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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - GREVE!
A histórica greve de julho de 1917

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Opinião unânime entre os sindicalistas, a greve realizada na capital paulista em julho de 1917 foi um marco na história das relações trabalhistas no Brasil, sendo tratada como a primeira greve geral no país. Após quase um mês de agitações trabalhistas, a greve começou efetivamente nas fábricas têxteis dos bairros paulistanos de Moóca e Ipiranga, num dia 9 de julho (data que em 1932 ganharia outra significação, com o advento da Revolução Constitucionalista), e terminou no dia 16, uma semana depois, com a participação estimada de 10 mil operários.

O episódio marcou a transição do comando trabalhista, do grupo político dos anarquistas para o dos socialistas, reforçada internacionalmente com a revolução bolchevique realizada em novembro de 1917 na Rússia, já no fim da Primeira Guerra Mundial. Em 1921, surgiria no Rio de Janeiro o Centro Comunista, embrião do Partido Comunista brasileiro, criado um ano depois.

Manifestação operária durante a greve de 1917, no bairro paulistano do Braz:

 enterro de um grevista morto em choque com a polícia

Foto sem créditos originais, divulgada em diversas páginas da Internet

Nos dias dessa greve, a capital paulista era uma cidade sem movimento, em que circulavam apenas veículos militares requisitados pelas indústrias, com tropas armadas e ordem de atirar em quem ficasse parado na rua. O jornal santista A Tribuna registrou, na edição de 11 de julho de 1917, uma lista de estabelecimentos em greve, com os nomes dos respectivos trabalhadores.

Na edição de 24 de julho de 1917 (exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda - ortografia atualizada nesta transcrição), o mesmo jornal A Tribuna registrava, em sua página 3:

O grande movimento grevista na capital

A situação - Notas

S. PAULO, 23 - Durante estes últimos dias correram insistentes boatos de que um novo movimento grevista se estava preparando para hoje estalar, com caráter muito mais sério do que esse para o qual a oportuna intervenção do "comitê" de jornalista encontrou uma tão pronta quanto feliz solução.

Sob a perspectiva de novas perturbações da ordem da natureza de que nos primeiros dias do mês agitou a cidade, a população ficou  naturalmente sobressaltada, tendo sido numerosas as famílias que, de susto, abandonaram a capital, refugiando-se em pacatas localidades do interior. Felizmente, nada ocorreu hoje de anormal. Nem greve, nem perturbações da ordem. Todos os estabelecimentos fabris continuam em atividade, todas as classes trabalham com redobrado esforço para recuperar tempo e dinheiro perdidos em conseqüência dos últimos acontecimentos.

O dr. Eloy Chaves, secretário de Justiça, à vista da insistência desses boatos, julgou prudente providenciar a fim de que fossem garantidas a tranqüilidade e a ordem da cidade.

Para esse fim, s. exa., em conferência que teve ontem, à noite, com o dr. Thyrso Martins, delegado geral, os delegados circunscricionais e auxiliares, comando geral da Força Pública e todos os comandantes de batalhões, deu-lhes severíssimas instruções, atinentes à manutenção da ordem pública na capital.

A cidade foi dividida em setores, ficando cada um deles perfeitamente guarnecido de força de infantaria e cavalaria e de material rodante necessário para atender às necessidades do momento.

No Braz pernoitaram o delegado geral, dr. Thyrso Martins; dr. Ferreira Alves, 1º delegado, e dr. Bandeira de Mello, 5º delegado.

Na Central pernoitaram o delegado de investigação, dr. Virgílio do Nascimento, e um comandante de corpo.

Em cada setor, além do delegado circunscricional, pernoitou um comandante de batalhão.

Às 5 horas de hoje, reuniram-se, na Central, todos os delegados da capital.

A repercussão em Santos do movimento grevista na capital

A cidade até hoje tem-se conservado na sua calma habitual, e durante o movimento paredista, felizmente não se registrou a mínima perturbação da ordem, verificando-se apenas algumas prisões, como medida de precaução.

Várias construções, cujas obras estavam paralisadas, desde ontem tiveram os trabalhos recomeçados, podendo-se, pois, registrar desde já a normalidade das classes construtoras, apesar de ainda alguns trabalhadores manterem-se em greve.

É de esperar que em breve esses restantes grevistas voltem ao trabalho, de acordo com os construtores, finalizando de vez a anormalidade do momento.

Sindicato dos Canteiros - Os membros do Sindicato dos Canteiros, reunidos ontem em assembléia geral, resolveram dar a greve como terminada na sua classe, desistindo de todas as suas pretensões, com a condição, porém, de serem postos em liberdade os seus colegas que se encontram presos.


Imagem: reprodução da matéria original

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