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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - CARNAVAL
Tempo de Carnaval (7)

Dos bailes no Largo da Coroação aos patuscos da Dorotéia. E depois?...
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Em fevereiro de 1990, o jornal Diário Oficial - D.O.Urgente publicou um encarte especial com a história do Carnaval santista, que incluiu estas matérias:
 


Lydioneta, em foto de 1950, tendo à esquerda a irmã Euclydia, que deixou saudade
Foto publicada com a matéria

Lydioneta

Cleide Quintas

Lydioneta Augusta de Jesus Pinheiro, a mais antiga sambista da região, é considerada como uma espécie de patrimônio do carnaval santista. Está com 88 anos de idade e há 64 participa da folia, ainda com muito gingado e samba no pé, apesar de quase já não enxergar. Neste carnaval (N.E.: de 1990), como vem fazendo há alguns anos, pretende somente assistir ao desfile das escolas de samba.

Não diz sua preferência para não magoar ninguém, já que junto com a irmã Euclydia (falecida) foi uma das fundadoras da X-9, da Império do Samba, Brasil e várias outras. Nas quadras das escolas, Lydioneta é sempre aguardada, por representar o símbolo vivo do samba de Santos.

Neta de um africano da Nação Nagô, nasceu em Rio Claro (interior de São Paulo), vindo para Santos com a mãe, uma ama-de-leite que viveu até os 103 anos. Desde meninas, Lydioneta e Euclydia gostavam de ouvir o avô cantar em Nagô, envolvendo-se com o ritmo que as "obrigava a dançar". Assistiam aos cordões que desfilavam no carnaval e acabavam entrando no meio do batuque.

Em 1926 juntaram um grupo de baianas denominado - segundo Lydioneta, Baianinhas Teimosas ("Baianinhas do Bonfim", para o estudioso J. Muniz Jr., em seu livro Panorama do Samba Santista) -, mais tarde transformado em rancho, passando a chamar-se Arrasta a Sandália. O traje de baiana ("porque gosto de saias rodadas e vistosas") foi a única fantasia usada em toda sua vida. E era com essas roupas que, em dupla com a irmã, desfilava na X-9, depois que sua rancho-escola encerrou atividades, logo após a oficialização do carnaval, em meados da década de 50.

Lydioneta é aposentada do Estado, como inspetora de alunos, e foi auxiliar de enfermagem e parteira, tendo recebido as primeiras aulas do médico e poeta Martins Fontes, na Santa Casa. Atuou no Departamento Médico da antiga Companhia Docas de Santos, e foi muito ativa na Cruz Vermelha, especialmente na Revolução de 32. Recebeu, por isso, o título de "Mãe-Símbolo" da Associação dos Ex-Combatentes do Brasil. É viúva e tem um filho adotivo.


Desfile de escola de samba em Santos, final da década de 1980
Foto: Encarte D.O. Urgente, Santos/SP, fevereiro de 1990

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