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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Colônia lusa
A cidade dos portugueses (13)

Álbum mostra o perfil da colônia portuguesa em Santos e no Brasil, em 1929
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Organizado para representar a colônia luso-brasileira na Exposição Ibero-AmericanaClique na imagem para voltar ao início deste álbum realizada em Sevilha em 1929, este Álbum da Colônia Portuguesa no Brasil, com cerca de 600 páginas, foi encontrado incompleto no acervo da Sociedade Humanitária dos Empregados no Comércio de Santos (SHEC). Editado no próprio ano de 1929 por Teófilo Carinhas, e confeccionado nas oficinas gráficas da publicação Numero..., de Carinhas & Cia. Ltda., no Rio de Janeiro, é parcialmente reproduzido nestas páginas, com ortografia atualizada:
 


Imagem: reprodução da página 393 do álbum


Imagem: reprodução da página 394 do álbum

Sociedade Portuguesa de Beneficência de Santos

Em 21 de agosto de 1859, a convite de José Joaquim de Souza Ayram Martins e Joaquim José da Costa e Silva, na qualidade de sócios incorporadores, reuniram-se no prédio sito à Rua Direita nº 20, e, já constituídos em sessão preparatória da assembléia geral da Sociedade Portuguesa Beneficência D. Pedro V, os senhores acima mencionados e mais os seguintes: - Antonio da Cunha Guimarães, Antonio Domingues Martins, Antonio Ferreira Duarte, Antonio José Pereira da Silva, Antonio José Ribeiro Bastos, Antonio Pereira da Costa Guimarães, Henrique Pereira Bastos, Luiz José Gomes, João Antonio da Costa Bastos, João Augusto de Mattos Chaves, João Chrysostomo de Sá, João Joaquim da Silva, Joaquim Gonçalves de Miranda, Joaquim dos Santos Castro, José Alves Paulo, José Antonio de Lemos, José Christovão Pereira de Azevedo e José Domingues Fernandes, todos considerados sócios fundadores. Aclamados, presidente interino o sr. José Joaquim de Souza Ayram Martins, e secretário o sr. Antonio José Pereira da Silva, por estes foram lidos e aprovados os estatutos.

Em 2 de setembro do mesmo ano realizou-se a segunda sessão de assembléia geral, sob a presidência do sr. Victorino José Pereira Carmilo, vice-cônsul português em exercício, e com a presença de 19 sócios, e em 16 do referido mês realizou-se outra assembléia geral para eleição da diretoria definitiva, a qual se efetuou com 52 sócios, e elegeu o primeiro Poder Dirigente da Sociedade, que ficou assim constituído e com mandato até 31 de dezembro de 1859:

Conselho administrativo: Manoel Alves Ferreira da Silva, José Joaquim de Sousa Ayram Martins, José Domingues Fernandes, Joaquim Gonçalves Gomes de Miranda. Conselheiros: José Antonio de Sousa Guimarães, Antonio Domingues Martins, Antonio Martins Pereira da Cruz, João Augusto de Mattos Moraes, Antonio Pereira da Costa Guimarães, Angelo Garcia de Sousa Ramos.

Todos os eleitos foram empossados de seus respectivos cargos nesta mesma assembléia.

Em 8 de dezembro de 1859, reunida a diretoria em sessão ordinária, resolveu pedir a Sua Majestade El-Rei D. Pedro V, por intermédio do ministro português, acreditado junto ao Governo Imperial Brasileiro, autorização para que a Sociedade "pudesse usar de Seu Augusto Nome". Em sessão de assembléia geral efetuada em 16 de dezembro de 1860, à Rua da Cadeia, na residência do presidente da diretoria, procedeu-se à eleição da diretoria e conselheiros para o exercício de 1861.

Encerrada a sessão de assembléia geral ordinária, foi em seguida constituída uma sessão extraordinária de assembléia geral na qual o presidente disse que "em conseqüência do decreto imperial nº 2.686 de novembro próximo-passado, baixado pelo ministro da Fazenda, em que manda que todas as associações se reúnam em assembléia geral, a fim de deliberarem se devem ou não dissolver-se, e, no caso de continuar, impetrar do Governo a aprovação de seus Estatutos, decidiu-se unanimemente que a Sociedade continuasse sob o título de Sociedade Portuguesa de Beneficência de Santos, visto não ter vindo a autorização pedida para se usar o Real Nome de Sua Majestade El-Rei D. Pedro V, ficando o Conselho Administrativo autorizado a solicitar a aprovação de seus Estatutos, já então em vigor, selados e vistos pela autoridade competente, antes do Decreto".

Em assembléia geral extraordinária, efetuada em 1 de maio de 1861, foram reformados os estatutos, ficando a Instituição com os seguintes fins: - Procurar emprego honesto para os sócios; - Prestar alimento aos indigentes que não possam trabalhar; - Prestar aos enfermos necessitados os socorros de que carecerem e aos que falecerem mandar-lhes fazer o enterro e os sufrágios; - Facilitar a educação e ensino, assim moral como industrial, à mocidade desvalida; - Assistir com os meios necessários aos que tiverem de sair do país por casos de evidente comiseração, e dos que tiverem de mudar de localidade por motivo de grave moléstia; - Fazer esforços para que sócios de procedimento irregular se corrijam e se empreguem em trabalho honesto etc.

Em 15 de dezembro de 1867, o sr. comendador António Ferreira da Silva ofereceu o terreno para a construção do hospital, no lugar denominado Bexiguentos, assim chamado porque nele existia "um rancho", onde eram recolhidos os variolosos.

Ficou logo resolvido iniciar-se a construção do hospital, destinando-se-lhe não só o dinheiro de um espetáculo a realizar por João Paulo de Vasconcelos em benefício da Sociedade, como as entradas de jóias e mensalidades dos sócios.

Em sessão de 22 de março de 1868, foi designado o Domingo de Páscoa - 12 de abril do mesmo ano - para lançamento da pedra fundamental do edifício hospitalar, sendo de fato iniciada a construção nesse mesmo dia, com a presença das autoridades locais e pessoas gradas da colônia portuguesa.

Vencendo mil dificuldades, carinhosamente amparada pelo esforço e dedicação de várias diretorias, foi a Sociedade atravessando a sua existência, desde 1863 até fevereiro de 1873, data em que, reunido o Conselho Administrativo, foi pelo seu presidente João Antonio Teixeira demonstrada a conveniência que havia em se instalar uma enfermaria, na parte já construída do hospital, ou em outra localidade que parecesse mais própria, onde se pudessem tratar doentes sócios e não sócios e de qualquer nacionalidade, visto a Santa Casa não dispor talvez de acomodações suficientes, no caso da febre amarela, que grassava intensamente em navios surtos no porto, poder vir a desenvolver-se na cidade.

Ficou então resolvido obter o convento existente no Morro de São Bento, para a instalação de uma enfermaria, sendo nomeada uma comissão para se entender com o diretor do Mosteiro, sobre o magno assunto.

Na mesma sessão ficou deliberado, de acordo com a resolução tomada em sessão do Conselho Administrativo de 1 de fevereiro de 1871 que criou as mordomias - que os doentes não sócios a internar na enfermaria fossem tratados de conta dos respectivos mordomos.

Em 21 de outubro de 1877 realizou-se pela primeira vez a reunião de Diretoria no "Edifício Social". Em 21 de novembro do mesmo ano foi apresentada pelo diretor sr. Alfredo de Montenegro a seguinte proposta: "Proponho que a Diretoria fique autorizada a abrir o Hospital logo que estejam inscritos 400 sócios, e que as despesas de comedoria e dietas sejam feitas à custa dos membros do Conselho, rateando a importância despendida'. Aprovada por unanimidade. Em sessão de diretoria de 1 de janeiro de 1878, de acordo com a proposta acima enunciada, foi resolvido proceder-se à inauguração do Hospital, que se efetuou com todas as formalidades, no dia 6 do referido mês de janeiro, aceitando-se os oferecimentos gratuitos dos médicos, srs. doutores Frederico Vonder Mendem e Julio furtado, sendo que o primeiro destes distintos facultativos já vinha prestando gratuitamente os seus serviços à Sociedade, desde o contrato feito com a Santa Casa de Misericórdia.

Ata da inauguração do novo hospital: - "Aos 6 dias do mês de janeiro de 1878, no edifício do hospital da Sociedade Portuguesa de Beneficência, presentes grande número de sócios, damas e cavalheiros desta cidade e representante da Sociedade Portuguesa de Beneficência de São Paulo, sr. Joaquim de Oliveira Vilar, foi pelo reverendo vigário desta paróquia lançada a bênção às enfermeiras e em seguida inaugurado o hospital, para uso dos sócios; e para memória, eu, secretário, fiz este auto, que vai ser assinado pelas pessoas presentes, que assim quiseram honrar esta Sociedade".

Continuou a Sociedade a ter o maior incremento e o número de sócios a aumentar consideravelmente.

Ao mesmo tempo, acudia a quantos eram atacados do mal terrível que então grassava e que pediam o abrigo daquela Casa benéfica.

Mas, apesar do muito que já se havia feito, as diretorias sucessivas entendiam que era preciso muito mais, e assim, foram trabalhando afincadamente, de modo a que no dia 15 de outubro de 1922, com toda a solenidade e contentamento, se lançava a pedra fundamental do novo edifício, que é, incontestavelmente, uma das mais belas obras dos nossos compatriotas no Brasil.

Não só pela sua grandiosidade, mas também pela severidade do estilo tão português, pela sua elegância arquitetônica, que define bem o amor dos portugueses pelo seu torrão natal distante e o do ilustre artista que concebeu o projeto, o dr. Ricardo Severo.

É hoje o hospital de Beneficência Portuguesa de Santos um dos maiores e mais modelares estabelecimentos hospitalares da América do Sul.

E não ficará por aí o constante desejo de progresso dos esforçados portugueses que dirigem a benemérita instituição. É seu plano construir, ainda, mais dois pavilhões na área enorme que possuem e onde já estão os necessários alicerces.

Pelo relatório de 1927 verifica-se que o patrimônio da prestante agremiação atingiu a considerável soma de 2.556:634$769, tendo sido a despesa total nesse ano de 303.113$036.

Por aqui e pelos aspectos fotográficos que fixamos se vê a importância da grande Beneficência Portuguesa de Santos, um dos padrões mais admiráveis a definir as qualidades da nossa gente.


Imagem: reprodução da página 395 do álbum


Imagem: reprodução da página 396 do álbum

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