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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - BELMONTE - BIBLIOTECA NM
No tempo dos bandeirantes [03]

Conhecido principalmente pela atividade cartunística nos jornais paulistanos, e pelo seu personagem Juca Pato, o desenhista Benedito Bastos Barreto (nascido na capital paulista em 15/5/1896 e ali falecido em 19/4/1947), o Belmonte, foi autor de inúmeros livros, entre eles a obra No tempo dos Bandeirantes, que teve sua quarta e última edição publicada logo após a sua morte.

A edição virtual preparada por Novo Milênio objetiva resgatar esse trabalho, que, mesmo sendo baseado em pesquisas sem pleno rigor histórico, ajuda a desvendar particularidades da vida paulistana, paulista e, por conseqüência, também da Baixada Santista. Esta edição virtual é baseada na quarta edição, "revista, aumentada e definitiva", publicada pela Editora Melhoramentos, São Paulo, sem data (cerca de 1948), com 232 páginas e ilustrações do próprio Belmonte (obra no acervo do professor e pesquisador de História Francisco Carballa, de Santos/SP - ortografia atualizada nesta transcrição):

Leva para a página anterior[...]                                        NO TEMPO DOS BANDEIRANTES

[03] Os sítios e os trigais

As paragens, os rios e os riachos - Os "caminhos fragosos" e as pontes arruinadas - As casas do sítio, seus móveis e utensílios - Tendas de ferreiros e de carpinteiros - Criadores de gado - Os moinhos e os trigais - O problema do pão

ora do núcleo urbano, estendem-se os sítios, as roças, as fazendas.

Tipo rural por excelência, é aí que, mais demoradamente, vive o paulista do seiscentismo, deixando a vila quase deserta, meses a fio, quando a ela não o atraem obrigações imediatas, festas religiosas ou intimações da Justiça.

Além do Tamanduateí e do Anhangabaú, já se está fora do termo da vila. As fazendas, contudo, já na segunda metade do século, estendem-se pelas vastas planícies, galgam as encostas e vão alcançar distâncias consideráveis, atingindo o Pari, Mooca, Ipiranga, Guarulhos, Tremembé, Mandaqui, Quitaúna, Santo Amaro, Itapecirica, Pinheiros, Butantã, N. S. da Esperança, Juqueri, Barueri, Parnaíba, Jaraguá, Cutia, Carapicuíba...

Estes nomes, ainda hoje tão familiares aos nossos ouvidos, conservam-se intactos através dos séculos. Outros, atingidos por corruptelas, sofrem alterações que, todavia, não lhes desfiguram de todo a fisionomia. Outros, porém, desaparecem de vez na poeirada dos tempos.

Ibirapuera, sob a pena canhestra dos escrivães, sofre as grafias mais esquisitas oriundas das muitas maneiras como, então, se pronuncia esse nome. Começa como Virapoeira, passa a Burapueira, a Birapueira - esta versão deve ser de algum escrivão luso que, trocando o V pelo B, consolida a pronúncia - transforma-se em Birapuera, depois em Ebirapuera e vem acabar no nome que hoje mantém.

Em 1655, essas fazendas já param longe. Em 30 de março desse ano, na Câmara, alguns vereadores justificam suas faltas às sessões, com a alegação de que moram longe, pois as fazendas estão mais de seis ou sete léguas por caminhos fragosos.


Ilustração: Belmonte, publicada com este capítulo do livro

Mas não são apenas os moradores dos sítios que se obstinam em não vir à vila. Os daqui também não se animam a procurar as roças. A própria Justiça, o próprio Clero, quando, por dever de ofício, são forçados a aspérrima jornada, fazem-se pagar muito bem, aquela ameaçando com as penas da lei, na forma da ordenação, e este com as iras do Céu, por via da excomunhão.

Assim, quem deseja furtar-se às vistas, sempre incômodas, dos credores, não tem mais que fazer senão meter-se num sítio. É esse, por exemplo, o caso de Brás Gonçalves, o velho, de quem o escrivão do inventário de Brás Gonçalves, o moço, afirma ser inventariante mas precisar de um substituto por ser homem que nunca aparece na vila por ser homem que deve muito.

Ora, para que os credores deixem suas vítimas em paz nas roças é porque, realmente, longa é a distância e péssimos os caminhos...


Uma casa de trapiche, coberta de palha aguarirama, com suas canoas (Inv. e test.)
Ilustração: Belmonte, publicada com este capítulo do livro

Os rios e riachos que serpenteiam pelas extensas planícies de Piratininga servem, quase sempre, de pontos de referência para a localização e identificação das propriedades rurais. É assim que se encontram, a cada passo, indicações de sítios que se situam na banda do Guarapiranga, no Tatuapé, nas cabeceiras do Boú, rio arriba Tamanduateí, além Geribativa, no porto grande do Tieté, meia légua rio abaixo, longo do rio, nas bandas de além do rio grande, além do ribeiro Mooca...

Outras vezes, as denominações vêm dos nomes dos aldeamentos indígenas, em cujas proximidades se localizam as fazendas - porque as terras dos índios são intangíveis. Surgem, então, apelidos bárbaros a indicar sítios, fazendas e paragens: Macuribi ou Maquirobi, Juraracanga, Ururaí, Suapopuqui, Juguaporeru, Jaquaperuruba, Itamburé, Toboapu, Capoieiroçu, Taquapelindiba, Guairaí, Jassepetiva, Guaré ou Guarepe (o atual bairro da Luz), Caajossara, Arujá, Itaberatim, Suapuçu, Boú ou Imboú (o atual M'Boi), bairro de Acutia (Cutia), Guarapiranga, Eipoamoamoçum, Caguaporuava, na paragem de N. S. da Penha, Piratininga, Pacanaibu ou Pacaembu, Ururaí, que é o atual São Miguel...

O próprio bairro de Santo Antônio, ou campo de Santo Antônio, não se forra à influência tupi, pois para diferençá-lo do homônimo urbano, vemo-lo mencionado, não poucas vezes, com o nome de Santo Antônio do Ururaí.

Outras vezes, localizam-se propriedades nas bandas do forte.

Este forte, feito de "taipa e tranqueiras", fica no Emboaçava, para os lados de Pinheiros, na confluência dos rios Grande e Jeribatiba, e foi erguido para evitar novos ataques dos índios à vila, como ocorrera no século anterior e mesmo no princípio do seiscentismo, quando os silvícolas chegam a incendiar a ermida de Pinheiros.

E, finalmente, quando faltam esses recursos denominativos, lança-se mão de indicações consagradas pelo uso cotidiano, como a do sítio que, segundo um inventário, se localiza à entrada do Pau Atravessado...

Ora, morando tão longe assim, não é por ociosidade que os paulistas pouco aparecem na vila, principalmente quando é forçoso andar por caminhos fragosos.

O rude bandeirante que, a todo momento, rompe a mata e vai parar no Paraguai, no Amazonas ou no Peru, parece não ser amigo do meio termo. Ou vai muito longe ou não vai. Ou afronta todos os perigos e todas as insídias da selva selvaggia ou fica placidamente em casa.

Mas não são apenas os caminhos fragosos que constituem obstáculos à comunicação da zona rural com o centro urbano. Há, ainda, os rios e riachos que, sujeitos às enchentes nas estações chuvosas, alagam os caminhos e arruínam as pontes.

Na Câmara, então, são contínuos os apelos do senhor procurador: ...requereu que se fixassem quartéis para se fazer a ponte do guarepe... E a ponte que está debaixo desta vila chamada anhangobaí... E que se conserte a ponte da tabatinguera... E a ponte do ribeiro anangabaú caminho de Peratiningoa...

Junto à ponte da Tabatinguera, ergue-se a forca. Os índios, contudo, vão até lá, uma noite, e incendeiam-na. Fica a vila sem forca, muito tempo, até que, em 1643, resolve a Câmara que se mandasse levantar uma forca nova porquanto a velha não prestava para nada. E, por via das dúvidas, levantam-na longe, nas proximidades de Ibirapuera...


O vereador vai à vila
Ilustração: Belmonte, publicada com este capítulo do livro

A casa rural seiscentista, a casa do sítio, erguida no barro grosso de taipa de mão ou de pilão, colmada de palha ou coberta de telha, com dois, três, quatro até cinco lanços, caracteriza-se principalmente pelos corredores.

Há, assim, casas com corredores de taipa, cobertas de telha, ao redor, em torno, ao longo, assobradadas... A casa do sítio raramente dispensa essa peça arquitetônica que não é, como a conhecemos hoje, interna - mas erguida externamente, ao lado ou ao redor da habitação, sendo parente próxima do alpendre.

Dentro, a maior sobriedade do mobiliário: bufete com suas gavetas, mesa com sua cadeia, cadeiras rasas, camas, catres ou redes, arcas de cinco ou seis palmos, canastras encouradas, bancos, tamboretes. Apesar da religiosidade do paulista, são raros os oratórios ou nichos e relativamente poucos, na habitação rural, os retábulos e lâminas de santos.

Mas, se o bandeirante dispensa o conforto no mobiliário, não escasseiam as ferramentas e os utensílios de trabalho: enxadas, machados, serras, enxós, cunhas, foices de segar e de roçar, foicinhas de sega, podões...

Nem faltam os utensílios de uso doméstico - tachos, caldeirões e alambiques de cobre, tigelas, pratos e colheres de estanho, candeeiros e caldeirões de ferro, botijas e peroleiras de barro, bacias de latão, gamelas de pau.

Aqui, é uma roda de ralar mandioca ou uma prensa para moer farinha. Ali, um alambique de destilar cana ou uma prensa de fazer queijo. Acolá, um tear com suas urdideiras, liças, pentes e caneleiros... São indícios de que, dentro de casa, como lá fora, a vida paulista não transcorre na ociosidade. Enquanto o gentio, de um lado, cuida da lavoura, de outro lado se produzem telhas nas olarias e, sob as telhas se enchem peroleiras de vinho, nos fornos se fazem pães, nas cozinhas se acondicionam caixas de marmeladas e se alinham potes de manteiga, e se empilham queijos, e se enchem frascos de água de rosas, e se encesta a farinha, e se ensacam flocos de algodão... Nas fazendas cortadas pelos rios e riachos, canoas carregadas partem das casas de trapiche, enquanto, por toda parte, rodam os moinhos de água de moer trigo...

É raríssimo, ainda, o sítio que não possui a sua tenda de carpinteiro ou sua tenda de ferreiro, com todos os seus pertences. Nas carpintarias dos sítios vamos encontrar larga cópia de ferramentas: verrumas, goivas, formões, martelos de orelha, escopros, plainas, junteiras, garlopa, cepilho, tornos, trados, serras de mão, serra braçal com seus aviamentos, graminhos, ferro de molduras com seus cepos, compassos.

Nas tendas de ferreiro, não faltam os instrumentos de trabalho: bigorna, taz, tenaz de tirar verga, torno, tresmalhos, foles com suas biqueiras, mós, malhos...

O sítio seiscentista é uma colméia virtuosa, estuante de trabalho, onde lavradores, artífices e operários labutam, de sol a sol, pelo bem comum e para que esta vila não pereça... E, onde não se encontra o senhor rural arroteando a terra como lavrador, é que vamos vê-lo nos seus campos, pastoreando o gado.

Há então nas planícies de Santo Antônio, Piratininga, de Itaim, de Capoeiroçu do Ipiranga, de Tatuapé, de Ibirapuera, grandes criadores. Bois, capados, novilhos, bezerros, carneiros, ovelhas, cabras, cavalos, éguas... Vacas fuscas, alvasãs, broquilhas, pintadas, vacas parideiras, vacas com suas crianças...


Ilustração: Belmonte, publicada com este capítulo do livro

Entre os criadores da vila vamos encontrar Antônio Raposo da Silveira, que possui nos seus campos 76 ovelhas, 66 vacas, 15 novilhas, 4 bois, 40 cavalos e éguas. Manuel João Branco tem, no seu sítio de Ibirapuera, 218 vacas, 118 bois, 77 novilhas e bezerros. Pero Vaz de Barros, 82 cabeças de gado vacum e 60 ovelhas. Francisco Barreto, o grande bandeirante que é rendeiro dos dízimos de Sua Majestade, possui 150 cabeças de gado. Luzia Leme, no seu sítio de Pinheiros, mantém nos pastos 95 vacas, 36 bois, 42 porcos. Maria Leme, 150 cabeças de gado vacum. Miguel Garcia Velho, 116 vacas, 71 novilhas, 1 boi, 7 éguas e 20 porcos... O capitão Valentim de Barros, de uma família das mais nobres da vila, possui na sua grande fazenda apenas 4 ovelhas e 10 cabras...

Mas, o que predomina nos campos de Piratininga, é a cultura do trigo. Pelas imensas planícies estendem-se os trigais e, em certos momentos, a preciosa gramínea chega a constituir verdadeira força econômica do planalto. Para ter-se uma idéia do que fosse a lavoura do trigo nesse tempo, vou alinhar aqui, tomada ao acaso nos Inventários, uma relação do cereal colhido, em grão ou já em farinha, que, ao falecer, deixam alguns plantadores de Piratininga:

Isabel Sobrinha, 15 alqueires; Rafael de Oliveira, 20; Tomásia Alvarenga, 40; Beatriz Bicudo, 70; Valentim de Barros, 130; Francisco Lopes Pinto, 15; Álvaro Rabelo, 17; Maria Bicudo, 60; Bartolomeu Rodrigues, 77; Francisco Pedroso Xavier, 130; Ambrósio Mendes, 350; Diogo de Melo, 400; Agostinho Rodrigues, 50; Pedro Dias, 350; Francisco Leão, 20; Antônia de Chaves, 200; Clemente Álvares, 200; Maria da Silva, 600; Luzia Leme, 1.100; Domingos Jorge Velho, 150 [1].

O preço do alqueire varia entre 100 e 200 réis. Há, assim, verdadeiras fortunas nas tulhas e nas casas de trigo.

Antônio Bicudo de Brito, ao fazer seu testamento in extremis, declara que tem no Rio de Janeiro, já a salvamento, 150 cargas de farinha de trigo em duas carregações, vendidas a Manuel da Silva Salgado, que, por elas, deverá pagar-lhe 147$000 em fazendas, enquanto Filipe de Campos escreve antes de falecer: Declaro que mandei para o Rio de Janeiro cento e cinco cestos de farinha de trigo, por via de Manuel Lobo Franco, remetidas a um correspondente seu cujo nome se verá no conhecimento que tenho em meu poder.

A exportação de trigo, contudo, nem sempre é permitida. Vezes há em que a população da vila se queixa, os "homens bons" da Câmara acodem com suas providências e o procurador requer que não consintam saiam fora da terra farinhas de trigo pela terra não perecer... Ou então: que seja posto quartel para que nenhuma pessoa de qualquer qualidade ou condição que seja, não leve para fora desta vila sem licença da Câmara, farinhas de trigo nem carne.

Quando, porém, tais providências não surtem o efeito esperado, lança-se mão de remédios heróicos: ...acordaram os ditos oficiais e assentaram que se fizesse lista dos homens que houvesse nesta vila que tivessem trigo para por eles se fintarem quinhentos ou seiscentos alqueires de trigo para sustento deste povo e que se repartiria por semanas para acudirem com o pão a tempo que lhes for mandado.


Machado
Ilustração: Belmonte, publicada com este capítulo do livro

São enérgicos os senhores do Conselho. E há razões de sobra para isso, pois, no século XVI, como no século XX, os processos de comerciar são idênticos. Não só os exportadores costumam deixar o povo in albis, como os lojistas, no seu varejo, vão adulterando pesos e medidas. E lá surge a Câmara: Pelos ditos oficiais foi acordado que nenhuma pessoa não venda nem compre farinhas por alqueires, mas por arrobas pelo muito agravo que há. Ou então: ...que não vendam farinhas aos alqueires senão por arrobas pelo grande defraudo que há no bem comum...

O preço do trigo, posto em Santos, é de 100 réis o alqueire. Na vila, a farinha vale 240 réis. É essa, pelo menos, a tabela imposta pela Câmara, ao tempo em que ainda vigora o alqueire e em que o trigo é aceito como dinheiro pelos mercadores forasteiros. A moeda é escassa no planalto - tão escassa como será mais tarde, no século XX - e daí o gênero de trocas que ressurgirá, três séculos depois, com o nome de "comércio em moedas compensadas".

É claro que não é apenas na farinha que os lojistas procuram lesar a clientela. O próprio pão, como de costume, vai diminuindo de tamanho, a ponto de os incansáveis senhores do Conselho intervirem: Requereu o procurador que o pão que se vendia a este povo nas vendagens era pequeno e havia muito trigo na terra pelo que eles ditos oficiais provessem nisso e fizessem posturas para que o pão pesasse mais de arrátel e meio, e não menos, sob pena do pão perdido e de pagarem quinhentos réis... Estipula-se, então, em definitivo, que o pão pese dois arráteis, isto é, quase um quilo.

Mas o domínio rural seiscentista, como com acerto acentua Alcântara Machado, "constitui um mundo em miniatura". Autarquicamente, o senhor rural do planalto basta-se a si próprio. O núcleo urbano, ao inverso do que ocorrerá três séculos depois, é apenas o lugar de recreio, aonde o paulista vai para distrair-se em dias de procissão ou de festas profanas.

"As lavouras e os currais", escreve o autor de Vida e Morte do Bandeirante, "abastecem à farta a mesa do senhor e a dos agregados e escravos. É a própria fazenda que fornece os materiais para as construções, para os utensílios agrícolas, para o mobiliário, para a iluminação, para o vestuário comum.

Continuemos, pois, no capítulo seguinte, as nossas digressões pelos sítios da roça.


Pichel para vinho
Ilustração: Belmonte, publicada com este capítulo do livro


[1] Este Domingos Jorge Velho, que falece em 1671 no seu sítio de Parnaíba, com 60 anos de idade (como se depreende de uma afirmação sua, feita em Juízo, em 1655 e na qual ele declara ter 54 anos), é apenas um homônimo do famoso destruidor dos Palmares que, a esse tempo, andava pelos sertões do Piauí. Este, de que nos ocupamos, é tio do grande bandeirante. E, ainda nesse ano de 1671, há na vila de São Paulo um outro Domingos Jorge Velho, filho de Onofre Jorge Velho e Inês da Costa e que conta, então, 20 anos de idade. (Inv. e Test. XVIII, 94).


Peroleira de barro, para guardar vinho, vinagre, mel etc.
Ilustração: Belmonte, publicada com este capítulo do livro


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