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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Clubes/navegação
Clube do Leme (1)

Evolução da logomarca: em cartas de 7/1982 e 11/1995 e para correio eletrônico em 2003

Para reunir a comunidade marítima santista, a exemplo do que já acontecia há vários anos na capital paulista com o Clube da Âncora, foi criado em Santos, em 21 de julho de 1981, o Clube do Leme.

O editor de Novo Milênio, então jornalista responsável pelo caderno Marinha Mercante em Todo o Mundo (publicado semanalmente no jornal O Estado de São Paulo) registrou assim a primeira reunião do clube, em matéria de 28 de julho de 1981:

Grupo de agentes de navegação, pouco antes da criação do Clube do Leme, em Santos

Classe marítima de Santos organiza
o Clube do Leme

"Dizem que os homens só se reúnem nas desgraças ou nos momentos difíceis, e estamos vivendo um momento extremamente difícil, e mesmo tendo a delegacia santista do Centro Nacional de Navegação Transatlântica, a Associação Profissional das Entidades Estivadoras de Santos, e o Sindicato das Agências de Navegação Marítima de Santos, sentimos a necessidade de mais entrosamento e alinhamento de idéias, porque todas as nossas lutas vêm sendo encabeçadas por um reduzido número de pessoas (...)"

Dessa forma, o superintendente estadual da agência marítima Laurits Lachmann, José Carlos Caridade, iniciou, na terça-feira passada, a apresentação da idéia de que se crie em Santos uma entidade que permita maior confraternização entre os representantes da classe marítima, durante a reunião-almoço, onde pouco depois seria votada a criação do Clube do Leme, presidido inicialmente por Cláudio Martins Marote, da agência Wilson Sons.

Caridade disse, então, não ter qualquer pretensão de que o clube proposto se compare com as entidades do setor já existentes em Santos; em vez de competição, ele quer que o clube complemente suas atividades. Citando como o objetivo havia sido bem compreendido, Caridade leu ofício recebido de Elmar J. Braun, presidente do sindicato da categoria, que não pôde comparecer por estar viajando.

Concluindo sua alocução, Caridade acrescentou: "Agora está a minha parte da missão cumprida, com a presença da maioria dos convidados. A partir de agora, franqueio a palavra para decidirmos a formação do clube, o nome, o presidente e seu período de gestão e as linhas de atuação" - Caridade fora escolhido como coordenador das gestões para a reunião da classe marítima naquele dia.

A decisão - Apenas dois votos contrários, dos 64 presentes, foram anotados durante a votação pela criação do clube: Jan Bruggenthys, da Agência Marítima Rosalinha, e Ashby, da Agência Marítima Ashby. Eles entenderam que, havendo um espírito e um interesse espontâneo de confraternização, as reuniões poderiam ser marcadas, sem que para isso fosse necessário criar o clube; porém, confirmaram sua adesão ao clube depois criado.

Entre as manifestações, já em relação ao nome da entidade e objetivos, foi registrada a de Edgar Hentschel, da Transatlantic Carriers, sugerindo Clube do Timão (dando idéia de movimento, de dinamismo) e propondo um clube de características informais, de lazer e diversão, e que permita decidir coisas dentro dessa amizade. Já Edvar Caruso, da agência Hamburg-Sud, sugeriu Clube do Mastro, enquanto Rubens da Silva, da agência Nautilus, apoiou a idéia de Clube da Hélice.

Irenio Giácomo, presidente da APEES e membro do CNNT/Santos, interrompeu a escolha do nome para declarar seu apoio ao novo clube, explicando ser contra a perda da autonomia de decisão do CNNT santista, englobado pelo CNNT nacional. "O sindicato da categoria tem as limitações de lei; o CNNT santista está restrito às atribuições que lhe foram impostas; mas a APEES está livre, como entidade santista. Assim, o clube que se pretende fundar é uma iniciativa válida, só faço restrição à possibilidade de esvaziamento da APEES e do CNNT. Talvez se possa fazer uma miscigenação APEES/CNNT/clube, de forma que o clube será uma tentativa que não deve ser solapada, mas aplaudida; se depois vai frutificar essa idéia, só o tempo dirá".

Surgiram ainda outras sugestões de nomes, como o irônico Clube da Proa Bulbosa, aludindo ao formato dessa proa em comparação com a barriga de muitos executivos (idéia de Benedicto Florentino Guerra, da Agência Neptunia, que também propôs Caridade para presidente e Waldyr Pierry para diretor social, além da criação de atas para perpetuar as reuniões). Caridade declinou do convite, adotou a idéia de Clube do Mar - de autor desconhecido -, declarou o dia 21 de julho como data histórica da fundação e colocou o nome em discussão. Clube do Leme venceu com 24 votos, contra seis para o Clube do Timão, cinco para Clube do Navio e Clube da Proa Bulbosa, três para Clube do Mastro e dois para Clube da Hélice, não se apurando, por já desnecessária, a votação para Clube do Mar.

Por fim, Caridade propôs como primeiro presidente um dos responsáveis pela organização do encontro, o representante da Wilson Sons, Cláudio Marote, que todavia declinou, alegando compromissos particulares. Mas, em vista do apoio da maioria dos presentes àquela indicação, Caridade propôs um mandato-tampão por seis meses, e, dessa forma, às 14h35, o clube elegeu Cláudio Marote como primeiro presidente.

Cláudio então indicou Caridade, Waldyr Pierry (da Pandibra) e Aguinaldo Rodrigues (da Rodrimar/Eurobrás) para com ele formarem um conselho de organização; em seguida, marcou para 18 de agosto a próxima reunião-almoço, com duração oficial máxima de 90 minutos.

Ao final da reunião, declarou a esta coluna que a indicação de seu nome o pegou de surpresa, mas que vai tratar de congregar o pessoal para nos próximos seis meses formar o clube. E acrescentou: "Não me considero presidente, mas como encarregado de organizar o clube, junto com os demais eleitos para essa função".


Associados e diretores do Clube do Leme confraternizaram com autoridades regionais, no encontro de 28/11/1985 realizado no Santos-São Vicente Golf Clube, em São Vicente/SP. 
Ao centro, o presidente de honra, capitão dos Portos Sérgio Ribeiro de Vasconcellos
No canto esquerdo, o então presidente da Codesp, Hélio Nascimento
Foto publicada em Marinha Mercante/OESP em 3/12/1985

Os presidentes: 

Presidência

Período

Comissão organizadora (Cláudio Marote, Aguinaldo
Rodrigues, José Carlos da Silva Caridade e Waldir Pierry)

1981/82

Felício Agostinho da Purificação Souza

1982/83

Vanderlei de Matos

1983/84

David Anthony Walton

1984/85

Carlos Luiz Pérez Prieto

1985/86

Valdemar Barros Vilela Filho

1986/87

Jaime Gonçalves Júnior

1987/88

Antonio Carlos Cintra

1988/89

Michael L.R.J.Mulder

1989/90

Jorge Mariano

1990/91

Wilson Alves Capella

1991/92

Silton Hugo Schreiter

1992/93

Virgílio Gonçalves Pina Filho

1993/94

Paulo Manoel Simões

1994/95

Antonio Braz Filho

1995/96

André Luiz Collacio Lettieri

1996/97

Willy R. Maxwell

1997/98

Adelmo Guassaloca Jr.

1998/99

Carsten Gelhaus

1999/00

Nelson Nascimento da Rocha

2000/01

José Roque

2001/02

Glen Gordon Findlay

2002/03

Orlando Casado

2003/04

José Eduardo Lopes

2004/05


José Roberto Lauria (E), Wilson Alves Capela, Luiz Fernando Duarte, Milton de Almeida e Jorge Mariano (D), eleitos para o período 1988/89, na reunião de 7/1988 no Santos São Vicente Golf Club, ausente por motivos de saúde o novo presidente Antonio Carlos Cintra
Foto publicada em Marinha Mercante/OESP em 9/8/1988

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