O cientista ocupou o lugar de honra, na mesa diretora dos trabalhos do simpósio
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Albert Sabin destaca experiência brasileira
"O Brasil mostrou ao resto do mundo como a poliomielite pode
ser eliminada num país de clima tropical, imenso, com muitas áreas remotas. A campanha de vacinação antipólio brasileira foi um dos feitos mais
surpreendentes que já testemunhei em minha vida, no campo da saúde pública. Infelizmente, nenhum documento foi escrito, até agora, para registrar o
que aconteceu aqui; o mundo não lê relatórios internos, e outros países, em condições semelhantes, precisam saber da experiência brasileira".
As declarações são do professor Sabin, durante sua conferência na segunda parte do I
Simpósio Santista do Deficiente Físico, que teve início às 14 horas, no Centro de Cultura. Desta parte participaram também representantes das
autoridades municipais, civis e militares, e o ex-secretário da saúde do Estado de São Paulo, Fauze Carlos, que exercia esse cargo em 61, quando foi
introduzida a vacina Sabin no Brasil.
Fauze Carlos e o professor Flávio Pires de Camargo saudaram o cientista, relatando suas
experiências pessoais na época em que a pólio provocava, em epidemias, a morte de centenas de crianças no Estado, até que a Secretaria da Saúde
resolveu implantar a vacina. Os pulmões de aço, em número insuficiente; a angústia de ver crianças morrerem à espera de poder usá-los; depois, o
medo da população, que se recusava a tomar a vacina, até que foi organizada uma grande campanha elucidativa, por meio da imprensa e da televisão.
"Hoje - disse Flávio Camargo -, os livros sobre tratamento ortopédico das seqüelas da
poliomielite estão empoeirados. Passaram para a história da Medicina, e isso é uma felicidade para quem viveu de perto aqueles tempos".
A pedido de Sabin, na abertura da sessão foram tocados os hinos nacionais americano e
brasileiro. Ele, que um dia antes havia sido rigoroso com a imprensa, durente entrevista coletiva, mostrou-se um apaixonado pelo Brasil e a cada
observação era aplaudido de pé pela assistência, formada de médicos, rotarianos e muitos estudantes. Os aplausos se repetiram muitas vezes, durante
a sua conferência, ilustrada com slides, sobre o histórico da vacina antipólio.
Sem revelações - "Não foi uma revelação vinda de Deus. A fabricação da vacina oral
antipólio exigiu anos de trabalho, e muitos erros. Acreditava-se que o vírus da pólio penetrava no organismo pelo sistema respiratório, e se isso
fosse verdade, não faria sentido uma vacina oral".
Alberto Sabin começou sua exposição mostrando slides com desenhos e fotos de
deformidades provocadas pela pólio, inclusive figuras egípcias com 3.500 anos. Explicou que seus estudos, iniciados em 1931 e só concluídos 30 anos
depois, partiram do princípio de que o vírus se introduz no corpo pela boca, e se desenvolve nos intestinos, de onde algumas vezes pode atingir a
circulação, provocando a doença, de que a paralisia é uma conseqüência.
Sua primeira tarefa foi demonstrar que a idéia corrente estava errada, e que a pólio era uma
infecção primária do trato alimentar, principalmente o trato intestinal. Nos intestinos, o vírus se multiplica, e em 90 por cento dos casos não
causa a paralisia, sendo normalmente excretado pelas fezes. Muitas pessoas foram infectadas, e nem ficaram sabendo disso.
A pólio é diferente da varíola, que já foi erradicada. A varíola pode ser vista; a pólio,
muitas vezes, passa despercebida. Por isso o método de eliminação deveria ser diferente do da varíola. Além disso, acreditava-se que a pólio fosse
própria de países de clima temperado, enquanto nos trópicos havia infecção, mas não paralisia. Essa confusão também precisou ser esclarecida.
Isso só foi possível há cerca de cinco anos, na África tropical, mais precisamente em Gana,
onde eram conhecidos poucos casos. No entanto, um levantamento domiciliar feito nesse país descobriu mais vítimas da pólio do que havia nos Estados
Unidos, antes da implantação da vacina.
Vírus vivo - Para se obter uma vacinação quase cem por cento segura, era preciso que
o vírus fosse vivo, para se multiplicar no intestino, provocando uma produção maciça de anticorpos, necessários à imunização. A primeira vacina
antipólio, desenvolvida pelo dr. Salck, foi feita com vírus mortos. Começou a ser usada em 1955, e evitou muitos casos, quando aplicada em doses
grandes. Mas uma criança imunizada podia ser portadora da doença para outra, que não havia tomado qualquer dose.
Era necessário interromper essa possibilidade de transmissão. Depois de muitos anos, Sabin
conseguiu selecionar partículas do vírus (três tipos diferentes, causadores de paralisia), e testar o seu desenvolvimento no intestino. A
experiência foi feita em macacos e chimpanzés (que têm a estrutura semelhante à do homem), e, depois, em jovens voluntários. Foi possível, assim,
testar o comportamento do vírus e a sua multiplicação no trato intestinal.
As primeiras crianças a testarem a vacina anti-pólio foram as duas filhas de Sabin, de 5 e 7
anos, seguidas de suas vizinhas e amiguinhas. "Foram noites em claro até a decisão de fazer isso. Mas eu e a mãe das crianças decidimos ir em
frente. Elas foram as primeiras, e, aos poucos, outras crianças foram sendo imunizadas - lembra o professor -, até que foi possível ter certeza de
que a vacina viva, tomada oralmente, podia imunizar a criança, e interromper a transmissão".
Vacinação em massa - A União Soviética foi o primeiro país a tentar a vacinação em
massa, e as primeiras experiências foram tão animadoras que um médico soviético, entusiasmado, transformou o seu laboratório de pesquisas em
laboratório de produção de vacinas. Quando o Governo decidiu que o método de vacinação em massa seria usado, o Instituto de Moscou já havia
produzido, de janeiro a março de 60, 100 milhões de doses.
Na primavera desse ano, cem milhões de crianças russas haviam recebido as vacinas feitas a
partir da primeira cepa que Sabin preparou. E nesse mesmo ano o método começou a ser testado nos Estados Unidos, onde era usada a vacina Salck, de
vírus mortos. Também lá os laboratórios começaram a fabricar a vacina; depois na Inglaterra e na Bélgica; gradativamente, em vários países do mundo.
Os resultados estatísticos foram surpreendentes, de 51 a 68, quando a pólio foi praticamente
erradicada nos Estados Unidos. O mesmo aconteceu no Japão, na Itália, na Espanha. No Brasil, a primeira vacinação em massa ocorreu em 61, em São
Paulo e no Rio, mas os resultados não foram iguais: em 12 a 18 meses, a pólio estava de volta.
Por que isso acontecia no Brasil? Ficou provado que nos países de clima tropical o vírus da
pólio se espalha durante todo o ano; há 100 vezes mais vírus do que nos países de clima temperado. Era preciso, portanto, uma nova técnica, além das
vacinações rotineiras; era preciso introduzir uma campanha de vacinação.
Isso foi feito em Cuba, em 63, quando todas as crianças menores de 4 anos foram vacinadas
num único dia; depois, a dose se repetiu todos os anos, e até hoje não há um único caso de pólio em Cuba. Mas como organizar essa campanha no
Brasil, onde não existia a estrutura proporcionada pelos comitês de Defesa Revolucionária cubanos? Como outros países, o Brasil não queria seguir a
experiência de um governo comunista.
Quando o Ministério da Saúde resolveu tomar essa iniciativa, em 1980, através das
secretarias estaduais da Saúde, muita gente achou o trabalho impossível. "No entanto - diz o professor Sabin - a vacinação em massa já foi feita
seis vezes, com a ajuda de mais de 400 mil voluntários. O Brasil provou que a pólio pode ser eliminada, mesmo num grande país, não comunista, com
muitas regiões distantes e pobres. Pretendo recomendar à Organização Mundial de Saúde a divulgação dessa campanha, que deve ser imitada por outros
países, como a Venezuela, cujo ministro da Saúde esteve aqui recentemente, em busca de informação".
Encerramento - Ao terminar seu relato, Sabin pediu que fosse novamente cantado o Hino
Nacional Brasileiro. Em seguida, o presidente do Rotary, José Francisco Rollo Rollenberg, e o presidente da Casa da Esperança, Luiz Yanagi,
encerraram o simpósio, com a entrega de placas de prata aos professores que participaram do encontro.
Também foi prestada homenagem à mulher do dr. Sabin, a carioca Heloísa Dunschee de Abranches,
ex-assessora do Jornal do Brasil. Pela manhã, Heloísa foi recepcionada pelas senhoras do Rotary, tendo feito um passeio turístico pela Cidade
e uma visita à Associação das Famílias dos Rotarianos.
O programa de Albert Sabin em Santos continua hoje às 9,30 horas, com visita à Casa da
Esperança; e às 12,15 horas, quando participará de um almoço na Ilha das Palmas. Amanhã: às 10 horas, homenagem da Câmara Municipal; 11,30 horas,
outorga do título de Professor Emérito, na Faculdade de Medicina; e às 12,30 horas, almoço festivo de encerramento no Tênis Clube.
Na exposição do prof. Sabin ficou demonstrada a exata medida da sua grande humildade
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Deficientes serão 190 milhões
De 1,5 a duas em cada mil crianças têm paralisia cerebral em todo o mundo. Uma em cada 10
crianças apresenta excepcionalidade. Em 75, havia 150 milhões de excepcionais e, desses, 80% nos países subdesenvolvidos. De acordo com essa
estimativa, no ano 2000 haverá 190 milhões de deficientes.
Esses dados foram divulgados ontem, durante o 1º Simpósio Santista do Deficiente Físico no
Centro de Cultura de Santos, com a presença do cientista Albert Sabin e objetivo de aprimoramento técnico e científico na área de paralisia cerebral
e paralisia infantil. As seis conferências do encontro, promovido pela Associação Casa a Esperança e Rotary Club de Santos, foram marcadas,
principalmente, por apelos para maior compreensão, apoio e integração da criança, com paralisia cerebral ou deficiência física, na família e na
sociedade.
A abertura foi às 9 horas com formação da mesa que dirigiu o simpósio: o presidente de
honra, Albert Sabin; presidente do encontro, Flávio Pires de Camargo, diretor do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas;
Luiz Shiguetoshi Yanagi, presidente da Casa da Esperança; José Francisco Rollo Rollemberg, presidente do Rotary Club de Santos; José Salomão
Schwartzman, do Departamento de Neurologia da Escola Paulista de Medicina.
Professor do mundo - O presidente do simpósio iniciou falando de sua grande
satisfação de estar ao lado de Sabin. Em seguida, o cientista, que foi chamado de professor do mundo, disse que se sente um pouco brasileiro e
ressaltou o trabalho que vem sendo realizado pela Casa da Esperança. "Entendo que alguém é responsável pelos direitos dos excepcionais, deficientes
de qualquer tipo, que reclamam atenção, paciencia e, sobretudo, recursos humanos voltados para tanta necessidade. Tenho a convicção pessoal de que
este simpósio oferecerá uma boa contribuição ao estudo do problema, ajudando a esclarecer e alertar os setores de maior responsabilidade".
A seguir falou o presidente do Rotary, lembrando que "o simpósio é uma contribuição do
esforço rotário, uma preocupação de todos nós para que sejam ampliados os atuais limites no atendimento a essa extensa faixa de seres humanos,
sempre carentes de atenção e não raro esquecidos em seus direitos e em suas prementes necessidades".
Ele destacou ainda que "o deficiente físico, em relação à maioria dos requisitos
necessários, carece de tudo e de todos, enquanto não aprende a potencializar e a utilizar os seus próprios recursos, a superar as limitações, de
modo a figurar na comunidade como elemento produtivo ou pelo menos auto-suficiente. Não trazemos hoje neste simpósio a solução para os angustiantes
problemas do deficiente físico. Simplesmente provocamos o ensejo para mais um estudo, mais um debate interessado em soluções, para que, como clube
de servir, ampliemos o campo que um dia, arduamente, começamos a lavrar com a Casa da Esperança de Santos".
Conceito - A primeira conferência do simpósio, que contou com cerca de 400 inscritos,
foi do professor José Salomão Schwartzman, que começou com o conceito de paralisia cerebral: "Um quadro caracterizado por um distúrbio
predominantemente motor, causado por uma lesão cerebral que compromete o cérebro da criança em idade precoce, até o final do primeiro ano de vida".
Ele abordou Conceito, Diagnóstico e Diagnóstico Diferencial da Paralisia Cerebral.
Em seguida, sempre ilustrando sua apresentação com diapositivos, Salomão citou a incidência
de 1,5 a 2 em cada mil crianças que apresentam paralisia cerebral. Prosseguiu: "Embora o comprometimento seja motor, há outros tipos como
intelectual, epilepsia, distúrbios visuais e auditivos". Citou também os fatores que podem comprometer a criança em três fases: pré-natais -
infecções, sífilis, ingestão de drogas, principalmente LSD, desnutrição e poluição ambiental; perinatais - traumatismo mecânico e falta de
oxigenação durante o parto; pós-natais - traumatismos provocados por acidentes de trânsito, meningites, encefalites e convulsões.
Multidisciplinar - Falando em seguida, Reinaldo Gaspar Calia, diretor clínico do
Instituto de Desenvolvimento e Reabilitação, em São Paulo, fez uma abordagem disciplinar no tratamento da paralisia cerebral. Começou ressaltando
que a paralisia cerebral é uma condição altamente incapacitante, devido aos distúrbios que afetam não só a parte física e mental, mas também a
ambiental no relacionamento com a família. Disse que há interferências no aprendizado da criança, mais tarde no exercício profissional e na
independência pessoal.
E destacou, ilustrando com diapositivos: "Somente uma abordagem multidisciplinar integrando
a parte médica, com fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, serviço social, pedagogia e psicologia poderá resultar em tratamento efetivo,
que não conseguirá a normalização, mas vai conseguir a redução de incapacidades e desenvolvimento de aptidões para que a criança atinja o máximo de
independência pessoal, ajustamento, ocupação etc."
Citou ainda o tratamento corretivo da paralisia cerebral que objetiva a normalização motora
e psicomotora e prevenção ou correção de deformidades e o tratamento global que trata da interação entre físico-mente-ambiente. Esse tratamento
desenvolve aptidões respeitando as incapacidades para chegar ao equilíbrio do indivíduo em relação ao meio-ambiente.
"No tratamento global há o envolvimento da família, avaliação setorial das várias técnicas,
reunião das equipes multidisciplinares para avaliação global, programação terapêutica individual e o seguimento de reavaliações dos diferentes tipos
de tratamento. Então, a criança recebe alta, não curada, mas com noção de seus problemas para que possa estar equilibrada em relação ao meio. É
necessária a estimulação precoce e global da criança, participação da família e uma programação longitudinal, ou seja, por toda a sua vida, além de
realismo e perseverança da equipe multidisciplinar".
Após todos esses fatores, chega-se ao resultado final: "A criança é capaz de uma ocupação,
terá condições de se integrar à família e à sociedade e terá um sentimento de realização".
Comunicação - O terceiro conferencista, Alfredo Tabith, do Departamento de distúrbios
da Comunicação da PUC, destacou os Distúrbios da Comunicação na Paralisia Cerebral. Afirmou que embora a paralisia cerebral seja uma
deficiência motora, se caracteriza como um severo distúrbio de comunicação, em intensidade e variedade de tipos, perturbando a compreensão da
linguagem, audição, capacidade de compreensão da fala e dificultando a emissão.
"Esses distúrbios atuam no desenvolvimento da linguagem, alteram o nível intelectual,
atrapalham a audição, prejudicam o desenvolvimento motor e atuam nos aspectos psicossociais, dificultando a interação da criança com a comunidade e
comprometem o sistema nervoso central. Além do tratamento multidisciplinar precoce, o papel da família é importante para desenvolver a comunicação.
A família é orientada para a compreensão do quadro para poder atuar junto à criança".
Durante a palestra, acompanhada de diapositivos, Tabith lembrou que pelas estimativas de 150
milhões em 75, no ano 2000 haverá 190 milhões de excepcionais, 80% destes em países subdesenvolvidos.
Terapia - Prosseguindo o simpósio, Márcia Helena Bittar, do setor de Psicologia do
Centro de Reabilitação Morumbi, em São Paulo, abordou os Aspectos Psicológicos da paralisia Cerebral, destacando três tópicos: encaminhamento
escolar do deficiente, terapia e orientação aos pais. Disse ser a favor do deficiente físico freqüentar uma escola comum para possibilitar sua
interação com as crianças normais. Lembrou que durante o desenvolvimento escolar é importante que o deficiente seja incentivado, evitando cortar
suas possibilidades educacionais.
O destaque de sua palestra foi para o setor de terapia, ao destacar a importância do vínculo
de aceitação do deficiente na família e na comunidade. Ressaltou que durante a terapia é fundamental que o deficiente saiba que tem potencialidades
e dificuldades.
"Temos sempre que acreditar nessas crianças, principalmente em sua capacidade e
possibilidades. Temos que aceitar sua agressividade sem separá-los do meio social a que pertencem". No aspecto orientação aos pais, explicou que
eles devem saber como educar a criança, o que esperam dela, não rejeitar nem abandonar o deficiente, mas também não protegê-lo, nem superprotegê-lo.
"A superproteção já caracteriza que as crianças são incapazes de fazer as coisas por si próprias".
Cirurgia - Tratamento Cirúrgico da Paralisia Cerebral foi o tema do quinto
palestrista, João Carazzatto, chefe do Grupo de Paralisia Cerebral do Hospital das Clínicas, que ressaltou: "A cirurgia não reabilita totalmente
porque a lesão é cerebral e nós operamos o aparelho locomotor, nos membros superiores ou inferiores".
Acompanhado por diapositivos, caracterizou a divisão das cirurgias em três tipos: as
contra-indicadas, as que ajudam e as que resolveriam o problema. "Na maior parte das vezes a cirurgia é contra-indicada na paralisia cerebral. Se a
criança for atendida desde o início por uma equipe multidisciplinar, a cirurgia é desnecessária na maior parte das vezes. É importante ressaltar que
a cirurgia dificilmente resolve o problema".
Reabilitação - A última conferencista da manhã, Satiko Tomikawa Imamura, diretora de
Medicina Física do Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas, destacou os Cuidados Reabilitacionais nos Pós-Cirúrgicos de Paralisia
Cerebral. "O ato cirúrgico num paciente portador de paralisia cerebral tem como finalidade primordial tentar melhorar ao máximo um ato motor,
para que o mesmo seja realizado com destreza, isto é, que se consiga um padrão motor melhor do que o anterior à cirurgia".
Apresentando diapositivos que mostraram crianças em várias fases de reabilitação, Satiko
citou os recursos fisiátricos utilizados nos pacientes e salientou a terapia esportiva que proporciona motivação para realizar exercícios
terapêuticos nas regiões lesadas sem que o paciente perceba a terapia.
"O esporte em paralisia cerebral deve ser adaptado às possibilidades do paciente e deverá
ser realizado em forma gradual e adequada. É sem dúvida um complemento terapêutico útil como recreação e como apoio psicológico, pois eleva a sua
moral. A reabilitação em paralisia cerebral tem como finalidade melhorar a totalidade do indivíduo, dando-lhe maior capacidade física, emocional,
mental, de comunicação, social, vocacional e econômica. O ponto fundamental no tratamento reabilitacional é a precocidade, isto é, iniciar a
estimulação tão logo se suspeite, mesmo que não tenha ainda o diagnóstico definido".
A classe médica enalteceu o visitante
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Homenagem dos médicos
Em 43 anos de existência, a Associação dos Médicos de Santos outorgou apenas dois títulos de
sócio honorário: o primeiro ao descobridor da penicilina, Alexandre Fleming, e o outro, ontem, ao cientista Albert Sabin, que descobriu a vacina que
isolou o vírus da paralisia infantil.
Isso ficou destacado, em meio a grande emoção, nas homenagens prestadas a Sabin pela
entidade. Inicialmente, o cientista descerrou a placa comemorativa à sua visita à associação, com estes dizeres: "A dedicação e o amor ao próximo
são qualidades que o dignificam como ser humano. Homenagem da Associação dos Médicos de Santos por sua visita a esta casa". Depois, foi homenageado
com um almoço e recebeu o título de sócio honorário.
No discurso de saudação, o presidente da entidade, Luiz Fernando C. Bueno, depois de
reverenciar com carinho a imortal obra de Sabin, lembrou que durante seu curso universitário dois fatos ficaram marcados: "a chegada da vacina e a
campanha da vacinação". Lembrou das crianças com paralisia intercostal pela poliomielite, no Centro de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das
Clínicas, colocadas nos pulmões de aço, e a chegada de novos casos graves.
"Muitas vezes havia a necessidade de avaliar quem estava um pouco melhor para ceder lugar a
outra que ia morrendo, por insuficiência respiratória. Algum tempo depois tive a felicidade de ver encerrados todos os pulmões de aço. A vacina
Sabin era uma grande realidade. Deste mal nosso povo estava salvo".
Disse ainda que "nossa nação é um campo aberto, clamando por uma infinidade de soluções na
área das moléstias infecciosas e parasitárias e no saneamento básico, necessitando um plano nacional de saúde voltado para a medicina preventiva de
tal forma que consigamos solucionar outras tantas doenças que têm aniquilado milhões de brasileiros".
Completou afirmando: "Precisamos de muita gente aqui com o seu espírito, com a sua garra e
com a sua determinação para tirarmos este país maravilhoso de seus quase insolúveis problemas".
Sabin recebeu uma cópia do discurso em inglês para facilitar sua compreensão e agradeceu as
homenagens. |