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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - CARNAVAL
Tempo de Carnaval (1)

Dos bailes no Largo da Coroação aos patuscos da Dorotéia. E depois?...
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Em fevereiro de 1990, o jornal Diário Oficial - D.O.Urgente publicou um encarte especial com a história do Carnaval santista, iniciado com esta matéria:
 


Anúncio de um baile de máscaras, publicado em 1851 na Revista Comercial, em Santos
Imagem publicada com a matéria

A folia santista, desde o século XIX

Em meados do século passado (N.E.: XIX) o povo santista se divertia à base do violento entrudo, percorrendo ruas e logradouros, enquanto a nata da sociedade preferia freqüentar o vetusto teatro do antigo Largo da Coroação ou Largo do Chafariz, hoje Praça Mauá. Ali aconteciam bailes de máscaras (bals masqués), em homenagem ao Deus Momo.

Também já existiam à época, os desfiles de carros alegóricos (préstitos), como o da Sociedade Carnavalesca Santista (fundada em 1857), formada por inúmeras autoridades e pessoas gradas. Além de pioneira, a Sociedade também participou do primeiro carnaval santista, acontecido no dia 14 de fevereiro de 1858 (no domingo gordo), em pleno Largo da Coroação, ao som de bandas e com a presença de cavaleiros mascarados e fantasiados.


Grupo feito no Clube dos Girondinos, em 1910. 
Ao alto, juntos, os cenógrafos Mimi Alfaya, Octávio Silveira e Astolpho Correa
Foto publicada com a matéria

Até fins do século passado (N.E.: XIX), o carnaval de Santos teve destacadas entidades semelhantes à Sociedade Carnavalesca, seguidas de outros grupos com denominações variadas e até curiosas, como o Vilões Santistas, que dançavam cruzando bastões, logo imitado por outras agremiações surgidas no começo deste século (N.E.: XX).


Carro alegórico da Companhia Antárctica, em homenagem ao "Sport", em 1923
Imagem: reprodução de História do Carnaval Santista, de Bandeira Júnior,
junho de 1974, gráfica A Tribuna, Santos/SP

Nos idos de 1917, os blocos carnavalescos começaram a marcar presença no tríduo momístico, ganhando projeção a partir da década de 30 e alcançando seu climax nos anos de 50 e 60. No início da década de 20, os ranchos e choros passaram igualmente a figurar no cenário carnavalesco da cidade, e, a exemplo dos blocos, tiveram sua época de esplendor - o último que restou foi o Chorões Santistas, fundado em 1962. Ainda nos anos 20, os cordões de baianas empolgavam o público com os requebros e sapateados de suas cabrochas.


O espetacular alegórico do Tudo no Escuro, destaque do carnaval de 1937
Imagem: reprodução de História do Carnaval Santista, de Bandeira Júnior,
junho de 1974, gráfica A Tribuna, Santos/SP

O primeiro banho de mar à fantasia de que se tem notícia, em Santos, ocorreu num domingo anterior ao carnaval de 1922, numa promoção do bloco Pé no Fundo, do Clube Internacional de Regatas, quando os foliões desfilaram pela areia da praia do Gonzaga e foram mergulhar no mar. Também o pessoal do C. R. Saldanha da Gama promoveu um desfile idêntico na sexta-feira que antecedeu o tríduo momístico daquele ano de 22, em frente à sede do clube, na Ponta da Praia.


Acampamento de peles-vermelhas, do Bloco Agora Vai..., em 1958
Imagem: reprodução de História do Carnaval Santista, de Bandeira Júnior,
junho de 1974, gráfica A Tribuna, Santos/SP

Em 1923, coube ao B.C. Pé-no-Lodo, do C.R.Santista, cuja sede ficava na antiga Bocaina (do outro lado do Estuário), realizar um banho de mar à fantasia, também no domingo antes do carnaval. No mesmo ano, uma turma do C. R. Saldanha da Gama não deixou de promover um desfile na Ponta da Praia, seguido do banho de mar à fantasia, repetindo o evento em 1924 e 1925, quando passou a contar com o incentivo do carnavalesco carioca Lorde Gorila (Luís Marciano Vieira Carvalho). Foi nessa época que a divertida patuscada veio a chamar-se Dona Dorotéia, Vamos Furar Aquela Onda?


"Cegonha" transportando bebê, do Agora Vai..., em 1958
Foto: reprodução de História do Carnaval Santista, de Bandeira Júnior,
junho de 1974, gráfica A Tribuna, Santos/SP

Comandado pelas consagradas tias Euclydia (já falecida) e Lydionetta, o Rancho-Escola Arrasta a Sandália fez furor nos anos 30 e 40 - decaindo na década de 50 -, sempre batucando e desfilando com baianas. Outro rancho com características idênticas, o Novo Horizonte, surgiria em 1947, integrado por crioulos da pesada, ganhando fama devido à sua contagiante batucada e pelas evoluções de seus endiabrados balizas. Naqueles tempos, imperavam as chamadas Batalhas de Confete, que antecediam o carnaval e eram realizadas nos bairros, nas praias e no centro da cidade.

Com o crescimento do carnaval santista, o então secretário executivo do Conselho Municipal de Turismo, jornalista Olao Rodrigues (Lorde Diavolino), passou a promover, a partir de 1955, um desfile oficial na areia da praia do Gonzaga, contando com a participação de blocos representando os clubes praianos da cidade. Tal desfile, promovido num domingo anterior ao do Dona Dorotéia, além de inúmeros foliões com suas estranhas fantasias, contava com a presença de S. M. o Rei Momo I e Único (de short, capa, coroa e cetro real) e da Rainha do Carnaval (vestindo maiô, capa e coroa). Chegou a constituir-se uma verdadeira atração, devido à originalidade das fantasias de papel crepon, de celofane e de papel laminado. A patuscada foi reativada em 1986, pela prefeitura, através da secretaria de Turismo.

As escolas de samba merecem um capítulo à parte na história do carnaval santista. Já em 1939 foi anunciada a presença da Escola de Samba Não É o que Dizem nos festejos comemorativos do centenário da cidade. A partir do início da década de 40, surgiram os agrupamentos ou escolas pioneiras, como a Número Um do Canal 3, da Ilha Maldita (1941); Aí Vem a Favela, do Campo Grande (1942); Xisnove, da Bacia do Macuco (1944) e outras, que passaram a desfilar pelas ruas durante os festejos momísticos.

Até 1946, no entanto, ainda não havia ocorrido uma disputa entre as chamadas escolas de samba, que eram constituídas por pessoas das camadas mais pobres da população, principalmente por negros e mulatos, na sua maioria trabalhadores braçais e malandros, que saíam de balizas e na bateria, enquanto as cabrochas, que eram empregadas domésticas e lavadeiras, integravam as alas de baianas ou de pastoras (coro e canto).

Até então, somente eram programados concursos para as categorias choros, grupos, blocos e ranchos, que aconteciam durante as batalhas de confete, em casas de espetáculos, clubes ou campos de futebol, sempre com o apoio da imprensa, do comércio e do povo em geral. A primeira disputa envolvendo escolas de samba teve lugar na Rua General Câmara, em fevereiro de 1947, por iniciativa de cronistas carnavalescos e com o apoio dos comerciantes do centro da cidade. Foi campeã a E.S. Xisnove e vice a E.S. Vitória.

Depois daquele primeiro concurso-extra, os certames entre as agremiações de samba se incorporaram ao carnaval santista, graças à eficiente colaboração dos jornais, emissoras de rádio, do comércio e dos foliões que promoviam monumentais batalhas de confete, tendo como cenário as ruas de centro e dos bairros. Quanto ao primeiro concurso extra-oficial, com a chancela do antigo Conselho Municipal de Turismo, aconteceu no carnaval de 1954, quando sagrou-se campeã a E. S. Brasil, seguida da E. S. Xisnove.

Apesar da oficialização do carnaval, as escolas de samba continuaram relegadas a um plano inferior, pois somente desfilavam na segunda-feira magra, enquanto o desfile dos blocos, considerado então o ponto alto do carnaval, era no domingo gordo. Embora sofrendo preconceitos, olhadas com um certo desprezo por aqueles que as consideravam "blocos de negros e desordeiros", as escolas de samba prosseguiram na luta, ganhando merecida projeção a partir do início dos anos 60, quando já desfilavam no domingo de carnaval. A evolução das escolas chegou ao ponto de, de 1966 a 1971, além dos Simpósios e Festivais de Samba, Santos sediar um "Campeonato Estadual de Samba", com a participação de agremiações locais, de São Paulo, Campinas e Ribeirão Preto. A Império do Samba foi campeã estadual de 1967 a 1970; em 71, o V Campeonato foi suspenso devido a um forte temporal.


Detalhe do carro alegórico Reino de Ming, do Cruz de Malta, em 1968
Foto: reprodução de História do Carnaval Santista, de Bandeira Júnior,
junho de 1974, gráfica A Tribuna, Santos/SP

No carnaval de 1972, o certame oficial promovido pela Sectur contou somente com escolas de samba do município, que voltaram a disputar a supremacia do mundo do samba local em 73, 74 e 75. A partir de 76, o concurso oficial de Santos passou a contar com agremiações de São Vicente, Guarujá, Cubatão e Praia Grande, transformando-se num evento de âmbito regional - o campeonato Regional de Samba, oficializado em 1982, por sugestão do cronista Cabo Batucada, elevando o município à condição de "Capital do Samba" da região. A E. S. Mocidade Independente Padre Paulo foi a primeira campeã regional.


Alegórico do Bloco Chineses do Mercado, no Carnaval de 1969
Foto: reprodução de História do Carnaval Santista, de Bandeira Júnior,
junho de 1974, gráfica A Tribuna, Santos/SP

Em 1984, o certame reuniu apenas agremiações da cidade, voltando a sediar o Campeonato Regional em 1985, tendo sido igualmente promovido pela Sectur em 86, com o apoio da Prodesan; a E. S. União Imperial foi bicampeã regional. Assim é que, depois da oficialização do carnaval, os desfiles das escolas de samba começaram a se projetar, ganhando, com o correr do tempo, uma posição destacada (após suplantar os blocos), constituindo-se na maior atração carnavalesca de toda a Baixada Santista.

Depois que as escolas alcançaram uma posição privilegiada na história do carnaval da cidade, surgiram as bandas, que também vieram alegrar os dias que antecedem ao tríduo momístico, merecendo destaque, atualmente, a Bandafro, que conta com o apoio dos mais renomados sambistas de Santos, inclusive dos ex-Cidadãos Samba.


Anúncio do único baile realizado no primitivo Colyseu santista, em 1898
Imagem: reprodução de História do Carnaval Santista, de Bandeira Júnior,
junho de 1974, gráfica A Tribuna, Santos/SP

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