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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Uma hospedaria sem imigrantes (3)

Edificação é entregue ao Município

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Construída a partir de 1912 com o objetivo - expresso no próprio nome - de hospedar os imigrantes que chegavam ao porto santista, procedentes do Japão e da Europa, e a caminho das fazendas do interior paulista e paranaense, a Hospedaria dos Imigrantes nunca serviu a essa função, já que a maior parte dessa força de trabalho era embarcada em vagões no próprio porto de Santos com destino à capital paulista, onde outra Hospedaria dos Imigrantes já cumpria tal função.

Em 20 de maio de 2004, o jornal santista A Tribuna divulgou a decisão do governador paulista de repassar o prédio à Prefeitura de Santos:

SP REPASSA HOSPEDARIA

O prédio que abrigou a Hospedaria dos Imigrantes foi repassado para a Prefeitura de Santos, conforme decreto assinado ontem pelo governador Geraldo Alckmin. Após restaurado, o imóvel terá que ser usado para fins turísticos. O prefeito Beto Mansur quer utilizar o espaço para museu e a Biblioteca Municipal.

Foto: Marcelo Justo, publicada com a matéria

PATRIMÔNIO
Alckmin repassa ao Município a Hospedaria dos Imigrantes

Prefeito quer usar espaço para fundar museu e transferir biblioteca

Da Reportagem

O governador Geraldo Alckmin assinou um decreto, ontem, repassando, por prazo indeterminado, o prédio que abrigou a Hospedaria dos Imigrantes à Prefeitura de Santos. O parágrafo único do decreto determina que, após restaurado, o imóvel seja usado para fins turísticos. O decreto seria publicado na edição de hoje do Diário Oficial do Estado.

O prefeito Beto Mansur soube da transferência do prédio, ontem à noite, pelo chefe da Casa Civil, Arnaldo Madeira. Sua idéia é criar um Museu do Imigrante e transferir a Biblioteca Municipal para o local, na Rua Silva Jardim, na Vila Mathias.

Conforme explicou, o Museu do Imigrante contemplaria a história dos povos que vieram ao Brasil e que entraram pelo Porto de Santos, como os japoneses, portugueses e italianos.

Ele pretende atrair o interesse de empresas desses países que estão com filiais no País, para que ajudem a arcar com os custos de se montar o acervo. "Temos de ir atrás de verbas do Dade", comentou o prefeito, referindo-se ao Departamento de Apoio e Desenvolvimento às Estâncias (Dade), ligado à Secretaria de Estado de Turismo.

O primeiro passo, porém, será o de pedir a elaboração de um projeto à Prodesan para recuperar o imóvel, que está em um estado avançado de deterioração.

Também como medida de urgência, Mansur vai determinar que seja feita uma ampla limpeza da área. "A questão da segurança e deterioração do prédio já me preocupava, tanto é que pedi para uma equipe da Guarda Municipal vigiar o local".

O prefeito tem na cabeça o esboço de como poderá ser o Museu da Imigração. Ele quer um equipamento moderno, com o uso de computadores, onde os visitantes possam buscar informações sobre seus antepassados e até da árvore genealógica da família. "Não vi isso em lugar algum. É algo que estou imaginando agora, mas acredito que possa ser feito".

Também preliminarmente, Mansur antevê que pode ser criado um espaço com obras de arte na entrada.

Sobre a transferência da Biblioteca Municipal para a Hospedaria, o prefeito pretende reunir um amplo acervo no local. Atualmente, ele não está satisfeito com a localização da biblioteca. "Está hoje em um local sem estacionamento", diz, referindo-se à Rua Amador Bueno, no Centro.

Bastante deteriorado, prédio fica na Rua Silva Jardim e passará por limpeza e recuperação
Foto: Marcelo Justo - 5/2/2003, publicada com a matéria

Pedido antigo - O prefeito comentou que buscava, desde o Governo Mário Covas, o repasse da Hospedaria dos Imigrantes para o Município. "Infelizmente, eles decidiram repassá-la ao Sindicato do Comércio Varejista".

Quando viu que a entidade estava com dificuldades de viabilizar a recuperação e um projeto para o imóvel, e que desistiria da Hospedaria, Mansur voltou a fazer o pedido do repasse ao governador Geraldo Alckmin. "Finalmente tivemos esta resposta positiva. Agora, vamos começar a nos mexer, ver projeto, limpar a área e tudo mais".

MEMÓRIA

O Governo do Estado cedeu o imóvel que abrigou a Hospedaria dos Imigrantes ao Sindicato do Comércio Varejista da Baixada Santista em outubro de 1998. Pelo termo de cessão, a entidade se comprometeu a recuperar o prédio em 44 meses, prazo que terminaria em junho de 2002. Pelo projeto, seria construído um pavilhão de exposições com cerca de três mil metros quadrados, salas de convenções para 700 lugares, auditório para 350 pessoas e um teatro para mil lugares. Em agosto de 2002, o sindicato abandona o projeto alegando, entre outros fatores, uma crise no setor de arrecadação na entidade.

No dia 30/5/2004, o mesmo jornal A Tribuna voltou ao assunto:

O prédio, que atrai a atenção de quem se interessa por preservação,
vem se deteriorando pela ação do tempo
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria

RESTAURAÇÃO

Prefeitura espera convênio para iniciar trabalhos na Hospedaria

Documentação vai complementar decreto assinado pelo governador Alckmin

Da Reportagem

A Prefeitura aguarda somente a assinatura de um convênio com a Secretaria de Estado da Fazenda para iniciar os serviços de limpeza e a recuperação emergencial da Hospedaria dos Imigrantes.

Enquanto isso, o prédio, que no passado serviu para abrigar imigrantes estrangeiros que desembarcavam no Porto de Santos, continua em estado avançado de deterioração, por falta de conservação.

O convênio complementará o decreto assinado há uma semana pelo governador Geraldo Alckmin, que autorizou o repasse do imóvel para a Administração Municipal. O decreto já foi publicado pelo Diário Oficial do Estado (DOE).

O prefeito Beto Mansur disse na quinta-feira que manteve contato com o chefe da Casa Civil, Arnaldo Madeira, que garantiu a agilização dos trâmites burocráticos. "Não há como a Prefeitura entrar no imóvel antes de assinar esse documento".

Mansur reafirmou a disposição de implantar na Hospedaria o Museu do Imigrante e transferir a Biblioteca Municipal para o local, situado na Avenida Silva Jardim, na Vila Mathias. "A Prodesan já está desenvolvendo um projeto específico para a recuperação da Hospedaria".

A proposta consiste em um museu que contará a história dos povos que vieram ao Brasil por meio do Porto de Santos, como os japoneses, portugueses e italianos. Parte dessa história foi revivida recentemente pela novela Terra Nostra, que será reprisada pela Rede Globo.

A única providência prática tomada até agora foi a manutenção de vigilância da Guarda Municipal no prédio. A equipe da corporação que atende uma unidade de saúde localizada próxima do local passou a vigiar também a Hospedaria, para impedir a permanência de desocupados no interior do imóvel.

A situação da Hospedaria é cada vez mais precária. A começar pelo telhado, onde vários pontos já se encontram deteriorados pela ação dos ventos fortes. O mato encobre uma boa parte das paredes e janelas laterais.

Na área interna, o prédio apresenta um quadro ainda pior. Parte de uma cobertura de concreto, localizada em volta de uma espécie de pátio, desabou e apresenta pontos de umidade e infiltração em vários locais. Há ainda dois galpões cobertos, também em condições precárias de conservação.

Apesar desse quadro, o prédio ainda atrai um grande número de curiosos, em sua maioria, descendentes de povos estrangeiros, interessados na preservação da memória de seus antepassados.

Em outubro de 1998, o Governo do Estado repassou o prédio da Hospedaria para o Sindicato do Comércio Varejista da Baixada Santista. A entidade pretendia implantar um Pavilhão de Exposições no local, mas não conseguiu viabilizar o projeto por falta de recursos. O imóvel acabou sendo devolvido para o Estado, que agora autorizou o repasse para a prefeitura.

Em fins de 2004 ainda não havia previsão do início das obras de recuperação do prédio
Foto: Edison Baraçal, publicada em A Tribuna em 11/11/2004