ROTEIRO DA INSEGURANÇA - 1
Foto: arquivo, publicada com a matéria
Manuel Alves Fernandes e Lane Valiengo
Denunciar a insegurança, durante muito tempo, foi
considerado um ato insensato, puro pessimismo. Ninguém acredita que as tragédias possam acontecer com elas. Só com os outros, e assim mesmo do outro
lado do mundo.
Mas hoje já se fala seriamente a respeito do perigo de destruição da Baixada Santista,
certamente a região mais insegura do mundo, tantos são os riscos. Riscos que vão desde o óleo despejado pelos navios até os produtos químicos
armazenados em toda a região, sem uma política efetiva de segurança, de prevenção de acidentes. Caminhões carregando tóxicos e inflamáveis continuam
circulando pelas ruas, oleodutos continuam vazando. O que aconteceria se um acidente - ou vários - de grandes proporções atingisse a Baixada?
Provavelmente a realidade supere em muito a imaginação.
Mas é possível ter uma pequena idéia.
O Roteiro da Insegurança começa, por essa razão, com a ficção.
Ou não será mera ficção?
Foto: arquivo, publicada com a matéria
A noite em que tudo explodiu
I
"Eu vi e não esquecerei jamais. Ele atravessou a pista da rodovia correndo. Parecia
uma tocha humana. Não ligava para os carros. Jogou-se no mangue, para tentar apagar o fogo. Também vi crianças correndo no meio do mangue que pegava
fogo, queimando os pés. Mas, elas se salvaram. O homem que vi correr na estrada apareceu morto no dia seguinte. Irreconhecível". Relato de um
sobrevivente da tragédia (que depois de tanto tempo, ainda tem pesadelos em que invariavelmente vê esta cena).
Senhoras e senhores:
Como nos filmes da Hammer (que produz cenas de horror), temos o dever de informar que
o que se vai ler é pura ficção. Trata-se de um exercício de Literatura para mostrar os riscos que a Baixada Santista corre, por causa da
falta de segurança que impera - com raras exceções - nas instalações industriais, nas rodovias e nos oleodutos que cortam a região.
Voltemos à história. A tragédia aconteceu de madrugada. Um cano de HCO rompeu-se numa
área densamente povoada. O duto, como sempre, apresentava-se em péssimas condições de conservação. Não era vistoriado há tempos e começou a gotejar
o produto horas antes de pegar fogo.
Os moradores da localidade não estranharam o cheiro. Estavam habituados a conviver com
ele há tempos. Apenas dessa vez era mais forte.
Muita gente dormia quando pegou fogo.
II
Os bombeiros chegaram ao local minutos depois do incêndio. Nada podiam fazer.
Ambulâncias e carros particulares levaram pessoas para os hospitais, onde os médicos retiravam roupa colada à pele. Muitos tinham queimaduras de
terceiro grau. Os bombeiros tinham medo do amanhecer, pois ouvia-se muita gente gritar no meio da madrugada iluminada pelo fogo.
O policial militar Pessoa se lamenta:
"Foi o pior acidente na minha carreira de 27 anos de serviço. Ouvi muitos gritos. Foi
um horror. Se eu tivesse pelo menos salvo uma criancinha, estava feliz".
O tráfego na principal rodovia da Cidade está interditado. Pessoa fala mal desses
tubos que conduzem HCO, lembra que todos os dias cruza com caminhões nas estradas com caveiras desenhadas nos tanques. Ninguém sabe o que eles
transportam. Mas, todos adivinham. Boa coisa não é.
O fogo acabou, mas ainda é noite. O comandante dos bombeiros olha a cena de horror e
comenta: "Parecia o incêndio de Roma".
Cristino Mendes da Silva, morador da localidade onde ocorreu a tragédia, lamenta: "Meu
barraco se salvou, mas que adianta se o resto da população morreu?"
III
Está começando a amanhecer. A gente simples do lugar quer chegar perto das cinzas e é
afastada pelos policiais. "Agora não adianta mais nada, vocês não têm nada o que fazer aqui. É trabalho só para os bombeiros". Abatidos, alguns
policiais perdiam o controle: "Cai fora! E daí que você tinha irmãos aqui? É terrível, eu sei, eu também estou sofrendo, mas não adianta ficar
aqui". Um PM empurrava, irado, um visitante teimoso, chegando mesmo a lhe dar um tapa. "Pode representar, o meu nome é Bizarro!"
Bem mais tarde, quando amanhecesse, o comandante dos bombeiros perderia também a
calma, tiraria o cinto e agrediria um morador que, aos berros, bêbado, afirmava que os bombeiros tinham chegado tarde. Na verdade, apurou-se depois
que a empresa responsável pelo duto não tinha avisado os bombeiros a tempo; tal como em ocasiões anteriores.
O velho Venício está chamuscado e conta como se salvou: "Minha mulher assistia
televisão quando sentiu o cheiro e me acordou. Velho, disse ela, tem um cheiro que arde o nariz. Eu fui até a porta e vi e gritei. Fogo, corre todo
mundo. Corri, empurrando as crianças e o fogo vinha atrás. Tive que me jogar no mato de desespero do calor. Uma filha e um neto morreram. Não tenho
mais lágrimas para chorar"...
IV
Amanhece de vez e o sol ilumina um campo destruído onde antes havia casas. Um bombeiro
entrou no meio dos rescaldos antes que o sol surgisse e retorna, trazendo nos braços um pacotinho enegrecido.
Pereira, o comandante dos bombeiros, velho coronel experimentado, chega perto, olha e
foge. Encosta a cabeça num poste chamuscado e começa a chorar convulsivamente.
Centenas de pessoas gritam e também choram ao ver no meio das cinzas os corpos dos
mortos. Venício, o velho que escapou, olha o que restou do barraco e se conforma: "Estamos sem eira nem beira. Vamos morar debaixo da ponte. Mas não
faz mal. Nasci nu".
A televisão leva a tragédia para todo o mundo. O governador visita a Cidade, de
helicóptero. Os corpos, colocados numa casa, são cobertos com lençóis para que o governador não fique impressionado. O presidente da empresa
responsável pelos canos onde corria o produto que pegou fogo confessa: "Nossa empresa tem culpa. Indenizaremos os familiares dos mortos".
Uma mulher sai gritando: "Não quero dinheiro. Quem vai devolver a vida do meu filho?"
Deputados criticam a empresa que não mantinha seus dutos em ordem. Os representantes das indústrias contra-atacam: "O Governo não apresenta nenhum
plano habitacional sério".
V
Quantos morreram na tragédia? Falava-se em 500 mortos, inicialmente. Como nas
tragédias anteriores, dizia-se que as autoridades esconderiam o número de mortos. Mais uma vez, as empresas responsáveis pela conservação dos dutos
alegavam ter sido um acidente. Mais tarde, se constataria que pouco fizeram para melhorar as condições desses equipamentos. Quem morreu?
Descobriu-se os corpos de Josefa de Lima, Edilma Soares, Manuel Tomé dos Santos, Amélia Alves dos Santos, Dalva Salvino de Lima, Antônio Teixeira de
Lima, Leda Gomes de Aragão, Wilson Fernandes Nascimento, Marcelo Henrique Ferreira... e de tantas outas pessoas - a maioria crianças com menos de
dois anos de idade. Dormiam quando o fogo começou. Uma família foi encontrada dentro de duas geladeiras. A mãe colocou os filhos em uma e se abraçou
à filha, dentro de outra.
Você acabou de ler uma história que na realidade ocorreu.
Não há ficção. Para os que têm memória curta, esta tragédia aconteceu no dia 25 de
fevereiro de 1984, na Vila Socó, por culpa da Petrobrás. HCO é um dos símbolos químicos da gasolina que vazou dos
dutos da empresa. Os nomes dos mortos (93 ao todo) são reais, assim como os dos demais personagens.
VI
O risco de um novo incêndio permanece. O Governo do Estado pretende construir um
conjunto habitacional no mesmo lugar onde se deu a tragédia. O comandante dos bombeiros, tenente-coronel Nilauril Pereira da Silva, que chorou de
impotência, por nada poder fazer, no dia do incêndio, deu uma entrevista a respeito da insegurança das instalações industriais da região, há poucos
dias. Veja o que disse:
"A tragédia da Vila Socó já foi esquecida, e as pessoas já passaram a defender o
uso de áreas tecnicamente inviáveis para moradia, sob o pretexto de que o homem deve morar onde puder. Foram contornadas dificuldades técnicas,
políticas, administrativas e até mesmo sociais, como se as vidas humanas pudessem ser indenizáveis".
Para ele, mesmo que a área seja aterrada, eliminando o risco de o combustível ficar
boiando no mangue, resta uma realidade: a inexistência de um sistema eficiente de segurança no oleoduto.
A realidade foi confirmada por um recente vazamento de nafta nas linhas da Petrobrás.
As falhas técnicas são apontadas hoje por pessoas, que, como seres humanos, estão sujeitas a erros. Por melhor que estejam aparelhados, os bombeiros
jamais evitarão tragédias semelhantes às da Vila Socó. Todas as pessoas responsáveis da região são unânimes:
O que houve na Vila Socó pode acontecer novamente.
Foto: arquivo, publicada com a matéria
Quando os ciclos se fecham
"Destruição. O chão se abrindo. Paredes desabando. Labaredas, explosões. Gritos de
desespero..."
Parou de ler, assustado. Havia achado aquele velho e empoeirado livro, páginas já
amareladas, numa de suas caminhadas pelas ruínas da cidade velha. Pensou que os antigos escritores de ficção deveriam ter um gosto especial por
tragédias. Por isso viviam inventando histórias sobre cidades desaparecidas, grandes catástrofes. Consciência culpada, certamente.
"De um lado o gás, cegando; do outro, o fogo, destruindo, caminhando sob a água, sob o
mar. O inferno na Terra. O fim dos tempos chegando. Não havia saída. Nuvens de poeira se levantando enquanto os prédios partiam ao meio..."
Estremeceu. Era apenas um livro, sabia. Mas não conseguia deixar de pensar: e se tudo
isso tivesse acontecido? O livro falava da Noite da Desolação, quando os tanques do distrito industrial, corroídos pela poluição, começaram a vazar.
Ao mesmo tempo, no Porto, numa falha de operação, grande volume de xilênio era derramado no mar. A descrição das conseqüências não poderia ser mais
negra.
"Primeiro foi a favela, a pobre favela. A noite estava quente e silenciosa. Era verão.
Os olhos começaram a arder e logo velhos e crianças tateavam no escuro, procurando apoio. Estavam cegos. Respirar se tornava difícil. Algumas
mulheres tentavam proteger seus filhos, abraçando-os. Alguns homens gritavam, alucinados, e se jogavam ao chão. Sempre esfregando os olhos. Muitos
já estavam mortos. Na estrada, os motoristas não conseguiam enxergar mais nada. Um caminhão derrapou, bateu no viaduto, explodiu. As chamas
atingiram outros carros, dezenas, centenas. A estrada ficou interrompida. Pelas janelas, pessoas pulavam dos ônibus, machucadas, feridas. Todos
gritavam..."
As páginas são viradas, as palavras não param de descrever o horror.
"No cais: o xilênio começou a cair na água. Os operários se afastaram, chegaram os
técnicos, correndo. Logo, todos os navios estavam cercados pelo xilênio. Alguns estavam carregados de explosivos. Sirenes, apitos, ordens, os
bombeiros chegando, jogando espuma, tentando evitar..."
Respirou fundo. Parecia produto da mente enlouquecida de algum fanático, pregando o
dia do Juízo.
"Não evitaram: uma faísca foi suficiente. E as explosões começaram. A
Ilha Barnabé se transformou em um fogo só, estremecendo a cada nova explosão. Os navios próximos se desintegraram. Mais
explosões. Tudo explodia, em cadeia. O próprio universo parecia em chamas. O óleo se espalhou pela água, antecipando a destruição. Chegou ao outro
lado. As pedras do cais começaram a ranger. E cair. Um estrondo e tudo desmoronou, a água invadindo as ruas. Não havia mais barreiras".
Fechou o livro. Quanta destruição, pensou. Sorriu ao lembrar que ali, na Estação
Ambiental do Quilombo, nunca aconteceria nada daquilo. Tentou recordar as lições de História na Escola Rural: salvo engano, a cidade velha foi
abandonada porque decidiu-se que os tempos tecnológicos mereciam novas estruturas, mais adequadas à natureza humana. Claro, seu bisavô costumava
delirar e falar em sede de poder e em homens oprimindo homens. O bisavô sonhava, certamente. Pois ninguém havia falado sobre catástrofes, muito
menos ecológicas. Nunca.
"O rastro flamejante percorreu toda a ilha. Levantou ondas de 200 metros. As praias
desapareceram, os prédios caíram. Corpos boiavam. Do alto dos morros, pessoas em chamas se atiravam. O bondinho
desprendeu-se, desceu velozmente, derrubou casas, arrastou os cabos, matou gente. A estátua do patriarca tombou. Milhares
corriam pelas ruas, o asfalto cedendo, se abrindo, o fogo se aproximando..."
Exagero mesmo! Quem, em sã consciência, poderia imaginar cenas tão horripilantes? Os
homens do passado deveriam estar sempre esperando pelo castigo divino. Talvez - quem sabe? - pensando em purificar o mundo. Ou querendo se livrar de
tantos erros.
Algumas páginas estavam rasgadas, faltavam pedaços. Mal dava para se ler. Falavam de
hospitais improvisados, acampamentos na Serra, lanchas e helicópteros recolhendo mortos. Poucos sobreviventes. Pulou alguns trechos.
"Poucos sobraram. Depois de um dia inteiro de fogo e destruição, não havia mais nada a
fazer. As autoridades haviam explodido as pontes, isolando totalmente a ilha. A Ponte Pênsil, a do
Rio Casqueiro, a da Piaçagüera-Guarujá: todas destruídas, para impedir que o fogo se propagasse.
Como se fossem visitantes do espaço, soldados e médicos percorriam os escombros, protegidos por roupas de amianto, revirando blocos de pedra,
procurando sabe-se lá o quê. E choravam, choravam muito. Finalmente o homem se defrontava com a destruição que ele próprio cultivou durante muitos
anos".
A leitura o havia deixado tenso, meio nervoso. Não podia compreender que prazer
poderia dar a alguém um livro daquele. Tétrico, sombrio, mórbido. Muito longe do clima de tranqüilidade que Santos vivia, em pleno 2485. A Cidade
era simples, sim, mas feliz. A maior parte da população dedicava-se à agricultura, no Quilombo, área protegida por
estratégicas e altas montanhas. Muitas palavras que leu naquele livro maldito não tinham significado para ele. Coisas como políticos, refinarias,
isocianatos, ácidos, dutos. Havia também algumas referências a estranhos locais, como Vila Socó, Bertioga,
Guarujá, Samaritá. O que seriam? Gostaria de ter conhecimento, mais informações.
Só para tentar entender o que o escritor pretendia mostrar.
O livro dizia que tudo havia sido destruído, nada restara. Como, nada? Santos ainda
existia, ele havia nascido ali, numa casa de madeira, sob a luz dos lampiões. Lembrava das hortas comunitárias da sua infância, das festas ao redor
da fogueira, da colheita do milho e da soja. Das frutas nas mais diversas árvores, dos pássaros de cores tão brilhantes quanto o sol.
Claro, conhecia bem a região. Sabia que a maior parte das terras era improdutiva.
Ressecadas, enegrecidas. "Solo saturado", ouvira seu pai falar. Havia também o grande mangue, onde ninguém deveria andar à noite: das suas
entranhas, contavam as lendas, saíam gases estonteantes.
Uma vez seu pai o levara, no lombo de um cavalo, ao deserto. Uma imensa área vazia,
desolada. Imprestável. Viu ferragens saindo do chão, retorcidas. Perguntou: o pai respondeu que um dia tentaram construir ali uma cidade. Mas o solo
engolia os alicerces das casas. Por isso o povo preferiu voltar para o Quilombo.
O deserto o impressionou. Plantas rasteiras, aqui e ali, cheias de espinhos. E
espalhando-se até as ruínas, restos de antigas habitações. Ali fazia muito frio, explicou o pai, e todos desistiram de viver naquelas casas. Só
isso. Aquelas escadarias? O pai, novamente: os antigos tentaram construir um lugar amplo, para as reuniões da tribo. Mas as paredes eram geladas e o
clima influenciava as pessoas, elas brigavam muito ali dentro.
Pensou nas imagens e comparou com o velho livro, o maldito livro. Não conhecia navios.
Talvez fossem grandes canoas, como aquelas que serviam para transportar banana. Mas não entendia a razão de se ter canoas tão grandes. Para ir
aonde, para levar o quê?
Distraído, leu mais um pouco.
"Por muitos e muitos anos, os sobreviventes carregaram na mente as cenas da tragédia.
Lembranças dos parentes mortos, dos corpos transformados em cinzas diante de seus olhos. Das ruas em que viveram e que já não existiam. Das vidas
que tiveram e que o fogo apagou. Das cruzes nos túmulos, das queimaduras no corpo..."
Largou o livro na rede que se balançava devagar: começava a chover, era preciso
trabalhar. Correu a abrir os barris de madeira e acionar o canalete de bambu, para armazenar água. Viu um quati perto do galinheiro mas não deu
importância. Tinha coisas mais sérias com que se preocupar. Amanhã, por exemplo, teria que separar as sementes de girassol, para plantio. A
temporada estava se iniciando.
"Tantas vezes foi feito o alerta: a Baixada explodirá se ninguém tomar providências...
Agora é tarde".
Naquela noite foi visitar o pai. Atravessou a cachoeira, passou pela área de secagem
dos grãos de café. E ouviu o uivo dos coiotes no alto do Morro da Cabeça de Negro. A vida era muito boa, pensou, rindo das bobagens que lera naquele
livro. Afinal, a safra de cana nunca tinha sido tão produtiva.
Estranhou a conversa que ouviu assim que chegou. Seu pai, o chefe da tribo, falava com
dois estranhos. Inflamados, eles contavam maravilhas de um produto que haviam descoberto, o MIC. E que serviria como combustível, para iluminar as
casas. E ainda para matar os gafanhotos e outras pragas, que costumavam atacar as cerejeiras e os morangos silvestres. Estremeceu quando ouviu os
dois homens falarem que bastaria construir alguns dutos, condutos, refinarias. Teve a sensação de que já ouvira aquelas histórias.
Não há perigo, os homens garantiam.
E falaram ainda de um novo mundo, cheio de mágica, um mundo fantástico, que
facilitaria a vida do homem, de todos os homens. Todos deixariam de trabalhar de sol a sol, teriam conforto, progresso, tranqüilidade.
Foi nesse momento que um trecho do livro, o livro amarelado, o livro das tragédias,
veio à sua mente:
"Que saibam todos que um novo mundo, a partir das cinzas geradas pela ambição, pelo
desprezo aos semelhantes, pela incompreensão, só poderá surgir quando o homem perceber finalmente que nada vale mais do que a sua própria
consciência. A consciência de que nada do que ele construa deve servir para dominar, oprimir ou ameaçar outros homens".
Naquela noite ele não dormiu.
Foto: arquivo, publicada com a matéria
|