PRIVILEGIADA PELA NATUREZA – Morador ou visitante, não há quem não admire
a vista privilegiada que se tem da Ilha Porchat, em São Vicente.
Procurada por quem gosta de caminhar ou pedalar, ela também atrai os namorados.
Restaurantes e casas noturnas também são atrações
Foto: Carlos Marques, publicada com a matéria
Domingo, 31 de Julho
de 2005, 07:19
TURISMO
Ilha Porchat: sinônimo de charme e história
Local abrigou um cassino até a década de 60 e continua em transformação
Suzana Fonseca
Da Sucursal
Apesar da idade, ela continua linda. Quem conhece a Ilha
Porchat, em São Vicente, seja morador ou visitante, não se cansa da vista privilegiada que ela proporciona: de um lado, a Praia do Itararé, em toda
sua extensão; do outro, a do Gonzaguinha, com a Ponte Pênsil mais ao fundo e, logo adiante, o Parque Prainha e a Praia de Paranapuã. Seja para
frequentar as casas noturnas e restaurantes, seja para caminhar, pedalar, correr ou namorar, visitar a ilha é sempre um prazer.
"Acabei de voltar de Fernando de Noronha e ainda tinha filme na máquina. Vim aqui para
fazer as últimas fotos. É muito lindo", explicou a paulistana Maria Cândida Alix, que costuma freqüentar a Ilha Porchat sempre que vem à Cidade com
o marido, Antonio Genival Cunha. Na manhã de ontem o casal apreciava a paisagem no Memorial dos 500 anos, que leva a assinatura do arquiteto Oscar
Niemeyer.
O mar quase sempre verde e as rochas de suas encostas deixam qualquer um maravilhado
com as belezas naturais do local. Nesse caso, os adjetivos não faltam para quem está lá só de passagem ou para aqueles que residem nas casas antigas
ou prédios que parecem brotar das rochas.
Não é possível falar da ilha sem contar um pouco de sua história, que também engloba a
história de seus casarões. Alguns deles, famosos, já chegaram a abrigar presidentes, príncipes e governadores.
Esse é o caso da famosa Mansão da Ilha, terceira casa construída no local, em 1964,
pelo construtor Clineu César da Rocha. O projeto da casa foi feito pelo grupo Wachawschik-Newman, cujos arquitetos eram conhecidos mundialmente.
Foto: João Vieira, publicada na versão digital
Até
presidente - O proprietário da mansão, Paulo Costa, que há 20 anos mora lá, conhece bem a história do lugar. "O presidente Costa e Silva dormiu
aqui", lembra, orgulhoso. A casa de cinco andares é herança de família. Sua tia-avó, Alexa Dagnino, ganhou de presente do marido, o conde italiano
José Dagnino, dez meses após sua construção. "Clineu César da Rocha trabalhava em São Paulo e se cansou de subir e descer a Serra do Mar todo dia".
Segundo ele, Charlote Franco de Melo é a proprietária da primeira casa a ser erguida nas
encostas da ilha, em 1957. "A primeira propriedade construída foi o Cassino da Ilha Porchat onde, em 1967, fizeram o Ilha Porchat Clube", recorda
Costa, acrescentando que o projetista do cassino, Félix Victor Menna Barreto, de família tradicional, também chegou a residir no local.
Já o prédio mais antigo é o Seven Seas, ou Sete Mares. Construído pela aristocracia
paulistana, pessoas que carregavam os sobrenomes Matarazzo, Aurichio e Moroni possuíam apartamentos ali. Quem vai ao prédio também fica encantado
com a vista que ele proporciona. E uma curiosidade: a entrada é pelo sétimo andar.
Segurança - Outro diferencial da ilha é a segurança. Como só existe uma entrada
por terra - o que facilita a ação policial em caso de assaltos - , as pessoas se sentem tranquilas para passear, conversar na porta com o vizinho,
trocar impressões sobre o dia.
Como a maioria das pessoas que residem ali se conhece, as famílias acabam se
frequentando e não raro um convida o outro para jantares em casa, festas e reuniões.
De acordo com Costa, que também é presidente da Sociedade Amigos da Ilha Porchat (Saip),
quem mora ali não pensa em se mudar: "Isso aqui é uma delícia".
Cenários paradisíacos podem ser apreciados nos quatro cantos da Ilha:
praias, vegetação e costões
Foto: João Vieira, publicada com a matéria
Domingo, 31 de Julho de 2005, 07:20
Local oferece lazer para todos os estilos
Desde a sua entrada, a Ilha Porchat é charmosa: do lado esquerdo fica a Praia do
Itararé e o Ilha Porchat Clube; do direito, a Praia dos Milionários, decorada por algumas pedras onde muitas pessoas aproveitam para pescar.
Situada no início da Avenida Manoel da Nóbrega, após o cruzamento com a Avenida
Presidente Wilson, ela fica próxima ao Centro e, ao mesmo tempo, fora da agitação comum a um município com mais de 300 mil habitantes.
Para quem quer caminhar, correr ou pedalar, as alamedas da ilha possuem sombra em
quase toda sua extensão e a brisa que vem do mar ajuda a manter o ritmo de qualquer atividade física.
Já para aqueles que não são adeptos de muito esforço, logo na subida da ilha,
confortáveis bancos de madeira são um convite e uma desculpa para quem só quer apreciar a paisagem, ler um bom livro ou jogar conversa fora.
Noite - Quando a noite cai, a ilha também é garantia de um bom programa.
Restaurantes, boates e bares atendem a todos os gostos, com frequentadores que vão desde casais e jovens, até o público GLS.
Com mais de 30 anos, o Restaurante Terraço, de Martha Haddad Esteve Martins, é uma boa
escolha para quem quer comer ou tomar um chope. Se a opção é dançar, ao lado fica a Boate Isla Bonita. No Restaurante Juá só é permitida a entrada
de casais. Além do jantar, as pessoas podem apreciar uma impecável carta de vinhos.
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Memorial destaca genialidade de Oscar Niemeyer
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Memorial - Até o famoso e mundialmente conhecido arquiteto Oscar Niemeyer já
esteve na ilha: o Memorial dos 500 Anos, construído por ele, é outro atrativo do local.
Na manhã de ontem, mais de 20 pessoas apreciavam a vista que o lugar proporciona.
Entre eles estava o paulistano Ricardo Sanches Cabral, acompanhado da mulher, dos filhos e da mãe.
Entre uma foto e outra tirada para o álbum de família, ele contou que foi conhecer o
memorial seguindo uma dica do irmão, que se mudou para Santos: "Achei muito bonito".
Bares, boates ou singelos bancos onde é possível apreciar o pôr-do-sol formam cenário
pitoresco
Foto: João Vieira, publicada com a matéria
Domingo, 31 de Julho de 2005,
07:21
Ilha protegia entrada da Baía de SV de piratas e corsários
Considerada um dos mais belos recantos da paisagem vicentina, a Ilha Porchat já era
conhecida pelos navegantes e aventureiros que percorriam o litoral brasileiro, antes mesmo da chegada de Martim Afonso. O local era uma autêntica
ilha florestal, cuja densa mata escondia as sentinelas avançadas de olho na amplidão do oceano, tentando vislumbrar barcos piratas que navegavam
pilhando e saqueando pelo fogo e pela espada.
Devido à sua posição estratégica, na entrada da Baía, a ilha constituía-se num marco
geográfico que identificava a entrada da vila fundada por Martim Afonso. Assim é que, no início da colonização, denominava-se Ilha do Mudde,
deturpada com o correr do tempo para Ilha do Mudo.
Na opinião do historiador Francisco Martins dos Santos, o vocábulo árabe mudd
significa "modelo, exemplo, padrão, referência". Há versões de que o local foi adquirido por um português sem o dom da palavra, motivo pelo qual
passou a chamar-se Ilha do Mudo. No final do século 18, teve a alcunha de Ilha das Cobras, quando foi vendida a Luiz Antônio de Souza.
Após a primeira década do século 20, passou às mãos de outro lusitano, que iniciou a
criação de caprinos em suas encostas, levando os habitantes de São Vicente a chamá-la de Ilha das Cabras.
Em meados de 1800, foi negociada para a conceituada família Porchat, que lhe passou o
sobrenome. Apesar de tornar-se propriedade do cidadão Manuel Augusto de Oliveira Alfaya, em 1887, a denominação de Ilha Porchat foi mantida. Ao
final de 1870, o local começou a abrigar os primeiros pescadores, caiçaras e até escravos.
No início do século 20, provavelmente tenha pertencido ao comendador Manuel Alfaya
Rodrigues. Finalmente, foi alienada ao senhor Francisco Fracaroli Sobrinho em 1937, por um dos herdeiros de Manuel Augusto.
Ilha teve vários nomes: Mudde, do Mudo, das Cobras, das Cabras
Foto: Carlos Nogueira, 24/7/04, publicada com a matéria
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