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A crise nos hotéis
Um estabelecimento modelar – Santos Hotel – Algumas notas sobre o grande edifício
Na
sua marcha ascensional, desenvolvendo um programa de ação contínua e fecunda, Santos vai tranqüilamente solucionando os problemas que de pronto
ferem a atenção geral. Um desses problemas é o dos hotéis. Cidade marítima, comportando diariamente formidável população flutuante, além de atrair
grande número de forasteiros, que fazem aqui a estação balneária, era natural que os hotéis da cidade, com o crescer da população, se fossem
tornando deficientes. E de súbito tivemos a calamidade da crise de hotéis, o que tem dificultado extraordinariamente a expansão do turismo e das
temporadas balneárias, aqui.
Ao passo que os jornais entravam de reclamar pela
construção de novos hotéis, e aqui e ali surgiam pequenas construções destinadas a esse fim, sem em nada melhorar a situação, silenciosamente um
industrial santista, o sr. J. D. Martins, planejava e mandou atacar as obras de um portentoso edifício destinado a ser um estabelecimento modelar,
resolvendo de golpe a crise terrível que nos vem assoberbando.
Dentro em breve erguer-se-á, imponente, naquele trecho
que delimita a praça Barão do Rio Branco da Praça da República, onde outrora se erguia um casarão ocupado por escritórios comerciais, o suntuoso
prédio do Santos Hotel.
Graças a uma nímia gentileza do seu proprietário, podemos
dar hoje, em primeira mão, informes abundantes sobre o futuro grandioso edifício.
O sr. J. D. Martins põe nessa obra o empenho de dotar a
sua cidade natal com um estabelecimento modelar, projetando-se no futuro como das mais arrojadas a sua formidável iniciativa, e como das mais dignas
de louvores essa prova de devotamento ao pátrio torrão.
Não pesam, com efeito, os encômios a essa obra, que de
algum modo envolve um alto propósito patriótico.
O sr. dr. J. D. Martins
Foto publicada com a matéria
Para se ter uma idéia de sua importância, pois o Santos
Hotel em conforto e luxo rivalizará com os melhores do país, atentem-se nestes detalhes:
O novo edifício terá 100 quartos, todos otimamente
instalados, bem ventilados, dotados de todo o conforto. No 1º andar haverá 20 apartamentos com banheiro, W.C., chuveiro, amplamente arejados e
luxuosamente mobiliados.
A sua entrada principal, conquanto a fachada dê para a
Praça barão do Rio Branco, será pela Praça da República, além de outras entradas, que facilitam admiravelmente acesso ao grande hotel.
Nenhum requisito moderno foi desprezado para a confecção
dos planos arquitetônicos desse novo hotel. Um amplo terraço, onde será estabelecido serviço de bar nas noites calmosas, permitirá às pessoas que
nele se acharem descortinar os pontos principais da cidade. Dois possantes elevadores darão acesso a esse terraço.
A extensão dos cômodos desse hotel será facilmente
percebida quando se verificar que só o salão restaurante terá 20 metros de comprimento por 11 de largura. Todos os quartos serão dotados de água
corrente, quente e fria, telefone e luz elétrica.
Um bar magnífico será instalado, dando para a Praça da
República, cujo aspecto comercial sofrerá considerável transformação com a instalação desse majestoso edifício.
O abastecimento do hotel será feito por 3 caixas com
capacidade parra 10.000 litros de água, de sorte que o elemento primordial de vida está plenamente assegurado ali.
Construído de cimento armado, o que lhe garante
indiscutivelmente solidez, o Santos Hotel medirá, na frente que dá para a Praça Barão do Rio Branco, 60 metros de largura;na parte que dá para a
Praça da República, 21 metros; incluindo o pavimento térreo, terá 4 andares.
O mobiliário obedecerá ao mais nobre e requintado estilo,
e será executado nas oficinas do Liceu de Artes e Ofícios de S. Paulo.
O Santos Hotel disporá de uma grande adega com
frigorífico para depósito de bebidas, conservas e carnes.
Tal é, em traços breves, a obra que está sendo executada
pelo abalizado construtor dr. Ramos de Azevedo, de S. Paulo, e que por todo o próximo ano de 1924 ficará concluída, vencendo as dificuldades
decorrentes da falta de material com que lutam as construções civis nesta cidade.
Não fora essa carência de materiais de construção,
agravada pela falta de artífices, e as obras que ali se estão realizando chegariam logo ao seu termo.
O sr. J. D. Martins realiza, com essa iniciativa, obra de patriotismo e de
afirmação na órbita em que evolui vertiginosamente a nossa futurosa urbe.
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