Foto cedida pelo pesquisador norte-americano
Allen Morrison, de New York/EUA
A foto acima retrata a praia de Botafogo, ainda com bondes
circulando, em cartão postal expedido em fevereiro de 1933. Logo depois, em 1935, a dupla Alvarenga e Ranchinho gravavam um dos grandes sucessos
carnavalescos, Seu Condutor:
Seu condutor, dim, dim.
Seu condutor, dim, dim.
Para o bonde p’ra descer o meu amor.
E o bonde da Lapa
É cem réis de chapa
E o bonde Uruguai
Duzentos que vai
E o bonde Tijuca
Me deixa em sinuca
E o praça Tiradentes
Não serve p’ra gente.
O serviço de bondes na "Cidade Maravilhosa" foi inaugurado em 1868, conforme relata
Gastão Cruls no livro Aparência do Rio de Janeiro:
O primeiro bonde circula na cidade.
Rio de Janeiro, 1868, 9 de outubro
A 9 de outubro de 1868 - foi numa sexta-feira esse grande dia da cidade – correu às
10 horas da manhã o primeiro bonde de burro: da rua dos Latoeiros (a Gonçalves Dias de hoje) para o largo do Machado. Dom Pedro II e a Imperatriz
viajaram no primeiro carro, puxado com os demais, por uma parelha. Lotação: 30 passageiros. Em 1890 havia 90 carros em circulação e 1.300 burros
estavam a serviço da população. Três anos era a média de vida de um burro.
Circula na América do Sul o primeiro bonde elétrico
Rio de Janeiro, 1892, 8 de outubro
A Companhia Jardim Botânico importou dos Estados Unidos o material necessário, e "a
8 de outubro de 1892, informa C. J. Dunlop, à 1 hora da tarde, teve lugar a inauguração da tração elétrica na sinuosa linha do Flamengo.
Assistiram ao ato o vice-presidente da República em exercício da Presidência,
marechal Floriano Peixoto, seu Estado-Maior, o ministro da Marinha, almirante Custódio José de Melo, deputados, os intendentes municipais Silveira
Lobo, Abdon Milanez, Siqueira de Menezes e França Leite, representantes de diversas classes sociais e da imprensa, os diretores da Companhia, barão
Ribeiro de Almeida, comendador Malvino Reis e barão de Santa Leocádia e o gerente dr. Coelho Cintra.
Os três carros elétricos, únicos que os recursos concedidos permitiram adquirir,
partiram, pouco depois das 13 horas, da curva do antigo Teatro Lírico [no largo da Carioca], subiram a rampa da rua Senador Dantas, com as lotações
excedidas e, sem dificuldade, deslizaram suavemente e sob os aplausos do povo, pela rua do Passeio, cais da Lapa, Russell e Flamengo e, doze minutos
depois, entravam nas oficinas da Companhia na rua Dois de Dezembro" (In Apontamentos para a história dos bondes no Rio de Janeiro. Rio
de Janeiro, Gráfica Laemmert, 1953, p. 193).
"A corrente elétrica nenhum perigo oferece aos srs. passageiros", era o aviso
afixado nos espaldares dos assentos dos bondes porque, informa Dunlop, havia gente que tinha medo de viajar no bonde elétrico. (op. cit, p. 194).
Abaixo, um cartão postal mostra os bondes virados na Praça da República, em
14/11/1904, durante a famosa Revolta da Vacina, iniciada quatro dias antes, quando a população, insuflada por políticos oposicionistas, se revoltou
contra a obrigatoriedade da vacinação de todas as pessoas contra doenças contagiosas como a varíola.
Foto: Augusto Malta
Abaixo, os bondes de tração animal no Rio de Janeiro em 1892, circulando por uma rua da região
sul da cidade, em foto publicada no livro Shepp's Photographs of the World, de James W. Shepp e Daniel B. Shepp, editado naquele ano pela
Globe Publishing Co.:
Na quinta foto, de Augusto Malta, a Praça Mauá, por volta de 1920:
Foto: Augusto Malta
Na sexta imagem, abaixo, também captada na década de 1920 por Augusto Malta, vê-se
a Rua do Catete, defronte ao Palácio do Catete, hoje Museu da República, quase na esquina da Rua Silveira Martins. A grande maioria dos prédios
ainda existe. Estão todos tombados pelo Patrimônio Artístico. O que desapareceu foi a calçada que separava as pistas.
Foto: Augusto Malta
Curiosidade:
no Rio de Janeiro existiam dois lugares chamados Águas Férreas. Um na subida para o Alto da Boa Vista (Av. Edson Passos) e outro no Cosme Velho
(para onde ia o bonde desta foto). Ambos eram bicas de água (nascentes), onde a população se abastecia. A antiga fonte no Cosme Velho, hoje seca,
fica no acesso ao Túnel Rebouças (sentido Laranjeiras/Lagoa).
Veja outras imagens dos bondes no Rio de Janeiro,
inclusive a de Santa Tereza. E a viagem pelos trilhos do Brasil continua... |