HISTÓRIAS E LENDAS DE
SANTOS -
CHALÉS
Tempo dos chalés vai terminando (5)
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Casas geralmente
simples, de madeira, às vezes com parte em alvenaria (cozinha, principalmente), diretamente no chão ou com um espaço por baixo (pequeno porão) para
evitar a umidade da terra, muitas vezes tendo por perto chácaras e galinheiros (aos poucos substituídos por cimentados e jardins), construídas
desordenadamente por imigrantes e representantes da camada mais pobre da população, seguindo estilos bem diferentes (relacionados com a origem de seus
moradores), os chalets (palavra depois aportuguesada para chalés) vão desaparecendo da paisagem santista.
Matéria publicada na edição de 12 e 13 de setembro de 2009 no semanário santista Jornal da
Orla, página 26 do suplemento especial Embaré:
Chalé na Rua Benjamim Constant, 164
Foto: Leandro Amaral, publicada com a
matéria
EMBARÉ
Registro de um tempo
Mírian Ribeiro
Quando o italiano José
Alexandre Longuino Mortari decidiu construir seu chalé de madeira na Rua Benjamim Constant, 164, o bairro do Embaré era o
endereço de trabalhadores mais humildes. Corria o ano de 1934 e de lá para cá o mundo se transformou e o bairro se sofisticou. Hoje, não é fácil
comprar um imóvel no Embaré, principalmente se o bem em questão for uma casa, com amplo quintal, como são os poucos chalés de madeira que ainda
resistem à fome voraz da indústria imobiliária, afoita em por as mãos em um dos metros quadrados mais caros da cidade.
E não é para menos. O Embaré é um bairro agradável de viver, com ruas arborizadas,
completa infra-estrutura urbana, banhado por praia e praticamente no meio do caminho para tudo. O bairro tem entretenimento todos os dias da semana
e uma ampla oferta de serviços que, na maior parte das vezes, não exige sair dele para encontrar o que se quer.
Pelos terrenos amplos que ocupam, os chalés são alvo fácil da especulação e, aos
poucos, vão desaparecendo, dando lugar a condomínios de luxo ou casas sobrepostas. O chalé, onde hoje vive o neto do seu José Alexandre, o guarda
municipal Fábio Alexandre Mortari Justo, está à venda por R$ 2 milhões. Por casa se entende um terreno de 850 metros quadrados que vai da Rua
Benjamin Constant (onde o tio de Fábio ergueu outra moradia) até a Rua Álvaro Alvim. O chalé ao lado, de nº 160, construído em 1938 e pertencente a
outra família, também está à venda.
Segundo Fábio, a madeira utilizada na construção é ipê, resistente à ação do tempo e
dos cupins, e cada parede é revestida por duas faces de madeira e por dentro há placas de carvão para conservar a temperatura. Os tijolos da cozinha
e banheiro têm o dobro da espessura de um tijolo comum e o azulejo decorado, que forma o piso, foi trazido da Alemanha. Fábio mora ali com a esposa
e a filha de 8 anos. "Quando vim para cá, há dez anos, fiz uma reforma e descobri que o encanamento era todo de cobre e a fiação elétrica encapada
por pano". A idéia de Fábio, que terá que dividir a venda com quatro irmãos, é morar em outra casa.
Chalé no bairro do Embaré
Foto: Leandro Amaral, publicada com a
matéria |
Chalés do século 19
Casas geralmente simples, de madeira, às vezes com parte em alvenaria (cozinha, principalmente),
diretamente no chão ou com um espaço por baixo (pequeno porão) para evitar a umidade da terra, os chalés são construções características do final do
século 19 e início do século 20. Eles surgiram por vários bairros de Santos a partir da demolição de cortiços no Valongo
e no Centro, para combater as epidemias na época. Além do Embaré, são encontrados em outros bairros, como o
Macuco, Estuário,
Marapé, Jabaquara e morros.
No Embaré, é mais fácil encontrá-los pelas ruas Liberdade, Torres Homem e vias próximas, mas do lado
mais valorizado do bairro, próximo à praia, também salpicam em uma rua ou outra. Na Castro Alves, por exemplo, em meio a casarões e belos edifícios,
chama atenção o chalé de nº 135, guardado por dois cães vira-latas, com pé de bananeira no jardim e um amplo quintal sempre impecavelmente limpo. Já
na Rua São José, 93, um chalé em demolição dá mostras de que esta é uma história perto do final. Aos poucos, vão dando lugar a arrojadas
sobrepostas.
Chalé na Rua Castro Alves, 135
Foto: Leandro Amaral, publicada com a
matéria |
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