O hotel Parque Balneário
Foto publicada com a matéria
VELHOS 'FLASHES' NO REINO DO CAFÉ - 68
Francisco de Marchi
Colaborador
É muito lembrado o último edifício do
Parque Balneário Hotel, de magnífico estilo arquitetônico e riquíssimo acabamento. Um dos cartões de visita da Cidade,
chegou a pertencer ao Santos Futebol Clube.
Assim, é válida a publicação da foto do antigo edifício do Parque Balneário, apanhado
no início dos anos 20 (N.E.: década de 1920). Teve grande movimento, acolhendo,
principalmente nas férias anuais e nos festejos carnavalescos, os barões do café e seus familiares, descidos do Planalto. Administrava-o Giovani
Fracarolli. Em anúncio era citado, com orgulho, que o hotel contava com 200 quartos, dos quais 85 com sala de banho. E todos os quartos dispunham de
telefone e "água à discrição".
O serviço do hotel dividia-se por 12 secções diferentes, para satisfazer todas as
exigências dos hóspedes. Empregados em número de 140; o hotel ocupava área de 930 m² e a área total, somadas a do hotel e de todas suas
dependências, subia a 2.044 m². Em área fronteira à Av. Ana Costa, e defronte ao edifício do hotel, seu famoso cassino.
Ali ocorriam, procedentes de toda as partes do mundo, turistas endinheirados, deixando fortes somas em moedas fortes. Ao contrário de agora, em que
milhares de forasteiros, vindos a Santos e procedentes da Capital e do Interior, portando míseros cruzeiros, trazem em sacolas apenas frangos e
farofa para serem devorados à beira-mar...
Note-se, na foto, uma réstia da praia, ainda sem ajardinamento. Em compensação, eram
os banhos de mar salutares, e, águas não poluídas. Cabinas de madeira, para uso de banhistas, ficavam dispostas em fileiras, dando a quem olhasse a
faixa arenosa, impressão de se encontrarem em praias européias, objeto de muitos cartões postais.
Carolino Lopes, popular eletricista e enrolador de dínamos de automóveis, que se
vangloriava de ter, em velhos tempos, como corredor do Velo Santista, efetuado um reide Santos-Rio em bicicleta, trabalhava no nosso cassino, como
relações-públicas. E segredava-nos, piscando os olhos, que uma de suas funções, quando alguém se suicidava por ter ficado arruinado no jogo de
roleta, era a de introduzir grossa soma de dinheiro nos bolsos do morto. "Para que ficasse patente que o tresloucado ato não fora provocado pelo
azar do jogo", concluía.
Bom e imaginoso Carolino! Você nos fazia correr frio na espinha, incentivando-nos a
verberar o vício do jogo, tão brilhantemente combatido pelo nosso grande Rui. Mal poderíamos imaginar que, muitas décadas depois, nossos dirigentes
transformariam o País em reino de jogatina, vendendo a milhões de criaturas a ilusão de fácil enriquecimento, através de jogos eufemisticamente
chamados de apostas...
Mais uma real regalia para os hóspedes do velho parque. A de, confortavelmente
instalados, apreciarem os corsos carnavalescos realizados na orla da praia, com o desfile de foliões em automóveis abertos e de capota arriada. Até
o advento do craque mundial de 1929, os carnavais de Santos, depois dos do Rio, passavam por serem os melhores do País. Os
de Salvador, Recife e de outras cidades não resistiam a confrontos conosco.
Em 1948, o jardim na entrada do hotel Parque Balneário pela Avenida Vicente de
Carvalho
Foto: acervo de João Gomes Gimenez, publicada em 7 de abril de 2006
na seção Imagem do Passado do jornal santista A Tribuna
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