Nos 100 anos do Clube XV há muito de história
São cem anos vividos, amados... O XV merece uma biografia. Uma existência colorida, que um
século não desbota, ao contrário, torna mais fantástica e admirável, há de ser sempre cantada e lembrada, muito e sempre. A história do Clube XV é a
história de várias gerações. Já em 1902 escrevia o cronista:
"Quem nesta terra, filho de Santos ou afeito às lutas de largo
tempo, não tem no Clube XV uma recordação saudosa? O Clube XV pertence à história desta terra, quando mais não represente é o traço de união entre
um passado saudoso e um presente radiante".
Ao atingir esta idade velhinha e gloriosa, o XV se lança ao futuro, renovado, com uma
disposição juvenil e inabalável, a percorrer o caminho do seu eterno, enquanto houver corações, ideais e amizade; enfim, enquanto houver a procura
da união e um sorriso de simples alegria.
Busca isso, Clube XV!
Jaelson Bitran Trindade
O nascimento do Clube XV está indissoluvelmente ligado à vida da Sociedade
Carnavalesca Santista. É mister que se faça, portanto, um breve relato sobre a antiga Carnavalesca, primeira a formar-se para a realização dos
festejos de Momo.
Fundada em 1857, em período pós-carnavalesco, esta sociedade agregou junto a si tudo o que havia
de mais seleto entre a gente santista: camaristas, doutores, altos funcionários públicos, conceituados negociantes, o melhor da terra. Presidiu a
primeira diretoria da Carnavalesca o sr. Antônio Marques de Saes, então presidente da Câmara Municipal. O sr. Saes, como todos os outros, era um
folião de alta marca.
Através da Carnavalesca, em 1858, realiza-se o 1º Carnaval Oficial de Santos, com a saída de
um majestoso congresso, em oposição à estupidez do entrudo - o jogo barbaresco; verdadeira guerra de laranjinhas, limões-de-cheiro, bacias, canecas
e seringas de estanho, que das janelas e sacadas eram despejadas contra pacatos cidadãos que ousassem sair à rua. Também pelas ruas, em infernal
gritaria, os entrudistas atacavam, com suas seringas, as casas e os transeuntes.
Necessário se fazia acabar com tão boçal e primitivo divertimento que depunha contra os
foros de civilização do próspero burgo santista. Veio, como se vê, esta sociedade, "promover os divertimentos de
carnaval em harmonia com a nossa civilização.
"Velho no nome, o carnaval é moderno e jovem no aspecto com que ora figura no número
das festas tradicionais do povo. Remoçado, deixando as perigosas armas - os limões-de-cheiro, as seringas e a feia alcunha de entrudo com que
o denominava outrora o vulgo, os seus trajes de hoje são os mais suntuosos, como os mais burlescos; as suas armas, flores e confeitos; a sua curta
vida, toda de passeios pelas ruas e de danças nos teatros públicos, e sua cara, receosa de corar a tantas loucuras, coberta de uma máscara!"
(dos jornais da época).
Esteve durante um certo período afastada das lides carnavalescas, a Santista, dando
oportunidade à ressurreição do entrudo, que retoma seu indesejado império. Em 1867, os antigos foliões da Carnavalesca, tomados de novo ânimo,
refundam a sociedade, tornando em boa hora as mascaradas de carnaval, sob os aplausos da imprensa citadina.
Para o ano de 1868, promovem um congresso de mascarados, a permutar ramalhetes e brindes com
as famílias que se achavam nas janelas. Os festejos, dentro de grande brilhantismo, decorreram nas maiores e mais tranqüilas gargalhadas.
Tal sucesso é bisado no carnaval de 1869. E nesse ano começa a nossa história.
Isto era Santos quando o Clube XV foi fundado -
A fotografia mostra uma visão parcial do centro da cidade e um aspecto do porto
Foto publicada com a matéria
A Sociedade Carnavalesca Clube XV
Ano de 1869. Na tarde de 12 de junho, em meio a uma tumultuada assembléia da Sociedade
Carnavalesca Santista, por questões de somenos, altercaram alguns dos componentes. Bastou que um, intransigente no seu ponto de vista, não
respeitado pela maioria, se levantasse e deixasse o recinto, para que outros, solidários, o acompanhassem.
Dirigiram-se dali para a Rua Áurea (atual General Câmara), à casa de um deles, Antônio de
Pinho Brandão, onde confabularam sobre a criação imediata de uma sociedade nos moldes da que acabavam de abandonar. Firmes no seu propósito, os
dissidentes, ora em número de 15, puseram-se a discutir quanto ao nome a ser dado; nome que exprimisse a idéia que os movera.
Os palpites choviam, criando maior embaraço. E, em certo momento, um dos presentes
considerou o número reunido e, num feliz lampejo, lançou a denominação de "Clube dos XV". Surpresos e satisfeitos, palmearam todos a indicação.
A reunião, realizada no dia seguinte, trouxe de volta o assunto. Em análise mais ponderada,
a expressão "Clube dos XV" formava uma barreira, atravancando novas adesões, tão necessárias. O nome exclusivista não seria bem recebido. Por isso
mesmo, em nova proposição, ficou o nome resumido a Clube XV.
Assim foi; assim é...
Os tempos heróicos do carnaval
Publicações na imprensa santista:
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