Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/h0319i.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 08/07/10 15:29:53
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - HOTELARIA
Antigos hotéis e restaurantes santistas (9)

Leva para a página anterior
Esta matéria sobre o Santos Hotel foi publicada em 2 de dezembro de 1923 pelo jornal santista A Tribuna, na página 5 (ortografia atualizada nesta transcrição):
 


Imagem: reprodução parcial da página com a matéria

A crise nos hotéis

Um estabelecimento modelar – Santos Hotel – Algumas notas sobre o grande edifício

Na sua marcha ascensional, desenvolvendo um programa de ação contínua e fecunda, Santos vai tranqüilamente solucionando os problemas que de pronto ferem a atenção geral. Um desses problemas é o dos hotéis. Cidade marítima, comportando diariamente formidável população flutuante, além de atrair grande número de forasteiros, que fazem aqui a estação balneária, era natural que os hotéis da cidade, com o crescer da população, se fossem tornando deficientes. E de súbito tivemos a calamidade da crise de hotéis, o que tem dificultado extraordinariamente a expansão do turismo e das temporadas balneárias, aqui.

Ao passo que os jornais entravam de reclamar pela construção de novos hotéis, e aqui e ali surgiam pequenas construções destinadas a esse fim, sem em nada melhorar a situação, silenciosamente um industrial santista, o sr. J. D. Martins, planejava e mandou atacar as obras de um portentoso edifício destinado a ser um estabelecimento modelar, resolvendo de golpe a crise terrível que nos vem assoberbando.

Dentro em breve erguer-se-á, imponente, naquele trecho que delimita a praça Barão do Rio Branco da Praça da República, onde outrora se erguia um casarão ocupado por escritórios comerciais, o suntuoso prédio do Santos Hotel.

Graças a uma nímia gentileza do seu proprietário, podemos dar hoje, em primeira mão, informes abundantes sobre o futuro grandioso edifício.

O sr. J. D. Martins põe nessa obra o empenho de dotar a sua cidade natal com um estabelecimento modelar, projetando-se no futuro como das mais arrojadas a sua formidável iniciativa, e como das mais dignas de louvores essa prova de devotamento ao pátrio torrão.

Não pesam, com efeito, os encômios a essa obra, que de algum modo envolve um alto propósito patriótico.


O sr. dr. J. D. Martins
Foto publicada com a matéria

Para se ter uma idéia de sua importância, pois o Santos Hotel em conforto e luxo rivalizará com os melhores do país, atentem-se nestes detalhes:

O novo edifício terá 100 quartos, todos otimamente instalados, bem ventilados, dotados de todo o conforto. No 1º andar haverá 20 apartamentos com banheiro, W.C., chuveiro, amplamente arejados e luxuosamente mobiliados.

A sua entrada principal, conquanto a fachada dê para a Praça barão do Rio Branco, será pela Praça da República, além de outras entradas, que facilitam admiravelmente acesso ao grande hotel.

Nenhum requisito moderno foi desprezado para a confecção dos planos arquitetônicos desse novo hotel. Um amplo terraço, onde será estabelecido serviço de bar nas noites calmosas, permitirá às pessoas que nele se acharem descortinar os pontos principais da cidade. Dois possantes elevadores darão acesso a esse terraço.

A extensão dos cômodos desse hotel será facilmente percebida quando se verificar que só o salão restaurante terá 20 metros de comprimento por 11 de largura. Todos os quartos serão dotados de água corrente, quente e fria, telefone e luz elétrica.

Um bar magnífico será instalado, dando para a Praça da República, cujo aspecto comercial sofrerá considerável transformação com a instalação desse majestoso edifício.

O abastecimento do hotel será feito por 3 caixas com capacidade parra 10.000 litros de água, de sorte que o elemento primordial de vida está plenamente assegurado ali.

Construído de cimento armado, o que lhe garante indiscutivelmente solidez, o Santos Hotel medirá, na frente que dá para a Praça Barão do Rio Branco, 60 metros de largura;na parte que dá para a Praça da República, 21 metros; incluindo o pavimento térreo, terá 4 andares.

O mobiliário obedecerá ao mais nobre e requintado estilo, e será executado nas oficinas do Liceu de Artes e Ofícios de S. Paulo.

O Santos Hotel disporá de uma grande adega com frigorífico para depósito de bebidas, conservas e carnes.

Tal é, em traços breves, a obra que está sendo executada pelo abalizado construtor dr. Ramos de Azevedo, de S. Paulo, e que por todo o próximo ano de 1924 ficará concluída, vencendo as dificuldades decorrentes da falta de material com que lutam as construções civis nesta cidade.

Não fora essa carência de materiais de construção, agravada pela falta de artífices, e as obras que ali se estão realizando chegariam logo ao seu termo.

O sr. J. D. Martins realiza, com essa iniciativa, obra de patriotismo e de afirmação na órbita em que evolui vertiginosamente a nossa futurosa urbe.


Imagem publicada com a matéria

Leva para a página seguinte da série