Capa da publicação
A cidade de Santos
Está no programa da Revista da Semana, edição
semanal ilustrada do Jornal do Brasil, compendiar em números especiais, pela ilustração e pelo texto, a vida social e econômica de todos os
grandes centros de trabalho e cultura no vasto e opulento território nacional.
Até há pouco, eram completamente ignorados dos próprios brasileiros muitos aspectos da
sua civilização, sendo de notar que, ainda hoje, muitos dos nossos compatriotas conhecem melhor que o próprio torrão as coisas, as idéias e os fatos
do Velho Mundo.
Estes números especiais da Revista da Semana foram iniciados pela resenha
minuciosa e largamente ilustrada da Exposição do Rio Grande do Sul. Essa publicação, que alcançou êxito superior à expectativa, ficou sendo o único
repositório dos aspectos tão pitorescos e animadores desse esplêndido certame.
Santos era digno de uma homenagem especial. Pela sua tradição histórica de primeira
capitania do Brasil, pela glória imortal dos seus apóstolos e das suas bandeiras, pelo seu porto magnífico, o único que possuímos de acordo com as
necessidades e exigências do moderno tráfego internacional, pela atividade febril do seu comércio e navegação, ele merecia bem a reportagem
ilustrada do seu esforço e da sua riqueza.
Santos é o primeiro porto do Brasil na ordem da adaptação ao intercâmbio marítimo
contemporâneo. A obra das suas Docas é gigantesca e o serviço combinado entre a respectiva empresa construtora e exploradora e a Estrada de Ferro
Inglesa, de dupla via, permite o embarque, despacho e desembarque de mercadorias em condições absolutamente excepcionais.
Pelo seu porto se escoa a quase totalidade da exportação da nossa primeira riqueza
explorável, trazendo o estágio obrigatório de importantíssimas firmas nacionais e estrangeiras, especialmente norte-americanas, inglesas e alemãs e
um movimento colossal de transações diárias, muitas delas apenas verbais, protocoladas pelo mútuo crédito e a mútua confiança, características dessa
praça, uma das mais sólidas do Brasil.
Santos é uma terra essencialmente trabalhadora, uma colméia em atividade constante, um
grande empório internacional do trabalho, o paraíso do comerciante e do armador. Seria, pois, inútil buscar ali manifestações de outra qualquer
natureza. De dia, o trabalho febril; à noite, a vida de família, nos lindos chalés distribuídos ao longo das grandes avenidas locais e das
formosíssimas, das incomparáveis praias da Barra e do José Menino, batidas diretamente pela vaga larga e sadia do Oceano.
Seria porém injustiça rematada não citar, na ordem das manifestações intelectuais, o
dr. Martim Francisco Ribeiro de Andrade, um erudito, um investigador e um homem de letras da mais requintada cultura, e o seu foro civil, comercial
e criminal, que prima pela honestidade dos seus juízes, a regularidade dos seus processos e a ciência dos seus advogados, entre os quais figuram os
drs. Carvalho de Mendonça, Martim Francisco, já citado, Izidoro Campos e Malta Cardoso.
Santos, pela sua situação, pelas suas instituições, pelo caráter dos seus habitantes e
pelo patriotismo dos seus filhos, está destinada a um futuro brilhantíssimo para o qual diariamente concorre também a sua imprensa local.
Folha-de-rosto da publicação
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