Montado em um burro, Carlos Gomes, muito moço ainda, numa bela madrugada,
seguiu para Santos, onde chegou, após dura travessia da Serra, hoje Via Anchieta.
Da terra de Braz Cubas, embarcou para o Rio de Janeiro, rumo a seu glorioso destino.
"Só voltarei coroado de glória ou só voltarão meus ossos!", disse, ao partir
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"Sua bela figura lendária aureolou-se, além dos raios da glória, com os espinhos do
martírio, criando em torno do esforçado trabalhador ambiente material e moral demasiadamente doloroso para um simples mortal, tocado embora pelo
fulgor de um gênio" (Ítala Gomes Vaz de Carvalho)
O Nhô Tonico de Campinas
Carlos Gomes era conhecido, em Campinas, sua cidade natal, por Nhô Tonico, nome com
que assinava, até, suas dedicatórias. Pertencia a uma família onde havia de tudo: relojoeiros, agricultores, marceneiros, encadernadores,
farmacêuticos, rabequistas, trombonistas, flautistas e dois padres. Seus ancestrais eram espanhóis, e assinavam Gomez, com z. Seu bisavô, D.
Antônio Gomez, fora bandeirante e casara-se com a filha de um cacique. Nasceu, o nosso maior operista, numa segunda-feira, em 11 de julho de 1836,
numa casa humilde da Rua da Matriz Nova, na "cidade das andorinhas". Foram seus pais Manoel José Gomes (Maneco Músico) e d. Fabiana Jaguari
Gomes.
A vida de Antônio Carlos Gomes foi, sempre, marcada pela dor. Muito criança ainda, perdeu a
mãe, tragicamente. Seu pai vivia em dificuldades, com 26 filhos para sustentar. Com eles, formou uma banda musical, onde Carlos Gomes iniciou seus
passos artísticos. Desde cedo, revelou seus pendores musicais, incentivado pelo pai e depois por seu irmão, José Pedro Santana Gomes, fiel
companheiro das horas amargas.
Aos 18 anos, apresentou sua primeira "missa", em cuja execução cantou alguns solos. A emoção
que lhe embargava a voz comoveu a todos os presentes, especialmente ao irmão mais velho, que lhe previa os triunfos.
Quando chegou aos 23 anos, já apresentara vários concertos, com o pai. Moço ainda, lecionava
piano e canto, dedicando-se, sempre, com afinco, ao estudo das óperas, demonstrando preferência por Verdi. Era conhecido também em S. Paulo, onde
realizava, freqüentemente, concertos, e onde compôs o Hino Acadêmico, ainda hoje cantado pela mocidade da Faculdade de Direito. Aqui, recebeu
os mais amplos estímulos e todos, sem discrepância, apontavam-lhe o rumo da Côrte, em cujo Conservatório poderia aperfeiçoar-se. Mas como poderia
Nhô Tonico fazer isso, se seu pai não possuía sequer recursos para uma viagem?
A fuga para o Rio
Certo dia, pretextando novos concertos em São Paulo, Carlos Gomes veio para cá, mas, em seu
ânimo, estava planejada uma fuga para mais amplos horizontes. Arranjou um burro e disse ao irmão, José Pedro, que ia para Santos, onde embarcaria
para o Rio de Janeiro. José Pedro riu e disse-lhe que voltaria de Santos mesmo, pois não teria coragem de abandonar sua terra natal.
- Qual! - respondeu o futuro maestro - Só voltarei coroado de glória ou só voltarão meus
ossos!
E lá se foi ele, montado no burrinho, na sua penosa marcha pela Serra, até Santos, onde
embarcou, no navio Piratininga, debaixo de fortes aclamações de estudantes e amigos, rumo à Corte, levando consigo uma carta de recomendação,
que lhe facilitaria o acesso ao Paço de São Cristóvão e ao bondoso coração de D. Pedro II.
Os primeiros dias, no Rio, foram de tristeza e saudade. Hospedou-se na casa do pai de um
estudante de S. Paulo. Sentia remorsos por haver abandonado o velho pai. Um dia, porém, escreveu-lhe pedindo perdão e revelando-lhe seus planos. O
velho Maneco Músico comoveu-se ante o tom sincero da carta e não só perdoou ao rapaz, mas lhe estabeleceu uma pensão mensal, dizendo-lhe: "Que Deus
te abençoe e te conduza, próspero, avante, pelo caminho da Glória. Trabalha e sê feliz! Teu pai". Com isso, Carlos Gomes sentiu-se mais disposto a
enfrentar o futuro.
Apresentado ao Imperador, por intermédio da Condessa Barral, o monarca, sempre amigo e
protetor dos artistas, encaminhou-o a Francisco Manuel da Silva, diretor do Conservatório de Música e também animador dos jovens músicos.
Carlos Gomes teve como primeiro mestre, em contraponto, Joaquim Giannini, famoso musicista
italiano, que viveu muito tempo no Brasil. No ano seguinte, em 1860, na festa de encerramento dos cursos, Carlos Gomes apresentou uma sua
composição. Mas caiu doente, atacado de febre amarela, impossibilitado de comparecer. Sua ausência foi muito lamentada. Eis, porém, que surge o
imprevisto: quando o maestro ia dar início à "cantata", o jovem campineiro surge no estrado, olhos brilhando de febre, e pede a batuta para dirigir
sua peça. Nada o demovera de ir dirigir. O resultado foi emocionante. Aplausos e mais aplausos, a que Carlos Gomes não pode resistir e desmaiou,
sendo levado para casa, sem sentidos. Isso tudo chegou ao conhecimento do soberano, que mandou levar-lhe uma medalha de ouro, como recompensa a seu
esforço e talento. Começou, então, a marcha triunfal do moço campineiro.
A primeira ópera
Em 4 de setembro de 1861, foi cantada, no Teatro da Ópera Nacional, Noite do Castelo,
o primeiro trabalho de fôlego de Antônio Carlos Gomes, baseado na obra de Antônio Feliciano de Castilho. Constituiu uma grande revelação e um êxito
sem precedentes, nos meios musicais do País. Carlos Gomes foi levado para casa em triunfo por uma entusiástica multidão, que o aclamava sem cessar.
O Imperador, também entusiasmado com o sucesso do jovem compositor, agraciou-o com a Ordem das Rosas.
Carlos Gomes conquistou logo a Corte. Tornou-se uma figura querida e popular. Seus cabelos
compridos eram motivo de comentários, e até ele ria das piadas. Certa vez, viu um anúncio, que fora emendado: de "Tônico para cabelos", fizeram
"Tonico, apara os cabelos!". Virou-se para seu inseparável amigo Salvador de Mendonça e disse, sorrindo:
- Será comigo?
Francisco Manuel costumava dizer, a respeito do jovem musicista: "O que ele é, só a Deus e a
si o deve!"
A saudade de sua querida Campinas e de seu velho pai atormentava-lhe o coração. Pensando
também na sua amada Ambrosina, com quem namorava, moça da família Correa do Lago, Carlos Gomes escreveu essa jóia que se chama Quem sabe?, de
uma poesia de Bittencourt Sampaio, cujos versos "Tão longe, de mim distante... " ainda são cantados pela nossa geração.
Dois anos depois desse memorável triunfo, Carlos Gomes apresenta sua segunda ópera Joana
de Flandres, com libreto de Salvador de Mendonça, levada à cena em 15 de setembro de 1863.
Como corolário do êxito, na Congregação da Academia de Belas Artes, foi lido um ofício do
diretor do Conservatório de Música, comunicando ter sido escolhido o aluno Antônio Carlos Gomes para ir à Europa, às expensas da Empresa de Ópera
Lírica Nacional, conforme contrato com o Governo Imperial. Estava, assim, concretizada a velha aspiração do moço campineiro, que, mesmo comovido, ao
ir agradecer ao Imperador a magnanimidade, ainda se lembrou do seu velho pai e solicitou para este o lugar de mestre da Capela Imperial. D. Pedro
II, enternecido ante aquele gesto de amor filial, acedeu.
Passeando pela Praça del Duomo, em Milão, Carlos Gomes ouviu um garoto apregoando
"Il Guarani! Il Guarani! Storia interessante dei selvaggi del Brasile!"
Era uma péssima tradução do romance de Alencar, mas dali o jovem maestro extraiu
sua imortal ópera, que, em breve, se tornou mundialmente conhecida
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Na Europa - a consagração
O Imperador preferia que Carlos Gomes fosse para a Alemanha, onde pontificava o grande
Wagner, mas a Imperatriz, D. Teresa Cristina, italiana, sugeriu-lhe a Itália.
A 8 de novembro de 1863, o estudante partiu, a bordo do navio inglês Paraná, entre
calorosos aplausos dos amigos e admiradores, que se comprimiam no cais. Levava consigo recomendações de D. Pedro II para o rei Fernando, de
Portugal, pedindo que apresentasse Carlos Gomes ao diretor do Conservatório de Milão, Lauro Rossi. O jovem compositor passou por Paris, onde
assistiu a alguns espetáculos líricos, mas seguiu logo para Milão.
Lauro Rossi, encantado com o talento do jovem aluno, passou a protegê-lo e a recomendá-lo
aos amigos. Em 1866, Carlos Gomes recebia o diploma de mestre e compositor e os maiores elogios de todos os críticos e professores. A partir dessa
data, passou a compor. Sua primeira peça musicada foi Se sa minga, em dialeto milanês, com libreto de Antônio Scalvini, estreada, em 1 de
janeiro de 1867, no Teatro Fossetti. Um ano depois, surgia Nella Luna, com libreto do mesmo autor, levada à cena no Teatro Carcano.
Carlos Gomes já gozava de merecido renome na cidade de Milão, grande centro artístico, mas
continuava saudoso da pátria e procurava um argumento que o projetasse definitivamente. Certa tarde, em 1867, passeando pela Praça del Duomo, ouviu
um garoto apregoando: "Il Guarani! Il Guarani! Storia interessante dei selvaggi del Brasile!" Tratava-se de uma péssima tradução do romance
de José de Alencar, mas aquilo interessou de súbito o maestro, que comprou o folheto e procurou logo Scalvini, que também se impressionou pela
originalidade da história. E, assim, surgiu O Guarani, que apesar de não ser a sua maior nem a melhor obra, foi aquela que o imortalizou. A
noite de estréia da nova ópera foi 19 de março de 1870.
Não há quem não conheça os maravilhosos acordes de sua estupenda abertura. A ópera ganhou
logo enorme projeção, pois se tratava de música agradável, com sabor bem brasileiro, onde os índios tinham papel de primeira plana. Foi representada
em toda a Europa e na América do Norte.
O grande Verdi, já glorioso e consagrado, disse de Carlos Gomes, nessa noite memorável: "Questo
giovane comincia dove finisco io!"
E, na noite de 2 de dezembro de 1870, aniversário do Imperador D. Pedro II, em grande gala,
foi estreada a ópera no Teatro Lírico Provisório, no Rio de Janeiro. Os principais trechos foram cantados por amadores da Sociedade Filarmônica. O
maestro viveu horas de intensa consagração e emoção. Depois, O Guarani foi levado à cena nos dias 3 e 7 de dezembro, sendo que, nesta última
noite, em benefício do autor. Nesta data, o maestro ficou conhecendo André Rebouças. Após o espetáculo, houve uma alegre marche au flambeaux,
com música, até ao Largo da Carioca, onde estava hospedado Carlos Gomes, em casa de seu amigo Júlio de Freitas. Por intermédio de André Rebouças, o
compositor foi apresentado ao ministro do Império, João Alfredo Correia de Oliveira, em sua casa, nas Laranjeiras.
Em 1871, a 1º de janeiro, Carlos Gomes vai a Campinas, visitar seu irmão e protetor José
Pedro Santana Gomes. Em 18 de fevereiro, com André Rebouças, despede-se do Imperador, em São Cristóvão. E, no dia 23, segue para a Europa novamente.
Na Corte, distante de sua querida Campinas, enlanguescendo de saudades, Carlos Gomes recebe a
notícia do casamento de sua amada Ambrosina. E recordou, com mágoa, os versos que lhe dedicara, a melodia que ainda hoje todos cantam: "Tão longe,
de mim distante... onde irá... onde irá teu pensamento?..." Foi um rude golpe para o jovem e já consagrado artista
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Outras óperas, outros triunfos
Na Itália, Carlos Gomes casou-se com Adelina Péri, que devotou toda sua vida ao maestro.
Desse consórcio, nasceram cinco filhos, muito amados pelo compositor. Todavia, um a um foram morrendo em tenra idade, tendo restado somente Ítala
Gomes Vaz de Carvalho, que escreveu um livro, em que honrou a memória do seu glorioso pai.
Na península, Carlos Gomes escreveu, a seguir, Fosca, considerada por ele sua melhor
obra, Salvador Rosa e Maria Tudor.
Em 1866, recebeu Carlos Gomes, de novo no Brasil, uma justa consagração na Bahia, onde, a
pedido do grande pianista português, Artur Napoleão, compôs Hino a Camões, para o centenário camoniano, executado simultaneamente, ali e no
Distrito Federal, com grande sucesso.
Carlos Gomes, porém, não mais perseguia somente a glória. Abalado por seguidos e profundos
desgostos, doente, desiludido, procurava uma situação que lhe permitisse viver em sua pátria e ser-lhe útil. Seu estado, contudo, era mais grave do
que supunha.
De volta à Itália, compôs a grande ópera O Escravo, que entretanto, por vários
motivos, não pôde ser representada ali. Foi levada à cena, pela primeira vez, em 27 de setembro de 1867, no Rio de Janeiro, em homenagem à Princesa
Isabel, a Redentora, com esplêndido sucesso.
Morte de Carlos Gomes, inspirada num quadro de De Angelis pertencente à Prefeitura de Belém. Ao
lado do leito, vêem-se Lauro Sodré, governador do Pará, grande amigo e protetor do maestro, além de Gentil Bittencourt, vice-governador, D. Macedo
Costa, arcebispo do Pará, senador Antônio Lemos, o Visconde de S. Domingos,
e outros ilustres personagens do grande Estado
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Os últimos e dolorosos anos
Em 3 de fevereiro, outra vez na Itália, Carlos Gomes estréia, no Scala de Milão, Condor,
com grande êxito, pois, nessa peça, apresentara uma nova forma, muito mais próxima do recitativo moderno.
O mal que o levaria ao túmulo, nessa época, fazia-o sofrer dolorosamente. Todavia, as
desilusões, as decepções, a ingratidão de seus compatriotas e as dores físicas ainda não lhe haviam quebrado a resistência. Ainda estava à espera de
sua nomeação para o cargo de diretor do Conservatório de Música, no Brasil. Nesse tempo, infelizmente, foi proclamada a República, e seu garnde
amigo e protetor, Dom Pedro II, é exilado, com grande mágoa de Carlos Gomes. Compôs, ainda, Colombo, poema sinfônico que, incompreendido pelo
grande público, não obteve êxito.
Finalmente, após tanto sofrimento, chegou-lhe um convite. Lauro Sodré, então governador do
Pará, pediu-lhe para organizar e dirigir o Conservatório daquele Estado. Carlos Gomes volta para a Itália, a fim de pôr em ordem suas coisas,
despedir-se dos filhos e reunir elementos para uma obra grandiosa que, apesar de seu estado, sempre mais grave, ainda conseguiu realizar. Amigos
aconselharam-no a fazer uma estação em Salso Maggiore, mas ele desejava partir, quanto antes, para sua pátria. Chegou a Lisboa, por estrada de
ferro, e recebeu comovedora homenagem. A 8 de abril de 1895, nessa mesma cidade, sofre a primeira intervenção cirúrgica na língua, sem resultados
animadores. Embarca, no vapor Óbidos, para o Brasil. De passagem por Funchal, tem o prazer de reabraçar seu velho amigo Rebouças, ali
exilado.
Em 14 de maio, foi recebido pelo povo paraense com enternecedoras manifestações de apreço.
Sua vida, contudo, estava no fim. Lança-se ao trabalho, prodigiosamente, mas tomba justamente quando o povo de sua terra lhe retribuía o amor e a
glória que ele granjeara no exterior.
Diante de seu estado, o governo de São Paulo autoriza uma pensão mensal de dois contos de
réis (dois mil cruzeiros, importância vultosa para a época), enquanto ele vivesse e, por sua morte, de quinhentos mil réis, aos seus filhos, até
completarem a idade de 25 anos. Nessa ocasião, existiam somente dois filhos do glorioso maestro.
Dias antes de morrer, Carlos Gomes dizia, fatalista: "Qual, o mano Juca não chega... eu sou
mesmo o mais caipora dos caipiras..."
Em 16 de setembro de 1896, o Brasil enlutava-se, com a morte do grande artista, do filho que
tanto honrara o nome de sua pátria no estrangeiro. O governo paulista solicitou ao do Pará os gloriosos despojos, que hoje se encontram no magnífico
monumento-túmulo, em Campinas, sua terra natal, na Praça Antônio Pompeu. Em 1936, em todo o País, foi comemorado o centenário de seu nascimento, com
grandes solenidades.
Cena do último ato do Guarani. Em princípios do século XVII, D. Antônio de Mariz, fidalgo
português, estabeleceu-se na Serra dos Órgãos, às margens do Paquequer, onde vivia em luta contra aventureiros e índios inimigos dos portugueses, os
ferozes Aimorés. Peri, índio goitacá, ama dedicadamente Ceci, filha do nobre lusitano, protegendo-a de todos os perigos. Após forte ataque, em que
tudo foi incendiado e perdido, D. Antônio confia a filha a Peri, que a conduz a salvo. Destacam-se, na ópera, sua inigualável sinfonia, o Coro dos
Aventureiros, a balada de Ceci, e belos e inspirados duetos entre Peri e Ceci.
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Carlos Gomes faz jus também ao nosso reconhecimento pelo seu grande espírito de brasilidade,
que sempre conservou, mesmo no estrangeiro. Quando da estréia o Guarani, em Milão, o famoso tenor italiano Villani, escolhido para o papel de
Peri, criou um problema: ele usava barbas, e recusava-se a raspá-las. Carlos Gomes protestou: "Onde se vira índio brasileiro barbado?" Mas, afinal,
tudo se acomodou. O tenor era um dos grandes cartazes da época e não podia ser dispensado. Assim, acabou cantando, após disfarçar os pelos,
com pomadas e outros ingredientes.
A procura de instrumentos indígenas foi outro tormento para o maestro. Em certos trechos de
música bárbara e nativa, eram necessários borés, tembis, maracás ou inúbias. Andou por toda a Itália, mas não os encontrou, e foi
preciso mandar fazê-los, sob sua direção, numa afamada fábrica de órgãos, em Bérgamo.
Com ele era assim, queria tudo bem brasileiro, à moda da terra...
A imortal música do Nhô Tonico de Campinas continua, por isso, bastante viva no
coração de todos os brasileiros, e as melodias de sua magistral "abertura" do Guarani ainda emocionam todos quantos as ouvem.
Um dos últimos retratos de Antônio Carlos Gomes.
O "Tonico de Campinas", graças a seu gênio e tenacidade, conseguiu triunfar em Milão,
o maior centro musical do mundo, na época, onde se reuniam os grandes autores de óperas
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