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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Clubes
Estrela de Ouro F.C.

Formado pela comunidade japonesa e bastante procurado por não-sócios, interessados em refeições nipônicas e/ou com frutos do mar, o Estrela de Ouro é um clube tradicional do bairro da Ponta da Praia. A agremiação conta com página Web, de onde foi retirado (em agosto de 2006) este histórico:

Arte publicada com a matéria

Muitos já descreveram a saga dos japoneses que, em meio a um ambiente estranho, sem conhecimento da língua, desiludidos com os contratos de trabalho, conseguiram, mercê ao espírito indomável de sua educação, do trabalho e de muitos sacrifícios, firmar-se, decisivamente, no cenário nacional, com uma contribuição impar em muitas atividades.

Uma parcela ínfima dessa plêiade de indomáveis, seguindo o impulso das tradições de sua terra e de seu habitat, não resistiu e, depois de um estágio na agricultura, fixou-se em Santos, mais precisamente na Ponta da Praia, para exercer o que fazia no país do Sol Nascente: a pesca.

Coincidindo com o aumento decisivo dos imigrantes japoneses nos anos de 1930 a 1940, essa comunidade foi crescendo, formando vários pequenos núcleos na bucólica e aprazível Ponta da Praia. Naquele tempo havia apenas a praia, sem asfalto, sem prédios, sem avenidas litorâneas. Éramos ligados ao cais com a linha férrea Forte Augusto. A única rua existente era a Avenida Rei Alberto I, que já fazia a ligação da cidade de Santos com o Guarujá, através da balsa. Ir ao Macuco, nem sonhando. Tínhamos que atravessar uma pequena floresta. Poucas casas, muita banana e até mexerica havia no sítio dos Maringheli. Havia, também, muitos manguezais.

Hoje, os descendentes e alguns remanescentes de imigrantes congregam-se com os gaijins no Estrela de Ouro F.C., numa verdadeira integração contributiva para a nossa nacionalidade brasileira. Tem a sua participação nos eventos da cidade, contribuindo sobremaneira, fazendo parte do calendário turístico. Sua atividade, visando o associativismo da comunidade nipo-brasileira, tem sempre a finalidade de contribuir para o sadio esporte, para a transmissão de alguns fatores positivos da cultura japonesa, além de atender, também, a uma grande parcela de assistência social. Foi chamado, como era natural, a contribuir para os festejos de 80 anos da Imigração Japonesa, no Brasil.

Aproveitando o ensejo, fomos convidados para tentar colocar no papel um pouco da história do nosso clube. Conversamos com o Katutoshi Ono, Tokuji Ono, Tsuneo Okida, para rememorar os primeiros passos do clube em nossa infância, recebemos do Jorge Nakai uma contribuição por escrito. Muitas falhas de memória por certo aparecerão, pois não tivemos muito tempo para conversar com todos que participaram dos primórdios do nosso clube.

Este é o primeiro passo. Outros deverão ser escritos para perpetuar em nossos arquivos as diversas facetas de sua criação. Procuraremos ser fiéis às nossas lembranças, sem fantasiar. Com prazer receberemos quaisquer admoestações para posterior correção.


Fotos publicadas com a matéria, não legendadas

O começo - "Corria o ano de 1947. Alguns garotos, todos do gueto comunitário da Av. Rei Alberto 239/241, de 10 a 16 anos, jogavam suas peladas, principalmente nos jogos dos de baixo contra os de cima, utilizavam um campo cheio de lama, onde hoje se ergue o Senai. Surgiu a idéia de se formar um time de futebol infantil, com camisa e tudo mais.

"Os donos do time eram Yutaka Okumura, Antonio Koide, Katutoshi Ono, Tokuji Ono, Tsuneo Okida e Carlos Alberto do Nascimento. Foram convidados craques como o Vadico e o Lico. Começavam a ciscar na pelada o Mitsugu Ono, Tsuguio Okida, Assao Okida, Haruo Yamazawa, Mauro Nascimento. Não me lembro se o Kioshi Hamamoto tinha se iniciado no futebol.

"Começamos os preparativos da compra da camisa. A mensalidade era de Cr$ 5,00 pôr mês (cruzeiro que passou para cruzeiro novo, voltou para cruzeiro, cruzado e hoje é Real, perdendo uma infinidade de zeros). Como pegadores de bola de tênis do Saldanha, fizemos uma quadra nos fundos da casa do Kioshi Hamamoto e, posteriormente, aumentamos para o nosso campo de futebol."

A história do nome - "Em 1948 tocávamos idéias para o nome de batismo do nosso time. Alguém sugeriu Estrela do Mar, influenciado pelas atividades de nossos pais na pesca. Falou-se também em Estrela do Oriente, rememorando a origem paterna. Aí o Carlos Alberto falou Estrela de Ouro. Deslumbrados, talvez, pelo fascínio que exerce o ouro nas crianças, como símbolo de riqueza, fixamo-nos nesse nome.

"A cor da camisa escolhida foi toda azul, lembrando o mar, com o símbolo atual, a Estrela de Ouro, no meio. Se não falha a memória, a gola era branca. Como tínhamos ido estudar em São Paulo, fomos encarregados de comprar o primeiro jogo de camisas. Ufa! Que sacrifício para juntar o primeiro dinheirinho. Não me lembro se foi pedida alguma contribuição. Naquela época, e naquela idade, não havia nem condições de pedir.

"Enfim, a estréia. Não me lembro do time adversário, nem do resultado. Mas algo ficou marcado em todos nós: na primeira lavada feita em cada uma das casas, começou a lamentação!!! As camisas tinham se desbotado. Fizemos uma série de jogos. Jogávamos no canal 6, no ferry-boat, no Macuco e em nosso campo. O tempo foi passando, a camisa desbotando e o time, entre altos e baixos, foi jogando..."

Pela história do Jorge Nakai, a seguir, o time estava parado ou aguardando novas forças: "Meados de 1951. Onde hoje é o começo da Rua Republica do Equador, mais ou menos com a Av. dos Bancários, era um verdadeiro matagal e havia pequeno espaço dentro daquela selva onde a molecada se encontrava para bater um papo ou fumar escondido dos pais. Aos poucos a turma começou a roçar o mato afim de ampliar aquele espaço e fazer umas peladas no fim do dia. Em seguida nasceu a idéia de formar um time de futebol. Já tínhamos o campo. As camisas, pedimos emprestada de um pessoal da colônia que morava perto do campo e eles não estavam usando na ocasião. Fomos atendidos..."

Verifica-se, portanto, a interligação das duas histórias. O campo é o mesmo, que foi ampliado; as camisas foram emprestadas; acreditamos, pois, que o pessoal da colônia que morava perto do campo também foi incluído no time. O nome do time permaneceu, pois estava inscrito na camisa. Houve, portanto, um reforço do pessoal mais novo.

Continua o Jorge: "Formamos a Diretoria, sendo escolhido para presidente Akira Onishi; tesoureiro e secretário, Jorge Nakai; diretor de Esporte e carregador de camisas, Yassutaro Taniguchi. Mais tarde a diretoria foi reforçada com Eiji Tuzuki, Hiroshi Onishi, Tokuji Ono e outros, como diretores auxiliares."

Reiniciou-se a cobrança de recibos. Através de colaborações espontâneas, foi encomendada a nova camisa, toda branca com uma faixa azul vertical e calções azuis. Chuteiras na época ninguém tinha. Pela sua colaboração sempre espontânea, a Tié-Sam (Tieko Takahashi, atual Sassaki) foi escolhida madrinha do time. Iniciaram-se, nesse período, os bailinhos com as moças que começavam a se incorporar ao clube. Os bailes eram realizados em barracões, depósitos, mas sempre com muito respeito e boa freqüência. Nesse período, respondia pela presidência o Tsuneo Okida e após um período de relativo sucesso, o time caia em compasso de espera.

Passado um certo tempo, sob a liderança de Jorge Nakai, o clube é reativado e passa a realizar as suas atividades sociais no barracão do Onishi, com mesa de ping-pong, bailinhos e como não podia de acontecer, o time de futebol voltou a brilhar.

Em 1957, com a colaboração do Katutoshi Ono, Yutaka Okumura, Toshiji Nakai, Jorge Nakai, Tsuneo Okida e outros, foi aventada a hipótese de se construir a sede própria. Para tanto, foi realizado um trabalho intenso junto ao sr. Shizuyoshi Onishi, para que vendesse um pedaço de seu terreno, nos fundos de sua residência. E foi necessária a estruturação legal do Estrela de Ouro F.C., até então existente apenas na vontade dos jovens.

Por registro em 5 de abril de 1957, sob nº 65524 C, no Cartório de Registro de Títulos e Documentos, foi registrada a ata de fundação do Estrela de Ouro F.C., datada de 1º de fevereiro de 1957, tendo como presidente da Assembléia Geral o Jorge Nakai e secretário o Tokuji Ono. Foi eleito presidente do Conselho Deliberativo o sr. Toshimatsu Ono e secretário sr. Shikazo Nakai. Como primeiro presidente legal do Estrela foi eleito Jorge Nakai e vice-presidente o Hisao Nakanishi.

Em 31 de maio de 1957 foi realizada a escritura da compra do terreno de 15 X 65 m, ao preço de CR$ 225.000,00, com frente para a Rua César Lacerda de Vergueiro, que tomou o nº 60. Para a compra do terreno foram realizados livros de ouro com contribuições espontâneas e dirigidas, bem como tanomoshi, com a primeira parcela doada ao Estrela e outras campanhas de arrecadação de fundos. 

Foi fundamental a contribuição de isseis e citamos alguns deles, a saber: Toshimatsu Ono, Guiti Tuzuki, Shizuyoshi Onishi, Shikazo Nakai, Shiguejiro Nakai, Jutaro Nakai, Saichi Imada, Sadami Okida, Jose Sato, Yassuya Okuyama, Yassuhissa nakanishi, Tadashi Yano, Shigueo Matsumoto, Yumitsu Okida, Kazumi Okida e muitos outros.

Um fato marcou muito bem a decisão de todos em levar avante a construção da sede. Foi o aterro do terreno. Naquela oportunidade, estava sendo completada a abertura da Av. Almirante Saldanha da Gama, a partir do antigo Restaurante Jangadeiro, até o ferry-boat. Contando com a colaboração dos caminhões da Nipo Brasileira, da Cooperativa Atlântica de Santos e dos Irmãos Ono, foi realizado um mutirão para carga e descarga da areia que ia sendo retirada do leito da avenida da praia para o nosso terreno. Centenas de viagens foram realizadas e acreditamos que todos participaram da empreitada.

Iniciamos a construção e realizamos tudo que tínhamos direito. Recém formado e com a colaboração do engenheiro Keitaru Yaginuma, fizemos a planta, a legalização e administração total da obra. A mão-de-obra foi realizada pelos Irmãos Jacomelli, que deram tudo de profissional e foram muito além, pois também vibraram com as realizações do clube, principalmente o Luiz Jacomelli. Outro fato também marcou: quase ao final da construção do salão, novamente o pessoal foi chamado para o mutirão, desta vez para o acabamento do forro. Com muita gente em cima do andaime, tudo veio abaixo! Um milagre. Ninguém se machucou. Recebíamos a benção divina.

Os recursos para a construção da sede vieram também das fontes que financiaram a compra do terreno. Em 1959 assume a presidência do Estrela o Katutoshi Ono, sendo reeleito até o biênio 1964/1965, tendo sido vice-presidentes Tsuneo Okida, Akira Onishi. Presidem o Conselho Deliberativo nesse período, Yutaka Okumura, Nelson Yamamoto.

Nesse período, o Estrela inicia novas atividades com a projeção de filmes japoneses, tendo como maior incentivador o Nelson Yamamoto e a participação no carnaval da cidade. O primeiro grande baile de carnaval foi na sede, quando - após grande susto que passamos com o dilúvio que desabou - tivemos que improvisar pontes de madeira para que os foliões pudessem chegar à sede. Nos anos seguintes, evoluímos e começamos a brilhar no carnaval, no salão do Restaurante Jangadeiro. 

Vale recordar que a aquisição da filmadora e das cadeiras do clube foi graças à doação do sr. Toshimatsu Ono e que os grandes executores dos primeiros tanomoshi tiveram a contribuição sempre presente do Nelson Yamamoto, Tokuji Ono, Jorge Nakai e Tokeharu Nakai.

O time de futebol começava a brilhar, agora já com chuteiras, camisas, com jogos todos os domingos na várzea. Sempre foi dada uma atenção especial ao time infantil, berço e celeiro das gerações do nosso futebol. No biênio 1965/1966, assume a presidência Yutaka Okumura, tendo como vice-presidente o Nelson Yamamoto e, como presidente do Conselho Deliberativo, Tsuneo Okida.

O futebol continuava, o carnaval mais saudável da cidade no Jangadeiro, também, mas o que mais marcou foi a aquisição do terreno da Avenida Almirante Saldanha da Gama. Foi uma campanha memorável. Reformamos os estatutos com a criação de sócios Titulares e sócios Titulares Especiais, e nos pusemos a trabalhar na venda de títulos sociais. Foi um trabalho ingente e contávamos com parceiros nas vendas dos títulos, o Tokuji Ono e Tsuneo Okida. Assim em 31 de janeiro de 1966, por escritura pública, adquirimos o terreno da praia por Cr$ 210.000,00, dando como parte de pagamento o terreno que havíamos adquirido no Jardim Nova Era, que foi recebido por CR$ 60.000,00.

Em 1967 novamente Katutoshi Ono é eleito presidente, tendo como vice-presidente, Toshiji Nakai. Exerce ainda o biênio 1969/1970, tendo como vice-presidente Mituro Matsumoto. Continua-se pagando o terreno, assim como as atividades sociais e esportivas. Presidem o Conselho Deliberativo, nesse período, Tsuneo Okida, Yutaka Okumura. Em 1971, retorna Yutaka Okumura para presidente, exercendo até o período 1973/1974, tendo como vice-presidente Mituro Matsumoto e Sumio Okida.

Em 1975, foi escolhido Mitsugu Ono para presidente e Tsuneo Okida para vice-presidente. O Conselho Deliberativo, presidido por Yutaka Okumura e secretariado por Valmir Santos Farias, em reunião de 5 de dezembro de 1975, autoriza a diretoria a iniciar a construção do ginásio, no terreno da praia, conforme projeto apresentado pelo engenheiro Ricardo Yamauti.

No setor de esporte, o clube começa a ganhar uma dimensão de campeão. Graças ao professor Ricardo Arazaki e a colaboração de judocas formados em outras academias, como o Mitsugu Ono, Katutoshi Ono, Nelson Okumura, Toshio Oshima, Mitihiro Kishi e outros, o clube começa a participar dos torneios da Federação, do estado e da Budokan, ganhando títulos individuais e torneios.

Concluído o ginásio da praia, avolumam-se as atividades do Estrela. Além do judô, do futebol de várzea, inicia-se o futebol de salão e principalmente o futebol society. Na parte social, iniciam-se os almoços e jantares sob a batuta de Mituro Matsumoto, D. Kazuko e a colaboração das senhoras. São realizados chás beneficentes, com renda muito boa, que vem contribuir para as obras do clube. A gestão de Mitsugu Ono, após a sua eleição em 1975, prolonga-se em reeleições sucessivas até o biênio 1983/1984.

A grande jogada neste período, após a construção do ginásio, parece-nos ser a implantação da Festa do Peixe. Sob a liderança do casal Matsumoto e a colaboração de todos, senhoras, rapazes e moças, iniciou-se um grande trabalho de difusão do Estrela na cidade de Santos e, quem sabe, no Estado.

Hoje a Festa do Peixe faz parte do calendário turístico da cidade. Milhares de santistas e turistas são servidos, no mês de julho, das iguarias do mar (tainha na brasa, camarão na cerveja, espeto de meca), de determinadas comidas típicas japonesas, como o tempurá, o sashimi e outros, além das guloseimas em doces preparados com carinho e amor pelas senhoras. Vale dizer que, em uma noite, são servidas milhares de pessoas, atendidas pôr um exército de mais de 200 voluntários - cozinheiros, garçons, copeiros - que em testemunho de simplicidade e serviço de doação, oferecem o resultado de seu trabalho às obras do clube, à Beneficência Nipo Brasileira, o Hospital Nipo Brasileiro em São Paulo e ainda colaboram intensamente com a Casa da Esperança e a Casa do Filho do Pescador.

Para o biênio 1985/1986 foram eleitos presidente o Mituro Matsumoto e vice-presidente Nelson Okumura, tendo como presidente do Conselho Deliberativo o Katutoshi Ono e secretário o Valmir S. Farias. Foi dada continuidade à Festa do Peixe e ampliados os chás beneficentes, pois além do clube, realizam o seu Chá a Casa da Esperança e a Casa do Filho do Pescador. Instala-se no clube um Curso de Língua Japonesa, com sucesso.

Com o falecimento de Mituro Matsumoto, assume a presidência o seu vice, Nelson Okumura, que, reeleito em 1987, tendo como vice-presidente Mauro Sassaki e o Conselho Deliberativo presidido por Jorge Nakai e secretário Valmir S. Farias.

Além da continuidade dos programas sociais, da parte esportiva no futebol, da Festa do Peixe, dos chás beneficentes, são acentuados os encontros semanais de confraternização entre os praticantes do futebol society, do futebol de salão, e dos cantadores amadores, reunindo em karaokês os tradicionais e os da juventude.

Após a elaboração de um projeto de ampliação da sede social, iniciou-se a construção de um bloco que atende condignamente o crescimento do clube na sua parte administrativa, com sala de reuniões, salas de aula e de entretenimentos.

Hoje passados mais de 40 anos de sua formação, o Estrela de Ouro F.C. mantém-se fiel não só aos ideais que nortearam todos os seus pioneiros, como acreditamos que foi ampliada e melhorada em muito a sua atuação. No início, participavam apenas os garotos das peladas; depois foram incorporadas as jovens em convívio social; hoje o clube é uma entidade que reúne desde isseis, seus filhos, seus netos, até bisnetos que já começaram a aparecer, numa comunhão fraterna de familiares, com toda a comunidade inserida num programa associativo, dedicada à preservação e difusão de valores de nossos pais, atendendo, inclusive um trabalho de assistência social.

O Estrela de Ouro F.C. extrapola o significado de um clube esportivo. Ela representa a vitalidade, o trabalho, a saga e a contribuição dos nossos pais, imigrantes do sol nascente. Honremos as suas tradições, continuando, cultivando e merecendo o respeito de toda a sociedade brasileira.

Texto de Yutaka Okumura

Arte publicada com a matéria

O Estrela de Ouro extrapola o significado de um clube esportivo: ele representa a vitalidade, a saga e a contribuição dos imigrantes do sol nascente, na miscigenação cultural deste país.

A contribuição desta colônia para Santos teve início com a pesca e a agricultura, setores da economia na qual o imigrante japonês introduziu dinamismo e a capacidade de trabalho.

Os imigrantes pioneiros da pesca em Santos, radicados no Bairro da Ponta da Praia, foram os patriarcas das famílias Tuzuki, Onishi, Ono, Nakai, Okumura, Sato, Okida, Matsumoto, Taniguchi, Kikuchi e Ota, sendo figuras importantíssimas na história do clube e do desenvolvimento econômico no bairro.

Esta plêiade de homens, apesar da aspereza moral e patrimonial sofridas no período da II Guerra, incentivaram seus filhos - jovens nipo-brasileiros - a fundarem o clube e propagarem seus hábitos e costumes nesta terra, provando suas reais intenções neste país.


Foto do clube publicada com a matéria

Assim nasceu o Estrela de Ouro, informalmente em 1952 com o time de futebol e oficialmente em 1957 com a construção da sede social. Os srs. Tokuji Ono, Tsuneo Okida, Yutaka Okumura e os saudosos Jorge Nakai e Katutoshi Ono, lideraram os jovens nisseis e escreveram o prólogo da história do clube.

Os descendentes nipo-brasileiros, que cresceram neste período, tiveram na saga de seus país o combustível para o alcance do sucesso e reconhecimento pessoal em várias atividades. Um desses destaques presenteou a coletividade com o seu convívio e propiciou uma grande contribuição para o reconhecimento do clube na sociedade Santista. O ilustre e saudoso dr. Luis Yanagi, consagrado membro da colônia nipo-brasileira, realizou uma luta incessante contra a paralisia infantil, trabalho que teve o reconhecimento pessoal do dr. Albert Sabin, encontrando na coletividade do clube a união necessária para idealizar um evento que propiciaria benefícios a todos os envolvidos.

Assim surgiu, no ano de 1978, a Festa do Peixe, evento que colaborava com a Instituto Casa da Esperança, divulgando o hábito alimentar do peixe e que desenvolvia na comunidade do clube o exercício da solidariedade, apresentando à sociedade santista este modelo de comportamento, recebendo o reconhecimento público com a outorga da medalha Braz Cubas pela Câmara Municipal de Santos, no ano de 2002, por encaminhamento do vereador Marinaldo Mongon.

A colaboração dos dirigentes, representados pelos srs. Mitsugu Ono e Paulo Matsumoto, foi fundamental para o sucesso da Festa do Peixe. A equipe feminina surpreendeu aos santistas, pela dedicação em prol do evento, tantas e tantas vezes abordadas pela saudosa jornalista Lydia Federici, nas suas crônicas impressas no jornal A Tribuna. Simbolizam a equipe feminina do clube as saudosas irmãs Kazuko Takahashi Matsumoto e Tieka Takahashi Sassaki.

O Estrela de Ouro, atualmente, segue a planificação idealizada pelo sr. Nelson Okumura e o saudoso Salvador Oganna, que vislumbraram um horizonte administrativo e social, tendo como objetivo a Cultura e o Esporte, sustentados pela auto-gestão de um restaurante, que também seria agente gerador de emprego para a comunidade do clube, tornando real a idéia do Terceiro Setor, onde o associativismo é o grande propulsor econômico e social, assim colaborando com o estado na geração de empregos e na formação dos seus cidadãos.

O conceito de saúde fez a diretoria do clube refletir sobre o atual momento social, e concluiu que dar uma contribuição para a melhoria da qualidade de vida dos associados e da população geral é a missão do Estrela de Ouro.

Neste contexto, o clube dimensiona seu crescimento, oferecendo aos associados, ao bairro, à cidade e aos turistas, oportunidade de melhorarem a qualidade de vida, participando de suas atividades.

Este é o objetivo do clube, criar associados e clientes satisfeitos e saudáveis e contribuir com a qualidade de vida, através da orientação alimentar, orientação de atividades físicas, prática esportiva, difusão cultural e integração social.


Imagem: anúncio publicado no jornal santista A Tribuna em 28/10/2004, página B-5