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HISTÓRIAS E LENDAS DE S. VICENTE - Trem
Antigas estações ferroviárias vicentinas

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A história desta estação foi assim registrada por Ralph Mennucci Giesbrecht no site Estações Ferroviárias do Brasil (atualização: 23/12/2012. Acesso: 14/5/2013):


Imagem: reprodução parcial da matéria original

E. F. Sorocabana (1930-1971) - Fepasa (1971-1998)

Samaritá

Município de São Vicente, SP

Mairinque-Santos - km 110,789 (1960)

SP-2820

Inauguração: 15/2/1930

com trilhos

Uso atual: moradia

Data de construção do prédio atual: 1936


Inauguração do primeiro trecho da Mairinque-Santos em 1930. O arco encontra-se na ferrovia Santos a Juquiá, no quilômetro 19, exatamente onde está a estação de Samaritá - que foi também inaugurada nesse dia 15 de fevereiro, mas que não aparece na fotografia

Foto: revista O Malho, 1º de março de 1930, publicada com a matéria

HISTÓRICO DA LINHA: Projetada desde 1889, a Mairinque-Santos, linha que quebraria o monopólio da SPR para ligar o interior ao litoral foi iniciada em 1929 e terminada em 1937, com a ligação das duas frentes, uma vindo de Santos e outra de Mairinque. É uma das obras ferroviárias mais reportadas por livros no Brasil. Já havia, no entanto, tráfego desde 1930 nas duas partes, e o trecho desde Santos até Samaritá havia sido adquirido em 1927 da Southern São Paulo Railway, operante desde 1913.

Com o fim da Sorocabana e a criação da Fepasa, em 1971, a linha foi prolongada até Boa Vista, no fim dos anos 80 (retificação do antigo ramal de Campinas). Houve tráfego de passageiros entre Mairinque e Santos até cerca de 1975, e mais tarde entre Embu-Guaçu e Santos, até novembro de 1997. A linha opera até hoje sob a administração da Ferroban.


Estação e pátio de Samaritá, anos 1970

Foto: Waldir Rueda, publicada com a matéria

A ESTAÇÃO: A estação de Samaritá foi inaugurada no meio do nada, em 1930, para servir de ponto de encontro da então Santos-Juquiá com a Mairinque-Santos, então em construção. No mesmo dia de sua inauguração, entregou-se ao tráfego o trecho Samaritá-Estaleiro (hoje Gaspar Ricardo). A estação, nesta época, estava a cerca de 1 km da atual, à frente, sentido Juquiá. Em 1936, a estação ganhou um novo prédio, que deve ser o que está atualmente lá.


A estação em 1986

Foto: FEPASA: Relatório de Instalações Fixas, 1986, publicada com a matéria

"Meu avô, Armindo Ramos, foi chefe de estação em Santos e em 1929 adquiriu o sítio Barranco, hoje Vila Samaritá. A primeira estação situava-se a cerca de 1 km da atual, e fora construída em 1930, por meu avô, e doada à Sorocabana, com o intuito de atender às terras de nossa propriedade. A segunda estação, a atual, foi construída em 1936, em local diferente, como assinalei. Toda sua vida, minha infância e parte da juventude foram passadas frequentando Samaritá. Até 1980, as terras eram utilizadas para extração de areia sílica, em escala industrial, com fornecimento regular para industrias de vidro e fundição. Ali meu avô construiu sua empresa, a Mineração Atlântica Ltda., desativada em 1985.

"Após 1985, foi iniciado um plano de desenvolvimento sustentado para manutenção da propriedade. O local que havia tido um loteamento de cerca de 80 lotes aprovados em 1956, passou a contar com mais 400. Hoje (2006) o local, que era uma vila operária, está com grande parte das ruas asfaltadas, incluindo um anel viário, tem todas as ruas iluminadas, água e esgoto em toda área urbanizada. Foram construídos 750 apartamentos pela CEF, o CDHU está implantando 320 casas, e prevê implantar mais 640 em dois anos. Ainda mantemos a propriedade e existe um plano diretor para ocupação do restante da área. O entorno, Jardim Rio Branco, Parque das Bandeiras, Vila Ema, Vila Nova, Quarentenário, e Humaitá possuem, juntamente com a Vila Samaritá, cerca de 90.000 habitantes, que contam com supermercados, prontos-socorros, escolas de primeiro e segundo graus" (Clóvis Bitencourt, 07/2006).

Quanto à estação original, que funcionou de 1930 a 1936, moradores do local afirmam que ainda existe, e o prédio que teria sido a própria está abandonado a pouco mais de 1.000 metros da estação original (foto abaixo).


A provável estação original de Samaritá, em abril de 2007

Foto: Márcio Souza, publicada com a matéria

A estação serviu para passageiros dos trens de longa distância até o final de 1997, quando os trens do ramal de Juquiá e da Mairinque-Santos foram suprimidos. Porém, até 2000 serviu aos trens metropolitanos (TIM) que ligavam Santos a Samaritá. Quando visitei a entrada da estação em 1998, que fica situada numa curva fechada de 90 graus e ruas não asfaltadas na época, a foto ficou difícil, pois basicamente era uma pequena porta, com uma placa sobre ela com o nome "Estação Samaritá" e muros e mais muros. O prédio está dentro dos muros, impossível de se ver de fora. Em 2001 era um enorme cemitério de carros, vagões e locomotivas.


A estação em 1986

Foto: Carlos E. Campanha, publicada com a matéria

Arlindo Miranda, mestre de linha aposentado que vive na antiga vila ferroviária de Samaritá, reclama dos problemas com o transporte público. "Toda manhã é um sufoco. As peruas já saem lotadas e seguem apertadas durante todo o trajeto, colocando gente para dentro enquanto for possível. Quando o trem estava funcionando, não era assim".

Aos 57 anos, Miranda recorda com saudades os tempos áureos da Linha Sorocabana. "A movimentação de passageiros era tão intensa, que próximo à Estação do Samaritá existia um bar famoso em toda a região". Praticamente abandonado, hoje o local serve de depósito de vagões velhos, mas ainda guarda um certo charme, sendo considerado um marco do bairro.


A estação em 1994

Foto: utor desconhecido, publicada com a matéria

Outro ponto de referência da vila é a Igreja de Nossa Senhora do Samaritá, que, apesar da simplicidade dos traços, carrega um peso histórico para os moradores vizinhos" (A Tribuna, 15/2/2003).


Chegada à estação, vindo da serra, em 1998. A estação aparece ao fundo à esquerda

Foto: Ralph Mennucci Giesbrecht, publicada com a matéria

Com o fechamento da linha métrica ao tráfego de trens no início de 2008, os trens dessa bitola da ALL, que descem a serra pela antiga Mairinque-Santos, entram por Paratinga e seguem dali para o porto de Santos pela velha linha de Piassaguera ao Valongo, linha agora de bitola mista sobre a linha da velha Santos-Jundiaí. Não passam mais por Samaritá, nem por São Vicente.


A estação de Samaritá, em 15 de outubro de 2001

Foto: Marlus Cintra, publicada com a matéria

Sem tráfego, a estação tende ao abandono. Em agosto de 2008, já estava sem a cobertura da plataforma. Outras construções do local iam se deteriorando rapidamente. Em 2011, a estação de Samaritá está totalmente descaracterizada, foi feita uma parede de alvenaria para ser utilizada como residência, o pátio está tomado pelo mato, onde virou pasto para gado.


O TIM, Trem Inter Municipal, operado pela CPTM nos anos 1990 ligando a estação de Ana Costa a Samaritá. Apesar de sua utilidade, embora operasse bem longe das perfeitas condições, foi suspenso no ano 2000

Foto: autor desconhecido, publicada com a matéria

 


A estação de Samaritá, em abril de 2007

Foto: Marcos Antonio Nóbrega, publicada com a matéria

 


A estação de Samaritá e seu pátio aguardam o seu fim. Com a colocação de linha mista entre Cubatão e o porto de Santos na linha da antiga Santos-Jundiaí, os trens de bitola métrica vão passar a entrar por Paratinga e seguir para o porto por fora da cidade de Santos. O antigo trecho Paratinga-Samaritá-Santos vai ficar sem função. A linha deverá ser retirada. Tristeza para a história do País

Foto: Antonio A. Gorni, agosto de 2007, publicada com a matéria

 


A estação de Samaritá já sem a cobertura da plataforma, em setembro de 2008

Foto: Marcos Antonio Nóbrega, publicada com a matéria

 


O antigo posto de revisão de vagões de Samaritá está totalmente abandonado e deteriorado em 5 de setembro de 2008

Foto: Marcos Antonio Nóbrega, publicada com a matéria

 


No mesmo dia 5 de setembro de 2008, a situação não se alterava muito na antiga balança de carga no mesmo pátio

Foto: Marcos Antonio Nóbrega, publicada com a matéria

 


A estação de Samaritá em agosto de 2011

Foto: Marcos Antonio Nóbrega, publicada com a matéria


A estação de Samaritá, vista em 2010  desde a Rua Senador Nilo de Souza Coelho

Imagens: Google Maps/Street View, em maio de 2010

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