Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/h0230q.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 08/16/04 24:39:08
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - URBANISMO (Q)
Em direção ao continente (1)

Leva para a página anterior
Metropolização, conurbação, verticalização. Os santistas passaram a segunda metade do século XX se acostumando com essas três palavras, que sintetizam um período de grandes transformações no modo de vida dos habitantes da Ilha de São Vicente e regiões próximas.

Tais assuntos foram bastante discutidos na época. Uma época em que os santistas se sentiam sufocados pela falta de autonomia política (a cidade era considerada pelo regime militar brasileiro como área de segurança, motivo pelo qual o prefeito era nomeado pelo governo federal), e o Brasil começava a debater a transição política de retorno à democracia (a abertura política já começava a interessar a setores do governo militar).

Em 29 de março de 1998, a matéria publicada no jornal A Tribuna mostrava em que direção miravam os olhos dos santistas:

PLANO DIRETOR
Uso da área continental se restringe a 24 km²

Considerada um santuário ecológico, mas a única opção de crescimento do Município, a região tem 231,6 km²

Arminda Augusto
Da Editoria Local

Parque aquático, indústria não-poluente, pequenos núcleos habitacionais e até aeroporto. São inúmeras as utilidades já apontadas para a área continental de Santos, aquele trecho de terra de que muito já se disse ser cinco vezes superior à parte ocupada e saturada da Cidade, mas que nem todo morador da ilha, considerado o município-sede, sabe exatamente onde fica.

Ao mesmo tempo em que a consideram um santuário ecológico, também é vista como a única possibilidade de expansão urbana e econômica do Município. Vários projetos já foram sugeridos para o continente, mas sua efetiva ocupação só deverá acontecer depois do ano 2000, quando uma série de outros fatores, como a própria construção do túnel entre Santos e Guarujá, estiver definida e resolvida.

A área continental de Santos tem 231,6 km², mas nem tudo está sendo destinado à ocupação urbana, pelo novo Plano Diretor Físico do Município. O plano, que desde o ano passado vem sendo discutido na Secretaria de Meio-Ambiente (Semam), é o primeiro passo para a elaboração das leis de Uso e Ocupação do Solo, aquelas que "vão dizer" o que pode ou não ser instalado tanto na Santos-ilha, como na Santos-continente.

Para o continente, a proposta é reservar apenas 24,65 km² à ocupação urbana, onde serão permitidos loteamentos, condomínios residenciais, empreendimentos comerciais, industriais e algumas áreas para a ampliação retroportuária. Além dessa, existem outras duas zonas, com restrições às atividades.

Limitações ambientais - Uma delas é o Parque Estadual da Serra do Mar, com 135,18 km², cuja utilização está vetada a qualquer tipo de empreendimento. A proteção é federal e estadual. A outra área é a de proteção ambiental, com 71,77 km², definida no Plano Diretor e com base em dados geográficos, hidrográficos e da flora nativa ali existente.

O uso está restrito à implantação de atividades consideradas de baixo impacto ambiental, como reservas de lazer e turismo, desenvolvimento de pesquisas e educação, ecoturismo e extrativismo auto-sustentado.

A Lei de Uso e Ocupação do Solo para o continente foi traçada em reuniões conjuntas entre Prefeitura e Estado. Segundo João Paulo Tavares Papa, titular da Semam, essa é a condição primeira para que uma legislação seja viável. "Não adianta elaborar uma lei ambiental muito rígida ou muito liberal, se não estiver em consonância com o que existe de âmbito estadual e federal".

APA engessou - A Lei de Proteção Ambiental (APA) é o que existe em vigor, e data de 92. Além de ter destinado à ocupação urbana apenas 6 km², a lei foi elaborada sem considerar os parâmetros do que determinava o Parque Estadual da Serra do Mar ou os estágios de degradação da vegetação existente.

Além disso, atribuiu espaço a atividades de alto impacto sem perfil para o Município, como a agropecuária. Mesmo assim, a APA significou um avanço em termos de legislação ambiental municipal, porque foi a primeira a vigorar na área continental.

"Até então, essa área nem aparecia no mapa. Estava esquecida e abandonada", diz o ex-chefe do Departamento de Planejamento no Governo David Capistrano, Carlos Eduardo Carriço. "Tudo que viver depois será um aperfeiçoamento, mas que já tem um ponto de partida", completa.

Retroporto - Pela nova proposta da Prefeitura, algumas áreas já existentes poderão ser expandidas, considerando a atividade já implantada. Uma delas é a retroportuária, que poderá ser ampliada nas proximidades da Ilha Barnabé e da Cosipa.

"Não adianta desconsiderar a expansão do porto, até por conta do túnel que ligará Santos ao Guarujá", diz o secretário. Outra área destinada à expansão é conhecida como Fazenda Cabuçu, uma antiga fazenda de bananas, próxima à Rio-Santos, e atualmente só utilizada para trilhas de ecoturismo. A vegetação nesse local já não é nativa.

O Plano Diretor já está na Câmara para ser votado, mas as Leis de Uso e Ocupação do Solo serão posteriores. Papa estima que fiquem prontas ainda neste semestre.


Atualmente, vigora a Lei Federal 750 que proíbe a supressão de qualquer espécie de mata nativa para a instalação de equipamentos urbanos
Foto: Carlos Nogueira

Túnel vai facilitar o acesso

A ligação entre Santos-ilha e o continente está mais próxima, mas de forma indireta. A discussão agora é interligar as duas margens do Porto, através de um túnel entre a Bacia do Macuco e uma área da Codesp em Vicente de Carvalho, em Guarujá.

A proposta não requer desapropriações por estar situada totalmente em área da União. Segundo a Assessoria de Comunicação da Codesp, a segunda e última audiência pública para discussão da proposta acontece no início desta semana. Após essa fase, as empresas interessadas poderão comprar o edital e, depois, encaminhar os projetos executivos.

A principal vantagem do túnel é a redução da distância entre os terminais da Codesp localizados nas duas margens do canal. Hoje, pela estrada, esse percurso tem 47,5 km, e será reduzido para apenas 5 km. O túnel terá 4.500 metros e um custo estimado de US$ 269 milhões (R$ 304 milhões), sendo US$ 160 milhões (R$ 180 milhões) para o túnel, US$ 71 milhões (R$ 80 milhões) para emboques e US$ 38 milhões (R$ 43 milhões) para obras complementares.

Com a redução da distância entre Santos e Guarujá, também ficará menor chegar à área continental de Santos. "Com a aprovação das alterações da APA, do Plano de Gerenciamento Costeiro e a construção do túnel, os investimentos no continente virão em seguida", acredita o titular da Semam, João Paulo Tavares Papa.

O Plano de Gerenciamento Costeiro está na Assembléia Legislativa desde o ano passado, "chocando", segundo Papa. Esse plano estabelece quais as áreas de todo o litoral do Estado onde os empreendimentos são permitidos. Para que seja viável, a Lei de Uso e Ocupação do Solo, de âmbito municipal, é necessário que os deputados aprovem o plano de gerenciamento. Enquanto isso não acontece, permanece em vigor a Lei 750, federal, que proíbe a supressão de qualquer espécie de mata nativa para instalação de equipamentos urbanos.

As administrações passadas e o continente
(1985 a 88) Oswaldo Justo foi o maior entusiasta da construção de um túnel ligando Santos-ilha a Santos-continente. O túnel sairia nas proximidades da Ilha Barnabé, partindo do Valongo. O projeto não saiu do papel
(1989 a 92) A área foi considerada a primeira unidade de conservação ambiental, com usos previstos na Área de Preservação Ambiental (APA). Também foi criada a primeira ligação entre a Ilha Diana e o município-sede, através de um barco que transportava os moradores. O projeto do túnel ou ponte não avançou.
(1993 a 96) A lei que criou a APA foi alterada, mas não chegou a ser votada na Câmara. A principal medida desse governo foi criar a Coordenadoria de Área Continental, em 93, e o Departamento de Saneamento Ambiental, ligado à Semam, destinado a fiscalizar, entre outras tarefas, as ocupações irregulares no Monte Cabrão e Caroara. Também foi criada a primeira escola no Caroara, de 1ª a 8ª séries, ainda existente. O túnel também ficou esquecido.
(1997 até hoje) O projeto do túnel ganhou novo impulso, mas não com o continente. A ligação agora é com o distrito de Vicente de Carvalho, no Guarujá. A lei da APA está sendo reestudada para ampliar a ocupação da área urbana, em consonância com as leis estaduais e federais. Foi criada a primeira policlínica do Caroara e a Coordenadoria da Área Continental também foi instalada nesse bairro.
Leva para a página seguinte da série