Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/bonden12.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 12/29/02 14:35:42
Clique na imagem para voltar ao índice desta série
BONDES NO BRASIL
Rio de Janeiro-3

Foto cedida pelo pesquisador norte-americano Allen Morrison, de New York/EUA

A foto acima retrata a praia de Botafogo, ainda com bondes circulando, em cartão postal expedido em fevereiro de 1933. Logo depois, em 1935, a dupla Alvarenga e Ranchinho gravavam um dos grandes sucessos carnavalescos, Seu Condutor:

Seu condutor, dim, dim.
Seu condutor, dim, dim.
Para o bonde p’ra descer o meu amor.
E o bonde da Lapa
É cem réis de chapa
E o bonde Uruguai
Duzentos que vai
E o bonde Tijuca
Me deixa em sinuca
E o praça Tiradentes
Não serve p’ra gente.

O serviço de bondes na "Cidade Maravilhosa" foi inaugurado em 1868, conforme relata Gastão Cruls no livro Aparência do Rio de Janeiro:

O primeiro bonde circula na cidade.

Rio de Janeiro, 1868, 9 de outubro

A 9 de outubro de 1868 - foi numa sexta-feira esse grande dia da cidade – correu às 10 horas da manhã o primeiro bonde de burro: da rua dos Latoeiros (a Gonçalves Dias de hoje) para o largo do Machado. Dom Pedro II e a Imperatriz viajaram no primeiro carro, puxado com os demais, por uma parelha. Lotação: 30 passageiros. Em 1890 havia 90 carros em circulação e 1.300 burros estavam a serviço da população. Três anos era a média de vida de um burro.

Circula na América do Sul o primeiro bonde elétrico

Rio de Janeiro, 1892, 8 de outubro

A Companhia Jardim Botânico importou dos Estados Unidos o material necessário, e "a 8 de outubro de 1892, informa C. J. Dunlop, à 1 hora da tarde, teve lugar a inauguração da tração elétrica na sinuosa linha do Flamengo.

Assistiram ao ato o vice-presidente da República em exercício da Presidência, marechal Floriano Peixoto, seu Estado-Maior, o ministro da Marinha, almirante Custódio José de Melo, deputados, os intendentes municipais Silveira Lobo, Abdon Milanez, Siqueira de Menezes e França Leite, representantes de diversas classes sociais e da imprensa, os diretores da Companhia, barão Ribeiro de Almeida, comendador Malvino Reis e barão de Santa Leocádia e o gerente dr. Coelho Cintra.

Os três carros elétricos, únicos que os recursos concedidos permitiram adquirir, partiram, pouco depois das 13 horas, da curva do antigo Teatro Lírico [no largo da Carioca], subiram a rampa da rua Senador Dantas, com as lotações excedidas e, sem dificuldade, deslizaram suavemente e sob os aplausos do povo, pela rua do Passeio, cais da Lapa, Russell e Flamengo e, doze minutos depois, entravam nas oficinas da Companhia na rua Dois de Dezembro" (In Apontamentos para a história dos bondes no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Gráfica Laemmert, 1953, p. 193).

"A corrente elétrica nenhum perigo oferece aos srs. passageiros", era o aviso afixado nos espaldares dos assentos dos bondes porque, informa Dunlop, havia gente que tinha medo de viajar no bonde elétrico. (op. cit, p. 194).

Abaixo, um cartão postal mostra os bondes virados na Praça da República, em 14/11/1904, durante a famosa Revolta da Vacina, iniciada quatro dias antes, quando a população, insuflada por políticos oposicionistas, se revoltou contra a obrigatoriedade da vacinação de todas as pessoas contra doenças contagiosas como a varíola.

Foto: Augusto Malta

Abaixo, os bondes de tração animal no Rio de Janeiro em 1892, circulando por uma rua da região sul da cidade, em foto publicada no livro Shepp's Photographs of the World, de James W. Shepp e Daniel B. Shepp, editado naquele ano pela Globe Publishing Co.:

Na quinta foto, de Augusto Malta, a Praça Mauá, por volta de 1920:

Foto: Augusto Malta

Na sexta imagem, abaixo, também captada na década de 1920 por Augusto Malta, vê-se a Rua do Catete, defronte ao Palácio do Catete, hoje Museu da República, quase na esquina da Rua Silveira Martins. A grande maioria dos prédios ainda existe. Estão todos tombados pelo Patrimônio Artístico. O que desapareceu foi a calçada que separava as pistas.

Foto: Augusto Malta

Curiosidade: no Rio de Janeiro existiam dois lugares chamados Águas Férreas. Um na subida para o Alto da Boa Vista (Av. Edson Passos) e outro no Cosme Velho (para onde ia o bonde desta foto). Ambos eram bicas de água (nascentes), onde a população se abastecia. A antiga fonte no Cosme Velho, hoje seca, fica no acesso ao Túnel Rebouças (sentido Laranjeiras/Lagoa).

Veja outras imagens dos bondes no Rio de Janeiro, inclusive a de Santa Tereza. E a viagem pelos trilhos do Brasil continua...

Carlos Pimentel Mendes