PONTA DA PRAIA ATRAI PROJETOS IMOBILIÁRIOS - O bairro da Ponta da Praia vive processo de
evolução crescente, estimulado por novos empreendimentos imobiliários. E que transforma sua estrutura esportiva de lazer
Imagem: reprodução parcial da primeira página de A
Tribuna de 4/1/2010
EXPANSÃO
Na mira do mercado imobiliário
Além da construção civil, local também vivencia a transformação de sua
tradicional estrutura de lazer esportiva
Luiz Gomes Otero
Da Redação
Um bairro que vive um processo de crescente
evolução, estimulada por novos empreendimentos mobiliários. E que também vivencia a transformação de sua tradicional estrutura de lazer esportiva.
Assim pode ser descrita a situação da Ponta da Praia, um dos bairros de Santos mais visados pelos empresários do ramo da construção civil, em
função de sua localização e infra-estrutura.
De acordo com o censo realizado em 2000 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), a Prefeitura estima a população do bairro em torno de 30.440 habitantes, uma área de 1.8 milhão de metros quadrados.
Além de abrigar
a sede do 6º Batalhão da Polícia Militar (PM), a Ponta da Praia concentra ainda atrações turísticas importantes como o Museu de Pesca e o Aquário
Municipal, este último um dos pontos mais visitados do Estado de São Paulo. Há ainda o Museu do Mar, mantido pelo biólogo Luiz Alonso, que se
tornou referência no bairro.
A pesca também tem outros símbolos na Ponta da Praia. Além do Mercado de Peixe, na Praça Gago
Coutinho, o bairro abriga o Terminal Público Pesqueiro de Santos (TPPS). Inaugurado em 1958, ao lado do ferry-boat, o entreposto ainda
continua servindo como referência para armadores de pesca.
E é através da Ponta da Praia que o público que se desloca de Guarujá chega em Santos e
vice-versa. A travessia litorânea de balsas é a mais movimentada do Estado e se encontra saturada. O Governo do Estado estuda a construção de uma
ponte entre os dois municípios, que eliminaria a ligação por balsas.
Outra estrutura interessante do bairro está situada na Praça José Rebouças. Um complexo
esportivo mantido pela Prefeitura, composto por piscina, ginásio poliesportivo e quadras, além de um museu do esporte, serve como opção para quem
deseja passar momentos de lazer com os filhos.
Mas o detalhe que chama a atenção são os empreendimentos imobiliários, que vêm provocando
transformações no dia a dia do bairro.
Depois de inaugurado o Conjunto Residencial Jardins da Grécia, acabou por estimular a mudança do
perfil do comércio das imediações. Uma antiga padaria foi transformada em um empório de produtos finos, próximo do Canal 7. E uma clínica médica
foi implantada na Rua Rei Alberto I.
Se o sistema viário ainda não sente a sobrecarga dessa nova demanda populacional, por outro
lado, a comunidade vem reivindicando a ampliação de serviços essenciais, como por exemplo, na segurança.
Na Praça Rebouças, os moradores próximos estão solicitando a reativação de um posto policial,
como forma de inibir a concorrência de assaltos na área.
O comando da Polícia Militar chegou a divulgar a intenção de construir a sede de uma companhia
no espaço onde ficava o antigo posto policial na praça. Mas, segundo a Prefeitura, ainda não há uma previsão de quando o projeto será executado.
Presidente da Sociedade de Melhoramentos da Ponta da Praia, Cláudia Marangoni disse que a
entidade defende a intensificação das ações de segurança e ampliação da rede de atendimento social. "Temos problemas com os flanelinhas nas
imediações de igrejas e do Aquário Municipal, por exemplo".
A questão da remoção dos permissionários da Rua Áurea Gonzalez Conde, conhecida como Rua do
Peixe, deve ser definida em janeiro. Segundo a Prefeitaura, aguarda-se somente a definição da União quanto à cessão de uma área na Avenida Mário
Covas, que abrigaria os novos boxes para os permissionários.
"Esperamos que isso realmente se resolva. Não agüentamos mais conviver com o incômodo desse tipo
de atividade em plena rua. É preciso criar um espaço adequado para que eles possam trabalhar", concluiu Cláudia Marangoni.
Contrastando com os prédios já existentes, torres bem mais altas com novos e luxuosos
apartamentos estão sendo edificadas no bairro
Foto: Walter Mello, publicada com a
matéria
Uma farmácia com tradição de mais de 50 anos
Quem passa de forma apressada pela Rua Egídio Martins, na Ponta da Praia, pode não perceber um
detalhe interessante. A Farmácia Brasília, situada no número 234 da via, conserva intacto o mobiliário original da década de 50. O visual dá a
impressão de o visitante estar entrando em uma viagem no tempo.
Proprietário do estabelecimento, Walter Henrique, de 84 anos, disse que a idéia é procurar
manter viva a tradição do comércio, que foi um dos primeiros a se firmar no local.
"Não me considero um pioneiro da Ponta da Praia. Mas já vi muita coisa acontecer por aqui no
bairro. Lembro das chácaras e da atividade da pesca bem atuante no entreposto", recorda o comerciante.
O perfil do público consumidor vem se alterando, apesar de parte da freguesia da farmácia se
manter fiel durante todos esses anos. A vinda dos novos empreendimentos imobiliários começa a produzir uma transformação no comércio.
"É natural que as lojas procurem se moldar ao novo público que está se formando. Faz parte do
processo de evolução do comércio da Cidade", assinalou Walter Henrique.
No caso da Farmácia Brasília, o proprietário faz questão de manter o espírito do atendimento à
moda antiga. "Procuramos atender com um sorriso do primeiro ao último cliente, independente de quem seja. Queremos sempre fazer amigos, porque é
dessa forma que aprendi a trabalhar. E não pretendo mudar esse conceito", concluiu.
Walter Henrique, de 84 anos, um dos primeiros a se firmar no bairro
Foto: Alexsander Ferraz, publicada com a
matéria
Pastel da Henrique Soler é referência
Prestes a completar 50 anos da chegada ao Brasil, o japonês Akira Otani se tornou uma espécie de
referência para quem passa pela Ponta da Praia. Na Rua Henrique Soler, moradores e freqüentadores da via já experimentaram um de seus deliciosos
pastéis fritos na hora, que atraem a atenção inclusive de personalidades famosas mundialmente, como o Rei do Futebol Edson Arantes do Nascimento,
o Pelé.
Natural da cidade de Nagasaki, que foi arrasada por uma bomba atômica durante a Segunda Guerra
Mundial, Akira chegou ao Brasil com apenas 15 anos de idade. Trabalhou inicialmente no interior paulista, na região de Indaiatuba, plantando
batata e tomate. Aos 22 anos, chegou a Santos e logo ganhou do pai um carrinho feito de forma artesanal. E começou a vender seus pastéis, em um
tempo em que a Ponta da Praia ainda era pouco habitada.
"Tinha muitas chácaras que plantavam chuchu. E era comum muitos proprietários distribuírem a
produção excedente para quem passava próximo. Também colhíamos em terrenos que deixavam entrar", revela Akira.
Hoje, passados 43 anos de profissão como ambulante, Akira se tornou uma figura folclórica. É
impossível ficar indiferente ao seu jeito irreverente, que nem parece sentir os efeitos da idade (65 anos). "Aprendi a me comunicar com sua língua
na raça. No dia a dia, com o contato com os fregueses, fui aprendendo as expressões mais usuais. Posso ser considerado um autêntico autodidata",
concluiu.
Akira Otani está em Santos desde os 22 anos e já serviu até o Rei Pelé
Foto: Alexsander Ferraz, publicada com a
matéria
Personagem
CUSTÓDIO GOMES ANTÔNIO - 64 ANOS - Estabelecido há 40 anos na Ponta da Praia, o relojoeiro é
conhecido somente pelo apelido: Cleber. Ele explica que é o mesmo nome de sua antiga relojoaria na Rua Henrique Soler, batizada em homenagem ao
seu filho. "Com isso, as pessoas acabaram associando o meu nome com o da relojoaria, que na verdade é o do meu filho". Hoje em dia, Cleber já não
conta com a mesma freguesia de antes. Continua atendendo em um balcão ao lado da sua antiga loja
Foto: Alexsander Ferraz, publicada com a
matéria
Pontos de atracação devem ser ampliados
A Prefeitura estuda a implantação de mais dois pontos de atracação para embarcações de pequeno
porte na Ponta da Praia. A informação foi dada pelo prefeito João Paulo Papa.
Segundo o chefe do Executivo santista, a Prodesan está elaborando um projeto que irá definir a
melhor localização para os novos pontos. Atualmente há quatro pontos: Ponte dos Práticos, Ponte Edgard Perdigão, Clube de Pesca de Santos e o da
Marinha do Brasil.
"Entendo que a área comportaria pelo menos mais dois pontos de atracação. Mas isso precisa ser
bem discutido com a Marinha e com os demais órgãos que avaliam empreendimentos desse porte", assinalou João Paulo Papa.
Ele lembra que a tradição dos clubes é baseada nos esportes náuticos. "Como as agremiações devem
passar por um processo de reconstrução de suas sedes sociais nos próximos anos, é importante criar pontos que possam ser utilizados para essa
finalidade".
Atualmente, o Clube de Regatas Vasco da Gama já deu início à demolição de sua antiga sede, que
dará lugar a uma outra estrutura, de menor porte, na área frontal do terreno. Os fundos serão ocupados por um empreendimento imobiliário.
A situação deve se repetir no Clube de Regatas Santista. Segundo João Paulo Papa, o pedido para
demolição da estrutura do prédio, que está degradada há vários anos, deve ser encaminhado nos próximos dias.
"Há um compromisso da empresa responsável pelo empreendimento no Regatas Santista (Grupo Mendes)
de cumprir a legislação, ou seja, de reconstruir a sede no espaço da frente", assinalou o prefeito.
O Clube de Regatas Saldanha da Gama vive um processo semelhante ao da agremiação vizinha (Vasco
da Gama). Concluiu a venda de parte do terreno. E agora a diretoria irá definir os rumos para o futuro.
"Entendo que a aprovação da lei foi oportuna, pois permitiu que a atividade esportiva
desenvolvida pelos clubes fosse mantida", finalizou João Paulo Papa.
Intenção da Prefeitura é assegurar mais espaço e atender maior número de embarcações de menor
porte
Foto: Walter Mello, publicada com a
matéria |