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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - ESPANHA F.C./JABAQUARA
Vamos botar o Jabuca em campo? (3)

Uma ameaça tipicamente santista. Saia de perto se a resposta for: "Sim!"...
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No dia 1 de julho de 1985, o jornal santista A Tribuna publicou esta matéria:
 


Com as novas arquibancadas, o Estádio Espanha
terá condições de abrigar mais de onze mil torcedores
Foto: Juan Esteves, publicada com a matéria

3ª Divisão
O Jabaquara começa a construir o seu futuro

Edson Britto

No próximo dia 11 de agosto - tarde de domingo -, a torcida do Jabaquara terá uma surpresa quando for ao Estádio Espanha, na Caneleira, assistir ao jogo com o Mauaense pelo Grupo Verde do Campeonato Paulista da Terceira Divisão: nesse dia, a diretoria do clube estará inaugurando o primeiro segmento da arquibancada de concreto com 36 metros de comprimento.

"Mas isso é apenas uma primeira etapa", garante o presidente Luís Aloise, que dirige o clube pela segunda vez (a sua primeira gestão foi de 78 a 80). Aloise, 62 anos, empresário aposentado, sustenta que, até o final do ano, a diretoria pretende entregar todo o bloco lateral de arquibancada composto por três segmentos com 36 m cada. "Serão 108 metros que abrigarão pelo menos cinco mil pessoas confortavelmente", explica.

Segundo o presidente, a capacidade atual do Estádio Espanha é de aproximadamente seis mil pessoas - público das arquibancadas de madeira e setor da cabina de imprensa mais os torcedores que ficam em pé ao longo do alambrado. "Entretanto, com as novas arquibancadas que substituirão as de madeira, o estádio poderá abrigar pelo menos 11 mil pessoas, ficando, sem dúvida, como um dos maiores do Interior em termos de 3ª Divisão", diz.

Mas Aloise não gosta de citar muito o termo 3ª Divisão por achar que, a partir de agora, ele não se coaduna muito com o clube e também pelos próprios critérios adotados pela Federação Paulista de Futebol: "Apesar das dificuldades, o Jabaquara está em fase de expansão. A FPF, por sua vez, tem como filosofia acabar aos poucos com a terceira divisão, ficando apenas a 2ª e a 1ª. Antes havia 84 clubes na Terceira Divisão, hoje esse número foi reduzido para 39 clubes. O Jabaquara, não só pela sua tradição, mas também como um dos fundadores da Federação Paulista de Futebol, deveria ter subido este ano. Mas fomos traídos pelos homens da FPF. Eles alegaram que, se nós fossemos favorecidos, outros clubes de menor expressão poderiam entrar com recurso e causar problemas para a Federação. Assim, depois de tudo acertado, o Jabaquara acabou sendo preterido", salienta Aloise, num misto de frustração e esperança, sustentando porém que, com as obras, o clube começa a se projetar.

Obra e sacrifício - Segundo o presidente Aloise, o início da construção da arquibancada será o primeiro passo para implementar uma série de melhorias e dar motivação para a construção de um estádio que possa receber jogos até da 1ª Divisão ou quaisquer outros espetáculos. O Jabaquara firmou contrato com a Construtora Santana Ltda., para erguer as arquibancadas. E as obras estão sendo supervisionadas pelo engenheiro José Barral, que idealizou o projeto e também é o vice-presidente de patrimônio.

A arquibancada será erguida numa altura de 4,5 metros em relação ao solo, numa distância de 20 metros da área útil do campo. Haverá dez degraus com 50 cm de altura e 40 cm de espaço para os assentos. No espaço de 20 metros entre a arquibancada e o campo, o alambrado será demolido futuramente e serão construídas uma pista de atletismo com oito raias e uma pista de ciclismo (velódromo). Para evitar a invasão do campo, haverá um fosso cercado por um muro de 2,20 metros.

Por baixo das arquibancadas serão construídos cinco vestiários com ladrilhos até ao teto, dotados de sanitários, chuveiros, armários e espelhos. Também haverá lanchonete para o atendimento do público durante os jogos. "Será uma beleza", diz entusiasmado o presidente Luís Aloise. "O público ficará numa posição confortável e bem elevada em relação ao nível do campo. Além disso, a distância proporcionará uma visão panorâmica e também evitará que os jogadores sejam molestados ou atingidos por qualquer objeto", acrescenta.

O primeiro segmento custará 40 milhões de cruzeiros, sendo que o bloco todo (108 m) atingirá 120 milhões de cruzeiros. "Este primeiro bloco será o início do anel inferior de arquibancada que circundará todo o campo. Se a diretoria atual tivesse condições de construir todo esse primeiro anel, o montante chegaria a 500 milhões de cruzeiros, mas dotaria o estádio com capacidade para 20 mil pessoas", explica Aloise. "Com o tempo, dependendo das circunstâncias e da verba, as diretorias futuras poderão não só ter esse anel como construir até outros anéis superiores, dotando o estádio de maior capacidade", explica.

"E terreno não falta para isso", complementa o advogado Wilson de Oliveira, vice-presidente de Futebol do Jabaquara. Wilson explica que o Jabaquara tem uma área de 85 mil metros quadrados. "O suficiente para construir um estádio tão grande como o Morumbi". Wilson enfatiza também as dimensões do gramado da Caneleira que, por incrível que pareça, são maiores do que as do Morumbi. "A Caneleira mede 90 por 112 metros, enquanto o Morumbi tem 72,20 por 108,40".

E quando se fala no gramado é o presidente Aloise que novamente se entusiasma: "É verdadeiro tapete verde. Ele foi terraplenado e recebeu um tratamento com saibro e areia preparada. Tudo supervisionado pelo diretor de patrimônio, José Andrés Mendes Fernandez".

Apoio - "O Jabaquara é um clube modesto e que luta com muito sacrifício para manter seu patrimônio. O clube já teve sede em várias partes da Cidade, mas perdeu por divergências internas e por vários problemas que nem é bom recordar. Mas, depois de muita luta, graças a um grupo de abnegados, o Jabaquara se fixou na Caneleira e é aqui que precisamos solidificar o patrimônio do clube", explica Aloise.

"Agora mesmo, para construirmos essa arquibancada, está sendo uma dureza. Parte do material que está sendo empregado conseguimos graças a um grupo de associados que nos tem ajudado por fora como Valter Lanza, da Viação Santos-São Vicente; José Vilarinho Cortez, da Transportadora Cortez; além de José Gonzalez Lourenço, Renato Guimarães, Álvaro Rojos e outros", explica. Aloise ressalta que os três segmentos de arquibancadas consumirão 900 metros de pedra britada, duas mil sacas de cimento, 400 metros de areia, 30 mil quilos de ferro, além de muito madeirame. "A diretoria está fazendo um esforço enorme. Mas para entregarmos todo o bloco de arquibancada até o final do ano, precisaremos de apoio maior. Em razão disso, estamos mantendo contato com uma grande empresa de refrigerantes para fecharmos um patrocínio".

Jardim de Alá - O Jabaquara tem cinco mil sócios, mas apenas 600 pagam a mensalidade, que é cobrada irrisoriamente a dez mil cruzeiros. Isso não dá para nada, já que temos despesas com funcionários, água, luz e outras", confidencia Aloise, explicando ainda que muitos se dizem Jabaquara, mas nem a Prefeitura e os comerciantes da Cidade ajudam o clube.

Segundo Aloise, até a colônia espanhola é indiferente quanto ao clube: "A colônia espanhola na Baixada Santista é de aproximadamente 36 mil pessoas, mas poucos ajudam o clube. Se cada uma dessas pessoas contribuísse com apenas mil cruzeiros, sinceramente, eu faria do Jabaquara um Jardim de Alá".

E o Jardim de Alá do presidente Aloise é, na verdade, um sonho acalentado por milhares de jabaquarenses, em razão de um belo conjunto poliesportivo com linhas arquitetônicas arrojadas, projetado há muito tempo. "Sem dúvida, a gravura do projeto num quadro afixado na secretaria do clube encanta quem a vê". O complexo compreende um moderno estádio de futebol, sede social, restaurante de dois andares, ginásio coberto, de esportes, duas piscinas (para adultos e crianças), quadra descoberta, de esportes, quadra de tênis e tamboréu, campo de futebol, campos de bochas e de malhas, play ground e estacionamento para carros. Tudo isso distribuído numa área arborizada. "Seria um local onde o associado viria de manhã com a família para desfrutar a beleza do lugar e só sairia à noite", revela o presidente, com ar sonhador.

Em razão disso, Aloise explica que o plano de expansão social, com a venda de títulos, recomeçou. "O plano começou em 77; depois parou. Agora, relançamos a venda de quatro mil títulos patrimoniais no valor de Cr$ 250 mil cada um. O pagamento do título é facilitado em cinco vezes. E sempre é bom lembrar que a verba será empregada apenas no patrimônio do clube e não no futebol", diz o presidente. "O Jabaquara é um clube que nasceu do futebol e esse esporte deve ser preservado. Mas é preciso saber separar as coisas. A manutenção de uma equipe de futebol é cara e não se pode fazer loucura. Parte da venda é destinada ao futebol, mas a parte principal deve ser destinada ao patrimônio do clube", explica.

O mandato do presidente Luís Aloise terminará em janeiro de 86. E, até lá, ele espera poder entregar todo o bloco lateral da arquibancada. Paralelo a isso, ele também pretende apressar a conclusão das obras de acabamento das paredes externas da secretaria e do salão de jogos com 150 metros quadrados (na parte superior do ginásio), onde serão instaladas mesas para os mais diversos tipos de jogos e recreação, além de serviço de lanchonete. Está prevista também a instalação de uma danceteria nos finais de semana, a ser montada pela Hollywood Danças, de São Vicente. "Os conselheiros do clube deram a concessão de três anos à Hollywood, que será responsável pela decoração do ginásio onde funcionará a danceteria", diz Aloise.

Ao terminar a gestão, Aloise pretende dedicar-se mais aos seus negócios particulares e à família. "Tenho minha consciência tranqüila. Durante minha gestão, paguei as dívidas do Jabaquara junto à FPF e ao Inamps, além de empenhar-se para as obras do clube. É preciso que as diretorias futuras dêem continuidade às obras patrimoniais e construam um novo Jabaquara, realizando um sonho de todos os associados", diz o presidente. "Um sonho que, mais do que concretizado, está sendo concretado", complementa, bem-humorado, o vice-presidente de Futebol, Wilson de Oliveira...


O projeto do estádio: sede social, restaurante, piscinas e quadras
Foto: Anésio Borges, publicada com a matéria

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