HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS -
ORLA
Santos tem o maior jardim praiano do mundo-1
O título é oficial: foi
confirmado em 2002 pela equipe do
Livro dos Recordes (Guiness Book of Records):
os jardins da praia de Santos são considerados os de maior extensão em todo o mundo. Está transcrita no final
desta página a informação divulgada pela Prefeitura Municipal de Santos sobre esse recorde, que deverá constar na edição impressa anual do famoso
livro a partir de 2003:
Página Web do Livro dos Recordes com o registro sobre os jardins santistas,
recorde reconhecido em 2002
Detalhe que causa certa confusão é a "pequena" diferença entre a extensão das praias e a dos jardins: embora
existam sete quilômetros de praia contínua, a extensão dos jardins é de "apenas" 5.335 metros, totalizando 218,8 mil m².
Origens - Em sua Poliantéia Santista (3º volume, Editora Caudex Ltda., São Vicente/SV, 1986), o
pesquisador Fernando Martins Lichti conta como a criação dos jardins evitou inclusive que toda essa faixa de terreno fosse ocupada por um segundo
paredão de prédios particulares, a exemplo do que chegou a ocorrer próximo à divisa com São Vicente, no José Menino:
José Menino e Ilha Urubuqueçaba em 1902, em tela de
Benedito Calixto
O ponto alto da urbanização e ajardinamento de Santos é os jardins da praia (José Menino,
Gonzaga, Boqueirão, Embaré e Ponta da Praia), que formam um conjunto florístico de mais de sete quilômetros de extensão, com a média de 60 metros de
largura, verdadeiramente incomparável. Seu início ocorreu em 1936, quando era prefeito o engenheiro Aristides Bastos Machado.
Jardins das praias santistas
Foto: Decom/PMS
O
governo federal, desde 1920/1922, concedera a Santos os terrenos da praia (que eram considerados de marinha), porque muitos particulares abastados
estavam querendo apossar-se daqueles terrenos, para construção de residências valorizadas.
A verdade é que, decorridos dezesseis anos, os vários prefeitos da cidade não haviam tomado conta
da área marítima e Santos estava prestes a perdê-la em favor daqueles mesmos particulares, que voltavam à tentativa de apossamento.
O único meio de salvar tais terrenos seria iniciar sua posse, pela construção de logradouros
municipais. Foi o que fez Aristides Bastos Machado. Iniciou a primeira fase dos jardins, entre o Gonzaga e o Boqueirão, mais um pedaço na direção do
José Menino.
Jardins das praias santistas
Foto: Decom/PMS
Depois
dele, o prefeito A. Gomide Ribeiro dos Santos realizou outra grande parte, na direção da Ponta da Praia. Depois veio o prefeito Antônio Feliciano,
que, apaixonado pelos jardins praianos, construiu a parte do José Menino, melhorando as outras já construídas, enfeitando-as com obras-de-arte,
calçadas e pisos em mosaico português.
Outros prefeitos, como Sílvio Fernandes Lopes (em seu primeiro governo -
de abril de 1957 a abril de 1961), completaram o que faltava, tornando ainda mais belos e mais perfeitos os já famosos jardins santistas, dotando-os
também de iluminação, cada vez maior e mais moderna. Foi Sílvio Fernandes, desde o seu primeiro governo, quem descobriu o meio ou novo processo de
manter sempre floridos os sete quilômetros ajardinados - imitando, aliás, o que já se fazia em São Paulo.
Jardins das praias santistas
Foto: Decom/PMS
A
ciência ecológica, dentro da ciência botânica, exige muito dos técnicos em parques e jardins, desde o estudo das condições das terras de plantio até
o das condições de clima (temperatura, ventos, chuvas, altitude, insolação etc.), para que possam tais técnicos contar com bons exemplares, boas
florações; saúde, força e beleza, enfim, das suas plantas floríferas e de folhagens ornamentais.
Jardins das praias santistas
Foto: Decom/PMS
Também
para manter uma floração permanente em meio ao verde dos gramados, torna-se necessário o conhecimento das épocas de floração de cada planta ou grupo
de plantas. Como essa escala seria difícil de praticar, senão impossível, num parque-jardim de sete quilômetros de extensão, o melhor e quase único
processo encontrado (verdadeira invenção) foi o de plantar, cultivar e aperfeiçoar as espécies, em vasos de barro, maiores ou menores, em terras
escolhidas e adubadas adequadamente - sempre considerando a posição dos nossos jardins praieiros, por demais expostos aos ventos marítimos, a
rajadas -, vasos esses que eram e são enterrados nos canteiros indicados, substituídos periodicamente por outros vasos com outros tipos de flores,
próprias de outros meses, e assim por diante, sempre que cumprido o período de floração das plantas anteriores.
Jardins das praias santistas
Foto: Decom/PMS
Foi
assim que as praias de Santos se transformaram em jardins de floração permanente, como num milagre que o homem comum não compreendia, sempre cheios
de beleza, das formas e das cores, dos agapantos brancos e roxos, periquitis, lírios, caetês e biris de vários tons, hemerocális, açucenas,
petúnias, margaridas, bocas-de-leão, tagetes, sempre-vivas, azaléas de duas ou três cores, cambulhões, junquilhos, espadas-de-São-Jorge, iúcas,
agaves, piteiras, gravatás, de grande efeito ornamental, cercados de gramados extensos e sempre verdes, tecnicamente aparados, denotando assistência
e conservação, caracterizando os jardins, e em torno ou intercalados, palmeiras e coqueiros de diversos tipos, nacionais e africanos, milhares de
amendoeiras ou chapéus-de-sol (planta indiana bem aclimatada no Brasil), e mais alguns espécies de folhagens e sombra, caracterizando o parque, onde
milhões de pessoas buscam momentos felizes, durante todo o ano.
Grande parte daquelas plantas floríferas figura entre as plantadas em vasos e substituídas de
período em período, para que se mantenham sempre belos e coloridos os nossos jardins.
Jardim Botânico - Para que isso fosse conseguido através dos anos, o Horto Municipal
- que desde o princípio do século XX funcionava no fundo do bairro do Jabaquara, ao fim da Av. Rangel Pestana (junto ao morro daquele nome) - foi
extinto, criando-se novo e grande Horto no bairro do Bom Retiro, onde, técnica e cientificamente, sob a direção de engenheiros especializados, são
plantados, produzidos e selecionados as espécies e exemplares que devem ir para os parques-jardins da praia ou para os jardins de outros pontos da
cidade.
O Horto Municipal passou a denominar-se Chico Mendes em 1989, e foi transformado,
pelo prefeito David Capistrano FIlho, em Jardim Botânico Municipal de Santos, a 25 de setembro de 1994, dele recebendo grande impulso. É um lindo
parque ecológico, com 90 mil m², situado na Rua João Fracarolli, na Zona Noroeste. Além dos canteiros de mudas, estufas, sementeiras, mantém mais de
uma centena de diversificadas plantas. É um local aprazível, com lagos, sombras, bancos, play-ground e muito espaço para lazer das famílias. |
Urbanização - Em foto de 29/11/1973 feita pelo antigo jornal Cidade de Santos (e cedida pelo
professor Waldir Rueda), vê-se funcionários da Prefeitura de Santos colocando o mosaico português na orla da praia no Bairro do José Menino:
Novas fotos (do arquivo do professor Waldir Rueda) foram feitas pelo mesmo jornal (note-se no canto esquerdo das
fotos a perua Kombi amarelo-ouro da reportagem...) em 1/7/1975, ainda na praia do José Menino, próximo à divisa com São Vicente:
E vale registrar que Santos tem outros jardins públicos ou assemelhados, além de praças ajardinadas, destacando-se o
Orquidário Municipal (bairro do José Menino) e a Lagoa da Saudade, esta no morro da Nova Cintra.
Publicações - Na edição de janeiro de 1945 da revista santista Flama, consta a informação de que
naquela época Santos já contava com 10 mil árvores plantadas, estando em construção o Orquidário e tendo sido recentemente entregues ao público o trecho
final do jardim praiano (entre o Aquário Municipal e o final da praia), além do existente na confluência do Canal 5 com a Avenida Epitácio Pessoa.
Na edição especial comemorativa dos 80 anos da Sociedade Humanitária dos Empregados no
Comércio, em 1959, era comentado:
Há trinta anos o santista não sonhava que Santos possuiria praias que viessem a ser das
mais belas do mundo. O mato, naquele tempo, crescia por todos os lados, inclusive junto à areia. Não se pensava em jardins. Poucas, raras
residências, espaçadamente, quebravam a monotonia das praias santistas. Não havia atrativos. Não havia conforto. Não existiam hotéis. Apenas uma
fileira de cabines para banhistas, na areia, perto do mar. Os trilhos
dos bondes para São Vicente, José Menino ou Ponta da Praia, ficavam expostos, no dizer de alguém como dentes cariados... Entre os dormentes,
o mato. Dos lados, pedregulhos, como nas estradas de ferro. Detritos de toda a ordem eram encontrados, aqui e ali. Esse o quadro das praias
santistas. Ninguém pensava no futuro.
Acontece, porém, que os anos iam passando. Um belo dia surgiram os jardins, dando às praias
nova fisionomia. Retiraram as cabines da areia. Depois de muitos anos, novamente se preocuparam com as praias. Rasgaram avenidas. Asfaltaram-nas.
Colocaram luz fluorescente. Mosaico português no canteiro central e nos passeios. E Santos passou a atrair o turismo, sendo, hoje, sem favor uma das
praias mais belas do mundo.
Praia do Gonzaga em 1929
Foto publicada na edição dos 80 anos da Humanitária
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Prefeitura - Esta é a informação
divulgada pela Prefeitura Municipal de Santos sobre o recorde do Guiness:
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Jardins
da Praia de Santos entraram para o Guinness |
É oficial. Depois de muita pesquisa, os editores do Guinness Book of Records, o livro dos recordes,
finalmente incluiu o jardim da orla de Santos como o jardim frontal de praia de maior extensão do mundo.
São 5.335 metros de extensão distribuídos ao longo de sete
quilômetros de praias, ou 218 mil e 800 metros quadrados, que vão do José Menino à Ponta da Praia. Estão incluídos no website do Guinness; este
será o primeiro passo para que Santos figure na edição impressa de uma das publicações mais lidas do planeta.
De acordo com um dos responsáveis pela edição inglesa do
Guinness, Stuart E.F. Claxton, a inclusão na edição impressa do livro só se dará próximo ao final do ano, em data próxima ao fechamento da
edição anual do livro. |
"Esta é uma decisão editorial mais complexa, que só
deverá acontecer no final do ano", informa Claxton, em um fax enviado para a Secretaria de Esportes e Turismo (Setur), responsável pelas
conversações com a editora inglesa responsável pelo Guinness Book.
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Além de pedir material fotográfico e informações sobre os
jardins, que servirão para ilustrar o espaço designado dentro do website, em sua mensagem, um certificado foi enviado para a Prefeitura,
confirmando o recorde. |
CORES
Lembrando um tapete colorido, o maior jardim urbano de orla
marítima do mundo é enfeitado por biris (flores vermelhas), lírios (amarelos), crinuns (brancos), margaridas e coleus. Todas do tipo perene, ou
seja, mais resistentes ao clima da região, que apresenta umidade, salinidade e vento. |
Essa característica permite que o jardim esteja
florido por mais tempo durante o ano. Para manter o conjunto de mais de 100 espécies de flores, plantas e palmeiras em perfeito estado, uma
equipe de 38 jardineiros da Prefeitura presta dedicação exclusiva e diária, adubando e refazendo canteiros. Um trabalho artesanal, já que
cada espécie pede cuidados diferenciados.
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Caçada
deu origem a uma das publicações mais lidas do mundo |
No início do século XIX, o nome Guinness já era famoso em toda
Europa.
A
Guinness Brewery, uma cervejaria localizada em Dublin, na Irlanda, fundada por Arthur Guinness, em 1759, era responsável pelo fornecimento da
maior parte da cerveja vendida nos bares de toda Grã-Bretanha.
Depois de se tornar fornecedora da família real britânica, a
empresa cresceu ainda mais e se tornou a principal referência em matéria de cerveja no continente europeu.
Em 1951, durante uma caçada , o então diretor do Grupo
Guinness, Sir Hugh Beaver, envolveu-se em uma discussão sobre o fato a tarambola dourada ser ou não a ave de caça mais veloz da Europa.
Novamente,
em 1954, surgiu uma dúvida semelhante envolvendo duas outras espécies de aves. Homem de grande visão, ocorreu, então, a Sir Hugh, que numerosas
dúvidas e disputas parecidas deveriam ser discutidas todas as noites, nos pubs (bares da Inglaterra) e que um livro que respondesse a essas
questões seria um enorme sucesso.
Sir Hugh designou para ao trabalho os gêmeos Norris e Ross
MacWhirter, que foram os primeiros editores do The Guinness Book of Records. Após um ano de intensas pesquisas, a edição foi finalizada em 27 de
agosto de 1955, contando com 198 páginas.
O livro logo tornou-se um best-seller. Desde então, já vendeu
cerca de 80 milhões de cópias em 40 diferentes países e em 37 línguas diferentes.
O livro relata os feitos mais incríveis já realizados pelo
homem, assim como os fatos mais curiosos e excêntricos. |
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