Nossa Senhora do Rosário dos Pretos
Francisco Carballa
CURIOSIDADES SOBRE A IGREJA
Os negros que carregavam pessoas para o cimo do Monte Serrat - Existiam muitos negros que moravam no quilombo comandado por Quintino de Lacerda. Para obter seu sustento, além de
suas hortas, executavam serviços nos consertos dos telhados das casas, eram catadores do café que caia dos sacos após serem furados (N.E.: para coleta de amostras destinadas à classificação do
produto) e ainda, em uma espécie de rústica liteira, levavam pessoas do sopé até o cimo do Monte Serrat, principalmente em dias de festa.
Era o que dizia Maria do Rosário das Neves (nascida em Iguape/SP em 1886 e falecida em 1948), filha de escravos procedentes de Daomé (N.E.: atual
República de Benin, na África Ocidental). Ela freqüentava a igreja do Rosário da Praça Rui Barbosa, onde os negros também faziam suas preces, e isso possibilitou que ela conhecesse
muitos deles.
Segundo afirmava, esse serviço acabou gradativamente com a construção do funicular, que levava pessoas até o alto do monte com mais rapidez e comodidade, e os
carregadores, continuaram consertando telhados e trabalhando no cais como catadores de café.
Tais histórias foram por ela contadas a seu neto, Clóvis Benedito. O mesmo relato foi feito por um membro da Irmandade do Rosário, José Marques de Oliveira Neto, o qual escutou muitas
vezes de seu pai, Edsom Marques de Oliveira (nascido em 1941 e falecido em 1999), a história de sua avó Olga Teixeira de Oliveira (nascida em 1902 e falecida em 8/8/1984).
Esta muitas vezes se serviu desse meio de transporte para chegar até o alto do monte, principalmente no dia 8 de setembro, pois era uma senhora muito devota da Senhora do Monte e cristã
muito piedosa, e falava que dessa forma aqueles senhores negros podiam ganhar algum dinheiro, de forma sofrida.
A festa de Nossa Senhora do Monte Serrat já era motivo deste cartão postal em 1901, com foto de M. Pontes, mostrando a escalada do monte por imigrantes
portugueses e espanhóis e também por santistas. Note-se que as pessoas carregavam cadeiras para suportar a subida, numa época em que não havia nem escadaria nem os bondinhos
Foto: Acervo José Carlos Silvares/Santos Ontem
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