MONUMENTO DO PICO - Erigido em 1922 no local onde 130 anos antes a Câmara de São Paulo
mandara construir um monumento ao governador Lorena.
É o ponto mais alto da Calçada do Lorena
3.1.3. O
Monumento do Pico da Serra
Monumento em pedra, a Calçada teve três (nenhum por iniciativa de Lorena). O primeiro,
mandado erigir pela Câmara de São Paulo, na conclusão da obra, em 1798. O segundo por Washington Luiz, em 1922, no Caminho do Mar, abrigando duas
lápides que pertenceram ao primeiro monumento. E o terceiro construído pelo prefeito Firmiano Pinto, igualmente em 1922, a pedido de Washington
Luiz, no pico, isto é, no ponto mais alto da Calçada, local onde fora construído o monumento de 1790. Os dois últimos subsistem e do primeiro restam
as duas lápides mencionadas.
Além desses, a carta que Frei Gaspar enviou a Lorena cumprimentando-o pela obra é um
autêntico monumento.
3.1.3.1. A homenagem de 1790
O Senado da Câmara de São Paulo, em 1790, resolveu prestar uma homenagem a Lorena,
fato comunicado àquele capitão general no rebuscado estilo da época: "Acordamos de levantar um monumento de nativo mármore (SIC) no Alto da dita
Serra do Mar com a inscrição junta onde leia respeitoso caminhante o nome sempre ilustre e Amável de V. Excia."
As razões, explicam, seriam as "magníficas obras de ornato" empreendidas por Lorena,
as quais, "sendo meditadas em quase a um tempo concluídas, principalmente aquela do primeiro Canal de seu Comércio, que V. Excia. acaba de
segurar-lhe terraplanando e calçando-lhe a Serra mais bravia e intransitável".
Em sua resposta à Câmara, vazada em termos elegantes, Lorena declina da homenagem,
concluindo com a frase: "Estas mesmas razões me privam de poder aceitar o obséquio da Câmara desta cidade que está atualmente empregando os seus
poucos rendimentos nas obras públicas, do que eu mesmo sou testemunha; entretanto, fico conservando um melhor monumento na carta de V.M."
Mas o monumento foi erigido e dele Kidder nos dá notícia em seu livro.
3.1.3.2. Descrição
O próprio Lorena fez uma rápida descrição do monumento em carta que dirigiu a Martinho
de Mello e Castro, em 1792, dando conta da conclusão da estrada: "No Pico colocou-se uma Pedra na figura de um Paralelogramo Retângulo, em face da
qual se lê o Reinado e Era em que se concluiu a obra, e por baixo - Omnia Vincit Amor Subditorum".
Duas dessas placas foram encontradas por Washington Luiz, em 1922, e afixadas ao
"Padrão do Lorena", monumento existente no Caminho do Mar. Numa colocada bem na frente dessa obra, pode-se ler "Omnia Vincit Amor Subditorum",
e é totalmente diferente da outra colocada no corpo central do monumento levando a inscrição: "FES SE ESTE CAMINHO NO FELIS GOVERNO DO ILLº E EXº
BERNARDO JOSÉ DE LORENA GENERAL DESTA CAPITANIA" - esta última placa de acabamento visivelmente mais cuidado.
Monumento em São Paulo, àquela época, era coisa de grande raridade. Na cidade, talvez
só o pelourinho o antecedesse. Depois dele, tivemos o chafariz da Misericórdia - obra dos mesmos engenheiros militares que construíram a Calçada -
executado por um pedreiro cujo talento se tornou lendário: Thebas.
3.1.3.3. O Monumento do Pico
Envolto pela bruma da serra e do tempo, solitário e abandonado, existe no Pico, ponto
mais alto da Calçada de Lorena, um obelisco de linhas elegantes e sóbrias.
Erigido em 1922, nasceu para ser esquecido. Por essa época, a calçada estava há muito
abandonada, utilizada apenas como estrada de manutenção pelas turmas de reparo das concessionárias de serviços públicos.
Afastado do Caminho do Mar, e com acesso interditado ao público, o obelisco acabou por
cair no esquecimento total.
A história desse monumento é simples: Washington Luís, à época em que empreendia a
construção dos pousos do Caminho do Mar, solicitou ao prefeito de São Paulo, Firmiano de Moraes Pinto, que edificasse um monumento no local onde
outrora existira o outro, construído em 1790 pela Câmara de São Paulo, em homenagem a Lorena pela construção de sua famosa calçada.
À semelhança do próprio monumento, ficou esquecido o nome de seu autor. A resposta
talvez venha a ser encontrada em algum arquivo oficial. Enquanto não for, estamos diante de um antigo problema da história da arte: a atribuição de
autoria. Por análise estilística, não temos dúvida em atribuir essa obra ao autor dos Pousos do Caminho do Mar: Victor Dubugras.
O monumento basicamente consta de um corpo central, em forma de peanha arrematada
superiormente por uma esfera armilar, assentado em base prismática de seção quadrada, na qual havia três placas de bronze. Este conjunto se assenta
em um lajeado de pedra, elevado do chão, contando com três degraus. Ao fundo, na face voltada à serra, o conjunto é arrematado por um guarda-corpo
em cujas extremidades havia dois pináculos piramidais. Tudo em granito.
O obelisco pode ser visto do Caminho do Mar, à esquerda de quem
desce, nas proximidades do marco do quilômetro 42 no planalto, e, de um outro ponto, no meio da serra, em uma curva com um muro de proteção
listrado, logo abaixo do cruzamento com os canos que conduzem água à hidroelétrica de Cubatão.
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