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Galeria biográfica dos santistas ilustres
Grandes vultos que se destacaram pela sua atuação notável na história de Santos
e do Brasil
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Alexandre de Gusmão - Nascido em Santos, no
ano de 1695, era filho do licenciado cirurgião-mor do presídio da Vila de Santos, Francisco Lourenço e de d. Maria Alves
(N.E.: SIC. Correto é Alvares ou Alvarez).
O sobrenome Gusmão tomou depois toda a família, do reitor do Colégio dos Jesuítas, em
Santos, Alexandre de Gusmão, homem sapiente, que foi o preceptor de todos os filhos do casal e padrinho do nosso Alexandre.
Como era comum em sua época, não fugiu à rota dos que pretendiam ser alguém na vida.
Feitos os primeiros anos de estudo no Colégio dos Jesuítas, dirigiu-se mais tarde para Coimbra, onde formou-se em leis, transferindo-se depois para
Paris, onde freqüentou a sua Universidade e formou-se em Direito Civil, Romano e Eclesiástico.
Dotado de grande inteligência e cultura, possuindo extraordinária agudeza de espírito,
começou sua carreira em Lisboa, em 1714, na vida diplomática, saindo dali para Paris, como agente de negócios de Portugal. No ano seguinte, era
secretário da embaixada que se confiou ao conde da Ribeira Grande, para complemento da paz de Utrecht. Em 1720, foi escolhido para representar
Portugal no Congresso de Cambray, e mudado para Soissone; mas teve de deixar essa representação porque o soberano português o enviou para Roma, onde
esteve em assinalada atividade diplomática junto ao Vaticano, durante sete anos (1721 a 1728).
Regressando ao Reino, foi feito escrivão da puridade (secretário particular) de d.
João V e esteve com o peso da Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros desde 1731, assim como encarregado dos despachos da Secretaria de
Estado para o Brasil, desde 1734, sendo nomeado finalmente, em 1742, para o Conselho Ultramarino, onde o alcançou a morte.
Foi, antes, secretário da embaixada portuguesa na corte de Luís XIV. Rejeitou a
dignidade de príncipe romano, oferecida pelo papa Benedicto VIII, e, à sua habilidade diplomática deve o Brasil, como deveu Portugal, o famoso
tratado de 1750 (Tratado de Madrid), celebrado entre Portugal e Espanha a 13 de janeiro daquele ano, pelo qual se fixaram os pontos capitais das
linhas divisórias entre as possessões dos dois Estados na América Meridional, o que vinha consagrar as conquistas bandeirantes e dar ao Brasil uma
área quatro vezes maior do que a anterior, estabelecida pelo velho e defeituoso Tratado de Tordesilhas. Esse tratado foi depois modificado pelo de
12 de fevereiro de 1761, que nada ofereceu de vantagem sobre aquele, e até foi reconhecido depois como lesivo aos interesses portugueses,
perfeitamente defendidos no primeiro.
Diplomata, escritor, poliglota, poeta e epistológrafo, disse dele Camillo Castello
Branco, em seu Curso de Literatura Portuguesa, que Alexandre, "nas ciências políticas foi mais arguto que d. Luís da Cunha, e na sagacidade e
lucidez de fino sentir, foi o mais avançado espírito do seu século".
Alexandre de Gusmão, educado na severa escola dos jesuítas, do seu modesto Colégio de
Santos, jamais aceitou títulos, os inúmeros títulos que em diversos países do mundo se lhe ofereciam. Fez parte da Real Academia de Ciências de
Lisboa, tendo deixado cerca de 40 obras em prosa e verso, estudos e traduções, que atestam ainda hoje a sua grande cultura. Faleceu em Lisboa, a 31
de outubro de 1753.
Alexandre de Gusmão
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