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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - PERSONAGENS
Tipos curiosos (23)

Vive vendendo cocos frescos na areia da praia. Parece uma atividade pacata, mas seus números surpreendem, como o demonstra esta matéria publicada pelo jornal santista A Tribuna, na página A-8 da edição de 17 de janeiro de 2009, com chamada na primeira página:

SUCESSO

Da árdua rotina diária, Zé do Coco colhe frutos

O trabalho é duro: começa às 7 horas e acaba às 3 da madrugada. Mas, rende frutos, literalmente. Assim é a rotina de José Costa dos Santos, que ganha a vida vendendo cocos em um quiosque do Canal 6, em Santos. E a coisa é boa: neste mês, espera vender 100 mil unidades.


Natural de Pinhão, em Sergipe, Zé do Coco mora em Santos há 26 anos: com sol, vende até 3 mil cocos por dia

Foto: Nirley Sena, publicada com a matéria

VENCEDOR

Zé do Coco, um brasileiro feliz da vida

Morando em Santos há 26 anos, sergipano dá exemplo de perseverança e conquista espaço no comércio da orla

Suzana Fonseca

Da Redação

Em um dia de sol, ele chega a vender três mil cocos no calçadão da praia. Em janeiro, a expectativa é de que as vendas cheguem a 100 mil. "Você é o que mais vende água de coco em Santos?". "O pessoal comenta, né", desconversa, meio sem jeito, José Costa dos Santos, o conhecido Zé do Coco.

Há 26 anos na Cidade, hoje Zé do Coco pode ser considerado um vencedor. O "rei do coco" santista possui um quiosque ao lado da ciclovia, na altura do Canal 6. Abre às 7 da manhã e fecha lá pelas 3 da madrugada. A labuta diária, que na temporada chega a 20 horas ininterruptas de trabalho, já lhe rendeu carros, imóveis e clientes cativos - um deles o acompanha há 20 anos. Para dar conta do trabalho, Zé tem sete funcionários.

Nada mau para quem saiu da pequena Pinhão, cidade localizada no extremo Oeste de Sergipe, cuja população, conforme contagem feita em 2007 pelo IBGE, é de 5.590 pessoas. O quinto filho de uma família de 14 irmãos chegou a Santos aos 18 anos, no dia 22 de dezembro de 1982.

"Lá no Nordeste, a gente trabalhava na roça", conta Zé, o olhar distante. "Meu pai trabalhou muito, a vida inteira, e hoje não tem nada". E prossegue: "Vim sozinho. Eu e Deus. Desde moleque, meu sonho era vir para cá. Na minha cabeça, eu sabia que ia vencer em Santos".

Hoje, entre os bens acumulados, os mais preciosos são as filhas Jaqueline, de 15 anos, e Renata, de 20. Ao contrário de Zé, que estudou só até a oitava série (antigo ginasial), a filha mais velha está no quarto ano de Direito. "Elas me ajudam no caixa. Mas têm que estudar".


Quinto filho de uma família de 14 irmãos, Zé do Coco veio de Pinhão (SE) para vencer na vida em Santos

Foto: Nirley Sena, publicada com a matéria

Carrinho - O início da vida em Santos foi difícil. "Comecei com um carrinho, na beira da pista. Vendia 50 cocos. No dia em que conseguia vender 200, achava que tinha arrebentado a boca do balão. Agora, cheguei a vender sete mil num só dia", recorda Zé do Coco.

No quiosque da Ponta da Praia, dois funcionários trabalham sem parar. Os clientes não param de chegar e haja água de coco para matar a sede de tanta gente.

"O certo é eu ficar lá. O cliente sente a minha falta", admite o comerciante, sentado na porta do prédio em que armazena e refrigera os cocos. O local possui duas câmaras frigoríficas, com capacidade para oito mil cocos cada uma.

Cada caminhão que vem do Nordeste leva 36 horas, em média, para chegar em Santos e vem carregado com oito mil cocos, que vão direto para a geladeira. "A gente trabalha com as melhores qualidades", garante ele. "O coco vem de Alagoas, de Sergipe, da Bahia".

Depois de gelado, o coco é transportado para o quiosque em um caminhão frigorífico. "Ele tem que estar bem gelado", ressalta Zé.

Ensinamento

"Quem quiser vencer na vida, é fácil a receita: tem que trabalhar"

José Costa dos Santos, o Zé do Coco

Cada coco é comprado por R$ 1,00. O frete custa R$ 3 mil. No quiosque, o preço cobrado é R$ 2,00 e o comerciante jura que não vai aumentar, mesmo que o produto tenha acréscimo no Nordeste.

Fora da temporada, as vendas giram em torno de sete mil cocos por semana. Nesse período, quem ganha a atenção da clientela é a cocada, essa feita pela mulher de Zé, Rosemeire Farias. A receita? Coco, açúcar e leite condensado. Para quem já provou, o doce dispensa comentários. Quem ainda não comeu, não deve perder tempo.

O telefone toca e Zé atende. Chama um dos funcionários, apressado. "Prepara o caminhão que é do quiosque, pra levar coco". Lá vai Zé, de novo, matar a sede de santistas e turistas.


Imagem: ilustração publicada com a matéria