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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
A casa da Vovó Anita (1)

Sim, a água do mar é salgada. Quem fica surpresa com isso é a criançada residente em cidades do Interior do Brasil, que em Santos tem seu primeiro contato com o mar. E existe até uma instituição criada para promover esse contato inicial entre as crianças e o mar: é a Casa da Vovó Anita, que aliás foi instalada de frente para a praia. Desde 1972, a entidade recebe grupos de crianças para uma temporada de duas semanas à beira do mar, num trabalho benemerente inédito no País.

Sobre um desses grupos visitantes, o jornal santista A Tribuna noticiou em 28 de maio de 2003:

Crianças atendidas pela instituição, na praia do Embaré
Foto: Casa da Vovó Anita

Emoção

O 1º banho de mar

Da Reportagem

O dia está nublado. Até um pouco frio. Típico clima da estação de outono. Mas quem disse que criança fica preocupada com as condições do tempo? Isso é coisa de adulto. O importante é curtir a praia, ainda mais depois de enfrentar uma maratona de 12 horas de ônibus. O grupo de 44 meninos e meninas não vê a hora de tomar o primeiro banho de mar na vida. Todos só tinham visto a praia apenas pela televisão.

O sonho de conhecer o mar foi realizado pelo projeto Interior na Praia, da Prefeitura de Castilho. Uma cidade de 15 mil habitantes do interior de São Paulo, na divisa com o Mato Grosso do Sul. As crianças são estudantes da rede municipal de ensino e foram selecionadas pelo bom comportamento e desempenho escolar.

A alegria de ser escolhida para a viagem não foi maior que a emoção de pisar na areia da Praia do Embaré. Antes da "grande estréia", uma pausa para as recomendações dos monitores. "Nada de sair do raso".

Fim do aviso, que parece interminável diante dos olhinhos ansiosos, a garotada corre em disparada na direção do mar. Os menores, um pouco receosos, preferem molhar as pontas dos pés, como um cumprimento respeitoso ao novo amigo.

No contato com a água, a primeira surpresa. "Ela é salgada!", diz, admirada, Daniela Fernandes de Oliveira, de 8 anos, depois de engolir "um monte" de água em um mergulho desajeitado.

Giovane Ribeiro Gomes de Farias, de 9 anos, fala como um veterano diante dos novatos. "Lá, em Castilho, também tem uma prainha que a gente nada", diz o menino sobre o rio que fica perto do sítio onde mora.

Com exceção de um ou outro, que só havia nadado em riacho, a maioria do grupo debutava na praia santista. Paulo Henrique, de 9 anos, até pensou que havia tubarão. Suspeita que logo foi esclarecida.

Se a fera do mar não apareceu, para a alegria da criançada, uma outra ameaça rondou os turistas mirins: a sujeira da praia. "Quando mergulhei, quase bati a cabeça em uma garrafa de pinga", conta Jéssica Luana, de 10 anos, que protestou contra o lixo deixado na areia. "Pensei que a praia fosse mais limpinha".

Ilha das Palmas - Depois de curtir a praia, o grupo foi recebido como convidado especial na Ilha das Palmas, pertencente ao Clube de Pesca de Santos. O passeio foi outra novidade na vida das crianças, que se despedirão de Santos amanhã, depois de ficarem hospedadas por duas semanas no abrigo Casa da Vovó Anita, no Embaré.

No passeio, a cada sacolejada da embarcação, Matheus Pastori dos Santos, de 6 anos, se agarrava à professora Geneci Garcia. Ele também lembrou do susto que levou no passeio de jet ski.

Na ilha, nem a água fria impediu o banho na piscina e as brincadeiras no toboágua. Ninguém queria perder um minuto sequer da diversão. Com o passeio chegando ao fim, muitos já faziam planos. "Meu sonho é morar em frente à praia", diz Desirée Varoni Vicente, de 9 anos, ao admirar os prédios da orla enquanto o barco se afastava do atracadouro.


Grupo de crianças voltando da praia
Foto: Casa da Vovó Anita

Um folheto editado em 2002 pela entidade explica o seu funcionamento (sendo que um mês de cada ano é reservado para serviços de manutenção e reparos de maior porte nas instalações):

A sede da instituição santista
Foto: Casa da Vovó Anita

Casa da Vovó Anita

A Casa da Vovó Anita é aquele edifício em estilo colonial, que em 1972 abriu suas portas para acolher durante um período de 14 dias, crianças que vivem internadas em asilos, lares ou instituições congêneres, em qualquer cidade do Brasil, para desfrutarem das delícias de uma estada a beira-mar.

Situada à Av. Bartolomeu de Gusmão, 48 (em plena praia do Embaré), a Casa da Vovó Anita oferece às crianças e seus acompanhantes confortáveis acomodações, boas refeições, roupa de cama e banho, inteiramente grátis.

Funcionando durante 11 meses por ano, acomoda confortavelmente 50 crianças e 5 acompanhantes em cada ala do edifício, podendo receber 100 crianças no mesmo período. Embora sendo uma instituição particular, tudo o que esta Casa proporciona às crianças é graciosamente.

As inscrições para um período na Casa da Vovó Anita deverão ser feitas por carta em papel impresso da entidade ou em papel simples, mencionando números de Registro no Serviço Social do Estado, da Inscrição Estadual, Inscrição do Cadastro Geral do Contribuinte e o nº de Registro dos Estatutos no cartório competente. A entidade deverá trazer uma relação das crianças, com nome, idade, local de nascimento, devidamente visada pelo Juizado de Menores, assim como relação dos acompanhantes, que deverão ser funcionários, diretores ou professores da entidade, os quais serão os responsáveis pela conduta e tratamento das crianças.


Um dos dormitórios da Casa
Foto: Casa da Vovó Anita


Salão de brinquedos
Foto: Casa da Vovó Anita


O prédio conta com amplo auditório
Foto: Casa da Vovó Anita


Instalações da cozinha e serviço de bandejas
Foto: Casa da Vovó Anita

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