José Carlos do Patrocínio, ou apenas José do
Patrocínio, que usava diferentes pseudônimos em sua atividade jornalística e literária, como Prudhome, Notus Ferrão, Justino Monteiro, Pax Vobis
e Pombos Correios, nasceu na cidade fluminense de Campos dos Goitacazes, em 8 de outubro de 1853.
Formado em Farmácia, foi vereador no Rio de Janeiro em 1886 e 1887; em 1877 ingressou na
Imprensa, estreando na Gazeta de Notícias e passando a outros órgãos, como Gazeta da Tarde e Cidade do Rio, ambos por ele
fundados. Foi dos mais vigorosos e talentosos jornalistas do seu tempo. De sua produção literária, ganharam ressonância os romances Mota Coqueiro,
Os Retirantes e Pedro Espanhol.
Um dos pro-homens da campanha abolicionista. Orador consagrado, de imaginação fértil,
persuasivo e eloqüente, tornou-se um dos paladinos do movimento pela extinção da escravatura, desenvolvendo intensa propaganda pela Imprensa, nos
teatros e nas ruas.
Se tanto se destacou na Abolição, não foi feliz, todavia, no movimento republicano, do
qual se tornou adversário, preferindo a continuação da Monarquia, pela qual muito se bateu. No governo de Floriano Peixoto, foi desterrado para o
Amazonas. No fim da vida, dedicou-se a fabricar um balão, que batizou de Santa Cruz. Foi o fundador da Cadeira nº 21 da Academia Brasileira
de Letras, morrendo em 29 de janeiro de 1905, tuberculoso.
Esse grande brasileiro veio a Santos em 1888, em campanha abolicionista, pronunciando
aplaudida conferência no Teatro Guarani, quando agitou a luta contra o escravismo. Durante 90 minutos, sem cansar ninguém,
abundante de imaginação e idéias libertárias, exortou o povo santense a continuar a luta sagrada pela Abolição. Após a conferência, entregou Cartas
de Liberdade a vários escravos.
Segundo nos conta Carlos Vitorino, em Reminiscências, "ao chamado, aparecia uma
crioula, de cabeça baixa, envergonhada ante a multidão e seu papel na Sociedade: era uma escrava! José do Patrocínio, com amor fraternal, orgulhoso
de sua nobre missão, entregava-lhe a carta e não admitia que ela se curvasse para beijar-lhe as mãos, assim demonstrando o mais vivo exemplo de
Igualdade. Cena muito aplaudida. A liberta, equívoca, não sabia se ficaria no palco ou se tomaria o rumo dos bastidores, fielmente obediente a uma
ordem, julgando-se ainda escrava!"
José do Patrocínio, vitoriado, retirou-se do teatro às 23 horas, intimamente
satisfeito pela ação cívico-social pela qual seu coração sempre pulsara: a Liberdade. |