HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
O pé de laranja do Seu Resende
Lembrança do tempo em que não se comprava laranja, mas a laranjeira toda
Quando a avenida Visconde de São Leopoldo ainda era rua, todas as
manhãs os ilhéus desciam dos morros com suas carrocinhas vendendo leite, puro mesmo, tirado da vaca poucas horas antes, em seus sítios no Nova Cintra,
São Bento e Monte Serrat. Havia os que traziam os próprios animais e tiravam o leite na hora, quentinho e espumante, para quem quisesse, vendiam também
um delicioso pão à moda portuguesa, redondo, forte, fresquinho...
Foto: Sérgio Eluf
Quem se recorda de tudo isso com muita saudade é o Sr. José Junqueira de Rezende, santista descendente de
espanhóis, 67 anos, zelador do Centro Espanhol. "Não esqueço de Dona Maria, uma ilhoa que morava perto da Lagoa da Saudade, lá no alto do Nova Cintra, e
que, além de vender pão e leite, também vendia laranjas do seu próprio sítio. Só que a gente não comprava por dúzia. A gente comprava o pé de laranja e
toda sua safra naquela temporada. Eu cheguei a comprar um pé. Dona Maria colocou na laranjeira uma plaquinha com meu nome e quando chegou o tempo me
avisou que subisse para colher minhas frutas.
Levei mais três amigos e passamos o dia chupando laranja à vontade. Como a ilhoa tinha também um alambique,
combinamos o morrãozinho com a laranja e aí, você pode imaginar, né, tomamos uma bebedeira de dar gosto. Mas foi tão bom
que não dá prá esquecer!"
Extraído da publicação Comunidade é onde nos sentimos bem, livrete especial da Mobil Oil do Brasil em
comemoração ao 25º aniversário de sua Usina de Lubrificantes em Santos, 1982. Textos de Sônia Mateu L. de Abreu, fotografia de Sérgio Eluf. |