regional de Prefeitos e
Parlamentares da Baixada Santista e Litoral. |
5/3/1996 - O então governador Mário Covas envia à Assembléia Legislativa o
projeto de lei criando a Região Metropolitana da Baixada Santista. |
30/7/1996 - Covas sanciona o projeto de lei aprovado pela Assembléia
Legislativa criando a Região Metropolitana da Baixada Santista durante o 1º Encontro para Estruturação da Região Metropolitana. |
30/11/1996 - Em Santos, Covas participa da solenidade de implantação do
Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb), dando posse aos nove prefeitos como membros do órgão. |
17/3/1997 - Instalada, durante cerimônia realizada em São Vicente, a
primeira região metropolitana do Brasil fora das capitais O então prefeito de São Vicente, Márcio França, assume como primeiro presidente do
Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb). |
18/4/1997 - Márcio França instala, oficialmente, as primeiras câmaras
temáticas para discussão de alternativas para problemas metropolitanos nas áreas de transportes, saúde e meio-ambiente. |
24/12/1998 - Por meio de lei complementar, o então governador Mário Covas
cria a Agência Metropolitana da Baixada Santista (Agem), considerada a última etapa para a implantação efetiva da Região Metropolitana. |
28/8/1999 - Instalação da Agência Metropolitana (Agem) durante reunião em
Bertioga. |
Domingo, 19 de Março de 2006,
08:40
Sílvio Fernandes Lopes lançou movimento em 1959
A união da Baixada Santista começou a ser discutida em 1959, quando o então prefeito
Sílvio Fernandes Lopes lançou o movimento pró-metropolização, junto com o falecido deputado federal Athiê Jorge Coury. Mais de dez anos depois, foi
formada uma Comissão de Estudos sobre Metropolização da Baixada Santista (Cembs), que lançou um relatório quatro anos depois.
O relatório da Cembs destacou alguns pontos importantes, que deveriam ser solucionados
em conjunto pelas prefeituras. Leis municipais contra ruídos e definição das áreas industriais, comerciais e residenciais foram dois pontos
enfocados. O trabalho também falava em um plano viário, para descentralização do trânsito e eliminação de congestionamentos.
Entre outros pontos, estão indicações sobre poluição do solo, particularmente lixo,
sistema de esgotos, armazéns para estocagem de gêneros alimentícios e uniformização dos códigos de posturas.
Em 1976, o então prefeito de Santos, Antônio Manoel de Carvalho, determinou a
realização de pesquisas para a instituição de um órgão intermunicipal que cuidaria da metropolização.
Entre outros assuntos, foi sugerida a criação de um fundo intermunicipal para fazer
frente aos problemas comuns. O primeiro passo seria a elaboração de um Plano Regional de Desenvolvimento Integrado. Mas tudo não saiu do papel.
Anteprojeto - O assunto foi retomado em junho de 1990, com a convocação dos
prefeitos de Santos, São Vicente, Guarujá, Cubatão, Praia Grande, Itanhaém, Peruíbe e Mongaguá para análise do anteprojeto do Governo do Estado
criando a Região Metropolitana da Baixada Santista.
Esse encontro, realizado em 19 de junho, em Santos, serviu apenas para destacar as
diferenças de opiniões dos participantes, que trocaram farpas e receberam uma cópia do projeto para manifestação em dez dias.
Em 1991, o Projeto de Lei 19/91, que dispunha sobre a criação de regiões
metropolitanas, aglomerados urbanos e microrregiões, tramitou pela Assembléia Legislativa, foi exaustivamente debatido, mas não chegou a ser votado.
Em fevereiro de 1992, o então deputado estadual Hélio Ansaldo apresentou emenda, incluindo a recém-emancipada Bertioga na Região Metropolitana.
Fórum - O primeiro passo rumo à metropolização efetiva foi dado em 9 de
dezembro de 1992, quando A Tribuna e a Associação dos Empresários da Construção Civil da Baixada Santista (Assecob) reuniram os nove prefeitos
eleitos da região.
O transporte coletivo regional abriu a série de encontros, em São Vicente, onde David
Capistrano (Santos) e Luiz Carlos Luca Pedro (São Vicente) inauguraram uma linha de ônibus entre as duas cidades, cujo funcionamento foi suspenso
pelo DER e proibido pela Justiça 48 horas depois.
Nos encontros seguintes, os debates se concentraram na destinação final do lixo e na a
saúde. O déficit habitacional foi debatido na reunião do mês de março, junto com o melhor aproveitamento das potencialidades turísticas regionais.
Em Guarujá, os prefeitos debateram projetos de balneabilidade do mar e saneamento
básico. O ciclo foi retomado em abril de 1993, quando os nove prefeitos da Baixada e Litoral Sul reuniram-se na Câmara de Mongaguá para debater a
metropolização da educação.
Em Itanhaém, os prefeitos buscaram uma forma de união para conter o avanço da cólera
na região. No último encontro, dia 10 de maio, os prefeitos discutiram o desenvolvimento regional.
Os nove prefeitos também promoveram uma reunião extraordinária na Prefeitura de
Cubatão aprovando um pedido de 9 trilhões de cruzeiros ao Governo do Estado para obras em diversos setores.
Os recursos não foram concedidos porque, oficialmente, a Região Metropolitana de
Santos ainda não havia sido criada, o que impedia dotações no orçamento do Estado.
A campanha pró-metropolização teve início
quando Sílvio Fernandes Lopes era prefeito de Santos
Foto: Paulo Freitas - 13/9/2000 - publicada com a matéria
Domingo, 19 de Março de 2006,
08:41
Aproximação de prefeitos viabiliza projetos
Melhores exemplos positivos foram registrados na área de turismo
Apesar das críticas quanto a uma possível inoperância dos órgãos que administram a
Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS), alguns projetos de interesse regional foram viabilizados com recursos próprios ou acabaram se
concretizando após pressão política dos nove prefeitos. Os melhores exemplos nesse sentido estão na área do turismo, embora também existam avanços
significativos nas áreas de segurança pública e saúde.
Porém, segundo os próprios prefeitos, a aproximação entre eles, proporcionada pela
criação do Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb), foi fundamental para a tomada de decisões que afetam a vida de 1 milhão 500
mil habitantes da RMBS.
A partir de iniciativas do Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb),
da Agência Metropolitana (Agem) e do Fundo Metropolitano saíram do papel projetos como o Circuito Turístico dos Fortes, que propicia uma visita
integrada a construções militares nos municípios de Praia Grande, Santos, Guarujá e Bertioga.
Em fase de implantação, o projeto Caminhos de Anchieta pretende criar a
infra-estrutura para o incremento do turismo religioso na região. A pedra fundamental do santuário em homenagem ao jesuíta José de Anchieta foi
lançada no último dia 19 de janeiro, em Praia Grande. Três trilhas devem guiar os romeiros desde Peruíbe, Bertioga e da Capital até o futuro
Santuário. Todo o planejamento ficou a cargo da Agem.
Outra bandeira defendida pelos nove prefeitos foi a recuperação dos monumentos
históricos que estavam abandonados na Serra do Mar. A partir dessa pressão política foram viabilizados, junto à iniciativa privada, os R$ 4 milhões
500 mil necessários à implantação do Roteiro Ecoturístico Caminho do Mar, em Cubatão.
Segurança Pública - Na área da segurança, a atuação dos conselheiros do Condesb
viabilizou a implantação do heliponto para a Polícia Militar em Praia Grande. Com isso, a Região Metropolitana passou a contar com o apoio de
helicópteros para o patrulhamento aéreo, sem depender de deslocamentos do Águia da PM desde São Paulo.
Outra obra importante que contou com recursos liberados pelo Fundo Metropolitano foi a
construção do posto do Corpo de Bombeiros em Itanhaém. Erguido às margens da Rodovia Padre Manuel da Nóbrega, o prédio diminuiu o tempo de
atendimento às ocorrências no Litoral Sul já que, antes, o combate aos incêndios dependia de um posto localizado em Praia Grande.
Saúde - Ainda que a proposta de criação de um consórcio hospitalar
intermunicipal defendida pelo falecido prefeito santista David Capistrano não tenha saído do papel, o setor de saúde também registrou avanços, ainda
que tímidos.
Nesse sentido, a principal conquista foi a construção do Centro de Referência em
Oncologia Infantil (Croi).
Erguido às margens da Rodovia dos Imigrantes, na Vila Margarida, em São Vicente, o
Croi foi inaugurado em 22 de janeiro e recebeu aporte financeiro do Fundo Metropolitano durante as obras.
Pressão política permitiu arrecadação de verba para recuperar
monumentos no Caminho do Mar
Foto: Walter Mello - 4/8/2005 - publicada com a matéria
Domingo, 19 de Março de 2006,
08:42
Secretário apresentará plano básico para VLT na 4ª
Depois de inúmeras idas e vindas, finalmente o secretário de Estado dos Transportes
Metropolitanos, Jurandyr Fernandes, deverá apresentar o projeto básico do Veículo Leve sobre Pneus (VLP), que interligará as cidades de Peruíbe,
Itanhaém, Mongaguá, Praia Grande, São Vicente e Santos. O projeto será apresentado e discutido durante reunião com início previsto para as 9 horas
da próxima quarta-feira, na sede da Agência Metropolitana (Agem), na Vila Mathias, em Santos.
A idéia é criar um corredor exclusivo para os ônibus, que substituiriam o Veículo Leve
sobre Trilhos (VLT), inicialmente apontado pelo próprio Estado como solução para o transporte metropolitano. Esse projeto inicial acabou sendo
abandonado anos depois, devido ao elevado custo para implantação e à falta de interesse da iniciativa privada.
Entrave ao VLP - Apesar do aval do Governo do Estado e da simpatia dos
prefeitos do Litoral Sul em relação ao projeto do VLP, a proposta, no entanto, pode não sair do papel mais uma vez.
Agora, o entrave é a Prefeitura de Santos, que pretende solicitar um estudo de demanda
a fim de identificar de onde vêm e para onde vão os prováveis usuários do sistema metropolitano.
O temor é que esse novo estudo demande muito tempo, impedindo que a Secretaria de
Estados dos Transportes Metropolitanos licite a contratação de uma empresa que seria responsável pelo projeto executivo ainda este ano. Caso esse
temor se concretize, caberá ao futuro governador do Estado abrir a licitação e levar a idéia adiante.
O risco é que uma eventual mudança de comando no Palácio dos Bandeirantes inviabilize
o projeto outra vez. Isso facilitaria a vida das empresas de transporte intermunicipal, que rodam na Baixada Santista sem que suas concessões tenham
sido alvo de licitação.
"O (prefeito de Santos, João Paulo Tavares) Papa tem demonstrado bastante abertura,
mas há divergências do ponto de vista técnico. Meu papel é tentar conciliar isso", revela o diretor-executivo da Agem, Edmur Mesquita. "Essa será
uma decisão muito mais técnica do que de natureza política", completa o diretor-executivo da Agem.
Discussão antiga - A necessidade de definição do modelo de transporte adequado
para interligar a Região Metropolitana é mais antiga do que a metropolização, propriamente dita. O debate em torno do tema começou a se intensificar
no início da década de 90.
"Faltou o consenso no que diz respeito ao modelo a ser adotado. Houve uma certa
queda-de-braço. Temos de superar isso, elaborando uma alternativa. Acho que na área do transporte integrado devemos adotar o mecanismo das PPPs
(parcerias público-privadas)", resume Mesquita.
Apesar de sugerir que a resposta à sociedade na questão do transporte metropolitano já
demorou demais, Mesquita adverte que "a cautela é necessária nas ações públicas porque, na medida em que você toma uma determinada decisão, para
voltar atrás fica mais difícil".
O ex-governador Mário Covas chegou a prometer que parte do dinheiro arrecadado com a
venda da Estação Sorocabana, no Campo Grande, em Santos, seria utilizado na construção da infra-estrutura para o VLT. No entanto, nenhuma proposta
vingou.
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Domingo, 19 de Março de 2006,
08:43
Brigas políticas quase põem a perder o sonho da região
Um acordo político firmado nos bastidores entre os ex-prefeitos David Capistrano, de
Santos, e José Osvaldo Passarelli, de Cubatão, quase inviabiliza o sonho da metropolização, antes mesmo da posse dos prefeitos no Conselho de
Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb). O acordo para construção de dez mil casas populares em Cubatão, em detrimento das demais cidades da
Região Metropolitana, revoltou Alberto Mourão, então no final de seu primeiro mandato como prefeito de Praia Grande.
A tensão envolvendo os três prefeitos provocou um desgaste irreversível na relação de
Mourão com o então governador Mário Covas, que havia anunciado sua disposição de construir as dez mil habitações na Baixada Santista, mas remeteu
aos prefeitos a decisão sobre o local adequado para as obras.
Indignado com o acerto entre Capistrano e Passarelli, Mourão chegou a pensar na
possibilidade de Praia Grande não aderir à então recém-aprovada Região Metropolitana, com a perspectiva de que as três cidades do Litoral Sul também
fossem influenciadas a não compor com os outros cinco municípios da Baixada Santista. "Aquele dia pensei que não valeria a pena porque a
metropolização parecia um jogo de cartas marcadas", recorda Mourão.
As declarações bombásticas do atual presidente do Condesb incomodaram Covas, que se
sentiu ofendido com a crítica de Mourão ao Governo do Estado que "não havia construído sequer uma casa popular em Praia Grande". O desabafo, segundo
Mourão, não era contra Covas, que iniciava seu primeiro mandato, mas, sim, aos seus antecessores no Palácio dos Bandeirantes.
Reconhecido por seu pavio curto, o então governador abusou da ironia, enviando um
tijolo de presente para o prefeito de Praia Grande. Até a morte de Covas, em 2001, os dois mantiveram uma relação estritamente profissional,
recheada de alfinetadas, embora o prefeito tenha tentado se recompor com o governador nos últimos meses de sua vida.
Beto, Maurici e Farid - Já na fase de normatização do Condesb, da Agência
Metropolitana (Agem) e Fundo Metropolitano, Covas voltou a protagonizar momentos de tensão que colocaram em crise a relação do Governo do Estado com
a Região Metropolitana.
O bate-boca com Beto Mansur no Palácio dos Bandeirantes, por conta do atraso no
repasse de verbas Dade e das dívidas da Prefeitura de Santos com estatais, foi um dos fatores decisivos para que Mansur ignorasse as reuniões do
conselho desde então.
Mansur teria sido deselegante na cobrança das verbas Dade, o que irritou o governador.
Quando o prefeito alterou a voz Covas chegou a ir na direção do ex-prefeito e colocar sua mão no ombro de Mansur, de forma intimidativa.
Presente à audiência, o frei Rozântimo Antunes Costa encarnou a turma do deixa disso,
evitando um confronto iminente.
A instalação de unidades da Febem em Guarujá também colocou em rota de colisão o
Palácio dos Bandeirantes, a Prefeitura de Guarujá e os demais municípios da Região Metropolitana, tanto na administração do ex-prefeito Maurici
Mariano quanto na do atual, Farid Madi.
Críticas irritaram Covas
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria
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