LUZES IMPERIAIS – Símbolos de uma das principais avenidas de Santos, as palmeiras-imperiais da Ana Costa vão ganhar um brilho especial.
Projeto da Prefeitura pretende iluminar, com várias cores, essas árvores no trecho final da via, entre a praia e a Praça Independência.
Foto: Alexsander Ferraz, publicada com a matéria, na página A-1
Palmeiras da Ana Costa
terão luzes especiais
perto da praia
Prefeitura instalará
iluminação cênica no
trecho entre a orla e
a Praça Independência
Michella Guijt
Da Redação
As principais estrelas da Avenida Ana Costa vão ganhar um brilho
especial. Um projeto da Prefeitura visa a iluminar, com várias cores,
as palmeiras-imperiais no trecho
final da via, ou seja, entre a orla e a Praça
Independência.
No dia 27, a
Administração abrirá os envelopes com as propostas das empresas interessadas em participar da licitação para o serviço de
engenharia destinado à iluminação cênica no trajeto cortado pela ciclovia.
"Esse trecho do Gonzaga concentra grande movimentação
de pessoas, além de ser um ponto turístico. E o objetivo é valorizar as atrações dessa área da Cidade", explica o secretário
municipal de Infraestrutura e Edificações, Antônio Carlos Silva Gonçalves.
A quadra da Avenida Ana Costa que abrigará os novos pontos de luz é a mais arborizada da via, com 21 palmeiras. O projeto prevê a instalação de 38 projetores de luz do tipo led.
A iluminação será projetada do solo e instalada entre as palmeiras que compõem o trecho.
O diferencial será a possibilidade de variar as cores que iluminarão este ponto da Avenida Ana Costa. "Assim, no Dia de Combate ao Câncer de Mama, por exemplo, a cor rosa (que simboliza a campanha de combate à doença) poderá ser projetada nas
palmeiras imperiais", destaca Gonçalves.
Segundo ele, se o processo licitatório transcorrer normalmente, os trabalhos devem começar no final de maio. "Como a construção da ciclovia (na Av. Ana Costa) já conta com tubulação subterrânea, a instalação das novas luminárias será muito
rápida, sem a necessidade de intervenções no local", garante o secretário.
Praça – O projeto também compreende a Praça Independência, que ganhará 34 luminárias de vapor metálico. Esse tipo de projetor só emite luz branca.
"É uma iluminação similar à instalada na orla. O diferencial é a capacidade de focar pontos do monumento histórico sem a luz vazar (atingir) os imóveis no entorno", diz Gonçalves.
O custo total da obra (iluminação de ambos os trechos) está orçado em R$ 956 mil.
Não há previsão para que a nova iluminação complete os 2,915 quilômetros da Ana Costa. "O projeto só compreende o trecho entre a praia e a Praça Independência, mas a instalação dos projetores de led ao longo da via não está
descartada", argumenta Antônio Carlos Gonçalves.
Ansiedade – O encarregado da recepção do Hotel Atlântico, Edivaldo Evangelista dos Santos, aguarda ansioso pela novidade.
"As palmeiras já são maravilhosas. Imagine só com iluminação colorida. Vão ficar ainda mais bonitas", afirma o funcionário do estabelecimento, instalado na esquina das avenidas Ana Costa e Vicente de Carvalho (na orla).
O zelador do edifício vizinho à Igreja Coração de Maria não terá a mesma oportunidade. "Pena que este trecho (no início da via) não vai receber a iluminação. Quando abro minha janela, vejo todas as alamedas. Seria
bonito se todas fossem iluminadas", lamenta Severino Ramos, que mora no 11º andar do edifício.
Bulevar – A nova iluminação é o primeiro passo da execução de outras ações no trecho. "Temos um projeto chamado Alamedas, que pretende transformar esta quadra da Ana Costa em um bulevar, mas com o fluxo do trânsito mantido", adianta
Gonçalves.
Além de ser reurbanizado, o trajeto deverá ter a rede elétrica embutida no subsolo. "A ideia é limpar o visual deste trecho, inclusive com a reorganização das placas publicitárias e a remodelação das bancas (de jornal) e de outros
equipamentos do local", salienta Gonçalves.
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Trinta e oito projetores de luz serão direcionados às 21 palmeiras-imperiais existentes da praia à praça
Foto: Alexsander Ferraz, publicada com a matéria
Do Centro à praia desde o século 19
A Avenida Ana Costa é um dos principais e mais movimentados corredores comerciais e residenciais da Cidade. Ao longo dos seus 2,915 quilômetros de extensão, passam diariamente 26 mil
veículos (13 mil em cada sentido).
O motivo é o acesso à região central e à da orla. Além disso, a via cruza cinco grandes bairros: Gonzaga, Campo Grande, Encruzilhada, Vila Belmiro e Vila Mathias.
Os números relativos às instalações no entorno da via também impressionam. A Ana Costa tem 15 agências bancárias, 653 estabelecimentos comerciais e 1.629 imóveis residenciais.
Mas o cenário em que surgiu a Avenida das Palmeiras-Imperiais é bem diferente do da atualidade.
No final do século 19, a via foi uma das primeiras ligações entre a efervescente região central e a longínqua orla. A primeira foi a Avenida Conselheiro Nébias, que abriu caminho do Centro ao Boqueirão, nas proximidades da então deserta praia.
"Vão ficar ainda mais bonitas", acha o encarregado Edivaldo Santos
Foto: Alexsander Ferraz, publicada com a matéria
Curiosidades – Um crime originou a Avenida Ana Costa. Na manhã de 8 de maio de 1889, Casimiro Alberto Matias Costa acompanhava seus trabalhadores, que
abriam caminho para ligar a Vila Mathias ao Gonzaga. A via receberia o nome de sua esposa, Ana Costa.
Matias foi assediado pelos irmãos Antonio Batista de Lima e Ovídio de Lima, também donos de extensas glebas. Alegando que aquela faixa de terra lhes pertencia, os irmãos provocaram uma discussão, na qual um tiro fatal de revólver alvejou Matias
na testa.
Depois do trágico episódio, a Avenida Ana Costa continuou a ser aberta. Foi oficializada pela Lei 647, de 16 de fevereiro de 1921, que entrou em vigor a 1º de janeiro de 1922.
Para Severino Ramos, deveria haver lâmpadas em toda a avenida
Foto: Alexsander Ferraz, publicada com a matéria
Imperiais
As mudas de palmeiras-imperiais, que embelezam a Av. Ana Costa, foram trazidas das Antilhas ao Brasil por dom João VI, na época do Brasil
Colônia, entre 1808 e 1818. "Por isso, as palmeiras são chamadas de imperiais. As primeiras árvores foram plantadas no Jardim Botânico do Rio de Janeiro", explica o historiador José Dionísio de Almeida. Oficialmente, a Oreodoxa oleracea
foi reconhecida como palmeira-imperial, em 1941, quando a Secretaria da Agricultura do Estado lançou o livro O Jardim Botânico de São Paulo, de F. C. Hoehne, Moyses Kuklman e Oswaldo Handro.
Em Santos, há cerca de 300 palmeiras-imperiais, algumas do início do século (N. E.: do século XX), principalmente as da Ana Costa, que tem 128 unidades adultas. Essas árvores, que já alcançaram 30 metros de altura, também podem ser vistas na Avenida Conselheiro Nébias, na
Praça dos Andradas, defronte à Alfândega, na entrada do túnel, na orla e na Ponta da Praia.
Esta foto, de 1977, dá ideia de como é antiga a paisagem da avenida
Foto: arquivo, publicada com a matéria |