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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - BIBLIOTECA - C.SANITÁRIA
A campanha sanitária de Santos - Malária (1)

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Em 1947, David Coda e Alberto da Silva Ramos, do Serviço de Profilaxia da Malária do Estado de São Paulo, publicaram este estudo, na forma de uma separata dos Arquivos de Higiene e Saúde Pública, publicação da Diretoria Geral do Departamento de Saúde do Estado de São Paulo – Ano (Vol.) XII – 1947 – Nums. 31-32-33-34 – páginas 63 a 104.

O trabalho foi impresso na Indústria Gráfica de José Magalhães Ltda., de São Paulo, e um exemplar foi cedido a Novo Milênio para digitalização, pela Biblioteca Pública Alberto Sousa, de Santos, através da bibliotecária Bettina Maura Nogueira de Sá, em maio de 2010:

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A Malária na Cidade de Santos

David Coda e Alberto da Silva Ramos - 1947

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A Malária na Cidade de Santos [*]

Introdução

A cidade de Santos, não obstante ser o mais importante porto da América do Sul, desempenhando relevante papel na economia da Nação e do Estado, e, também, um grande centro de turismo, não havia sido, até o presente, objeto de estudos relativos à malária. Entretanto, o problema desta doença deveria ter surgido com a fundação da cidade, para perdurar endemicamente, ora sob as cinzas mornas de uma acalmia temporária, ora os rigores próprios dos recrudescimentos cíclicos.

Muito embora não sendo completo, este trabalho servirá de aviso àqueles que forem incumbidos de livrar a cidade da malária, quer pelo saneamento, quer por medidas necessárias à erradicação da doença e seus perigos transmissores.

Muitos dos dados aqui apresentados foram colhidos em fontes que se reportam à presença da malária em Santos, em eras passadas.

A maioria das notícias obtidas sobre a malária remonta a uma época em que, muita vez, nem médicos existiam em Santos, e a assistência era prestada por cirurgiões, barbeiros e licenciados. Essas notícias se referiam sempre às febres de mau caráter que, então, reinavam epidemicamente, ceifando vidas.

Dados mais próximos, já da era pasteuriana e ouros posteriores à descoberta do agente etiológico da malária, por Laveran, nos são oferecidos sem a necessária comprovação de laboratório.

Sem o beneplácito dos esculápios de antanho ou dos laboratórios, esses dados servirão, contudo, para demonstrar a presença das febres de caráter intermitente e estacionais, então reinantes, como agora. Numerosos óbitos catalogados como conseqüentes às febres malignas, intermitentes, palustres, malário-tifo etc., poderiam, realmente, tanto originar-se de uma infecção malárica, como de outras causas, tão comuns numa época em que nem a população, nem os poderes públicos, primavam em cuidados concernentes à higiene individual ou urbana.

As sezões, contudo, eram bastante conhecidas, pois os antigos navegantes e colonizadores constantemente se viam a braços com elas, nas suas longas singraduras pelos mares, em buscas de novas terras.

Recentemente, a partir de 1939, é que foram obtidos elementos mais positivos referentes à malária na cidade de Santos, quando coligidos os dados epidemiológicos, a fim de serem separados os casos tratados pelos clínicos, Santa Casa, hospitais e ambulatórios e identificados pela procedência, qualificando-os como autóctones ou importados.

De posse desses dados, nos foi possível declarar a autenticidade da presença de casos de malária autóctones, na cidade de Santos, plenamente confirmados com a identificação do vetor responsável, o Anopheles tarsimaculatus.

[*] Trabalho do Serviço de Profilaxia da Malária do Departamento de Saúde do Estado de São Paulo