Entre as praças da República e Barão do Rio Branco, exatamente na direção do início da Rua Martim Afonso,
já existiu um chafariz, no início do século XX, que é bem visível nesta imagem, um cartão postal datado à mão, de novembro de 1906:
Foto: Acervo José Carlos Silvares/Santos Ontem
Relata o jornalista José Carlos Silvares: "Do lado esquerdo se vê a casa A Minerva, especializada em seccos & molhados, como diz a placa na
fachada. À direita, a famosa Preço Fixo, de propriedade de Luiz A. Correia da Cunha, que vendia roupas feitas para homens e meninos, como anunciado na porta. Ao fundo, o Monte Serrat. Na Rua Martim Afonso, o trilho de bondes, contornando à
esquerda para a praça. Note-se as ruas limpas, os meninos, suas roupas, os pés descalços, os lampiões e as belas construções com muitos detalhes decorativos. Foto de Editores M. Pontes & Co., Santos".
Já o chafariz é melhor observado neste detalhe da imagem:
Foto: Acervo José Carlos Silvares/Santos Ontem
O chafariz, em outra foto da mesma época:
Foto: Almanaque da Baixada Santista -1976, de Olao Rodrigues, Gráfica da Prodesan, Santos
A Praça da República, em postal emitido por volta de 1907, com a Igreja e Convento do Carmo ao fundo e o chafariz da Rua Martim Afonso:
Foto enviada a Novo Milênio por Ary O. Céllio, de Santos/SP
O chafariz estava localizado em um ponto que poderia ser o mesmo ou muito próximo da posição de um outro chafariz, existente no início do século XIX junto à antiga
casa do Conselho Municipal e Cadeia, o que não foi possível conferir devido à imprecisão dos mapas disponíveis daquela área.
Uma tela de Benedito Calixto mostra esse chafariz, entre as ruas Meridional e Setentrional (que formariam depois a Praça da República), tendo ao centro a
loja de armarinhos do comerciante J. Corvelo, que depois funcionaria temporariamente como sede do Conselho Municipal e Cadeia. À frente da edificação, no lugar onde existia o
segundo pelourinho santista (destruído pela população em 1822), vê-se o chafariz:
Ruas Meridional e Setentrional - quadro no acervo da Câmara Municipal de Santos, não datado
Imagem: David Rego Jr., in CD-ROM Benedito Calixto -150 anos,
editado em 2003 pela Fundação Pinacoteca Benedicto Calixto, Santos/SP
Publicação de 1939 identifica ser este um "aspecto tomado em 1840", estabelecendo em princípio um conflito de datas, pois o serviço de
gôndolas de Luís Massoja surgiu em 23 de maio de 1864 e durou apenas cerca de um ano. Outro serviço do gênero surgiria em 1872 por iniciativa de Domingos Moutinho, o que estaria mais de acordo com a data indicada para a segunda tela, abaixo
reproduzida.
Com pequenas diferenças (o escravo sentado junto ao chafariz do Largo da Cadeia - depois denominado Largo do Carmo -, um transeunte a mais na esquina à esquerda, a perspectiva geral
mais baixa em relação à torre da Igreja Matriz entrevista ao fundo), a mesma cena é retratada na tela Páteo interno da Cadeia de Santos, 1875, óleo sobre tela de 40,5 x 60,3 cm, não datado, no acervo do Museu
Paulista da Universidade de São Paulo:
Imagem: Hélio Nobre, in CD-ROM Benedito Calixto - 150 anos,
editado em 2003 pela Fundação Pinacoteca Benedicto Calixto, Santos/SP
Note-se a semelhança da parte superior (as três luminárias, que no postal de 1906 seriam as mesmas, vistas de perfil) com a peça avistada na foto abaixo,
datada de 1901, onde ainda se vê ao fundo a Matriz e à esquerda (neste detalhe, apenas parcialmente) o Santos Hotel:
Detalhe de foto cedida a Novo Milênio pelo professor e pesquisador
Francisco Carballa
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