Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria
O show vai recomeçar
Testemunha de um tempo em que a Cidade fervia em arte e
cultura, o Teatro Coliseu reabrirá suas portas nesta noite. A casa de espetáculos inaugurada há 97 anos será devolvida aos santistas. No palco, a
Orquestra Sinfônica Municipal de Santos.
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria
A volta do nobre teatro
José Luiz Araújo
Da Reportagem
Em 1896, na esquina das ruas Amador Bueno e Braz Cubas,
José Luiz de Almeida Nogueira, Heitor Peixoto, Ricardo Travessedo e Henrique Porchat de Assis resolveram fundar a Cia. Coliseu Santista, com a
construção de um teatro. No ano seguinte, o local foi transformado em um ginásio de madeira com arquibancada, velódromo (pista de ciclismo) e
botequim. Mas a iniciativa não foi adiante: acabou em 1903.
O terreno ficou abandonado nos anos seguintes, até que, em 1907, chegou à Cidade o
empresário carioca Francisco Serrador. Visionário, e impressionado com o crescimento da Cidade, ele decidiu construir um teatro.
Coube ao então vereador Francisco Hayden apresentar em plenário da Câmara um projeto
para a obra, solicitando ainda isenção de todos os impostos e o terreno necessário para o empreendimento.
O projeto foi aprovado e transformado na Lei nº 276, mas como a construção não poderia
ser concretizada no prazo estabelecido, Serrador comprou o terreno, onde foi erguido o Teatro Coliseu Santista, inaugurado em 1909 com a projeção de
filmes e um espetáculo beneficente. Cinco anos depois, já era a casa de espetáculos mais popular da Cidade e ponto de encontro da família santista.
O Teatro Coliseu que se conhece foi arrendado pela Empresa Cine Teatral, totalmente
reformado e reinaugurado em 21 de junho de 1924, com um recital de gala, a apresentação do canto lírico A Bela Adormecida.
Assim o Coliseu foi transformado em um dos principais teatros do Brasil, conhecido
pela acústica perfeita. Recebeu as principais revistas musicais da época, além de óperas, operetas, peças teatrais e outros tipos de espetáculos, de
companhias nacionais e internacionais, sempre com casa lotada.
Palmerim Silva, Dercy Gonçalves, Tônia Carrero, Paulo Autran, Procópio e Bibi Ferreira, Eva Todor,
Cleide Yáconis, Cacilda Becker e Rodolfo Mayer, entre outros, representaram no Coliseu. Pianistas de renome, como Rubenstein, Guiomar Novaes, Yara
Bernette, Magda Tagliaferro, Antonieta Rudge nele deram recitais. Os maestros Villa-Lobos, Eleazar de Carvalho, Souza Lima, Moacyr Serra e Leon
Kaniewsky regeram suas orquestras, em concertos memoráveis. Carmem Miranda e Bidu Sayão também se apresentaram no teatro.
A dança esteve representada no Teatro Coliseu pela Companhia de Décio Stuart, e nele
surgiram bailarinas como Gláucia Wagner e Lúcia Millás e a coreógrafa Cecília Botto de Barros.
Várias dessas apresentações foram organizados pela Comissão Municipal de Cultura e
pelo Centro de Expansão Cultural. Foi, ainda, usado para festas sociais, formaturas, exposições e exibições de filmes.
Decadência e luta - A partir dos anos 70, porém, o Coliseu entrou em processo
de decadência, cedendo espaço para exibição de filmes pornográficos e shows eróticos.
Por vários anos, esteve ameaçado de ser derrubado, para dar lugar a um shopping
ou a um estacionamento. Em 1983, já com as partes internas demolidas, o prédio foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico,
Artístico, Arquitetônico e Turístico (Condephaat).
Em setembro de 1992, foi assinado decreto pela prefeita Telma de Souza, declarando o
teatro de utilidade pública para fins de desapropriação amigável. Em fevereiro de 2003, o prefeito David Capistrano firmou a escritura pública de
desapropriação, permitindo o início do trabalho de recuperação.
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria
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