Imagem: reprodução parcial da matéria original
Homenagem da A Tribuna à laboriosa colônia portuguesa
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Membros destacados da colônia - Uma plêiade de
honrados e dignos cidadãos portugueses aqui desenvolve atualmente sua atividade laboriosa, contribuindo para o progresso da cidade, auxiliando não
só as coletividades originárias da colônia como todas as nossas instituições em geral, incorporando-se a todos os movimentos de caráter social ou de
civismo.
Bernardino Pereira Leite - Elemento de destaque na colônia,
nela exerce definida influência. Seu trabalho de arregimentação e união dos portugueses tornou-se notável com a campanha de reerguimento da
Sociedade União Portuguesa, imprimindo-lhe finalidade de assistência e fazendo-a motivo de justo orgulho da colônia.
Espírito culto, as preocupantes lides do comércio e da indústria, em que militou com
assinalado êxito, não impediram que dedicasse particular carinho às letras, escrevendo uma interessante novela e outros trabalhos apreciados pelo
estilo elegante, pela linguagem escorreita e pela profundidade de seus conceitos. Incansável estudioso, ocupa merecidamente uma cadeira no Instituto
Histórico e Geográfico de Santos.
Comendador Joaquim Inácio da Fonseca Saraiva - Antes de seguir
para São Paulo, onde se fixou no comércio de livraria, como proprietário da Livraria e Editora Acadêmica, o comendador Joaquim Inácio da Fonseca
Saraiva, hoje figura de relevo nos círculos sociais de São Paulo, particularmente estimado nos meios estudantis, viveu alguns anos em Santos e aqui
desenvolveu intensa atividade social. Emprestou desvelada colaboração à Beneficência Portuguesa e ao Real Centro Português, ocupando cargos
diretivos em ambas as instituições. No Real Centro, de que foi um dos sócios iniciadores, exerceu cargos nas diretorias de 1895, 1900, 1903, 1904 e
1905.
Francisco Bento de Carvalho - Um dos vultos
mais influentes da colônia portuguesa de Santos, tem prestado às instituições de caridade locais vultosa colaboração, contemplando não só as
associações de iniciativa lusa, como todas as coletividades filantrópicas em geral. Ainda recentemente, fez a todas elas donativos valiosos, que se
elevam a um total de mais de uma centena de milhares de cruzeiros.
Mercê de sua invulgar capacidade de trabalho e larga visão comercial, tornou-se um dos
mais destacados elementos do alto comércio atacadista e importador de Santos, onde se encontra desde 1887.
O governo português distinguiu-o com o grau de Grande Oficial da Ordem da
Benemerência.
Entre as casas de caridade de Santos a que emprestou dedicada colaboração figura a
Irmandade da Santa Casa da Misericórdia. Como testamenteiro e inventariante dos bens deixados por
José Cabalero, e legados àquela instituição, empenhou-se em renhido pleito judiciário, no qual reivindicou e conseguiu que a Casa de Braz Cubas
fosse neles empossada, valores àquele tempo estimados em mais de mil contos de réis.
Apaixonado apreciador da arte, vem desde longos anos coligindo verdadeiras
preciosidades artísticas em sua residência, sendo além disso possuidor de uma raríssima e valiosa coleção numismática.
Marinho da Câmara Leite - Elemento de destaque no comércio
local, participou de importantes organizações mercantis. Exerceu as funções de agente do Lloyd Brasileiro. Desempenhou o cargo de vice-cônsul de
Portugal. A sua cooperação às instituições portuguesas em geral foi das mais apreciáveis. Atualmente, está retirado da vida comercial para se
dedicar à agricultura, possuindo uma fazenda no interior do Estado.
Comendador Aristides Cabrera Corrêa da Cunha - Nome dos mais
estimados não só no seio da colônia portuguesa como na sociedade santista e paulistana em geral, desfruta entre nós de merecido prestígio. Chefe de
uma das mais importantes organizações comerciais do Estado, sua ação nos meios sociais é das mais destacadas.
Sócio do Rotary Clube de Santos, pertencendo aos quadros
sociais e tendo ocupado cargos nas diretorias de diversas instituições de caridade, esportivas e culturais de Santos. Foi distingüido pelo governo
brasileiro com a comenda da Ordem do Cruzeiro do Sul.
Na impossibilidade de fazer referência especial a todos eles, citaremos aqui mais
alguns nomes que no momento nos ocorrem, nas pessoas dos quais rendemos nossa homenagem a toda a colônia lusa: dr. Tomás Alvim, ora residindo no Rio
de Janeiro, mas que aqui exerceu destacada atividade forense; drs. F. Dourado, médico, e M. F. Dourado, dentista; Alberto Plácido de Sousa Santos,
Ismael Alberto de Sousa, Manoel Golegã de Sousa Santos, Vitor Soalheiro, Antônio Domingues Pinto, A. D. Mirandeira, Horácio Reis, Luiz Couceiro,
José Luís Antunes, José Bento de Carvalho, Carlos Herdade, José Martins Simões, Domingos Cândido da Silveira, Clídio Pereira de Carvalho, Alberto
Pimenta, Gaspar Lopes Martins, Antônio Marques Bento de Sousa, Antônio Ferreira Lage, Narciso Ferreira Lage, Manoel Azevedo Azevedo Lage, Antônio
Lourenço Gomes, Benjamim Alves dos Santos e Antônio Inácio Serra.
Um precioso informador - Com o propósito de obter
informações sobre as personalidades portuguesas que, nas últimas décadas, aqui viveram e aqui desempenharam sua atividade, influindo para o
desenvolvimento da cidade, procuramos ouvir o sr. Agostinho Maria da Rocha, cidadão que desfruta de geral conceito e apreço não só no seio da
colônia como nos círculos sociais de Santos.
Muito trabalhou em favor das instituições portuguesas de Santos, principalmente a
Beneficência e o Real Centro.
O referido cavalheiro vive em Santos há mais de 66 anos, para cá tendo vindo com pouco
mais de 11 anos. Aqui viveu sempre, aqui trabalhou com afã, tornando-se merecedor da estima e admiração de todos, mercê de sua retidão de caráter e
de seu espírito de justiça e integridade moral.
Memória privilegiada, conserva bem viva a lembrança de quase todas
as pessoas com quem conviveu no decurso de sua já longa existência. Grandemente relacionado, tornou-se um conhecedor profundo da vida de Santos
desde a sua infância. Foi, por isso, para nós, um informador precioso. A ele devemos uma grande parte dos dados seguintes que podemos apresentar à
curiosidade dos nossos leitores, pelo que aqui lhe deixamos consignado o nosso agradecimento, sem antes deixarmos de atender ao seu insistente
pedido, de rogar escusas pelos possíveis equívocos ou inevitáveis omissões em que haja involuntariamente incorrido.
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