Protagonistas de um espetáculo na orla
Flores, de espécies e cores diversas, tornam ainda mais exuberante o maior jardim de orla
do mundo. Beleza que, muitas vezes, passa despercebida pelas milhares de pessoas que freqüentam a praia diariamente. Por toda parte que se passe, lá
estão elas, deixando o caminho mais alegre com um colorido que contagia, tranqüiliza e acaba com qualquer baixo-astral.
COLÍRIO - Mais de 50 espécies de flores e
folhagens fazem parte do jardim,
tratado com extremo cuidado
Foto de Walter Mello, publicada com a matéria
Beleza do jardim da orla passa despercebida
Nem todos mostram interesse de parar e admirar o encanto e a variedade de cores
Da Reportagem
Quando vão à praia para tomar sol, nadar, caminhar ou
correr, muitos santistas deixam passar despercebida a beleza das flores que enfeitam o jardim da nossa orla.
Por toda parte que se passe, lá estão elas, deixando o caminho mais alegre com um
colorido que contagia, tranqüiliza e acaba com qualquer baixo-astral. Para que os 813 canteiros que seguem do José Menino até a Ponta da Praia
estejam sempre bonitos, 40 pessoas da Coordenadoria de Parques e Jardins (Coparq), da Secretaria de Obras e Serviços Públicos (Seosp), trabalham
todos os dias, em horário integral.
Entre as tarefas da equipe, que se dedica exclusivamente à praia, estão a limpeza dos
canteiros, o corte da grama, poda, adubação, plantio e a produção de mudas.
O gosto que alguns jardineiros demonstram pelo que fazem talvez seja o segredo do viço
do jardim, que está incluído no Guiness Book por ser o maior jardim de orla do mundo, com seus 5.314 metros de
extensão.
"Eu defino meu trabalho como uma terapia. Lido com as flores, de frente para o mar.
Esqueço até das dívidas", afirma João Alves de Mendonça Neto, que há 16 anos trabalha no jardim da orla.
Mendonça Neto chega a fotografar as plantas durante todas suas fases, desde o plantio
até quando as flores começam a brotar, e monta murais que exibe com orgulho. "Me sinto honrado em trabalhar aqui. Este jardim está cada vez mais
bonito".
Também jardineiro, Voluciano dos Santos, que cuida do jardim da orla desde 1978,
afirma com convicção que o trabalho dá mais prazer a cada dia que passa. "Porque o jardim está sempre ficando mais bonito. Como gosto do que faço,
sou interessado em me aprimorar e aplicar meus conhecimentos, já que cada planta exige um cuidado diferente", diz Santos.
Mais de 50 espécies de flores e folhagens fazem parte do jardim da orla, sendo que as
mais predominantes são os lírios e os biris (conheça algumas nos quadros). Mas há ainda coreopsis, azulzinha, mavavisco, roheo,
iresine, boa-noite, abacaxi, entre outras.
De acordo com o coordenador da Coparq, João Luiz Cirilo Fernandes, a tática para fazer
com que toda a população cuide do jardim, e não apenas a equipe responsável, é deixá-lo o mais bem cuidado possível. "Se você vê um monte de lixo no
chão, não vai ver muita diferença em jogar um papel de bala a mais. Se está tudo muito bonito, a pessoa se sente até constrangida em estragar. E
está dando certo. As pessoas elogiam", garante Fernandes.
Segundo ele, que está no cargo há seis anos, um problema que a equipe enfrentava era o
dos atletas que insistiam em fazer cooper sobre a grama. "A solução foi colocar canteiros de flores no meio do caminho, desviando o pessoal para a
calçada. A situação foi resolvida".
Colorido - Fernandes detalha que a inserção de um número sempre maior de cores
no jardim não vem acontecendo por acaso. Novas espécies chegam constantemente. "Antes, o verde predominava. Para acabarmos com o monocronismo,
estamos contando com a assessoria do paisagista Oswaldo Casasco, que também capacitou os funcionários com cursos de jardinagem, mudando a forma de
trabalho do pessoal".
A espécie Zínia é uma das quais o coordenador cita como das mais recentes. Algumas
mudas são cultivadas no Jardim Botânico, mas a maioria cresce ali mesmo, nos canteiros da praia, sob a supervisão dos jardineiros".
Histórico - A idéia de construir o jardim foi do engenheiro sanitarista
Saturnino de Brito, que fez um estudo em 1914 sobre o assunto. Em 1920, alguns jardins começaram a aparecer no Gonzaga e Boqueirão, como explica o
coordenador Fernandes.
O primeiro projeto foi elaborado entre 1935 e 1939. "Mas as curvas do jardim foram
desenhadas em 1960 pelo agrônomo Armando Martins Clemente. A partir daí surgiram as estátuas e monumentos".
Além das flores e folhagens, ainda estão no jardim 900 árvores de 25 espécies,
predominando o chapéu-de-sol; e 1.096 palmeiras, de 21 espécies.
Os jardineiros João Alves (de boné) e Voluciano
chegam a considerar o serviço uma terapia
Foto de Walter Mello publicada com a matéria
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