MULTIMODAL
Falta investimento no setor hidroviário
Balanço
realizado pela Confederação Nacional do Transporte revela
um cenário nada alentador para o sistema hidroviário nacional.
Foram anunciados investimentos totais de R$ 307,4 milhões no setor,
mas apenas R$ 69,2 milhões foram aplicados. A hidrovia Araguaia-Tocantins
foi apontada como o maior contra-senso, cujas obras não ultrapassaram
os estudos ambientais, embora houvesse a previsão de ser concluída
em 1999, com investimentos de R$ 222,4 milhões.
Dirigentes e usuários da hidrovia
culpam a inexperiência da empresa que elaborou o projeto e o Instituto
Brasileiro de Meio-ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) pelo atraso
na implantação. Acusam também as pressões das
organizações não governamentais (ONGs), que desejam
que a região seja destinada só para o lazer conservativo
- atividade que, sozinha, não propicia condições para
se promover crescimento e melhorias na vida da população.
O Ibama e as ONGs são citadas,
de modo geral, como responsáveis pelo não desenvolvimento
hidroviário nacional. O Instituto se defende, alegando que os projetos
das hidrovias precisam ser adequados à legislação
vigente. Segundo a Diretoria de Licenciamento e Qualidade Ambiental do
Ibama, as hidrovias passam por um novo processo, que é demorado,
mas não as inviabiliza, posição que se contrapõe
à realidade e que gera inúmeras ações judiciais.
Igual situação se verifica
na Hidrovia do São Francisco, região cujos agricultores vivem
na incerteza. Sem condições de navegabilidade, a hidrovia
não tem equipamentos nem dotações suficientes. Estima-se
a necessidade de R$ 30 milhões em investimentos na construção
de um porto graneleiro.
Para o consultor da Agência
Nacional de Águas (ANA), José Di Bella, há necessidade
de se investir em barcaças, e ele lastima a falta de perspectivas
de o governo alocar verba para aprofundamento do calado.
Na Hidrovia do Madeira, Tapajós
Teles-Pires, a situação também não difere muito,
o que leva o potencial usuário do transporte por hidrovias a preferir
modais paralelos, com ênfase ao rodoviário.
Obras de rodovias estão atrasadas
As rodovias nacionais também
estão com seus cronogramas atrasados. Esse, pelo menos, é
o caso das obras de duplicação da BR-101 – considerada a
de mais alto índice de acidentes no País – e que deveriam
estar concluídas, mas ainda não chegaram a Florianópolis.
Dados recentes apurados pelo Governo
indicam que o custo da rodovia já subiu para US$ 2,5 milhões
por quilômetro, quando as estimativas iniciais eram de US$ 200 mil
por quilômetro asfaltado. Situação idêntica é
a da construção do RodoAnel paulista, cujo projeto já
recebeu verbas da União. E, agora, o assunto volta a ter importância
no Planalto Central. |