Neste bar, Barbosa se reuniu com moradores e prometeu abrir uma estrada
História da luta por uma estrada
Os moradores não se conformam: o prefeito Paulo Gomes
Barbosa jurou em nome das filhas que abriria uma estrada no alto do Bufo, mas até agora não cumpriu a palavra e não demonstra intenção de fazê-lo.
Ao invés disso, anuncia a abertura de uma estrada no Monte Serrate, que beneficiará um número reduzidíssimo de famílias.
Há anos o pessoal do Bufo sonha com um acesso para carros e luta por ele. Seria o fim de situações
inconvenientes e desagradáveis, como ter que carregar doentes no colo e material de construção, botijões de gás e outros volumes nas costas.
O que se diz lá no morro é que a Prefeitura só não executou a obra por falta de boa vontade, pois o Caminho São
Miguel e a Rua Marechal Deodoro (antiga Santa Valéria) têm largura suficiente, bastando melhorá-las e alargar a Santa Isabel. Por meio dessa
última se chega ao Morro de São Bento e, partindo-se de lá, chega-se a qualquer ponto de Santos. O mais complicado seria entrar em acordo com os
proprietários de imóveis na Santa Isabel. Complicado, mas não impossível.
João Pereira da Silva conta que os moradores começaram a reivindicar a estrada em 1968, na gestão do ex-prefeito
Sílvio Fernandes Lopes. Quando o interventor Clóvis Bandeira Brasil assumiu, entraram novamente com o pedido. E todos ficaram muito animados
quando ele anunciou a desapropriação de dois imóveis (ligações 124 e 165), conforme o processo 31.642/72 e o Decreto 4.157, de 9 de agosto de
1973. Estava dado o sinal de partida para as obras, mas as desapropriações nunca se efetivaram.
No tempo do ex-prefeito Antônio Manoel de Carvalho, os moradores fizeram abaixo-assinados e novas investidas.
Participaram de seis reuniões com ele, segundo João Pereira da Silva, mas no final das contas o processo acabou arquivado.
Sem nunca perder o fôlego e a esperança, o pessoal manteve entendimentos com o ex-prefeito Carlos Caldeira
Filho. E tudo caminhava muito bem, porque ele determinou a execução do projeto da via. Todos estavam certos que finalmente ganhariam a estrada,
mas Caldeira encerrou seu mandato repentinamente.
Quando Paulo Gomes Barbosa assumiu, o projeto estava prontinho. Bastava executá-lo. O prefeito esteve no morro,
conversou com os moradores, foi até o Bar da Maria com alguns deles e jurou, em nome das filhas, que abriria a estrada. A promessa voltou a ser
repetida duas outras vezes, em seu gabinete. Falou novamente nos filhos, cujas fotos estão expostas em seu gabinete, conforme o testemunho de João
Pereira.
Barbosa falou, prometeu. E limitou-se a isso.
Nos vários lixões, proliferam os ratos que atacam as crianças
Lixões e ratos entre as crianças
Faz tempo que a Prefeitura não assenta um único tijolo nos
morros Bufo-Fontana. Tudo está muito abandonado por lá, os caminhos esburacados e cheios de mato, o lixo acumulado nas encostas e os ratos se
esgueirando pelos cantos das casas e atacando crianças.
O pior lugar é o alto do Bufo, onde não há coleta de lixo ou caçambas para depositá-lo, obrigando os moradores a
jogá-lo pelos cantos, com todos os perigos para a saúde que isso representa. Nada menos que quatro lixões contribuem para a proliferação de
ratos, moscas e outros insetos.
Um deles fica na São Miguel com Marechal Deodoro, bem acima do túnel, e pode haver um acidente de proporções
incalculáveis caso os detritos desabem num dia de chuva, arrastando tudo que houver pela frente. Há um lixão na mesma São Miguel, na
encosta voltada para a Santa Casa, e outro mais adiante, ao lado da ligação 98.
Outro lixão perigoso é o da Viela Santa Tereza. Fica perto de um tipo de praça, onde poderia ser
construída uma escola ou uma creche, conforme reivindicam os moradores.
O pessoal já cansou de reclamar contra esse problema do lixo, e o prefeito Paulo Gomes Barbosa chegou até a
anunciar a urbanização da encosta acima do túnel - tudo muito bonito, com plantas, flores e uma cascata - para pôr fim a um dos lixões.
O trecho foi limpo, mas, sem o indispensável serviço de coleta no alto do morro, formou-se um novo lixão.
Os ratos passeiam pelas casas e quintais, e volta e meia se ouve dizer que morderam alguma criança. Isso pode
continuar assim?
Só buracos - Fica difícil apontar um caminho em boas condições no alto do Bufo. A grande maioria está
esburacada, cheia de mato, com as tubulações de águas pluviais à mostra. Tubulações que, aliás, os próprios moradores implantaram em regime de
mutirão, depois de carregá-las nas costas por escadarias irregulares.
O descaso do Poder Público não é de hoje, mas se acentua a cada dia e ninguém sabe o que fazer. O morador João
Pereira já cansou de denunciar a invasão de áreas públicas: uma delas foi doada por Júlio Keiffer há muitos anos atrás, para construção de uma
caixa de água, e a outra corresponde a um trecho da Viela Santa Teresa, que um proprietário simplesmente ocupou quando ampliou sua casa. Alguém
tomou alguma providência?
Em seu relatório sobre as condições do morro, o IPT localizou pontos instáveis e, para evitar tragédias,
recomendou a impermeabilização de valetas, remoção de bananeiras e plantio de faixas de bambu e implantação de escadas de água e canaletas. Algo
foi feito?
Na parte baixa do Bufo-Fontana, constata-se o péssimo estado em que se encontram trechos do Caminho Santa
Marina. A tradicional bica do Caminho Nossa Senhora de Lourdes, que abasteceu muitas casas quando não havia água encanada, encontra-se abandonada,
apesar de ser uma das poucas tradicionais nascentes de Santos por onde jorra um líquido potável e cristalino.
Outro velho sonho de muita gente é ver o Caminho Nossa Senhora de Lourdes alargado, permitindo o acesso de
carros até o Largo do Camacho. Os caminhões de lixo poderiam subir e os moradores se veriam livres da caçamba malcheirosa, que atrai insetos e
ratos. E, quem sabe, ao abrir a estrada, a Prefeitura se lembre de desobstruir as ineficazes galerias de águas pluviais. |