Grupo de agentes de navegação, pouco antes da criação
do Clube do Leme, em Santos
Classe marítima de Santos organiza
o Clube do Leme
"Dizem que os homens só se reúnem nas desgraças ou nos momentos difíceis, e estamos vivendo
um momento extremamente difícil, e mesmo tendo a delegacia santista do Centro Nacional de Navegação Transatlântica, a Associação Profissional das
Entidades Estivadoras de Santos, e o Sindicato das Agências de Navegação Marítima de Santos, sentimos a necessidade de mais entrosamento e
alinhamento de idéias, porque todas as nossas lutas vêm sendo encabeçadas por um reduzido número de pessoas (...)"
Dessa forma, o superintendente estadual da agência marítima Laurits Lachmann, José Carlos
Caridade, iniciou, na terça-feira passada, a apresentação da idéia de que se crie em Santos uma entidade que permita maior confraternização entre os
representantes da classe marítima, durante a reunião-almoço, onde pouco depois seria votada a criação do Clube do Leme, presidido inicialmente por
Cláudio Martins Marote, da agência Wilson Sons.
Caridade disse, então, não ter qualquer pretensão de que o clube proposto se compare com as
entidades do setor já existentes em Santos; em vez de competição, ele quer que o clube complemente suas atividades. Citando como o objetivo havia
sido bem compreendido, Caridade leu ofício recebido de Elmar J. Braun, presidente do sindicato da categoria, que não pôde comparecer por estar
viajando.
Concluindo sua alocução, Caridade acrescentou: "Agora está a minha parte da missão cumprida,
com a presença da maioria dos convidados. A partir de agora, franqueio a palavra para decidirmos a formação do clube, o nome, o presidente e seu
período de gestão e as linhas de atuação" - Caridade fora escolhido como coordenador das gestões para a reunião da classe marítima naquele dia.
A decisão - Apenas dois votos contrários, dos 64 presentes, foram anotados durante a
votação pela criação do clube: Jan Bruggenthys, da Agência Marítima Rosalinha, e Ashby, da Agência Marítima Ashby. Eles entenderam que, havendo um
espírito e um interesse espontâneo de confraternização, as reuniões poderiam ser marcadas, sem que para isso fosse necessário criar o clube; porém,
confirmaram sua adesão ao clube depois criado.
Entre as manifestações, já em relação ao nome da entidade e objetivos, foi registrada a de
Edgar Hentschel, da Transatlantic Carriers, sugerindo Clube do Timão (dando idéia de movimento, de dinamismo) e propondo um clube de características
informais, de lazer e diversão, e que permita decidir coisas dentro dessa amizade. Já Edvar Caruso, da agência Hamburg-Sud, sugeriu Clube do Mastro,
enquanto Rubens da Silva, da agência Nautilus, apoiou a idéia de Clube da Hélice.
Irenio Giácomo, presidente da APEES e membro do CNNT/Santos, interrompeu a escolha do nome
para declarar seu apoio ao novo clube, explicando ser contra a perda da autonomia de decisão do CNNT santista, englobado pelo CNNT nacional. "O
sindicato da categoria tem as limitações de lei; o CNNT santista está restrito às atribuições que lhe foram impostas; mas a APEES está livre, como
entidade santista. Assim, o clube que se pretende fundar é uma iniciativa válida, só faço restrição à possibilidade de esvaziamento da APEES e do
CNNT. Talvez se possa fazer uma miscigenação APEES/CNNT/clube, de forma que o clube será uma tentativa que não deve ser solapada, mas aplaudida; se
depois vai frutificar essa idéia, só o tempo dirá".
Surgiram ainda outras sugestões de nomes, como o irônico Clube da Proa Bulbosa, aludindo ao
formato dessa proa em comparação com a barriga de muitos executivos (idéia de Benedicto Florentino Guerra, da Agência Neptunia, que também propôs
Caridade para presidente e Waldyr Pierry para diretor social, além da criação de atas para perpetuar as reuniões). Caridade declinou do convite,
adotou a idéia de Clube do Mar - de autor desconhecido -, declarou o dia 21 de julho como data histórica da fundação e colocou o nome em discussão.
Clube do Leme venceu com 24 votos, contra seis para o Clube do Timão, cinco para Clube do Navio e Clube da Proa Bulbosa, três para Clube do Mastro e
dois para Clube da Hélice, não se apurando, por já desnecessária, a votação para Clube do Mar.
Por fim, Caridade propôs como primeiro presidente um dos responsáveis pela organização do
encontro, o representante da Wilson Sons, Cláudio Marote, que todavia declinou, alegando compromissos particulares. Mas, em vista do apoio da
maioria dos presentes àquela indicação, Caridade propôs um mandato-tampão por seis meses, e, dessa forma, às 14h35, o clube elegeu Cláudio
Marote como primeiro presidente.
Cláudio então indicou Caridade, Waldyr Pierry (da Pandibra) e Aguinaldo Rodrigues (da
Rodrimar/Eurobrás) para com ele formarem um conselho de organização; em seguida, marcou para 18 de agosto a próxima reunião-almoço, com duração
oficial máxima de 90 minutos.
Ao final da reunião, declarou a esta coluna que a indicação de seu nome o pegou de surpresa,
mas que vai tratar de congregar o pessoal para nos próximos seis meses formar o clube. E acrescentou: "Não me considero presidente, mas como
encarregado de organizar o clube, junto com os demais eleitos para essa função".
Associados e diretores do Clube do Leme confraternizaram com autoridades regionais, no encontro de
28/11/1985 realizado no Santos-São Vicente Golf Clube, em São Vicente/SP.
Ao centro, o presidente de honra, capitão dos Portos Sérgio Ribeiro de Vasconcellos
No canto esquerdo, o então presidente da Codesp, Hélio Nascimento
Foto publicada em Marinha Mercante/OESP em 3/12/1985
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