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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Clubes
Clube XV (2-b)

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Ao completar seu centenário, o Clube XV teve sua história publicada em quatro páginas do primeiro caderno do jornal santista A Tribuna, em 12 de junho de 1969:
 
Nos 100 anos do Clube XV há muito de história

São cem anos vividos, amados... O XV merece uma biografia. Uma existência colorida, que um século não desbota, ao contrário, torna mais fantástica e admirável, há de ser sempre cantada e lembrada, muito e sempre. A história do Clube XV é a história de várias gerações. Já em 1902 escrevia o cronista:

"Quem nesta terra, filho de Santos ou afeito às lutas de largo tempo, não tem no Clube XV uma recordação saudosa? O Clube XV pertence à história desta terra, quando mais não represente é o traço de união entre um passado saudoso e um presente radiante".

Ao atingir esta idade velhinha e gloriosa, o XV se lança ao futuro, renovado, com uma disposição juvenil e inabalável, a percorrer o caminho do seu eterno, enquanto houver corações, ideais e amizade; enfim, enquanto houver a procura da união e um sorriso de simples alegria.

Busca isso, Clube XV!

Jaelson Bitran Trindade

O nascimento do Clube XV está indissoluvelmente ligado à vida da Sociedade Carnavalesca Santista. É mister que se faça, portanto, um breve relato sobre a antiga Carnavalesca, primeira a formar-se para a realização dos festejos de Momo.

Fundada em 1857, em período pós-carnavalesco, esta sociedade agregou junto a si tudo o que havia de mais seleto entre a gente santista: camaristas, doutores, altos funcionários públicos, conceituados negociantes, o melhor da terra. Presidiu a primeira diretoria da Carnavalesca o sr. Antônio Marques de Saes, então presidente da Câmara Municipal. O sr. Saes, como todos os outros, era um folião de alta marca.

Através da Carnavalesca, em 1858, realiza-se o 1º Carnaval Oficial de Santos, com a saída de um majestoso congresso, em oposição à estupidez do entrudo - o jogo barbaresco; verdadeira guerra de laranjinhas, limões-de-cheiro, bacias, canecas e seringas de estanho, que das janelas e sacadas eram despejadas contra pacatos cidadãos que ousassem sair à rua. Também pelas ruas, em infernal gritaria, os entrudistas atacavam, com suas seringas, as casas e os transeuntes.

Necessário se fazia acabar com tão boçal e primitivo divertimento que depunha contra os foros de civilização do próspero burgo santista. Veio, como se vê, esta sociedade, "promover os divertimentos de carnaval em harmonia com a nossa civilização.

"Velho no nome, o carnaval  é moderno e jovem no aspecto com que ora figura no número das festas tradicionais do povo. Remoçado, deixando as perigosas armas - os limões-de-cheiro, as seringas e a feia alcunha de entrudo com que o denominava outrora o vulgo, os seus trajes de hoje são os mais suntuosos, como os mais burlescos; as suas armas, flores e confeitos; a sua curta vida, toda de passeios pelas ruas e de danças nos teatros públicos, e sua cara, receosa de corar a tantas loucuras, coberta de uma máscara!" (dos jornais da época).

Esteve durante um certo período afastada das lides carnavalescas, a Santista, dando oportunidade à ressurreição do entrudo, que retoma seu indesejado império. Em 1867, os antigos foliões da Carnavalesca, tomados de novo ânimo, refundam a sociedade, tornando em boa hora as mascaradas de carnaval, sob os aplausos da imprensa citadina.

Para o ano de 1868, promovem um congresso de mascarados, a permutar ramalhetes e brindes com as famílias que se achavam nas janelas. Os festejos, dentro de grande brilhantismo, decorreram nas maiores e mais tranqüilas gargalhadas.

Tal sucesso é bisado no carnaval de 1869. E nesse ano começa a nossa história.


Isto era Santos quando o Clube XV foi fundado -
A fotografia mostra uma visão parcial do centro da cidade e um aspecto do porto
Foto publicada com a matéria

A Sociedade Carnavalesca Clube XV

Ano de 1869. Na tarde de 12 de junho, em meio a uma tumultuada assembléia da Sociedade Carnavalesca Santista, por questões de somenos, altercaram alguns dos componentes. Bastou que um, intransigente no seu ponto de vista, não respeitado pela maioria, se levantasse e deixasse o recinto, para que outros, solidários, o acompanhassem.

Dirigiram-se dali para a Rua Áurea (atual General Câmara), à casa de um deles, Antônio de Pinho Brandão, onde confabularam sobre a criação imediata de uma sociedade nos moldes da que acabavam de abandonar. Firmes no seu propósito, os dissidentes, ora em número de 15, puseram-se a discutir quanto ao nome a ser dado; nome que exprimisse a idéia que os movera.

Os palpites choviam, criando maior embaraço. E, em certo momento, um dos presentes considerou o número reunido e, num feliz lampejo, lançou a denominação de "Clube dos XV". Surpresos e satisfeitos, palmearam todos a indicação.

A reunião, realizada no dia seguinte, trouxe de volta o assunto. Em análise mais ponderada, a expressão "Clube dos XV" formava uma barreira, atravancando novas adesões, tão necessárias. O nome exclusivista não seria bem recebido. Por isso mesmo, em nova proposição, ficou o nome resumido a Clube XV.

Assim foi; assim é...


Os tempos heróicos do carnaval

Publicações na imprensa santista:


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